MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

A semana começa com o noticiário fervilhando, apesar das manchetes mornas nos principais impressos brasileiros. Enquanto o mundo assiste às movimentações da França para evitar a guerra na Ucrânia e se surpreende com o vazamento de dados de 18 mil correntistas — incluindo empresários, ditadores, políticos corruptos e criminosos — do Crédit Suisse, os jornais brasileiros abordam temas bem menos quentes.

Folha: BC quer lei para conter fraude com criptomoedas. Estadão: Cresce uso de câmeras de vídeo em policiais e letalidade cai. O Globo: Mais de 32 milhões de brasileiros estão com terceira dose atrasada. Valor: Pacote bilionário de rodovias vai movimentar o mercado.

No Globo, Malu Gaspar informa que Ministério da Defesa e PF passaram por cima de documento que alertou sobre tráfico de armas para zerar taxa do setor. “Nota técnica apresentou dados contundentes contra revogação de imposto criado em 2001 com o objetivo de coibir contrabando”, revela. E Miriam Leitão comenta: Bolsonaro subestima escândalo dos CACs envolvidos com crimes. No domingo, O Globo noticiou a ligação entre integrantes dos clubes de Caçadores, Atiradores e Colecionadores com o crime organizado. Levantamento feito nos tribunais de Justiça de todo o país encontrou bandidos envolvidos em milícia, tráfico de drogas e grupos de extermínio que compram armas legalmente por serem do CACs e inclusive com licença emitida pelo Exército.

UOL replica denúncia da Agência Publica revelando que um militar brasileiro tem ajudado mineradoras do Canadá a fechar contrato na Amazônia. “General da reserva faz consultoria em negócios com Forças Armadas e empreiteiras”, informa o portal, em reportagem de Caio de Freitas Paes. Trata-se de um general de brigada do Exército, que atuou pelos interesses do banco canadense Forbes & Manhattan (F&M) e suas mineradoras junto à cúpula do governo: Cláudio Barroso Magno Filho.

LULA

No El País deste fim de semana, artigo do correspondente Juan Árias alerta que a vida de Lula está em perigo. “O fato de personalidades do mundo jurídico terem denunciado a possibilidade de um atentado contra o ex-presidente adiciona mais tensão a uma campanha já acalorada”, escreve.

A Folha noticia que Alckmin se blinda de conflito na federação do PT e mantém plano de filiação ao PSB. Formação de chapa com Lula está acertada e, caso aliança partidária dê errado, outras siglas são opções. O ex-governador, que acertou com Lula a composição como candidato a vice-presidente em sua chapa, busca blindar seu acordo do imbróglio na relação entre PT e PSB.

Painel da Folha noticia que o polo do agronegócio de MT 'inaugura' outdoor chamando Lula de traidor. Movimentos conservadores de Rondonópolis (MT) farão a “inauguração” do outdoor nesta segunda-feira, chamando Lula de bandido. A iniciativa mostra que, apesar dos acenos de Lula ao setor rural, grande parte dos seus representantes ainda pende para o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

No Estadão, Carlos Pereira ataca a ideia de que Lula seria um bom negociador ou um bom governante. “Lula não soube lidar com o legislativo no passado e dá sinais de que não aprendeu a lição”, critica. “Existe uma narrativa de que Lula, quando presidente, soube se relacionar e negociar bem com os parlamentares; mas dados evidenciam o contrário”. Segundo ele, o presidente que montou coalizões mais distantes do legislativo foi Lula.

No Globo, Bela Megale revela a a pessoa que Lula ouvirá sobre a escolha do próximo ministro do STF, caso seja eleito: Ricardo Lewandowski. Além de apontá-lo como o magistrado “mais coerente” da corte, o petista lembra que a próxima vaga que será aberta, em maio de 2023, é a do próprio Lewandowski, o que reforça o peso de sua indicação.

Em reportagem de João Valadares, Valor noticia que o PT reforça militância em redes sociais. “Partido busca se reconectar com bases em meio à aproximação com o centro e reforça sua estratégia digital”, resume. O plano envolve uma plataforma específica na internet e um sistema de alimentação “de argumentos” com linguagens regionalizadas via WhastApp e Telegram. “Os Comitês Populares de Luta serão um meio de organizarmos a militância e mantermos contato direto, repassando informações e orientações”, diz a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Valor noticia ainda que o acordo entre Márcio França e Fernando Haddad deve sair até abril. Os dois políticos divergem sobre método para escolha do candidato da união PSB-PT e sobre rumos da campanha.

Folha informa que o governador da Paraíba vai para o PSB e cria novo obstáculo para federação com PT. “João Azevêdo confirmou desfiliação do Cidadania após partido aprovar federação com PSDB”, relata.

O jornal também registra que o PT decidiu lançar o senador Fabiano Contarato ao governo do Espírito Santo contra governador do PSB. “A pré-candidatura é mais um golpe nas negociações para formação de federação entre PT e PSB”, diz a Folha.

BRASIL NA GRINGA

O espanhol El País traz reportagem apontando que Bolsonaro promove aliança ultraconservadora com Putin e Orbán, ao fazer um balanço da incursão do líder da extrema-direita ao leste europeu. “Brasileiro se reúne com líderes russos e húngaros em miniturnê europeia que irritou os Estados Unidos”, observa a correspondente Naiara Galarraga Gortázar.

A Reuters informa que a Casa Branca repreende Bolsonaro por visita 'solidária' a Moscou. “A Casa Branca criticou na sexta-feira a visita do presidente brasileiro Jair Bolsonaro a Moscou nesta semana em meio à crise na Ucrânia, dizendo que a grande maioria da comunidade internacional se opõe a uma invasão russa”, noticia

Em outra reportagem, Reuters destaca que Bolsonaro considera que destruição de deslizamento de Petrópolis parece zona de guerra. “O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que a destruição no deslizamento de terra que matou pelo menos 123 pessoas em Petrópolis parecia que a cidade montanhosa havia sido atingida por uma guerra”, informa. O argentino Clarín mantém o noticiário sobre a tragédia em Petrópolis. Já são 176 mortos por deslizamentos de terra em Petrópolis e quase 200 desaparecidos.

Já reportagem da Associated Press diz que deslizamentos mortais no Brasil refletem negligência e mudanças climáticas. O texto diz que os deslizamentos de terra que devastaram Petrópolis demoliram casas e despedaçaram famílias, feriram encostas e corações, deixaram pelo menos 136 mortos e mais de 200 desaparecidos.

INTERNACIONAL

A crise na fronteira da Rússia com a Ucrânia continua a ser o principal foco da mídia estrangeira, mas que também alardeia o vazamento de dados de 18 mil correntistas do Credit Suisse — leia abaixo. A nova incursão de Emmanuel Macron como mediador entre Rússia e EUA é a notícia do dia, mas a mídia americana mantém a iminência de confronto como o mais importante, replicando o discurso do Pentágono.

O New York Times coloca na manchete que as opções de invasão da Rússia testam como o Ocidente reagirá. Blitzkrieg ou Incursão Menor? A escolha de Putin pode determinar a reação mundial. “O presidente Vladimir V. Putin da Rússia pode estar procurando fissuras na aliança ocidental, que até agora se uniu contra ele”, aponta. Wall Street Journal vai numa linha pró-Casa Branca: Rússia está pronta para invadir, diz Biden.

Já o Washington Post destaca que Biden concorda ‘em princípio’ em cúpula com Putin, se a Ucrânia não for invadida. “O gabinete do presidente francês Emmanuel Macron disse que os dois líderes aceitaram a reunião e que ela ocorrerá apenas se não ocorrer um ataque. Os detalhes da cúpula serão definidos esta semana, quando o secretário de Estado Antony Blinken deve se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov”, diz o jornal.

Wall Street Journal também alardeia que Biden concorda em se encontrar com Putin desde que a Rússia recue. “A decisão do presidente Biden ocorreu durante uma discussão com o presidente francês Emmanuel Macron, que fez uma enxurrada de ligações buscando uma solução diplomática”, reporta. Segundo o Journal, as Bolsas europeias oscilam em meio a tensões e as tensões crescentes entre a Rússia e a Ucrânia elevaram os preços do ouro para seus níveis mais altos desde junho.

O Financial Times também coloca na manchete de capa a possibilidade da reunião de cúpula, a ser costurada por Lavrov e Blinken: Biden e Putin concordam 'em princípio' em cúpula sobre a Ucrânia. O jornal faz questão de frisar que “Kremlin diz ‘não há planos concretos’ para tal reunião, mas não descarta”. O FT ainda destaca que a crise na Ucrânia testa pivô de Xi para Putin.

NYT parece ter acordado para o potencial da aliança entre Putin e Xi Jinping. Vínculo entre China e Rússia alarma EUA e Europa em meio à crise na Ucrânia. “O governo Biden planeja construir coalizões globais para combater um pacto entre Vladimir V. Putin e Xi Jinping, pressagiando um novo tipo de Guerra Fria”, escreve Edward Wong.

Os chineses Global Times e Diário do Povo destacam que a China anunciou contramedidas contra Raytheon e Lockheed Martin por conta da venda de armas dos EUA para Taiwan. O gigante asiático anunciou que tomará contramedidas contra as duas empresas de defesa dos EUA atuaram como as principais empreiteiras envolvidas na venda de armas. A alegação é que as empresas minam seriamente a soberania e os interesses de segurança da China. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, fez as declarações em uma coletiva de imprensa nesta segunda.

O jornal inglês The Guardian destaca na manchete principal que Macron abre caminho para possível cúpula Putin-Biden sobre crise na Ucrânia. “Enxurrada de telefonemas do presidente francês leva a ‘acordo de princípio’, pois EUA alertam que a guerra é iminente”, informa. O jornal fala dos esforços “desesperados de última hora” lançados para evitar uma invasão russa da Ucrânia, com o presidente francês dizendo que persuadiu Putin a endossar negociações urgentes destinadas a garantir um cessar-fogo. No entanto, o diário diz que as redes dos EUA relataram que as tropas russas receberam ordens para prosseguir com a invasão, citando briefings de fontes de inteligência.

Já o Times alerta na home que não há planos para cúpula com Biden, diz Rússia. “Não há planos concretos para uma cúpula de paz na Ucrânia entre o presidente Putin e o presidente Biden, embora uma possa ser realizada a qualquer momento, disse o Kremlin nesta manhã”, informa. “O anúncio de Moscou veio horas depois que a Casa Branca confirmou que Biden havia concordado ‘em princípio’ com uma cúpula com Putin, desde que a Rússia não invada a Ucrânia”.

O francês Le Monde enfatiza a perspectiva de uma cúpula Putin-Biden como último esforço diplomático para a crise na Ucrânia. Reportagem traz notícias direto do front. “Se você soubesse como estamos assustados durante os bombardeios”. Na parte do Donbass controlada pelo governo de Kiev, as aldeias são alvo de perseguição da artilharia inimiga, reporta Emmanuel Grynszpan.

O Libération destaca em manchete dramática: a paz por um fio. O site destaca no alto as declarações do porta-voz do Kremlin, anunciando que a cúpula Putin-Biden ainda é “prematura”. “O Kremlin julgou nesta segunda-feira ‘prematuro’ falar de uma cúpula dos presidentes Vladimir Putin e Joe Biden, anunciada no entanto pela França para neutralizar a crise russo-ocidental em torno da Ucrânia e o perigo de uma invasão russa”, informa. O jornal revela imagens de satélite que mostram novas instalações russas na fronteira.

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung alardeia que as tropas russas permanecem na Bielorrússia por enquanto. “Putin vê ‘provocações’ ucranianas e Minsk diz que o Ocidente empurra Europa para a guerra”, resume. “O ministro da Defesa da Bielorrússia, Viktor Chrenin, anunciou no domingo que a manobra “Union Resolve 2022” está em andamento devido ao ‘aumento da atividade militar nas fronteiras externas do estado da União e ao agravamento da situação em Donbass’. Os presidentes Vladimir Putin e Alexandr Lukashenko decidiram isso”.

SEGREDOS DA SUÍÇA

O vazamento das 18 mil contas do Crédit Suisse é furo do Sueddeutsche Zeitung e ganha repercussão global com reportagem de outros veículos peso-pesados na imprensa internacional: New York Times, Le Monde, The Guardian. O material é demolidor para o banco e o sistema financeiro suíço mostrando como os bancos permitiram a abertura de contas por traficantes, políticos corruptos e outros criminosos. Os dados abrangem contas abertas desde a década de 1940 até a década de 2010, mas não as operações atuais do banco.

“Pela primeira vez pode ser mostrado como cleptocratas, autocratas e criminosos esconderam seu dinheiro lá”, alardeia o SZ. O Guardian diz que o rei da Jordânia usou contas suíças para acumular riqueza maciça. O material mostra que entre os clientes do banco estavam traficante de seres humanos e bilionário que ordenou o assassinato da namorada. O Credit Suisse, atingido por escândalo, rejeita alegações de que pode ser ‘banco desonesto’.

O New York Times destaca que governantes árabes e chefes de espionagem acumularam milhões no banco suíço. “Dados de contas do Credit Suisse expuseram as participações de figuras poderosas em todo o Oriente Médio, levantando novas questões sobre autonegociação”, resume o jornal.

O francês Le Monde também dá ampla cobertura ao vazamento: “Segredos da Suisse”. Revelações sobre o dinheiro sujo escondido no Credit Suisse. “Ditadores, redes criminosas, espiões… Le Monde e quarenta e sete meios de comunicação tiveram acesso a informações de milhares de contas, mostrando que o carro-chefe dos bancos suíços recebeu bilhões em nome de clientes sulfurosos”, relata.

A auto-imagem enganosa da Suíça — é a manchete de hoje do SZ. “A Suíça e seu centro financeiro. Essa foi uma história de amor por muito tempo. À custa de terceiros. O sigilo bancário em sua forma antiga pode estar morto, mas, como mostram os Segredos Suisse, ainda há uma falta de discernimento”, escreve Judith Wittwer.

Em uma série de reportagens, o jornal devassa a credibilidade do sistema financeiro suíço. Quando o sigilo bancário conta mais do que a liberdade de imprensa. “A Suíça sempre protegeu estritamente os dados de seus clientes bancários, e os denunciantes são considerados criminosos há vários anos. Agora os jornalistas também podem ser presos por traição”, diz o texto.

Como a Suíça reage às revelações. “Após a publicação do vazamento Suisse Secrets, os social-democratas suíços estão pedindo uma mudança na lei. As associações de jornalistas e os meios de comunicação alertam que a Lei Bancária restringirá a liberdade de imprensa”, detona.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: BC quer lei para conter fraude com criptomoedas

Estadão: Cresce uso de câmeras de vídeo em policiais e letalidade cai

O Globo: Mais de 32 milhões de brasileiros estão com terceira dose atrasada

Valor: Pacote bilionário de rodovias vai movimentar o mercado

BBC Brasil: Vacina contra covid: apenas uma de 7 candidatas brasileiras completou 1ª fase de testes até agora

UOL: Militar ajuda mineradoras do Canadá a fechar contrato na Amazônia

G1: Número de assassinatos cai 7% no Brasil em 2021 e é o menor da série histórica

R7: Macron propõe cúpula a Putin e Biden sobre Ucrânia e ambos aceitam, diz governo francês

Luís Nassif: Maior parte do endividamento enfrenta taxas imensas do cartão de crédito

Tijolaço: Lula está errado

Brasil 247: Ruralistas fazem ofensiva fascista contra Lula e publicam outdoor com agressões ao ex-presidente