Quando toda a CPI da Pandemia esperava que o depoimento hoje do ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten fosse o mais bombástico da semana, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, surpreendeu. Numa oitiva de seis horas, a mais curta até agora, ele respondeu de forma direta a todas as perguntas e repudiou praticamente todas as ações do governo federal até o momento. Ele se disse arrependido de ter participado de uma aglomeração com o presidente Jair Bolsonaro e condenou o uso de cloroquina. E mais, confirmou a informação dada por Henrique Mandetta de que rejeitou a alteração por decreto da bula da cloroquina para inclusão da Covid-19 entre as indicações. Por outro lado, negou pressões políticas para aprovação de vacinas e disse que os entraves à aprovação da russa Sputnik V são contornáveis. (Poder360)
O depoimento de Barra Torres provocou constrangimento no Planalto, especialmente porque o diretor-presidente da Anvisa é militar, amigo e tido como aliado de Bolsonaro. Ao participar de uma cerimônia para liberação de verbas justamente de combate à Covid, o presidente preferiu não falar, deixando ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a função de defender o governo. (Folha)
Ao falar sobre a bula da cloroquina, Barra Torres apontou como uma das defensoras da mudança a médica bolsonarista Nise Yamaguchi. Alteração da bula por decreto seria ilegal. Segundo o Radar, a citação deixou em maus lençóis a minoria governista, que havia apresentado três requerimentos para que ela fosse ouvida para defender a medicação. Agora é a oposição que quer interrogá-la. (Veja)
Fausto Macedo: “Com o aval do Planalto, a Advocacia-Geral da União (AGU) prepara um habeas corpus para ser apresentado nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal (STF) e garantir ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o direito de ficar calado e não responder a perguntas em depoimento à CPI. O depoimento está marcado para o próximo dia 19.” (Estadão)
Hoje é a vez do esperado depoimento de Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto. Em entrevista, ele atribuiu à “incompetência” de Pazuello o atraso na compra de vacinas. Segundo Gerson Camarotti, a CPI pretende quebrar os sigilos dele e de integrantes do chamado “gabinete do ódio” para saber se houve financiamento à propagação de notícias falsas sobre a pandemia. (G1)
Painel: “Os senadores da oposição enxergam o depoimento de Wajngarten como o caminho na CPI da Covid para angariar provas sobre as falhas do governo nas negociações para compra de imunizantes, em especial o fabricado pela Pfizer.” (Folha)
A Polícia Federal pediu ao STF autorização para investigar o ministro Dias Toffoli por suspeita de venda de decisões, informa o Painel. Segundo delação premiada do ex-governador do Rio Sergio Cabral, Toffoli teria recebido R$ 4 milhões para favorecer dois prefeitos fluminenses no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que integrou de 2012 a 2016. O dinheiro teria passado pelo escritório da mulher de Toffoli, a advogada Roberta Rangel. O ministro nega. (Folha)
O presidente Jair Bolsonaro não escondeu o incômodo com a revelação de um “orçamento secreto” de R$ 3 bilhões para contemplar políticos aliados via Ministério do Desenvolvimento Regional, usado em grande parte para comprar tratores. “Eles não têm o que falar. Só os canalhas do Estado de S. Paulo para escrever isso aí”, reclamou junto a apoiadores. Já no Congresso, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) entrou com um pedido de CPI para investigar o caso. O curioso é que Rocha é aliado do Planalto e tem apadrinhados na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), usada no esquema. (Estadão)
Coluna do Estadão: “Por ora, o entorno de Jair Bolsonaro, em rara consonância com a oposição, avalia que, ao menos no caso do orçamento secreto, Augusto Aras não entrará em campo para valer enquanto o presidente tiver vaga à disposição no STF e ele próprio sonhar com um segundo mandato na PGR. Conforme um governista, se entrar, Aras jogará como ‘goleiro’: puxará o freio de mão de investigações.” (Estadão)
E o tratoraço, como tudo neste país, ganhou sua cota de memes. (Poder360)
A Câmara aprovou ontem a urgência de um projeto que altera o regimento interno para limitar as ferramentas de obstrução pela minoria. Ficam, por exemplo, abolidos os destaques individuais a projetos, e os destaques de bancada serão votados em bloco. A justificativa é que essas e outras mudanças vão acelerar os trabalhos. Já a oposição diz que objetivo é calar a minoria. (Globo)
Até a noite de ontem, 35 palestinos — dez crianças — haviam morrido na Faixa de Gaza, atingidos pelo bombardeio israelense. Em Israel, foram cinco os mortos. Ondas de protestos levaram às ruas árabes israelenses, assim como religiosos que formam a base de apoio do premiê Benjamin Netanyahu. O pior conflito entre os dois povos em sete anos foi disparado por uma série de ações provocadoras de Israel. No primeiro dia do mês muçulmano sagrado do Ramadã, o caminho para a mesquita de al-Aqsa, no alto do Monte do Templo, em Jerusalém, foi bloqueada e, desde então, o conflito vem se escalando primeiro pela Cidade Sagrada e, depois, pelas imediações. Há um contexto político. Este é o ponto mais fraco em popularidade de Netanyahu, e com o conflito sua base se fortalece. Assim como se fortalece o Hamas, que prega uso da violência, em detrimento da Autoridade Palestina. (New York Times)
Em tempo: em sua edição que circula hoje, o diário israelense Haaretz pede o fim do governo Netanyahu, que hoje faz parte da onda internacional de populistas de direita.
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