A Advocacia-Geral da União anunciou, ontem, ter identificado duas obras sem licitação executadas pelo Ministério da Saúde durante a gestão de Eduardo Pazuello. Justamente o general que depõe, hoje, na CPI da Covid. A AGU é controlada por André Mendonça, um dos mais leais subordinados do presidente Jair Bolsonaro, que no momento disputa vaga no Supremo Tribunal Federal no papel de ministro ‘terrivelmente evangélico’. As obras, no valor de R$ 28,8 milhões, foram ordenadas por militares nomeados por Pazuello para a Superintendência Estadual do Ministério no Rio de Janeiro. A empresa escolhida, Lled Soluções, tem dois sócios envolvidos em escândalos por contratos com as Forças Armadas — um deles chegou a ser condenado em terceira instância. A justificativa para a ausência de licitação foi a pandemia, embora as obras, as reformas de galpões para arquivos e da sede do ministério no Rio, não tivesse relação com a Covid-19. (G1)
Pois é... Ao depor ontem na CPI, o ex-chanceler Ernesto Araújo jogou sobre Pazuello a responsabilidade pela má condução no combate à pandemia, especialmente pela falta de vacinas. Sempre que indagado sobre as ações do Itamaraty, Araújo respondia que seu ministério agia sob orientação da Saúde. Segundo ele, por exemplo, foi de Pazuello a decisão de entrar tardiamente no consórcio de vacinas da OMS e reservar imunizantes somente para 10% da população, não os 50% a que o Brasil teria direito. (Estadão)
Então... Os senadores não querem. O comando do Exército não quer. Mas Pazuello está falando em ir com o uniforme de general para CPI, informa o Painel. Ele também recusou os assessores indicados pelo Planalto para treiná-lo. (Veja)
Enquanto isso... A tática de responsabilizar Pazuello não impediu que Araújo admitisse a ação do presidente Jair Bolsonaro para que o ministério das Relações Exteriores se mobilizasse na compra de cloroquina, mesmo depois de o medicamento ser descartado pela OMS. E o ex-chanceler mentiu sistematicamente quanto a atritos com a China e ataques ao país asiático, a ponto de ser repreendido pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). (Folha)
Por via das dúvidas, compare o que Araújo alegou ontem com suas declarações anteriores. (G1)
Um dos momentos mais tensos do depoimento aconteceu quando a senadora Kátia Abreu (PP-TO) chamou Araújo de “negacionista compulsivo” e “omisso” e o acusou de fazer ataques à China e sujar a imagem internacional do Brasil. “O senhor foi uma bússola que nos direcionou para o caos, para um iceberg, para um naufrágio”, disse a senadora, que, embora não faça parte da CPI, preside a Comissão de Relações Exteriores da Casa. Araújo não respondeu aos ataques. (Globo)
Thomas Traumann: “Basta colocar um governista no banco de testemunhas da CPI da Covid e lá vêm mentiras. Araújo mentiu tantas vezes que fica a dúvida se o seu nome realmente é Ernesto. A CPI prova que a mentira virou política de governo. O próximo governista a ir à CPI é seu mais vistoso alvo, o general Eduardo Pazuello. Graças a uma liminar do STF, ele tem o direito a não responder perguntas que podem o incriminar. É melhor ter o silêncio do que o ultraje da mentira.” (Veja)
O ministro do STF Ricardo Lewandowski negou à secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, o direito de ficar calada ao depor amanhã na CPI. Ferrenha defensora dos “tratamentos precoces” sem eficácia contra a Covid-19, ela ganhou o apelido de “Capitã Cloroquina”. (Poder360)
Terminou em confusão a sessão na comissão da Câmara que debate o projeto de legalização do uso medicinal da maconha. Ao ver negado seu requerimento para adiar a discussão do parecer, o deputado bolsonarista Diego Garcia (Podemos-PR) partiu para cima do presidente da comissão, Paulo Teixeira (PT-SP). Teixeira diz que levou um tapa no peito, enquanto Garcia admite apenas ter tocado no colega. (G1)
Pegou mal, muito mal no DEM a transferência do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, para o PSDB. ACM Neto, presidente do partido abandonado, descartou o apoio uma candidatura presidencial do governador João Doria, patrocinador da mudança. O DEM esperava herdar o maior estado do país quando Doria se desincompatibilizasse para concorrer ao Planalto. (Poder360)
Meio em vídeo. No Conversas com o Meio desta semana, a professora Carolina Botelho, cientista política e pesquisadora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), fala sobre o cenário político para 2022 a partir da análise dos resultados das pesquisas de opinião. O que os dados relevam sobre os presidenciáveis? Quem é o eleitor fiel de Bolsonaro? Como os evangélicos devem se posicionar? Lula tem chances? Confira no Youtube.
Erramos. Na edição da última segunda-feira, publicamos que o Hamas havia lançado 197 foguetes contra Israel. Estava errado. Desde o início do conflito, o Hamas já lançou 3.350 foguetes, 80% deles interceptados ainda no ar. 197 era, em verdade, o número de palestinos mortos até a segunda-feira. Segundo a Reuters, na manhã desta quarta-feira o número de mortos em Gaza chega a 219. 52 mil palestinos tiveram de deixar suas casas e 450 prédios na faixa foram destruídos ou muito danificados — dentre os quais, seis hospitais e centros de atendimento emergencial. Doze israelenses morreram. (Reuters)
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