A declaração do presidente Jair Bolsonaro em outubro do ano passado, vetando as negociações para compra da CoronaVac, reduziu em 52 milhões de doses a possível entrega de vacinas até maio. A afirmação foi feita ontem à CPI da Pandemia pelo presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. Foi a mais clara demonstração de causa e consequência, desde o início da CPI, de como uma fala intempestiva do presidente produziu efeitos reais. Covas disse ainda que foi feita uma oferta já em julho de 60 milhões de doses, o que poderia ser entregue no último trimestre de 2020, antecipando o início da vacinação. Segundo o presidente do Butantan, a declarações de Bolsonaro contra a China continuam dificultando a obtenção de insumos. (Estadão)
Nem tudo que Covas disse, porém, estava correto. Confira a checagem da Agência Lupa. (Folha)
A CPI recebeu documentos que indicam ao menos 24 reuniões do chamado “gabinete paralelo”, um suposto grupo que aconselhava o presidente sobre a gestão da pandemia à margem do Ministério da Saúde. (Folha)
O presidente Jair Bolsonaro ingressou, por meio da AGU, com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF contra medidas de restrição social e lockdowns, decretados pelos governos de Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte. No pedido, a AGU sustenta que é preciso garantir a convivência de direitos fundamentais como os de ir e vir, de trabalho, à vida e à saúde. (G1)
E o YouTube removeu ontem pelo menos mais 11 vídeos de Bolsonaro defendendo tratamentos precoces e ineficazes contra a Covid-19. (UOL)
A participação do general da ativa Eduardo Pazuello num ato político de Jair Bolsonaro continua um drama para o Exército. Generais a par da situação dizem que está se buscando uma contemporização. Pazuello seria repreendido, uma punição branda que não irritaria o presidente. Mas teme-se que isso leve à renúncia do comandante da Arma, o general Paulo Sérgio. (Estadão)
General da reserva, o vice-presidente Hamilton Mourão é contra. “Regra tem que ser aplicada para evitar anarquia nas Forças Armadas”, diz ele. (Globo)
Pazuello apresentou ontem sua defesa, negando ter violado o Estatuto das Forças Armadas. Disse que participava de um “passeio motociclístico” devido ao “apreço que seu superior, o presidente Jair Bolsonaro”, tem por ele. (CNN Brasil)
Meio em vídeo. A maneira como o presidente Jair Bolsonaro está incentivando a quebra da disciplina dentro do Exército, incitando um subordinado como Eduardo Pazuello a quebrar a lei e intimidando seus superiores a não puni-lo, já ocorreu antes. Hugo Chávez o fez, na Venezuela. Bolsonaro quer quebrar o Exército de Caxias para torná-lo o Exército de Jair. Confira o Ponto de Partida no YouTube.
O Supremo Tribunal Federal anulou, por 7 votos a 4, o acordo de delação premiada firmado pela Polícia Federal com o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. A tese vencedora foi que a PF não podia firmar um acordo que já havia sido rejeitado pelo Ministério Público Federal por omissão de informações. Foi na delação de Cabral que surgiu a acusação de favorecimento em troca de propina contra o ministro do STF Dias Toffoli, que votou pela anulação. (UOL)
Morreu aos 83 anos, de complicações renais, o ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner. Mas falar dele como político é reducionismo — e é injusto. Lerner foi um dos maiores urbanistas do mundo e aplicou toda essa formação em seus mandatos à frente primeiro da capital paranaense, em 1971, 1978 e 1989, e após do estado, em 1995. Enfatizou o transporte coletivo, criou amplos calçadões e áreas verdes. Fez a cidade respirar. Sua Curitiba foi pioneira na reciclagem de resíduos. Fora do poder, foi consultor de urbanismo da ONU e responsável por projetos no Brasil e no Exterior. (Estadão)
Mauro Calliari: “Desde a primeira vez que foi prefeito, Lerner apontou para um caminho de transformação urbana que influenciou centenas de cidades pelo mundo e transformou Curitiba numa referência nacional e internacional. Lerner amava Curitiba, mas amava as cidades. Seus livros, suas palestras, suas ações parecem conter sempre a preocupação de balancear as escalas: do local ao global, sem perder de vista os detalhes que fazem a diferença na vida cotidiana.” (Folha)
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