Nas manchetes dos jornais nesta terça-feira, o agravamento da pandemia no Brasil, que segue descontrolada e até agora matou mais de 450 mil brasileiros – destaque da Folha – e a nova crise entre Exército e Palácio do Planalto. Estadão noticia que o Exército investigará Pazuello, mas Bolsonaro proíbe divulgação. E O Globo é mais seco, informando que Exército abre processo que pode punir Pazuello. Já o Valor coloca como assunto principal o aumento das fusões no setor de educação privado – Curso a distância e aquisições beneficiam grupos de ensino. A edição brasileira do El País destaca como principal tema o acordo entre União Europeia e o Mercosul, destacando que a Europa perde a corrida com a China no Mercosul, e acordo fechado após duas décadas pode chegar tarde. O Globo revela que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que o escritório de advocacia de Ricardo Salles realizou uma operação financeira suspeita de R$ 1,799 milhão após o ministro assumir o Meio Ambiente. Essa transação financeira, de acordo com o órgão de combate à lavagem de dinheiro, teria ocorrido entre outubro de 2019 e abril de 2020. A defesa de Salles nega. Na política, o assunto do dia é a pressão sobre o Exército para punir Pazuello pela participação do comício de Bolsonaro no domingo, no Rio de Janeiro. O vice-presidente, General Hamilton Mourão, expõe desconforto após gesto de ex-ministro e defende punição. Ele deve ser reconvocado à CPI. Força instaura procedimento, mas evita divulgação pública por ordem direta de Bolsonaro – como destaca o Estadão. A abertura do processo foi por pressão direta da cúpula, para que seja cumprido o regulamento da instituição. Folha diz que bolsonaristas pressionam a favor da preservação de Pazuello, que blindou Bolsonaro ao depor na CPI da Covid. O comandante do Exército, General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reuniu-se com o ministro da Defesa, General Walter Braga Netto, para discutir o gesto do ex-ministro da Saúde. A fidelidade de ex-ministro deverá levá-lo de volta ao governo, possivelmente em um cargo no Planalto – diz o Valor. No Valor, Maria Cristina Fernandes diz que Exército entrou num dilema com a provocação de Bolsonaro: "Se punir o general com rigor, o Exército fecha as comportas da indisciplina, mas faz o jogo do presidente, que está em busca de vitimizados da corporação para mobilizar e politizar escalões inferiores em sua defesa. Se punir com brandura excessiva, dará passe livre para a politização dos quartéis, além de levar associações de praças e sargentos, punidas no passado por suas manifestações, muitas das quais incitadas por Bolsonaro, a pressionar por isonomia. O que também provocará vitimizados. A abertura do procedimento disciplinar dá tempo para o comandante do Exército, o general Paulo Sérgio Oliveira, decidir em que arapuca colocará sua mão". Na Folha, Guilherme Boulos escreve que o episódio de Pazuello representa uma encruzilhada decisiva para o país. "Se o Comando do Exército não o punir de forma exemplar, permitirá um caminho sem volta de politização bolsonarista da tropa, com consequências dramáticas para a República. As próximas horas dirão", observa. No Globo, Merval Pereira cobra a punição a Pazuello. "Não puni-lo seria péssimo sinal de que a política está tomando conta dos quartéis. O que não pode, e é o que Bolsonaro está fazendo, é usar o Exército como instrumento político. Está na hora de os militares levarem isso a sério, sob o risco de desmoralização completa da ideia de uma corporação de Estado, hierarquicamente bem definida, e de todos se sentirem autorizados a fazer política nos quartéis", observa. No Estadão, Eliane Cantanhede aponta que Bolsonaro usa Pazuello para impor à Defesa e ao Exército o 'quem manda, quem obedece'. "Quem está no foco é o ex-ministro da Saúde, mas o principal responsável pela presença de um general da ativa numa manifestação política é o presidente da República", lembra a colunista. Outro tema quente na política é a revelação pela Folha de que o governo só formalizou uma contraproposta ao laboratório Pfizer para a compra de vacinas em dezembro de 2020, apesar de Pazuello ter afirmado à comissão que tentou o "tempo todo" negociar as cláusulas jurídicas do acordo. As evidências estão nos emails enviados pela Pfizer à CPI da Covid. Isso indica que as discussões sobre mudanças jurídicas no contrato com a empresa apenas se intensificaram no final do ano passado. O primeiro passo para adquirir as doses de vacina era assinar um memorando de entendimento, uma espécie de carta de intenções, atrelado ao qual estavam as cláusulas jurídicas consideradas "leoninas" por Pazuello. Hoje, a CPI toma o depoimento da 'capitã cloroquina', que terá de explicar porque deu a orientação sobre remédio sem eficácia em grávidas e crianças. Assim como aconteceu com Pazuello, secretária Mayra Pinheiro obteve no STF direito ao silêncio em alguns temas. Integrantes da comissão querem questionar a secretária de Gestão do Trabalho e na Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, sobre nota que ela ajudou a elaborar com orientações para o uso de hidroxicloroquina em crianças e grávidas. Folha noticia que a CPI deve convocar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para explicar o apoio ao passeio de Bolsonaro no domingo. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que o assunto será debatido na quarta, quando os senadores da comissão vão se reunir para aprovar requerimentos de novas convocações. Valor informa que o Ministério da Saúde está encontrando dificuldades para ocupar a Secretaria Especial de Enfrentamento à Covid-19, criada na gestão de Marcelo Queiroga para dedicação exclusiva à pandemia. A desistência precoce de duas pessoas indicadas pelo ministro evidenciou a preocupação de técnicos com as pressões do Palácio do Planalto sobre o trabalho da secretaria e com as possíveis consequências dessa interferência em tempos de CPI. DESIGUALDADE Painel da Folha noticia que centrais sindicais, MST e trabalhadores da agricultura farão ato em Brasília por auxílio emergencial de R$ 600. Entidades promovem o ato #600ContraFome na quarta em frente ao Congresso e dizem que é preciso frear a fome e a pobreza no país. Na economia, a principal notícia é a informação na Folha de que a equipe econômica pressiona por novo programa social para evitar prorrogação de auxílio. Governo planeja apresentar reformulação do Bolsa Família em junho, aumentando benefício e público. O plano vem sendo alinhado com o Ministério da Cidadania e prevê duas etapas de execução. Primeiro, o governo deve apresentar uma Medida Provisória com uma mudança mais sutil no programa, com elevação no valor dos benefícios, ampliação do público e criação de bônus para desempenho escolar e esportivo. A segunda fase, que demandaria mudanças mais profundas, faria uma alteração estrutural ampla, com fusão de programas sociais existentes hoje. Proposta formulada pelo ministro Paulo Guedes estabelece ainda o direcionamento de recursos de empresas estatais para financiar ações na área social. A íntegra da reportagem está ao final deste briefing. Em entrevista ao Valor, Ricardo Paes de Barros afirma que a gestão da pandemia no Brasil transformou a crise numa situação crônica, que prejudica de forma mais intensa os mais pobres e contribui para o aumento da desigualdade. "Os pobres e as empresas iriam perder muito menos com um choque do que com a maneira agonizante com que a gente está fazendo, em que a coisa é arrastada, lenta", diz. A íntegra da reportagem está ao final deste briefing. ÍNDIOS Folha noticia que Bolsonaro prepara visita a comunidade yanomami, e líderes indígenas publicam carta de repúdio. Associações se opõem à legalização de garimpo e exigem mais recursos para a saúde. A viagem repudiada por associações yanomamis deve ocorrer na quinta-feira, quando ele viaja à comunidade Maturacá, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Caso não desmarque, será a sua primeira visita a uma terra indígena como presidente. O jornal revela que o Ministério da Saúde distribuiu pelo menos 265 mil comprimidos de cloroquina, azitromicina e ivermectina a indígenas em cinco estados, com o propósito de tratar infecções pelo novo coronavírus. Os três medicamentos não têm eficácia para Covid-19. Parte dessas drogas foi comprada diretamente por Distritos Sanitários Especiais Indígenas, vinculados ao ministério e com atuação de saúde na ponta, junto às comunidades. TSE Valor informa que o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, autorizou a quebra de sigilos e intimou cinco empresas a prestarem informações sobre o ataque "hacker" a um grupo no Facebook que reunia mulheres contrárias à candidatura de Bolsonaro, em 2018. Além da própria rede social, foram notificadas as operadoras Oi e Vivo, o Twitter e a Microsoft. A medida foi tomada porque, em junho do ano passado, o TSE autorizou a reabertura da fase de produção de provas em duas ações que investigam o episódio e pedem a cassação da chapa de Bolsonaro e do seu vice, Hamilton Mourão. ORÇAMENTO SECRETO Estadão informa que a ala política do governo quer incluir em uma portaria interministerial uma permissão para repassar formalmente ao Congresso o direito de impor neste ano o destino de emenda de relator, o que atualmente não é permitido pela lei orçamentária. Seria uma forma de "regularizar" o esquema do orçamento secreto, depois de as indicações bilionárias feitas no Orçamento de 2020 entrarem na mira do Tribunal de Contas da União (TCU). A medida, porém, enfrenta resistências dentro do Ministério da Economia, uma vez que não há qualquer lei ou trecho da Constituição que imponha a indicação dos congressistas para o uso desses recursos. Essa previsão só existe para outros tipos de emenda, individuais e de bancada, que todo ano têm valor definido e distribuição igualitária entre parlamentares governistas e de oposição. Técnicos veem falta de base jurídica para regulamentação que "legitime" o direcionamento do destino das emendas de relator pelo Legislativo. ELEIÇÕES 2022 Painel da Folha informa que o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que, após duas conversas com Lula, topou abraçar uma candidatura ao Governo de Minas Gerais para garantir palanque ao petista no segundo maior colégio eleitoral do país. "A construção da candidatura foi tema de conversa em Brasília, quando Lula esteve na capital federal, e posteriormente em São Paulo. O deputado registrou os dois encontros nas redes", destaca a coluna. Na Folha, Juca Kfouri escreve sobre o encontro de Lula e Fernando Henrique, a partir das observações de Vladimir Marques, comunista que votou em Roberto Freire, então do PCB, em 1989, e em Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, em 1994. E em Lula, do PT, em 2002. "Marques já viveu bastante e ainda procura manter o bom humor: 'Vi tanta barbaridade cometida para afastar o risco do comunismo no Brasil que, se dá próxima vez em que o PT vencer, não implantar o regime, eu nunca mais votarei nele', diz, sorridente", registra. "Por enquanto, Marques se satisfaz em ser a favor de uma frente ampla, tão ampla, até doer". BRASIL NA GRINGA O espanhol El País traz texto de Carlos Pagni falando do encontro entre Fernando Henrique e Lula, ocorrido na semana passada. "Ex-presidentes brasileiros estão de olho no bairro. Ambos temem que o colapso da liderança de Bolsonaro leve a um retrocesso da qualidade democrática no Brasil", aborda. "O líder petista pretende, como quando se tornou presidente em 2003, marchar em direção ao centro. Acima de tudo, garantir que, caso ele volte ao poder, a estabilidade econômica do Brasil, ameaçada pela crise, estará garantida. Cardoso pode entregar um certificado de qualidade nesta matéria, destinado ao estabelecimento empresarial e financeiro, dentro e fora do país". O inglês The Guardian informa que supermercados do Reino Unido buscarão alternativas à soja se as proteções da Amazônia enfraquecerem. "O 'pacote de destruição' de Bolsonaro é visto como a maior ameaça à floresta tropical desde que ele assumiu o poder", destaca. "Varejistas e grupos da indústria anunciaram que buscarão diferentes fornecedores e acelerarão os esforços para encontrar substitutos da soja se os políticos brasileiros aprovarem projetos de lei para legitimar a grilagem de terras e afrouxar os controles sobre novos projetos". Em outra reportagem, o jornal relata que as associações comerciais que representam os principais fornecedores de alimentos questionaram a necessidade de novas regulamentações para proteger as florestas no exterior, que serão apresentadas ao parlamento no projeto de lei ambiental na quarta-feira. "O projeto de lei, muito atrasado, conterá disposições para forçar as empresas sediadas no Reino Unido a examinar em profundidade suas cadeias de suprimentos e garantir que estejam livres de ligações com terras desmatadas ilegalmente no exterior", registra. O francês Le Monde informa que, em queda nas pesquisas, Bolsonaro multiplica as confraternizações mais de um ano antes da eleição presidencial. "Para conter o declínio da popularidade e as mobilizações da oposição, o presidente brasileiro reúne seus apoiadores em reuniões. No Rio de Janeiro, no domingo, ele se cercou de milhares de motoqueiros", escreve a correspondente Anne Vigna. Diz o texto: "Mesmo que já não tenha havido contenção por várias semanas, o Chefe de Estado fez disso o tema principal de seu discurso. 'Sem qualquer evidência científica, governadores e prefeitos impuseram bloqueio ou toque de recolher. Estamos prontos para tomar todas as medidas necessárias para garantir sua liberdade. Meu exército nunca sairá às ruas para forçá-lo a ficar em casa', repetiu sob aplausos da multidão um presidente todo sorrisos, mais uma vez apresentando as forças armadas como subordinadas às suas ordens". O português Diário de Notícias publica que Brasil, Argentina e Índia vão estar na lista vermelha para entrar na Europa. A União Europeia prepara-se para apresentar, até 9 de junho, um sistema de cores para restringir a entrada de pessoas. A revelação é do ministro francês das Relações Exteriores, que já apontou os países com restrições mais apertadas. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca que a América Latina está morrendo de fome com a pandemia. Em reportagem do correspondente Tjerk Brühwiller, o jornal diz que o coronavírus atingiu fortemente o Brasil e outros países. "Agora está piorando a pobreza no continente. Ele continuará enfrentando um dilema no futuro", escreve. "Uma segunda epidemia está se espalhando na América Latina: a fome. Você pode até perceber isso nas ruas da próspera metrópole brasileira de São Paulo. Você pode vê-lo nos rostos resignados dos sem-teto, cujos acampamentos se espalharam pela cidade. Você pode reconhecê-lo nos olhos fundos que olham fixamente para os carros estacionados nos semáforos". |
AS MANCHETES DO DIA |
JORNAIS Folha: Sem sinal de trégua no país, Covid mata mais de 450 mil Estadão: Exército investigará Pazuello; Bolsonaro proíbe divulgação O Globo: Exército abre processo que pode punir Pazuello Valor: Curso a distância e aquisições beneficiam grupos de ensino El País (Brasil): Europa perde a corrida com a China no Mercosul, e acordo fechado após duas décadas pode chegar tarde
PORTAIS UOL: Governo só fez contraproposta por vacinas da Pfizer em dezembro G1: Secretária do Ministério de Saúde defensora da cloroquina depõe hoje à CPI R7: Segunda parcela do auxílio emergencial é paga a 2,4 milhões de beneficiários nascidos em agosto
BLOGOSFERA Luis Nassif: O mercado de capitais e os investimentos em infraestrutura Tijolaço: Bolsonaro decreta silêncio sobre Pazuello DCM: Exército abrirá processo disciplinar contra Pazuello Rede Brasil Atual: Centrais protestam em Brasília, levam propostas contra a fome e doam alimentos Brasil de Fato: STF ordena que União garanta segurança de Yanomamis sob ataque do Garimpo em Roraima Ópera Mundi: Juliana Borges: 'Se ganhar, Lula precisa enfrentar encarceramento em massa' Fórum: Pazuello não comparece em reunião com Exército e é notificado sobre processo disciplinar por escrito Poder 360: AstraZeneca é a vacina mais usada no Brasil em maio
New York Times: Nova York barra aprendizagem on-line para aulas de outono Washington Post: Prevê-se que o teletrabalho federal dure WSJ: UE se move para isolar Bielorrússia depois que avião foi derrubado Financial Times: Bielo-Rússia enfrenta ameaça de represálias ocidentais contra a pirataria da aviação The Guardian: Revelado: 8.700 morreram após pegar Covid no hospital The Times: Áreas rurais enfrentam ameaça de 400.000 novas casas Le Monde: Covid: 6 a 8 milhões de mortos, segundo a OMS Libération: Regionais. O Piromaníaco El País: PP ameaça o governo com recorrer aos indultos do 'processo' Clarín: Polêmica pela decisão de não deixar voltar aos que viajaram no fim de semana Página 12: Um crocodilo no bolso Granma: Cuba solidária a toda prova Diário de Notícias: Reforço de testes nas escolas começa já Público: Jovens estão a resistir cada vez mais à realização de testes para Covid-19 The Moscow Times: Eventos em torno do 'Hijacking' do voo da Bielo-Rússia Frankfurter Allgemeine Zeitung: O candidato da DFB, Flick, será o novo técnico nacional Süddeutsche Zeitung: "Um ataque à soberania europeia" Global Times: Assembleia da OMS começa, prometendo acabar com a 'iniquidade escandalosa' da vacina Diário do Povo: Xi destaca integridade e espírito trabalhador por meio de histórias da história do CPC |
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