segunda-feira, 31 de maio de 2021

E o antibolsonarismo chega às ruas...

 Pela primeira vez desde o início da pandemia, as ruas deixaram de ser território bolsonarista. No sábado, protestos contra o presidente Jair Bolsonaro aconteceram em mais de 200 cidades. Embora o uso de máscaras fosse generalizado, as aglomerações foram motivo de críticas e de divisão nos movimentos sociais. CUT e MST não fizeram convocação dos atos, embora tivessem liberado seus militantes. Segundo os organizadores, foram cerca de 420 mil manifestantes, incluindo 80 mil na Avenida Paulista, em São Paulo. (Folha)

O bolsonarismo acusou o golpe. Nas redes sociais, perfis de apoiadores do presidente espalharam notícias falsas de que os vídeos da manifestação de sábado seriam de um ato contra o impeachment Dilma Rousseff em 2016, embora imagens de cartazes com críticas a Bolsonaro e bonecos infláveis dele fossem visíveis. (Estadão)

E o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que os atos de sábado consolidam a polarização entre Bolsonaro e Lula em 2022, embora o ex-presidente não tenha participado de nenhum dos eventos. Barros afirma ainda que, ao reunir milhares de pessoas em centenas de cidades, a oposição perdeu os argumentos para criticar as aglomerações promovidas pelo presidente. (Folha)

Octávio Guedes: “As manifestações representaram duas derrotas para o governo, um problema para a oposição e um alerta para estado de direito e democrático. A primeira derrota para o governo é que a extrema direita perdeu o monopólio das ruas. A segunda má notícia é que o bolsonarismo perdeu eficiência nas redes sociais. Para a oposição, o problema é que não poderá mais condenar atos políticos de aglomeração de Bolsonaro com a mesma ênfase. Por fim, o alerta ao estado democrático de direito. A repressão aos manifestantes em Recife é precedente grave e perigoso.” (G1)

A barbárie no Recife destoou dos protestos pacíficos no resto do país. A tropa de choque da PM avançou contra os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Pelo menos dois homens foram atingidos nos olhos, e a vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta. O governador Paulo Câmara (PSB) disse que a ação contra Liana não foi autorizada e afastou o comandante da operação e os policiais que a agrediram, mas não confirmou se a PM agiu à revelia do governo na repressão ao protesto. (G1)

José Casado: “Se Câmara ordenou a repressão, evitou assumir as consequências, dissimulando-as no ‘afastamento’ dos policiais envolvidos. Nessa hipótese, revelou-se fraco e incapaz de conduzir — sem reprimir — múltiplas vozes de oposição canalizadas num raro protesto contra o governo federal em meio à pandemia. Se Paulo Câmara não ordenou a violenta repressão, ele e o PSB estão diante de um outro problema grave: perderam o controle da força policial-militar. (Veja)

Os protestos repercutiram em veículos de comunicação de todo o mundo. Confira. (Poder360)




Jair Bolsonaro avisou ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, que não quer ver o também general Eduardo Pazuello punido por ter participado de um ato político com ele no Rio. A determinação do presidente acirra ainda mais a crise com o Alto Comando da Arma. Os generais até aceitam a punição mais branda, a repreensão, tida como desonrosa. A impunidade, porém, é vista como abrir os quartéis à anarquia. (Folha)

A passagem pelo Ministério da Saúde e a agora a CPI trazem para os holofotes a carreira de Pazuello no Exército, com episódios nem sempre abonadores. Em 2005, foi denunciado por fazer um soldado negro, Carlos Vitor de Souza Chagas, então com 19 anos, puxar uma carroça como um cavalo pelo Depósito Central de Munições do Exército. O caso foi arquivado, e o soldado convencido pelo pai a não processar o oficial superior na Justiça por racismo. (UOL)




O relator da CPI da Panemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a comissão já tem provas de que Jair Bolsonaro se reunia diariamente com o chamado “gabinete paralelo”. Esse grupo de assessores supostamente aconselhava o presidente na condução do combate à Covid-19 à revelia do Ministério da Saúde. Uma das peças-chave do grupo seria o deputado e médico Osmar Terra (MDB-RS), defensor de primeira hora das políticas de Bolsonaro. (G1)

Um grupo de 19 governadores pediu ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que anule os requerimentos aprovados convocando nove chefes de Executivos estaduais a depor. O grupo também entrou com uma ação no STF contra as convocações, alegando que a investigação de governadores cabe às Assembleias Legislativas. (UOL)

E o chamado G7, a maioria independente/oposicionista na CPI, quer antecipar o novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para falar dos riscos de uma terceira onda da Covid-19 no país. (Globo)




Por mais estranho que pareça um presidente com 35% de aprovação não conseguir uma legenda para concorrer à reeleição, Jair Bolsonaro vem enfrentando resistência a sua eventual volta ao PP, a exemplo do que aconteceu no PRTB, embora os dois partidos façam parte da base aliada. Dois fatores pesam para a dificuldade. Primeiro, a exigência do clã Bolsonaro de ter controle total sobre a legenda à qual se filiar. Segundo, o pouco interesse de parlamentares em investirem um naco gordo dos fundos Partidário e Eleitoral numa campanha majoritária e não nas próprias reeleições. (Globo)




Naftali Bennett, líder do partido direitista israelense Yamina, anunciou ontem estar negociando uma coalizão com Yair Lapid, do centrista Yesh Atid, para a formação novo governo, o que poria fim aos 12 anos de domínio de Benjamin Netanyahu sobre a política de Israel. O acordo prevê, segundo fontes, que Bennet e Lapid se revezem no cargo de primeiro-ministro. Embora tenha apenas sete cadeiras no Knesset (Parlamento), o Yamina é crucial para qualquer grupo formar a maioria de 61 deputados. (CNN Brasil)

domingo, 30 de maio de 2021

A próxima onda

 


A próxima onda

Sem vacinas, prepare-se mais uma vez

Uma pesquisa que rastreia as redes sociais mostra que, nos próximos meses, o Brasil viverá uma nova onda de mortes por covid-19. E ela será muito mais grave do que a última, que já foi brutal.

A Universidade de Maryland usou uma base de dados do Facebook para compilar informações de pessoas. Pelos cálculos, os cientistas conseguiram antecipar o nível de contágio – isso duas semanas antes da notificação oficial de novos casos. O gráfico que eles geraram é este aqui.

Como se vê, o contágio está empenando de modo exponencial muito antes que as autoridades de saúde tenham percebido. 

Nós já tínhamos falado sobre os riscos de uma avassaladora terceira onda no laboratório do genocídio, Manaus. Em fevereiro, o repórter Fábio Bispo escreveu:

“O biólogo Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o Inpa, avisou pessoalmente o prefeito de Manaus, David Almeida, do Avante, sobre o risco iminente de uma terceira onda de contaminação pela covid-19 na capital do Amazonas. Foi uma reunião rápida, de menos de 30 minutos. Acompanhado de três assessores, o prefeito chegou a sinalizar que poderia adotar o lockdown para salvar vidas. Mas o discurso logo mudou, e o aviso do cientista foi ignorado.

Ele e outros sete pesquisadores elaboraram um modelo epidemiológico a partir das taxas de transmissão da nova variante do vírus no Amazonas, a reinfecção por perda de imunidade apresentada em pacientes após seis meses e os cenários de vacinação e isolamento social do estado. O estudo, que será publicado em uma revista científica de renome internacional e que está em fase de revisão, sinaliza a necessidade urgente de lockdown em Manaus e aponta para uma terceira onda de contaminação mais longa e que, potencialmente, pode causar mais mortes do que a observada em 2020.“

Manaus é um emblema do governo Bolsonaro e sua gestão assassina da pandemia: aposta em imunidade de rebanho, cloroquina e ausência de vacinas. As pessoas morreram sufocadas. Teremos agora novas Manaus pelo Brasil? “Está tudo muito ruim e não vejo uma região com um cenário mais grave. O aumento de pessoas reportando sintomas é constante em praticamente todo o país”, explicou o especialista Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, que fez o estudo com os dados do Facebook.

Caso isso aconteça, será em meio à CPI que tem obrigação de punir os responsáveis.

Leandro Demori
Editor Executivo

Os protagonistas da explosão social na Colômbia

 

Os protagonistas da explosão social na Colômbia
Os protagonistas da explosão social na Colômbia
Manifestações completam um mês. Estes são alguns dos principais rostos e as razões do seu descontentamento com o Governo

Bolsonarismo intensifica campanha de intimidação contra críticos ao Governo

 

Bolsonarismo intensifica campanha de intimidação contra críticos ao Governo
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Investigações que já atingiram acadêmicos, jornalistas, líder indígena e youtuber crescem com cerco ao presidente em CPI

Boulos: “Não dá para olhar passivamente o Brasil sangrar até 2022”


Não dá para olhar passivamente o Brasil sangrar até 2022, perdendo vidas à espera das eleições”, diz Guilherme Boulos. É com essa avaliação que um dos líderes em ascensão da esquerda brasileira articula as manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro marcadas para este sábado. Será um teste de fôlego para a oposição ao Governo, em meio ao dilema de convocar atos de massa durante a pandemia que se arrasta no país. “Existe um sentimento de que não há saída possível para a pandemia com Bolsonaro no poder”, argumenta o nome do PSOL em entrevista ao repórter Felipe Betim.

No front da ciência contra a covid-19, Beatriz Jucá conta que as redes sociais já conseguem prever que a próxima onda da pandemia que se desenha no Brasil poderá ser ainda mais severa que as anteriores. Uma base de dados criada por parceria entre o Facebook e a Universidade de Maryland compila informações de usuários e consegue antecipar o nível de contágio pelo novo coronavírus. Não é uma metodologia absoluta, mas um termômetro de que a perspectiva para as próximas duas semanas não é boa. Leia também as novas diretrizes do Ministério da Saúde para a vacinação: há regras para a vacinação de trabalhadores da educação e chance de vacinar a população geral se os Estados já tiverem vacinado os grupos prioritários.

Para ler com calma, Noélia Ramírez vai além do "autocuidado" promovido pela indústria de cosméticos para resgatar o sentido original do conceito, um ato político de uma ativista negra e lésbica, e o debate sobre a nova biopolítica. E se o plano para o final de semana é descansar e encontrar equilíbrio para o corpo e para a mente, Francesc Miralles tem quatro dicas para sair do círculo vicioso da superinformação. São medidas de higiene mental não se deixar intoxicar pela avalanche de notícias.

 

Boulos: “Não dá para olhar passivamente o Brasil sangrar até 2022”
Boulos: “Não dá para olhar passivamente o Brasil sangrar até 2022”
Estrela ascendente da esquerda, líder do PSOL é um dos articuladores dos protestos contra Bolsonaro deste sábado, teste de fogo para a oposição

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Deu na Imprensa - 28/05/2021

 

Nas manchetes de jornais, a notícia principal do dia surge a partir do depoimento de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan à CPI da Covid. Folha dá manchete: Bolsonaro descartou oferta de 100 mi de doses até maio, enquanto O Globo traz quase a mesma informação: Oferta de 60 milhões de doses de CoronaVac em 2020 foi ignorada, diz Dimas Covas. Ainda sobre CPI, Folha informa que documentos do Planalto mostram 24 reuniões com atuação de 'ministério paralelo' na gestão da pandemia.

 Já o Estadão puxa brasa para sua cobertura relatando que o TCU exige do governo documentos ocultos do orçamento secreto. Valor fica na economia: Investidor reduz operação na bolsa e mira renda fixa, enquanto a edição brasileira do El País destaca que Bolsonaro inaugura ponte em entorno Yanomami e ignora crise com garimpos. Aliás, este é um dos pontos altos da cobertura sobre Brasil na imprensa mundial: os ataques de garimpeiros a aldeias – leia em Brasil na Gringa

Nas revistas semanais, Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo coloca na capa as suspeitas da montagem pelo governo de uma estrutura de vigilância e espionagem digital. Ameaça totalitária – destaca a manchete de capa da revista. "Bolsonaro confronta mais uma vez as instituições democráticas ao tentar moldar o Estado com as cores do arbítrio. Oposição quer investigar esquema de espionagem montado pelo filho Carlos no Ministério da Justiça", informa. A revista ainda traz uma entrevista com a cantora Teresa Cristina e denuncia a ofensiva do governo Bolsonaro na tentativa de minar o ensino público. A educação está sendo alvo de uma política de desmonte pelo Planalto.

Carta Capital traz como assunto principal uma entrevista com o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) em que avisa: "Bolsonaro não nos intimida". "Renan Calheiros, relator, e os bastidores da CPI que reúne provas dos crimes do presidente", diz o enunciado da revista, que traz ainda um editorial de Mino Carta relembrando Severo Gomes, um dos líderes do velho MDB que o apresentou ao ainda jovem Renan Calheiros nos anos 80

A revista IstoÉ coloca Bolsonaro em destaque e o compara ao ditador Benito Mussolini. Selvagens da motocicleta – diz a capa. "Num desfile similar às marchas fascistas de Mussolini, presidente repete mais uma vez símbolos e gestos consagrados por regimes totalitários. Faz isso porque está aos poucos realizando o mesmo que diversos ditadores conseguiram: esmagar os críticos e governar de forma autoritária. É um caudilho no poder", aponta. 

Já a revista Veja trata do câmbio, numa capa que chama pouca atenção e parece mais uma encomenda dos novos donos da Abril – o banco BTG. Altos e baixos. "A despeito das últimas quedas e das previsões otimistas do ministro Paulo Guedes, o cenário político instável e as limitações econômicas levam os principais analistas de câmbio do país a traçar um panorama pouco animador para a cotação do dólar", informa.

Em sua última edição, a revista Época encerra suas atividades de maneira melancólica, destacando na capa "Ideias para o futuro", com textos de velhos colaboradores: Eduardo Gianetti (Brasil), Larry Diamond (Democracia), Joaquim Levy (Democracia verde), Nial Ferguson (Mundo pós-covid) e Pedro Doria (Tecnologia).

A imprensa destaca que Bolsonaro e o ministro André Mendonça (AGU) ingressaram com ação direta de inconstitucionalidade no STF para derrubar decretos com medidas de lockdown e de toque de recolher adotadas por Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná. "O intuito da ação é garantir a coexistência de direitos e garantias fundamentais do cidadão, como as liberdades de ir e vir, os direitos ao trabalho e à subsistência, em conjunto com os direitos à vida e à saúde de todo cidadão, mediante a aplicação dos princípios constitucionais da legalidade, da proporcionalidade, da democracia e do Estado de Direito", informou a AGU em nota.

Ainda nos jornais, o noticiário traz como tema ainda a crise entre militares e o Palácio do Planalto. O general Eduardo Pazuello e o próprio governo colocam que a participação do ex-ministro no ato político de domingo, ao lado do presidente, não ensejaria falta grave e, portanto, não implicaria em punição

O Globo mantém a pressão destacando que Comandante do Exército tem o apoio do Alto Comando para punir general Pazuello"Para Bolsonaro, ato em que seu ex-ministro da Saúde, general da ativa, participou ao seu lado no Rio não pode ser classificado como manifestação política"Folha traz declaração do vice, General Hamilton Mourão: Regra que pode punir Pazuello é para evitar anarquia nas Forças Armadas.

Os colunistas do jornal colocam lenha. Malu GasparBolsonaro e Pazuello debocham de comandantes militares. E Vera Magalhães: Presidente libera a anarquia militar porque pretende se beneficiar dela. Na FolhaBruno Boghossian mostra as contradições: Bolsonaro oferece poder e antipetismo para renovar aliança com militares

Sobre a CPI, o colunista Bernardo Mello Franco diz no Globo que a comissão derrapa ao oferecer palco para o negacionismo"Na próxima semana, a CPI pode voltar a servir de palanque para a negação da ciência. A comissão ouvirá Nise Yamaguchi, integrante do 'gabinete das trevas' que aconselha o presidente na pandemia", lembra. "Se os senadores não se prepararem, arriscam ser enrolados pela médica bolsonarista. 'Eles tentam confundir a população. Nunca houve tanta leviandade e má-fé na história da medicina', critica Otto Alencar". E Reinaldo Azevedo sai em defesa de Renan, rebatendo críticas ao senador por comparar a situação dos judeus na 2ª Guerra Mundial à crise sanitária brasileira. "A CPI e o tribunal de Nuremberg; quem banaliza o quê?", questiona. "Metáfora extrema serve para lembrar que, para certos crimes, não pode haver perdão".

Sobre sucessão, Folha traz entrevista do deputado Túlio Gadelha (PDT-PE) com críticas ao candidato do partido. Ciro tem que criticar Bolsonaro e parar de atacar Lula. Parlamentar discorda da estratégia do colega de partido e reclama de falta de democracia interna na sigla. Filiado ao PDT desde 2007, o deputado discorda da estratégia do presidenciável de atacar o ex-presidente Lula, apostando no derretimento de Bolsonaro e na ausência dele no segundo turno da corrida ao Planalto em 2022.

Painel da Folha informa que o Comitê Lula Livre vai continuar em ação mesmo após o ex-presidente petista ter recuperado seus direitos políticos"A nova fase da campanha terá três objetivos: acompanhar os processos de Lula, evidenciar consequências políticas, econômicas e sociais derivadas deles e denunciar o lavajatismo no sistema de Justiça", destaca.

BRASIL NA GRINGA

New York Times aborda o frustrado plano do governo Bolsonaro para a questão ambiental, destacando que a proposta do Brasil para terceirizar a conservação da Amazônia encontra poucos compradores"O Brasil está tentando dividir o custo e o ônus da proteção da floresta tropical com o setor privado. Mas encontrou poucas empresas dispostas a ajudar", diz o jornal. "O programa foi anunciado em fevereiro, quando o governo Biden deixou claro que esperava que o Brasil revertesse parte da perda florestal e desmantelamento de proteções ambientais que marcaram os primeiros dois anos de Bolsonaro no cargo". 

O inglês The Guardian traz reportagem com fotos aéreas mostram a devastação de terras indígenas por mineiros no Brasil. "Impacto de milhares de garimpeiros selvagens mostrados quando o presidente Jair Bolsonaro é acusado de tentar promover seu trabalho ilegal", escrevem os correspondentes Tom Phillips e Flávia Milhorance"Ativistas acreditam que cerca de 20 mil garimpeiros estão operando dentro da reserva Yanomami, no norte do Brasil, usando lanchas e aeronaves leves para penetrar na vasta extensão de selva perto da fronteira com a Venezuela".

Washington Post replica despacho da Associated Press informando sobre novos ataques de garimpeiros a aldeias de índios no Pará. Segundo a AP, centenas de garimpeiros atacaram policiais que tentavam impedir a mineração ilegal na Amazônia e invadiram uma aldeia indígena, incendiando casas, conforme procuradores federais. "Os confrontos aconteceram dias depois que um juiz da Suprema Corte ordenou ao governo que protegesse as populações indígenas ameaçadas nas últimas semanas por mineiros ilegais que parecem ter se sentido encorajados pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro à sua indústria", informa. Reuters também relata que mineradores de ouro atacaram aldeia.

Reuters também noticia que cientistas alertam sobre ano ruim para incêndios na Amazônia brasileira e no Pantanal, biomas essenciais para conter as mudanças climáticas. No ano passado, o tempo seco ajudou a alimentar o registro de incêndios no Pantanal, enquanto a Amazônia experimentou a pior onda de incêndios desde 2017, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil.

O americano Wall Street Journal reporta que a Covid-19 está matando centenas de mulheres grávidas e bebês no Brasil. Elas correm maior risco e médicos enfrentam decisões agonizantes sobre quando dar à luz bebês prematuramente. "Mais de cem mulheres grávidas morrem de Covid-19 todos os meses no Brasil, mais do que o dobro da taxa do ano passado, de acordo com dados do governo – uma tragédia que os pesquisadores atribuem em grande parte à variante P.1 do vírus que surgiu pela primeira vez na Amazônia e hospitais lotados", diz a reportagem. "No total, mais de 800 gestantes e puérperas no Brasil morreram da doença desde o início da pandemia"

O espanhol El País destaca que o bolsonarismo intensifica campanha de intimidação contra críticos. Reportagem dos correspondentes Naiara Galarraga Gortázar e Rodolfo  Borges revela que professores universitários, jornalistas, lideranças indígenas e até um youtuber têm sido denunciados desde que o ultra-direitista preside o Brasil. 

"A polícia do Senado brasileiro abriu na terça-feira uma investigação contra Celso Rocha de Barros, um colunista de destaque, por um artigo de opinião publicado no jornal Folha de S. Paulo, onde escreveu 'esperemos que a CPI faça o seu trabalho e mande o presidente para a cadeia'. Dois senadores denunciaram o jornalista por agressão à honra e a polícia o convocou para depor", diz o texto. "É o caso mais recente de um clima de hostilidade para com as críticas que resultou, desde a subida ao poder do líder de extrema-direita Jair Bolsonaro, em um fio de denúncias contra professores, jornalistas, ativistas, cientistas e até um famoso youtuber".

INTERNACIONAL

Na imprensa internacional, os grandes temas da cobertura do dia são a proposta de orçamento de Biden no valor de US$ 6 trilhões para tornar os EUA mais competitivos e o anúncio da ONU de que vai investigar crimes de guerra cometidos por Israel em GazaNew York Times, Wall Street Journal e Washington Post dão manchete de capa para os planos do presidente dos EUA de investir em infraestrutura, educação, saúde que levariam os gastos federais aos níveis sustentáveis mais altos desde a Segunda Guerra Mundial.

 

AS MANCHETES DO DIA

Focus Brasil: Ameaça totalitáriaBolsonaro confronta mais uma vez as instituições democráticas ao tentar moldar o Estado com as cores do arbítrio. Oposição quer investigar esquema de espionagem montado pelo filho Carlos no Ministério da Justiça

Carta Capital: "Bolsonaro não nos intimida"Renan Calheiros, relator, e os bastidores da CPI que reúne provas dos crimes do presidente

Época: Ideias para o futuro

IstoÉ: Selvagens da motocicletaNum desfile similar às marchas fascistas de Mussolini, presidente repete mais uma vez símbolos e gestos consagrados por regimes totalitários. Faz isso porque está aos poucos realizando o mesmo que diversos ditadores conseguiram: esmagar os críticos e governar de forma autoritária. É um caudilho no poder

Veja: Altos e baixosA despeito das últimas quedas e das previsões otimistas do ministro Paulo Guedes, o cenário político instável e as limitações econômicas levam os principais analistas de câmbio do país a traçar um panorama pouco animador para a cotação do dólar

Folha: Bolsonaro descartou oferta de 100 mi de doses até maio

Estadão: TCU exige do governo documentos ocultos do orçamento secreto

O Globo: Oferta de 60 milhões de doses de CoronaVac em 2020 foi ignorada, diz Dimas Covas

Valor: Investidor reduz operação na bolsa e mira renda fixa

El País (Brasil): Bolsonaro inaugura ponte em entorno Yanomami e ignora crise com garimpos

BBC Brasil: Pandemia pode ter deixado 4 mil casos de câncer de mama sem diagnóstico no Brasil, diz estudo

UOL: Documentos mostram 24 reuniões com atuação de 'ministério paralelo'

G1:  Relatos de atestados falsos proliferam, mas nenhuma denúncia chega aos conselhos de medicina

R7: Após retomar produção, Fiocruz deve entregar hoje 4,9 milhões de doses da vacina AstraZeneca

Luis Nassif: CPI da Covid: desvios da saúde, cocaína e cigarros, a grande indústria do crime

Tijolaço: Sem 'estoque de vento', apagão seria certeza. Mas é ameaça

Brasil 247: Gleisi: CPI já pode fechar relatório porque tem provas robustas contra Bolsonaro

DCM: Bolsonaro planejou um 1,4 milhão de mortes na pandemia, diz New York Times

Rede Brasil Atual: #29M: estudantes, sindicatos e até torcidas farão atos neste sábado contra Bolsonaro

Brasil de Fato: Colômbia completa 1 mês de paralisação nacional com 60 mortos e 120 desaparecidos

Ópera Mundi: ONU abre investigação sobre violações de direitos humanos cometidas por Israel em Gaza

Fórum: Número de brasileiros que querem impeachment de Bolsonaro bate recorde e chega a 57%, diz PoderData

Poder 360: Apoio a impeachment de Bolsonaro sobe e vai a 57%

Vi o Mundo: JN dá 21m16s de cobertura à CPI e Bolsonaro volta ao auge da rejeição; Brasil poderia ter sido o primeiro a vacinar, diz diretor do Butantan

New York Times: Presidente quer orçamento de US$ 6 trilhões com o objetivo de crescimento

Washington Post: Biden define grandes metas no orçamento

WSJ: Biden deve revelar proposta de gastos de US $ 6 trilhões

Financial Times: Moscou força cancelamento de voos roteados pela Bielorrússia

The Guardian: Pressão sobre Hancock mostra o fracasso em proteger residentes de lares de idosos

The Times: Variante indiana deixa fim das restrições em dúvida

Le Monde: 20 bilhões para sair de "custe o que custar"

Libération: Total. O reverso de uma mudança para o verde

El País: Inquietude no PSOE pelo efeito eleitoral dos indultos

El Mundo: Os barões temem que Sánchez assuste o eleitor moderado

Clarín: Argentina passou os 40 mil contágios e levantariam confinamento na segunda

Página 12: Uma contribuição para a igualdade

Granma: Temos que manter a autoridade do Partido com base no prestígio que ganhamos com o trabalho

Diário de Notícias: Grandes incêndios. "Não estamos livres de que voltem a acontecer"

Público: Polícia em força nas praias para travar enchentes no fim de semana

The Moscow Times: Putin e Lukashenko se encontrarão após o desvio de avião na Bielo-Rússia

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Um mestre da colagem

Süddeutsche Zeitung: Colonialismo. Admissão de um crime

Global Times: O primeiro relatório publicado na China sobre as vacinas Covid-19 mostra reações adversas 'extremamente raras'

Diário do Povo: Xi envia carta ao Simpósio Mundial para Partidos Políticos Marxistas