Além dos quase 450.000 brasileiros que foram vítimas da covid-19, a crise sanitária gerou uma nova pandemia no país: a dos doentes de fome. De Brasília, o repórter Afonso Benites conta que profissionais da saúde vêm notando um aumento no número de pessoas que buscam atendimento médico acreditando estar enfermas, quando na verdade estão famintas. E isto, em plena capital do Brasil, a terceira cidade mais rica do país. Um retrato de um Brasil que empobreceu e colocou quase um terço da população no quadro de insegurança alimentar. “Já atendi paciente que chegou aqui com tontura. Quase desmaiando. Dei o meu lanche para ele e notei que seu problema era fome, não doença”, conta um médico. A desigualdade causada pela pandemia não está apenas na fome, mas também na geopolítica das vacinas, acompanhando o ritmo da distribuição de renda nacional. A economista e colunista do EL PAÍS Monica de Bolle analisa a relação entre a vacinação e a economia, mas alerta: ainda não há como estabelecer cenários para o futuro. A colunista elenca uma série de fatores que tornam os cálculos mais complexos, o que impede uma visão simplista da relação entre a distribuição de doses e a retomada econômica. O EL PAÍS analisou as cifras da imunização ao redor do mundo que mostram o abismo existente entre os mais ricos e os mais pobres quanto à vacinação de suas populações. No plano econômico, a União Europeia amarga as consequências do atraso na ratificação do acordo de livre comércio com o Mercosul, agora ultrapassada pela China, que se tornou o principal parceiro comercial do bloco sul americano. Enquanto o Mercosul oferece alimentos e outras matérias-primas, a China dispõe de uma demanda voraz, além de massivos investimentos da região. Entre 2008 e 2018, o Brasil foi o quinto maior destinatário do capital chinês. Uma união tão entrelaçada que deixou o bloco europeu na retaguarda, contam os correspondentes do EL PAÍS em Madri e Buenos Aires, Ignacio Fariza e Federico Rivas Molina. Ainda nesta edição, os 80 anos de Bob Dylan. O músico, que celebrou o aniversário nesta segunda, é um dos artistas mais versionados da história e muitas de suas canções se converteram em hinos imperecíveis, passando como tochas de geração em geração. O repórter Fernando Navarro revisita composições que figuram no melhor do repertório do artista e, apesar de não terem virado hits, possuem a profundidade da poesia lírica e sonora de Dylan. | |||||
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