segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Putin levanta a ameaça nuclear

 

Pela quarta noite seguida, os ucranianos conseguiram resistir nesta madrugada de segunda-feira ao poderio militar russo. O Exército invasor tem sido mantido a 30 quilômetros da capital, Kiev, e com dificuldades de avançar. Outras duas cidades importantes, Kharkiv e Chernihiv, também seguem de pé. Ainda hoje de manhã, no horário brasileiro, devem começar em Belarus, fronteira com a Ucrânia, negociações de paz propostas por Moscou. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenski enviou uma delegação, mas com ceticismo. A Rússia exige como pré-condições que a Ucrânia se “desmilitarize e se denazifique”, o que é lido como exigência de capitulação completa. Isto não ocorrerá agora — as forças de Zelenski começaram a ser armadas pelos países europeus. E o tom beligerante russo escalou. Mesmo com as conversas já convocadas, o presidente Vladimir Putin lembrou ontem ao mundo que tem o maior arsenal nuclear do planeta. E Belarus, espera-se, deve se juntar ao esforço de guerra russo nos próximos dias. Ainda assim, a resistência ucraniana pegou Moscou de surpresa e o primeiro dia útil da semana será de choque no país de Putin. O Banco Central elevou os juros básicos da economia de 9,5% a 20% para tentar evitar que sua moeda, o rublo, desmorone perante sanções internacionais num nível jamais visto. Ainda assim, a perda de valor já estava em 30%, no fechamento desta edição. (Washington Post)




O presidente russo Vladimir Putin surpreendeu novamente o mundo na tarde de domingo ao colocar as equipes que cuidam do arsenal nuclear em alerta. O anúncio foi feito durante um encontro televisado em que estavam presentes, também, o ministro da defesa Sergei Shoigu e o chefe do Estado Maior do Exército, general Valery Gerasimov. Na hora, a expressão de Shoigu foi de surpresa. Não é claro o que o “estado de alerta” quer dizer em termos concretos — nos EUA, acredita-se que aviões bombardeiros podem ser retirados dos angares e carregados com ogivas enquanto submarinos militares, igualmente carregados, devem ser lançados ao mar. Como estes movimentos são continuadamente monitorados pelos serviços de inteligência, mudanças de comportamento dariam credibilidade à ameaça. Em seu discurso da última quinta-feira, quando ordenou a ivasão da Ucrânia, Putin já havia deixado implícito um recado. “Qualquer um que tente mexer conosco deve saber que a resposta terá consequências que vocês nunca encontraram na história”, disse. Ontem, Putin manteve a linha. “Pessoas em posições de comando de países da OTAN têm feito comentários agressivos contra nosso país”, se queixou. (New York Times)

Então… “Se ele estivesse se preparando para usar armas nucleares, não avisaria”, afirma Bruno Tertrais, da Foundation for Strategic Research. “Seu objetivo é chocar, mandar uma mensagem política.” É uma tentativa de fazer com que as potências militares hesitem em enviar armas para a Ucrânia. (Economist)

Na Belarus, um referendo modificando a Constituição foi aprovado pela população, no domingo. O presidente Alexander Lukashenko, um ditador, conseguiu assim abolir o status legal de país ‘não-nuclear’, abrindo espaço para que a Rússia ponha no território mais ogivas. Lukashenko é aliado de Putin. (Reuters)

Não adiantou. Ao longo do domingo, EUA e potências europeias começaram a impor sanções jamais vistas. Aviões russos, de companhias regulares a jatos privados, foram proibidos no continente. Não poderão levantar voo, sobrevoar ou pousar em toda região da União Europeia. Ao mesmo tempo, diversos bancos russos serão excluídos do SWIFT — é o sistema internacional de mensagens que permite a bancos fazerem transferências de um para o outro. O Banco Central russo também será impossibilitado de fazer operações internacionais. (BBC)

A mudança de posição de maior impacto foi a alemã. Com uma tradição pacífica que marcou as últimas décadas, o premiê Olaf Scholz anunciou a criação de um fundo de 100 bilhões de euros para as Forças Armadas, que passarão a receber maiores investimentos. (CNBC)

No sábado, ainda havia relutância por parte de alguns líderes, Scholz dentre eles, em seguir com as sanções mais duras. Foi um apelo feito em vídeo por um emocionado Volodymyr Zelenski que convenceu seus pares. Em apenas cinco minutos ele apresentou a situação da Ucrânia, pediu que se avaliasse o ingresso na União Europeia, implorou por ajuda. “Foi profundamente emotivo”, contou um diplomata. “Ele estava, em essência, dizendo ‘olha aqui, nós estamos morrendo por ideais europeus.’” Ao fim, Zelenski ainda afirmou que aquela talvez fosse a última vez que o veriam vivo. Alguns dos chefes de Estado tinham lágrimas nos olhos, contou outra testemunha. Mas o apelo fez com que as horas seguintes se voltassem para um debate intenso, unificando a União Europeia no propósito de retaliar a Rússia pela invasão de um país no continente. (Washington Post)




Destoando dos principais líderes no Ocidente e se isolando mais internacionalmente, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que o Brasil se delcara neutro. “Nossa posição tem que ser de grande cautela. Ninguém é favorável a guerra em lugar nenhum, traz problemas gravíssimos para toda a humanidade e para o nosso país também”, afirmou durante uma coletiva. Bolsonaro deu a entender que havia conversado com o presidente russo. “Estive há pouco conversando com o presidente Putin, mais de duas horas de conversa. Tratamos de muita coisa, a questão dos fertilizantes foi das mais importantes. Obviamente ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, eu me reservo aí como segredo de não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam.” Segundo o chanceler Carlos França, a conversa “há pouco” era a tida quando da visita a Moscou. (Poder 360)




Thomas Friedman: “As palavras mais perigosas do jornalismo são ‘O mundo nunca mais será o mesmo’. Em mais de quatro décadas como repórter, raramente ousei escrevê-las. Mas é isto que está acontecendo após a invasão de Vladimir Putin da Ucrânia. Esta guerra não tem paralelo histórico. É uma tomada de território crua feita por uma superpotência no estilo século 18 mas num mundo globalizado do século 21. É a primeira guerra que será coberta no TikTok por indivíduos empoderados por smarphones, então atos de brutalidade serão documentados e transmitidos mundo afora sem editores ou filtros. Já no primeiro dia de guerra vimos tanques russos expostos no Google Maps porque o Google queria alertar motoristas que havia engarrafamentos. Nada assim aconteceu antes. Putin não tenta apenas reescrever unilateralmente as regras do sistema internacional que estão de pé desde a Segunda Grande Guerra, pelas quais uma nação não pode simplesmente engolir a outra. Ele quer alterar o balanço de poder que, sente, foi imposto à Rússia após a Guerra Fria. Para Putin, foi o equivalente à humilhação imposta pelo Tratado de Versailles à Alemanha após a Primeira Guerra. Só que não estamos em 1945 ou 89. Estamos ligados como nunca por telecomunicações, estradas e aviões. O resultado desta guerra dependerá da tentativa, pelo resto do mundo, de conter Putin com sanções econômicas e armando os ucranianos. Putin possivelmente terá também de considerar o número de mortes em seu Exército. Será que ele pode ser derrotado por esticar demais seu poder? Todos sabemos que ele tem o poder de fogo para fazer a Ucrânia se ajoelhar. Mas nunca vimos, na era atual, um país não-democrático tomar um democrático tão grande quando a Ucrânia. A União Europeia é a principal parceira comercial da Ucrânia. Não é a Rússia. O país inevitavelmente continuará flutuando na direção da UE. E se a UE boicotar uma Ucrânia tomada pela Rússia, a Rússia terá de financiar o país. Isto foi levado em consideração nos planos de guerra? Nos tempos de Stalin, seus excessos ficavam contidos dentro das fronteiras que controlava. Nos tempos de Mao, a China era tão isolada que seus excessos tocavam apenas chineses. O mundo atual está entre dois extremos. Nunca dois dos líderes das três principais nações nucleares — Putin e Xi — tiveram tanto poder. E nunca tantas pessoas estiveram ligadas entre si sem filtros. O que estes líderes decidirem fazer com seu poder tocará todos nós, virtualmente. A invasão da Ucrânia é a primeira vez que assistiremos a este choque.” (New York Times)

Yuval Noah Harari: “Menos de uma semana após o início da guerra, parece cada vez mais provável que Vladimir Putin esteja rumo a uma derrota histórica. Ele poderá vencer todas as batalhas e perder a guerra. Seu sonho de reconstruir o Império Russo sempre se baseou na mentira de que a Ucrânia não é uma nação de verdade, que os ucranianos não são um povo de verdade e que os habitantes de Kiev, Kharkiv e Lviv desejam ser controlados por Moscou. Quando planejou a invasão, Putin levou três pontos em consideração. Militarmente a Rússia é muito maior do que a Ucrânia. A OTAN não pode enviar tropas para a Ucrânia. E a dependência europeia em petróleo e gás russos faria com que países como a Alemanha hesitassem em impor sanções duras demais. Seu plano era atacar a Ucrânia com força e rapidamente, decapitar seu governo, estabelecer um regime fantoche e aí lidar com as sanções ocidentais. Mas também havia o que ele não poderia saber. Os americanos aprenderam no Iraque e os russos, no Afeganistão, que é mais fácil conquistar do que manter um país. Será que os ucranianos aceitariam um regime fantoche? Putin apostou que sim. Afinal, ele não acredita que formam um povo. Agora está ficando claro que sua aposta não vai se concretizar. Os ucranianos estão resistindo com todo seu coração, ganhando a admiração de todo o mundo — e, assim, vencendo a guerra. Haverá muitos dias difíceis pela frente. Mas para vencer a guerra os russos teriam de garantir controle da Ucrânia, o que só aconteceria se os ucranianos deixassem. As nações se escrevem pelas histórias que contam. A cada dia, mais histórias são criadas que os ucranianos contarão por gerações. O presidente que se recusou a deixar a capital dizendo aos EUA que precisa de munição, não de carona. Os soldados da Ilha das Cobras que disseram a um navio de guerra russo ‘fodam-se’. Os civis que tentaram impedir o caminho de tanques russos se plantando em frente. É com isso que nações se constróem. O déspota russo deveria saber disso. Como criança, ele cresceu com uma dieta de histórias de bravura da resistência ao Cerco de Leningrado. Agora, ele também está criando histórias. Mas se colocando no papel de Hitler.” (Guardian)

Então… No jogo de intepretações sobre o que ocorre, a principal divisão se dá entre duas lentes distintas de como compreender o mundo. O cientista político Guilherme Casarões, em um fio de Twitter, explica a distinção entre Realistas e Liberais. “Realistas enxergam um sistema internacional feito de Estados em permanente luta por poder e influência diante de um mundo onde prevalece a lei do mais forte. Para sobreviver, Estados precisam acumular poder. A busca da própria segurança causa insegurança nos outros. A consequência é o conflito e, se tudo der certo, algum equilíbrio de poder. Não há paz fora do equilíbrio.” São os realistas que acreditam que, na origem deste conflito, está a expansão da OTAN durante os anos 1990 e 2000. “Liberais costumam ser otimistas, pois acreditam no potencial do indivíduo e no progresso humano. Eles são entusiasmados com o avanço da democracia, do direito internacional e do livre comércio. Acham que paz e prosperidade virão disso. Para liberais, a grande mudança (positiva) do pós-Guerra Fria foi a aceleração da globalização e a expansão da democracia. Ditaduras renitentes seriam derrubadas pelo capitalismo, por eleições ou pela força. O “mundo livre” poderia nos levar à paz perpétua em pouco tempo.” Tanto Friedman quanto Harari seguem uma linha Liberal em como compreendem o mundo. Um artigo publicado pelo Washington Post em, 2014, assinado pelo ex-secretário de Estado de Richard Nixon, Henry Kissinger, circulou pelas redes esses dias. Ele apresenta um ponto de vista mais próximo do realista.

Henry Kissinger: “Com demasiada frequência, a questão ucraniana é apresentada como um confronto: se a Ucrânia se junta ao Oriente ou ao Ocidente. Mas para que a Ucrânia sobreviva e prospere, não deve ser o posto avançado de nenhum dos lados contra o outro — deve funcionar como uma ponte entre eles. A Rússia deve aceitar que tentar forçar a Ucrânia a um status de satélite e, assim, mover as fronteiras da Rússia novamente, condenaria Moscou a repetir sua história de ciclos autorrealizáveis de pressões recíprocas com a Europa e os Estados Unidos. O Ocidente deve entender que, para a Rússia, a Ucrânia nunca pode ser apenas um país estrangeiro. A história russa começou no que foi chamado de Kievan-Rus. A religião russa se espalhou a partir daí. A Ucrânia faz parte da Rússia há séculos, e suas histórias estavam entrelaçadas antes disso.” (Metrópoles)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Brasil registrou 956 mortes por covid-19 e 133.626 novos casos nesta quarta

 

O Brasil registrou 956 mortes por covid-19 e 133.626 novos casos nesta quarta. A média móvel de óbitos segue há 16 dias acima de 800, e a de casos ficou em 96.185, pelo segundo dia seguido abaixo de 100 mil. E são 154,2 milhões de brasileiros completamente vacinados, cerca de 71,7% da população. (UOL)

Aliás… a oferta de vacina contra covid-19 está maior que a demanda no programa de imunização global. Com a maior parte de suas populações vacinadas, os países ricos aumentaram a doação para o programa. Os mais pobres, contudo, estão com dificuldades logísticas para receber as doses. (Folha)




O governo brasileiro divulgou a Carteira de Identidade Nacional, um novo documento para unificar os cadastros nos estados do país e no Distrito Federal. Para isso, a referência será o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), não mais o número de Registro Geral (RG), que podia chegar a 27 dígitos. (CNN Brasil)

Kiev atacada; Começa a Guerra da Ucrânia

 

Os mísseis lançados contra Kiev, capital da Ucrânia, começaram a explodir por volta das 5h desta quinta-feira, meia-noite no Brasil. Às 7h, as sirenes de alarme de ataques aéreos soaram e pais em toda capital receberam por SMS o aviso de que as aulas, hoje, seriam online. As estações de metrô, que servem de abrigo perante ataques aéreos, encheram de pessoas. No fim da manhã, um longo engarrafamento, carros em fuga partindo na direção da Europa, havia se formado. As sirenes também tocaram em Lviv, a metrópole mais próxima da fronteira polonesa. Lá, a população foi aconselhada a desligar as luzes, ter consigo seus documentos mais importantes e buscar abrigo. É a cidade para onde muitos dos diplomatas estrangeiros haviam sido realocados, vindos da capital. Comboios militares cruzaram a fronteira vindos da própria Rússia e também de Belarus, invadindo a Ucrânia. “Estamos nos defendendo”, afirmou em pronunciamento na TV o presidente russo Vladimir Putin. “Esta é uma operação militar especial para desmilitarizar e denazificar a Ucrânia.” Putin instou os soldados a ucranianos a não resistir, a largar suas armas. “Jurem aliança ao povo ucraniano, não a esta junta anti-povo que rouba a Ucrânia e abusa da população”, ele seguiu. “Todos que tentarem interferir devem saber que a reação da Rússia será imediata e levará a consequências nunca experimentadas na história.” As explosões continuavam no flanco oriental de Kiev quando esta edição fechou. (CNN)

Há batalhas em curso nas regiões sul e leste do país, onde os exércitos de Ucrânia e Rússia já se encontraram. De acordo com o governo ucraniano, 50 soldados russos foram mortos, em Schastya, e quatro tanques foram queimados na estrada para Kharkiv, que é a segunda maior cidade do país. Ambas ficam no leste. Seis caças russos e um helicóptero foram abatidos. (Financial Times)

“O mundo está conosco”, tuitou o presidente Volodymyr Zelenski. Ele já havia conversado ao telefone com o americano Joe Biden, o britânico Boris Johnson, o alemão Olaf Scholz e o polonês Andrzej Duda. (Twitter)

Também no Twitter, o senador republicano Marco Rubio afirmou que o ataque está ocorrendo exatamente como haviam previsto os sistemas de inteligência americanos. “Este é um assalto militar pleno que ocorre em toda a Ucrânia. Há desembarques navais, ataques de mísseis vindos do ar, da terra e do mar, ataques cibernéticos e uma grande força de ocupação de território.” (Twitter)

Então... Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia, países da OTAN que têm fronteiras com Rússia e Ucrânia, ativaram o artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte. É quando países membros avisam oficialmente de que estão sob ameaça militar. O temor é de que a guerra afete seus territórios. Não é o mesmo que ativar o artigo 5 — este exige que todos os membros respondam juntos a um ataque. (Financial Times)

EUA, Reino Unido e União Europeia estudam excluir a Rússia do sistema SWIFT. É o que conecta os bancos do mundo uns aos outros, permitindo movimentações financeiras. Os bancos russos se veriam impossibilitados de receber e enviar dinheiro para fora. O receio é de que isto dificultaria a vida para países europeus que precisam comprar óleo e gás russos. (Washington Post)

O preço do barril de petróleo já começou a aumentar, chegando a US$ 102 no mercado de futuros e cruzando a linha dos cem dólares pela primeira vez desde 2014. E o rublo despencou, perdendo mais de 10% de seu valor nas primeiras horas após o ataque. (CNBC)

Michael McFaul, ex-embaixador americano na Rússia: “Putin não pensa como nós. Ele acredita que o Ocidente ditou termos injustos para a paz após a Guerra Fria. Do jeito como vê, foi imposta uma reestruturação liberal na Rússia, Moscou foi forçada a assinar tratados de controle armamentista, a OTAN expandiu ignorando seu país e — pior de todos os pecados — os eslavos foram divididos em países diferentes. (Na verdade, foram os líderes de três repúblicas soviéticas eslavas que assinaram um tratado dividindo a URSS.) Agora que a Rússia é novamente poderosa, Putin está preparado para arriscar muito para rever o que chama de ordem imperial americana. Ele vai pressionar para desfazer a ordem internacional liberal enquanto estiver no poder. Normalizar anexação de territórios, negar soberania aos vizinhos, sabotar ideias liberais, sociedades democráticas e dissolver a OTAN são seus objetivos futuros. Putin não vê países como atores únicos. Ele olha para dentro dos países e separa os grupos pró-autocracias dos grupos pró-democracias. Ele acredita que o incentivo americano a democracias ameaça seu comando autocrático. A maioria das crises que abriu com os EUA não foram provocadas por expansão da OTAN. Foram por mobilizações pró-democracia — ele as chama de ‘revoluções das cores’ — que ocorreram dentro de países. A Geórgia, em 2003; Ucrânia, em 2004; a Primavera Árabe, em 2011; a Rússia, em 2011 e a Ucrânia, novamente, em 2014.” (Washington Post)

Thomas Friedman: “Putin vê a ambição ucraniana de deixar sua esfera de influência tanto como uma derrota estratégica quanto como uma humilhação pessoal e nacional. Mas há um contexto relevante. A obsessão pela Ucrânia não vem de um nacionalismo místico, há dois pedaços de lenha mantendo este fogo vivo. O primeiro é a decisão mal pensada dos EUA de expandir a OTAN nos anos 1990, apesar do colapso da União Soviética. O segundo, muito maior, é como Putin explorou de forma cínica esta expansão para convencer os russos a ficarem de seu lado apesar do desastre de seu governo. Putin fracassou em tentar fazer da Rússia um modelo econômico que poderia tanto atrair seus vizinhos quanto manter, na Rússia, seus maiores talentos. Hoje eles buscam vistos para viver no Ocidente. Quando Putin escolheu, por questões políticas internas, se tornar um nacionalista belicista, o que o esperava para seduzir a população? A expansão da OTAN. Sim, esta guerra Putin criou. Ele é um líder ruim para a Rússia e seus vizinhos. Mas os EUA e a OTAN não são inocentes a respeito de como chegamos até aqui.” (New York Times)




O bolsonarismo partiu ontem para o ataque. A começar pelo próprio presidente, que falou do Planalto para uma plateia num evento promovido pelo banco BTG. Ele estava “irritadiço, falando alto, por vezes gritando”, descreveu Vera Magalhães. Em seu discurso, Bolsonaro tentou atiçar o antipetismo de executivos do setor financeiro e indústrias, que o assistiam. Afirmou existir um plano de governo Lula — que em verdade não existe. “O Lula de Bolsonaro vai revogar as reformas trabalhista e da Previdência, reverter a autonomia do Banco Central, recriar o Imposto Sindical, reestatizar as empresas privatizadas, acabar com o teto de gastos, fortalecer o MST, recolher armas das mãos do cidadão de bem, extinguir escolas cívico-militares e colégios militares, liberar drogas, legalizar o aborto e... reaproximar o Brasil de Cuba.” (Globo)

Pois é… Não é coincidência que o Planalto esteja atrás de outro grupo com capacidade de financiar campanhas — o de empresários do agronegócio. Vários foram convidados para um encontro no próximo dia 7. E a forma do convite gerou desconforto. “O modo como o encontro foi chamado gerou insegurança pelo que foi considerado falta de transparência”, conta Juliana Dal Piva. “A ideia era que, em um primeiro momento, o grupo se encontrasse com Jair Bolsonaro no Palácio para uma conversa e, posteriormente, no mesmo dia, uma segunda reunião ocorreria sem o presidente e seriam feitos convites para contribuição com a campanha.” Sua campanha está sentindo falta de recursos. (UOL)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Deu na Imprensa - 23/02

 

Na imprensa nacional, as manchetes se dividem entre nova denúncia contra Flávio Bolsonaro, a imposição das sanções do ocidente à Rússia e o sinal verde de acionistas para a privatização da Eletrobrás. Na imprensa estrangeira, os muitos desdobramentos da crise na Ucrânia tomam todo o noticiário dos principais veículos de comunicação do planeta — leia em Internacional

Eis as manchetes dos jornalões brasileiros: FolhaFlávio Bolsonaro mobilizou Receita em caso da ‘rachadinha’EstadãoEUA e Europa impõem à Rússia primeira leva de sanções. O GloboEUA e Europa reagem com sanções econômicas à Rússia. E ValorSócios aprovam capitalização para privatizar a Eletrobrás.

Na economia, notícia importante na segunda chamada do  ValorGoverno quer criar o empréstimo consignado com base nos beneficiados pelo Auxílio Brasil“A ideia do Poder Executivo seria leiloar o direito de participar do pagamento do auxílio, como ocorre com a folha de pagamento do INSS”, aponta o jornal. A medida, claramente eleitoral, teria o poder de atingir fortemente o público das classes D e E, que hoje rejeitam Bolsonaro e são a base da força eleitoral de Lula. Outra medida eleitoreira em estudo no governo: Guedes quer liberar saldo do FGTS para pagar dívida. Proposta do ministro da Economia preocupa setor de construção civil, que hoje é fortemente financiado pelo fundo.

Sobre a venda criminosa da Eletrobrás, o objetivo é reduzir a fatia da União de 70% para 45% do capital, tornando a empresa uma corporação com capital pulverizado. A proposta teve apoio de acionistas privados. Por outro lado, sindicatos ligados a empregados da Eletrobrás protestaram. Na assembleia, além da restruturação societária da estatal, que deixará de ter controle da União, o governo aprovou a venda das ações da empresa em Itaipu por R$ 1,2 bilhão, e a cisão da Eletronuclear, operadora das usinas nucleares de Angra dos Reis. 

A visão do jornal Valor é claramente favorável à venda da estatal — considerada estratégica para o futuro do país — e mostra o nível de desconhecimento da mídia venal para a importância de o Estado controlar um setor vital para a economia nacional como energia: “Privatização será vantajosa não só para acionistas, mas também é garantia de que Eletrobrás não vai ser mais ocupada e saqueada por políticos”.

Outra notícia importante está na FolhaExército e Justiça travam integração de sistemas para rastrear armas e munições. Especialistas apontam que hoje não existe integração entre os sistemas do Exército com os de órgãos de segurança pública, o que dificulta o trabalho de investigação no Brasil. Uma das justificativas do Exército em 2020 para revogar a portaria que cria o Sistema Nacional de Rastreamento de Produtos Controlados pelo Exército foi para que a integração com o Sistema Nacional de Informação de Segurança Pública ocorresse da forma mais eficiente possível. 

Outro destaque é que o presidente da Câmara, Arthur Lira marcou para hoje a votação de jogos de azar, mas evangélicos já articulam obstrução em plenário. Relator do texto negociou ajustes com líderes da base para tentar votar projeto nesta quarta, mas mesmo dentro do partido do presidente da Câmara há avaliação de que pauta pode ficar para depois do Carnaval.

Atenção à reportagem do Estadão mostrando como o ‘clã Tatto’ amplia prestígio no PT e acumula patrimônio de R$ 25 milhões em imóveis“Família de políticos petistas com forte influência em bairros pobres da zona sul de SP terá papel importante nas candidaturas de Lula e Haddad”, destaca o jornal, em reportagem de Luiz Vassalo“Com influência concentrada em um cinturão de bairros pobres na região sul da capital paulista, apelidado de ‘Tattolândia’, o clã petista terá papel importante nas candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto e, especialmente, do ex-prefeito Fernando Haddad, que tenta se firmar como nome do partido na corrida estadual”, aponta o lead.

LULA

Os movimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuam sendo esmiuçados pela imprensa. Folha noticia que pastores evangélicos ensaiam recuo do bolsonarismo, mas sem abraçar Lula. Grandes igrejas que estiveram com Bolsonaro em 2018 têm emitido sinais de que podem não apoiá-lo neste ano. Uma a uma, elas vão emitindo sinais de que tamanho entusiasmo pode não se repetir neste ano. O recuo é associado ao bom desempenho eleitoral de Lula.

Reportagem do Estadão relata que Lula se muda para São Paulo por 'motivo de segurança'. “Ex-presidente deixou o endereço onde morava em São Bernardo do Campo após ser aconselhado por aliados que temiam pela segurança do líder na corrida presidencial”, informa. A nova casa, que fica no centro expandido da cidade, na zona oeste, foi escolhida pela namorada do petista, a socióloga Rosângela da Silva, ou “Janja”. A locação é descrita como comum, mas com a segurança reforçada.

Folha ainda noticia que o senador Randolfe Rodrigues  (Rede) decide integrar a campanha de Lula e desiste de disputar o governo do Amapá. Senador afirma que sonhava governar seu estado, mas que será mais útil atuando ao lado do petista. No Globo, reportagem informa que o prefeito Eduardo Paes diz que pode apoiar Lula no 1º turno em troca de apoio do petista a Santa Cruz, no Rio.

Em outra reportagem, Folha informa que o ex-governador Márcio França propõe a Lula pesquisa para definir candidato em São Paulo e evitar a disputa com Fernando Haddad. O ex-governador levou a Lula sua proposta de que o candidato em São Paulo seja definido a partir de uma pesquisa contratada pelos partidos em maio. Segundo França, Lula ficou de discutir a ideia com Haddad e com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

ELEIÇÕES

O Globo informa que ex-presidentes do PSDB aumentam pressão pela retirada da candidatura de João Doria. A pressão para que o governador desista de concorrer ao Palácio do Planalto aumenta a cada dia. Na terça-feira, Doria afirmou que poderá abrir mão de sua pré-candidatura à Presidência em nome da viabilidade de uma terceira via. Segundo ele, sua campanha e as pré-candidaturas do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e da senadora Simone Tebet (MDB) devem convergir para um único nome no futuro. O grupo anti-Doria que pressiona é formado por Aécio Neves, José Aníbal e Tasso Jeiressati.

E por falar em Aécio, jornais relatam que o Ministério Público Federal pediu a condenação do ex-governador tucano por R$ 2 milhões recebidos da J&F. “Defesa do deputado afirma que valor foi um empréstimo. Dinheiro foi levado em espécie de São Paulo a Minas Gerais”, destaca o Globo

Também no GloboBernardo Mello Franco comenta as chances da terceira via, que estaria dando sinais de desespero“O fracasso está subindo à cabeça da chamada terceira via. Seus candidatos comem poeira nas pesquisas, mas insistem em se vender como salvadores da pátria. Sem modéstia, sugerem que o país vai acabar se eles não forem ungidos ao poder”, observa. “Ontem dois presidenciáveis voltaram a apostar no discurso apocalíptico. Em seminário promovido pelo banco BTG Pactual, João Doria previu uma fuga de empresários caso Lula e Jair Bolsonaro passem ao segundo turno”.

Sobre outro nome da terceira via, Valor noticia — e sites como Brasil 247 e DCM repercutem — que o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), decidiu encaminhar à Procuradoria Geral da República (PGR) o pedido de bloqueio de bens do ex-juiz Sergio Moro, encaminhado pelo procurador Lucas Furtado, do Ministério Público de Contas. O caso também foi remetido à Receita Federal, que poderá investigar eventual sonegação fiscal por parte de Moro.

BRASIL NA GRINGA

O francês Le Monde noticia que, uma semana após as enchentes em Petrópolis, no Brasil, o número de mortos continua subindo“As autoridades encontraram 186 corpos, incluindo os de 33 crianças. Sessenta e nove pessoas ainda estão desaparecidas”, reporta. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung também aponta o aumento do número de mortos.

O britânico The Guardian noticia que o comércio do Reino Unido pode promover uso de pesticidas proibidos no Brasil, alerta novo relatório. Ativistas temem que títulos comerciais possam prejudicar o meio ambiente no exterior e acabar enfraquecendo os regulamentos no Reino Unido.

New York Times destaca em reportagem com destaque na primeira página que cientistas do clima alertam para uma ‘crise global de incêndios florestais’“O agravamento do calor e da secura pode levar a um aumento de 50% nos incêndios, de acordo com um relatório das Nações Unidas”, aponta o jornal. “O aquecimento do planeta está transformando as paisagens em caixas de fósforos”, diz o documento, publicado nesta quarta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O argentino Página 12 informa que ONGs denunciam nove grandes mineradoras por quererem operar em terras protegidas no Brasil. Abastecidas por bilhões de dólares de bancos internacionais e empresas de investimento, nove grandes mineradoras estão buscando expandir a terras indígenas protegidas na floresta amazônica brasileira. São as empresas Vale, a britânica Anglo American e a canadense Belo Sun. Todas apresentaram pedidos de autorização para explorar reservas indígenas no Brasil, apesar de atualmente ser ilegal, de acordo com o relatório da ONG Amazon Watch e da Associação dos Povos Indígenas do Brasil.

O espanhol El País denuncia os aliados que ameaçam destruir a Amazônia: rações e soja“Apesar de haver acordos internacionais para proteger a floresta amazônica, nos últimos dez anos mais de mil quilômetros quadrados dessa massa tropical foram cortados para produzir matérias-primas agrícolas ou ração para gado que são enviados para países europeus”, revela.

Em artigo publicado no El País, o correspondente Juan Árias chama Bolsonaro de machista em chefe“A misoginia do presidente do Brasil e seu clã revela o medo de homens poderosos de mulheres destemidas”, observa. “Mas também reflete uma sociedade que ainda não leva a sério o lugar da mulher”.

INTERNACIONAL

A reação da Europa e dos Estados Unidos à decisão de Vladimir Putin de reconhecer duas regiões separatistas da Ucrânia é assunto principal na mídia estrangeira. O New York Times destaca em manchete de capa, no alto da primeira página, em letras garrafais: Condenando a Rússia, Biden emite sanções

E o Financial Times destaca na capa: Putin apóia reivindicações separatistas em toda a região de Donbass, na Ucrânia. Em outra frente de problemas para os EUA, o chinês Global Times anuncia o lançamento de petição online exigindo que os EUA devolvam incondicionalmente dinheiro que salva vidas aos afegãos.

O espanhol El País detalha as sanções da União Europeia, que atingem governo, exército e aparelhos de comunicação de Putin“O ministro da Defesa russo, o chefe de gabinete e a porta-voz estrangeira, entre os incluídos na lista dos sancionados pelos 27, segundo os documentos a que o jornal teve acesso”, resume. 

O português Público classifica as sanções de tímidas. O diário lusitano ainda entrevista Tom Southern, que aborda que a guerra da informação antes do conflito armado: “A Rússia é forte e está muito à frente de outras potências”“A tensão no terreno tem sido acompanhada por uma intensa batalha no campo da desinformação. Para os especialistas do Center for Information Resilience, o objetivo da Rússia, ainda antes de uma guerra no terreno, é dividir as forças ocidentais”, aponta.

O sisudo The Times destaca na capa da home page o elogio de Donald Trump a Vladimir Putin sobre a Ucrânia: ‘genial’. O ex-presidente dos EUA elogiou as ações “geniais” do líder russo no leste da Europa e o descreveu como “inteligente” e “experiente” por reconhecer regiões controladas pelos separatistas no leste da Ucrânia. O alemão Sueddeutsche Zeitung diz que Trump apunhala seu sucessor pelas costas, ao elogiar Putin como ‘brilhante’”“O presidente dos EUA, Biden, por outro lado, está lutando. Ele parece achar mais fácil obter o apoio da comunidade internacional do que seu próprio país”, observa.

Washington Post e Wall Street Journal vão na mesma linha que a maioria da mídia pró-EUA ao colocar na manchete: Ocidente lança penalidades contra a Rússia. A Casa Branca anunciou sanções contra bancos russos e limite de acesso do país aos mercados financeiros depois que a Rússia enviou tropas para duas regiões do leste da Ucrânia. Este é um passo que autoridades norte-americanas e europeias caracterizaram como os estágios iniciais de uma guerra mais ampla. Em outra reportagem, o WP questiona se as sanções podem fazer Putin mudar de ideia.

Ainda de acordo com o NYTenclaves ucranianos há muito mergulhados em conflito enfrentam novo perigo“A decisão da Rússia de reconhecer dois territórios separatistas e ordenar as tropas aumenta os riscos de intensificação dos combates em uma região já tensa, onde a violência define a vida há quase uma década”, resume. 

Wall Street Journal noticia ainda que a Ucrânia convoca reservistas enquanto tropas russas chegam à região separatista de Donbass, no leste do país. Segundo o Financial TimesKiev vai impor estado de emergência nacional. Em editorial, o FT diz que o Ocidente deve mostrar maior determinação sobre a agressão da Rússia.

NYT ainda destaca que a Alemanha respondeu à Rússia, interrompendo o oleoduto Nord Stream 2“Depois que a Rússia ordenou que seus militares entrassem na Ucrânia, o chanceler Olaf Scholz suspendeu um gasoduto de gás natural que liga a Alemanha à Rússia”, informa.

No Reino Unido, todos os jornais apresentam o conflito na Ucrânia como manchete principal, com muitos mostrando imagens de tanques russos agitando a lama perto da fronteira. A manchete do The Guardian adverte que a “ameaça de guerra cresce” enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, denuncia a tentativa da Rússia de conquistar uma “grande parte” da Ucrânia.

As sanções impostas pelos aliados ocidentais são o foco da matéria principal do Times, que diz que os EUA, a UE e o Reino Unido prometeram impedir imediatamente a Rússia de levantar dinheiro nos mercados financeiros ocidentais enquanto miram dezenas de oligarcas russos e seus interesses comerciais.

Na Rússia, o jornal The Moscow Times informa que Kiev pede emergência nacional e insta ucranianos a deixar a Rússia ‘imediatamente’. Ao mesmo tempo, os EUA cancelam cúpula Biden-Putin após 'invasão' da Ucrânia. Já o diário russo Moskovskij Komsomolets destaca que o cientista político Vladimir Rogov anunciou a preparação de Zelensky para fugir da Ucrânia“Mas antes disso, pode ocorrer uma grande provocação com muitas vítimas”, resume.

O francês Le Monde destaca como reportagem principal no site que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, ex-ator, é impulsionado como senhor da guerra contra Putin“Eleito em 2019, ele é aclamado no exterior por sua ‘frieza’, mas a maioria de seus concidadãos não confia nele para defender efetivamente o país”, resume. 

Já a manchete da edição impressa do Le Monde é outra: Vladimir Putin passa à ofensiva na Ucrânia. O líder russo está pronto para encontrar “soluções diplomáticas” com o Ocidente, respeitando seus “interesses inegociáveis”. Sobre o gasoduto Nord Stream 2, o jornal considera a resposta muito política da Alemanha à Rússia após sua ofensiva na Ucrânia.

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca em manchete: Scholz interrompe o gasoduto Nord Stream 2. Em resposta ao reconhecimento de Moscou das áreas separatistas no leste da Ucrânia como estados independentes, o chanceler anunciou em Berlim que uma “situação fundamentalmente alterada” exigia uma reavaliação do comissionamento do gasoduto. O ministro da Economia, Robert Habeck (Verdes), disse que a Rússia cometeu uma “grave violação do direito internacional”. 

Em artigo publicado no FAZNikolas Busse aponta que Putin não escolheu o ataque a Kiev, de que tanto se falou em Washington, como o movimento de abertura em sua tentativa de reorganizar o Leste da Europa, mas o reconhecimento das áreas separatistas no Donbass. Isso mostra que ele está se mantendo fiel a uma velha máxima que moldou suas ações em outros conflitos: manter seus custos baixos e explorar as fraquezas de seu oponente. 

Já o Sueddeutche Zeitung destaca que o gás russo é uma arma perigosa. “A dependência das matérias-primas da Rússia leva à ruína”, aponta o jornal. “A crise na Ucrânia deve ser o último alerta para a Europa. Alternativas são necessárias - mas não serão baratas”, escreve Michael Bauchmüller.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Flávio Bolsonaro mobilizou Receita em caso da ‘rachadinha’

Estadão: EUA e Europa impõem à Rússia primeira leva de sanções

O Globo: EUA e Europa reagem com sanções econômicas à Rússia

Valor: Sócios aprovam capitalização para privatizar a Eletrobrás

BBC Brasil: O plano da Rússia para reagir às sanções do Ocidente

UOL: Falta de verba federal paralisa os 9 postos que monitoram deslizamentos

G1: Ocupação irregular em Petrópolis mais do que dobrou em 35 anos

R7: Governo aumenta valor do subsídio para a compra de imóvel pelo programa Casa Verde e Amarela

Luís Nassif: A xepa de Arthur Lira: cassinos e criptomoedas

Tijolaço: Petróleo a US$ 100 é nova ameaça inflacionária

Brasil 247: Tribunal de Contas da União delega à PGR bloqueio imediato de bens de Moro

DCM: TCU pede bloqueio imediato dos bens de Moro

Rede Brasil Atual: TST decide que sentenças sobre terceirização valem igualmente para contratante e prestador de serviços

Brasil de Fato: Merenda estragada e entraves tecnológicos marcam retorno às aulas presenciais em São Paulo

Ópera Mundi: Breno Altman: Rússia é um país capitalista, mas com governo anti-imperialista

Vi o Mundo: Emílio Rodrigues, sobre a pesquisa CNT/MDA: Lula tem razão, nada está ganho. Vamos baixar a bola, gente!

Fórum: Sergio Moro: TCU delega à PGR pedido de bloqueio imediato de bens

Poder 360: Ucrânia diz que soldado morreu em bombardeio de separatistas

Congresso em Foco: Em posse do TSE, Fachin mira discursos anti-eleitorais de Bolsonaro

NYT: Condenando a Rússia, Biden emite sanções

Washington Post: Ocidente lança penalidades contra a Rússia

WSJ: Ocidente atinge Moscou com sanções

Financial Times: Putin apóia reivindicações separatistas em toda a região de Donbas, na Ucrânia

The Guardian: Ameaça de guerra cresce à medida que Putin apoia estados separatistas da Ucrânia

The Times: Ocidente impõe sanções enquanto Biden alerta para guerra

Le Monde: Vladimir Putin passa à ofensiva na Ucrânia

Libération: Ucrânia face à guerra 

El País: Casado deixa cair a Egea ante o encontro chave com os barões

La Vanguardia: PP dá a Casado por liquidado e se prepara para levantar a Feijóo

Clarín: Biden denuncia que Putin invadiu a Ucrânia e anuncia sanções contra a Rússia

Página 12: Os privilégios são meus, meus, meus

Granma: Díaz-Canel: A Política para o cuidado de jovens e crianças é um dos projetos mais importantes em que vamos trabalhar

Diário de Notícias: 27 neonazis julgados em Lisboa por agressões violentas e discriminação racial

Público: Europa e EUA respondem a agressão da Rússia à Ucrânia com sanções tímidas

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Scholz interrompe o gasoduto Nord Stream 2

Süddeutsche Zeitung: Scholz paralisa Nord Stream 2

Moskovskij Komsomolets: Pushilin permitiu uma solução pacífica para a questão das fronteiras da DPR e LPR

The Moscow Times: Kiev pede emergência nacional e insta ucranianos a deixar a Rússia 'imediatamente'

Global Times:  Global Times lança petição online exigindo que os EUA devolvam incondicionalmente dinheiro que salva vidas aos afegãos

Diário do Povo: China delineia tarefas para avançar na vitalização rural em 2022