Pela primeira vez desde o início da pandemia, as ruas deixaram de ser território bolsonarista. No sábado, protestos contra o presidente Jair Bolsonaro aconteceram em mais de 200 cidades. Embora o uso de máscaras fosse generalizado, as aglomerações foram motivo de críticas e de divisão nos movimentos sociais. CUT e MST não fizeram convocação dos atos, embora tivessem liberado seus militantes. Segundo os organizadores, foram cerca de 420 mil manifestantes, incluindo 80 mil na Avenida Paulista, em São Paulo. (Folha)
O bolsonarismo acusou o golpe. Nas redes sociais, perfis de apoiadores do presidente espalharam notícias falsas de que os vídeos da manifestação de sábado seriam de um ato contra o impeachment Dilma Rousseff em 2016, embora imagens de cartazes com críticas a Bolsonaro e bonecos infláveis dele fossem visíveis. (Estadão)
E o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que os atos de sábado consolidam a polarização entre Bolsonaro e Lula em 2022, embora o ex-presidente não tenha participado de nenhum dos eventos. Barros afirma ainda que, ao reunir milhares de pessoas em centenas de cidades, a oposição perdeu os argumentos para criticar as aglomerações promovidas pelo presidente. (Folha)
Octávio Guedes: “As manifestações representaram duas derrotas para o governo, um problema para a oposição e um alerta para estado de direito e democrático. A primeira derrota para o governo é que a extrema direita perdeu o monopólio das ruas. A segunda má notícia é que o bolsonarismo perdeu eficiência nas redes sociais. Para a oposição, o problema é que não poderá mais condenar atos políticos de aglomeração de Bolsonaro com a mesma ênfase. Por fim, o alerta ao estado democrático de direito. A repressão aos manifestantes em Recife é precedente grave e perigoso.” (G1)
A barbárie no Recife destoou dos protestos pacíficos no resto do país. A tropa de choque da PM avançou contra os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Pelo menos dois homens foram atingidos nos olhos, e a vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta. O governador Paulo Câmara (PSB) disse que a ação contra Liana não foi autorizada e afastou o comandante da operação e os policiais que a agrediram, mas não confirmou se a PM agiu à revelia do governo na repressão ao protesto. (G1)
José Casado: “Se Câmara ordenou a repressão, evitou assumir as consequências, dissimulando-as no ‘afastamento’ dos policiais envolvidos. Nessa hipótese, revelou-se fraco e incapaz de conduzir — sem reprimir — múltiplas vozes de oposição canalizadas num raro protesto contra o governo federal em meio à pandemia. Se Paulo Câmara não ordenou a violenta repressão, ele e o PSB estão diante de um outro problema grave: perderam o controle da força policial-militar. (Veja)
Os protestos repercutiram em veículos de comunicação de todo o mundo. Confira. (Poder360)
Jair Bolsonaro avisou ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, que não quer ver o também general Eduardo Pazuello punido por ter participado de um ato político com ele no Rio. A determinação do presidente acirra ainda mais a crise com o Alto Comando da Arma. Os generais até aceitam a punição mais branda, a repreensão, tida como desonrosa. A impunidade, porém, é vista como abrir os quartéis à anarquia. (Folha)
A passagem pelo Ministério da Saúde e a agora a CPI trazem para os holofotes a carreira de Pazuello no Exército, com episódios nem sempre abonadores. Em 2005, foi denunciado por fazer um soldado negro, Carlos Vitor de Souza Chagas, então com 19 anos, puxar uma carroça como um cavalo pelo Depósito Central de Munições do Exército. O caso foi arquivado, e o soldado convencido pelo pai a não processar o oficial superior na Justiça por racismo. (UOL)
O relator da CPI da Panemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a comissão já tem provas de que Jair Bolsonaro se reunia diariamente com o chamado “gabinete paralelo”. Esse grupo de assessores supostamente aconselhava o presidente na condução do combate à Covid-19 à revelia do Ministério da Saúde. Uma das peças-chave do grupo seria o deputado e médico Osmar Terra (MDB-RS), defensor de primeira hora das políticas de Bolsonaro. (G1)
Um grupo de 19 governadores pediu ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que anule os requerimentos aprovados convocando nove chefes de Executivos estaduais a depor. O grupo também entrou com uma ação no STF contra as convocações, alegando que a investigação de governadores cabe às Assembleias Legislativas. (UOL)
E o chamado G7, a maioria independente/oposicionista na CPI, quer antecipar o novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para falar dos riscos de uma terceira onda da Covid-19 no país. (Globo)
Por mais estranho que pareça um presidente com 35% de aprovação não conseguir uma legenda para concorrer à reeleição, Jair Bolsonaro vem enfrentando resistência a sua eventual volta ao PP, a exemplo do que aconteceu no PRTB, embora os dois partidos façam parte da base aliada. Dois fatores pesam para a dificuldade. Primeiro, a exigência do clã Bolsonaro de ter controle total sobre a legenda à qual se filiar. Segundo, o pouco interesse de parlamentares em investirem um naco gordo dos fundos Partidário e Eleitoral numa campanha majoritária e não nas próprias reeleições. (Globo)
Naftali Bennett, líder do partido direitista israelense Yamina, anunciou ontem estar negociando uma coalizão com Yair Lapid, do centrista Yesh Atid, para a formação novo governo, o que poria fim aos 12 anos de domínio de Benjamin Netanyahu sobre a política de Israel. O acordo prevê, segundo fontes, que Bennet e Lapid se revezem no cargo de primeiro-ministro. Embora tenha apenas sete cadeiras no Knesset (Parlamento), o Yamina é crucial para qualquer grupo formar a maioria de 61 deputados. (CNN Brasil)
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