As denúncias de corrupção envolvendo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI),
ganham novos contornos com as revelações do Estadão como ele trata um
apadrinhado no Cade como seu despachante pessoal. Em uma conversa, ele
se refere ao presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, como “meu menino” e
diz ainda “eu botei ele lá”.
A conversa em que Ciro Nogueira fala
sobre sua influência no Cade foi gravada pelo empresário Joesley
Batista, do grupo J&F, no dia 17 de março de 2017, quando ele
buscava provas para sua delação premiada. E só agora veio à tona. Hoje,
cinco anos depois, Ciro Nogueira se tornou o ministro mais poderoso do
governo Bolsonaro e Alexandre Cordeiro, presidente do Cade.
Os outros temas nas manchetes dos jornalões brasileiros são o aumento de 5% para o funcionalismo, que Bolsonaro quer conceder mesmo sem ter previsão orçamentária, e o sigilo imposto pelo Palácio do Planalto aos encontros de Bolsonaro com os pastores envolvidos no escândalo de corrupção no MEC.
Os pastores Gilmar
Santos e Arilton Moura são pivôs do escândalo do ‘balcão de negócios do
MEC’, que resultou na queda do ministro Milton Ribeiro. O Globo revela que a CGU tem parecer contrário à decisão do GSI de impor sigilo a encontros de Bolsonaro com pastores lobistas do MEC. Sobre o aumento, o reajuste de 5% desagrada a servidores. Policiais falam em ‘grande decepção’. Na semana passada, Guedes disse que aumento generalizado destruiria a economia.
Ainda sobre as suspeitas
de corrupção, Bolsonaro reage se fazendo de desentendido ao ser
confrontado com as suspeitas lançadas sobre o filho caçula Jair Renan.
Ele diz que ZeroQuatro vive com a mãe e não sabe se filho investigado está certo ou errado. O jovem é alvo do Ministério Público Federal por corrupção, suspeita de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
E mais corrupção no Estadão: ‘Bolsonaro falou: você vai entregar o FNDE para o Centrão’, diz Abraham Weintraub.
Ex-ministro da Educação, que deixou o governo no ano passado, afirma
que o presidente colocou ‘pessoas erradas’ no MEC. Ele disse que recebeu
ordem direta do presidente para dar o controle do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Centrão.
Em entrevista à CNN Brasil,
Weintraub disse que tentou protelar a entrega, mas teve que ceder. O
FNDE está no epicentro das denúncias de cobrança de propina por
pastores, realização de licitação de ônibus escolares com indicação de
preços inflados e destinação de recursos para ‘escolas fakes’.
Eis as manchetes dos principais diários. Estadão: ‘Meu menino’, disse Ciro Nogueira sobre presidente do Cade, seu apadrinhado. Folha: Bolsonaro decide dar aumento de 5% a servidores e militares. Valor: Bolsonaro decide dar reajuste de 5% a servidores. E O Globo: Planalto impõe sigilo a encontros de Bolsonaro com pastores do MEC.
Valor traz o General Hamilton Mourão defendendo a compra de remédio para disfunção sexual:
“O que são 35 mil comprimidos de viagra para 110 mil velhinhos?”, diz o
vice-presidente da República. Para tentar se eleger senador pelo RS,
ele tenta atrair eleitor insatisfeito com o presidente. O escândalo da
compra de viagra para as FFAA tamém repercute fora do Brasil — leia em Brasil na Gringa.
Ainda sobre os militares, Estadão reporta que o General Braga Netto se filiou ao PL em ato secreto e indica ‘chapa pura’ com Bolsonaro.
Cotado como vice do atual presidente, general oficializou entrada na
sigla dia 28. Mas nem líderes do partido souberam do registro.
Sobre a crise social em que o Brasil está mergulhado, Bolsonaro volta a negar a realidade. Ele disse que não se tem notícia de escassez de alimentos no Brasil.
Mas confessou a que inflação vai durar um ‘longo tempo’. A declaração é
contraditória, mas Bolsonaro não prima pela inteligência. Ele tenta se
desvencilhar das responsabilidades pelo desastre econômico e social.
A tragédia social é expressa em notícia da Folha: Oito a cada 10 pessoas veem aumento de pessoas em situação de rua em São Paulo e Rio, revela Datafolha.
E um sinal da indiferença e falta de empatia. No interior, um a cada
quatro diz que responsabilidade pelos problemas dessa população é das
próprias pessoas que vivem em vulnerabilidade.
Na economia, duas notícias importantes: 1) Mercado projeta inflação de 7,5% no fim deste ano. Resultado do IPCA em março leva a revisão das estimativas; e 2) Governo estima déficit de R$ 66 bilhões este ano,
empurrando um possível superávit primário para 2025. O Projeto de Lei
de Diretrizes Orçamentárias deve repetir o ano passado e trazer previsão
de revisão de salários em 2023.
LULA
Ainda sobre Lula, Bela Megale escreve no Globo que empresários pedem que Lula apresente ‘rosto novo’ para área econômica.
Empresários têm procurado interlocutores de Lula para pedir que ele
apresente um “novo rosto” para a área econômica em sua campanha. Até o
momento, representantes do mercado relataram que foram procurados apenas
por nomes como os ex-ministros Zé Dirceu e Guido Mantega.
E Lauro Jardim informa que a ascendência de Janja sobre agenda de Lula irrita até aliados petistas.
Eles se queixam de que ela tem priorizado encontros com famosos em
detrimento de eventos mais populares. O temor no partido é que a
superexposição com artistas crie uma imagem elitista e distancie Lula do povo.
No Valor, Cristiano Romero volta à ladainha de que Lula pode repetir o seu primeiro governo e que a indicação de Geraldo Alckmin é sinal ao mercado. Petista busca “convencer
as elites empresariais e financeiras de que, com Alckmin
vice-presidente, ex-representante da ala mais conservadora do PSDB, seu
possível terceiro mandato será mais parecido com o que foi o primeiro
termo no cargo, entre 2003 e 2006, do que foi o pesadelo da gestão de Dilma Rousseff”.
PSDB
A guerra entre tucanos permanece na mira da imprensa. O Painel da Folha relata que opositores do candidato João Doria usam a debandada no PSDB como argumento para reverter a prévia que
o ex-governador ganhou para se tornar o nome do partido à disputa
presidencial. Apoiadores de Eduardo Leite dizem que saída de filiados na
janela partidária mudou configuração interna.
“O grupo de tucanos que
apoia o nome de Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, como
pré-candidato presidencial do PSDB já definiu o principal argumento que
utilizará para rebater a acusação de Doria de que é alvo de tentativa de
golpe no interior do partido.
O paulista venceu as
prévias presidenciais do PSDB no ano passado, mas uma ala do partido
composta por nomes como Aécio Neves, José Aníbal, Tasso Jereissati,
Paulo Serra (prefeito de Santo André), entre outros, defende a
candidatura de Leite, que, segundo eles, teria mais condições de disputa
nas eleições e representa melhor os valores da legenda.
Já o Estadão emplaca que Simone Tebet ganha força no PSDB e passa a ser vista como a opção mais ‘estável’.
Tucanos veem senadora do MDB como potencial nome único do centro. O
ex-governador João Doria, pré-candidato da sigla, participou de jantar
com ela e Michel Temer.
Painel da Folha informa que o PSDB mantém controle sobre comissão da Câmara cobiçada por petistas e bolsonaristas.
Tucanos seguirão comandando Comissão de Relações Exteriores,
considerada estratégica. A CRE era um dos principais objetivos do
partido na redefinição do controle sobre esses colegiados. O PT tentou
emplacar o deputado Arlindo Chinaglia (SP), enquanto o PL buscava apoio
para Luiz Philippe de Orléans e Bragança (SP). A CRE será presidida por
Pedro Vilela (AL), que substitui Aécio Neves (MG).
SÃO PAULO
Monica Bergamo revela na Folha que o PV indicou Roberto Tripoli para ser vice na chapa de Haddad ao Governo de São Paulo.
A sigla formou uma federação partidária com o PC do B e o PT. Vereador
em São Paulo, Roberto Tripoli é presidente municipal da sigla em São
Paulo. Pesquisa Datafolha mostra Haddad com 29% dos
votos, e França, com 20%, seguidos por Tarcísio de Freitas
(Republicanos), com 10%, e Rodrigo Garcia (PSDB), com 6%.
Em outra nota, Painel registra que a ex-primeira dama de São Paulo Lu Alckmin é citada no PSB como possível vice de Márcio França.
Ela se filiou ao partido poucos dias após o marido Geraldo Alckmin. No
dia da filiação, França disse que Lu terá “uma tarefa surpreendente e
sensacional nas eleições”. O próprio Alckmin tem dado aval interno às
menções ao nome dela como vice. A ex-primeira-dama agregaria dois
elementos: é mulher e vincularia definitivamente o ex-governador à
candidatura de França e não à de Fernando Haddad (PT) no primeiro turno.
MEIO AMBIENTE
Valor noticia que os danos sociais com exploração de ouro em terra indígena podem chegar a R$ 6,6 bilhões.
Valores médios dos prejuízos sociais e ambientais produzidos pelo
garimpo ilegal na Amazônia representam mais do que o dobro do valor de
mercado do minério, dizem pesquisadores.
PETROBRÁS
Na economia, o destaque do dia é a concessão pelo governo de 59 áreas para exploração de petróleo por R$ 422 milhões.
Sem a participação da Petrobrás, leilão foi alvo de protesto de
ambientalistas. Do total arrecadado, 98% foram oferecidos por Shell,
Ecopetrol e Total pela concessão de oito áreas na Bacia de Santos.
Ainda sobre a Petrobrás,
jornais relatam que a assembleia da estatal aprovou a indicação de José
Mauro Coelho para a direção da companhia, mas noticiam que o governo
perdeu mais uma vaga no conselho. Sócios minoritários conseguiram
emplacar quatro representantes no colegiado. A Folha descreve
a reunião da assembleia como “confusa”. O governo sofreu uma derrota no
processo de renovação do conselho de administração da Petrobras.
Poucas horas antes da
reunião, o Ministério de Minas e Energia retirou da pauta do dia item
que tratava de mudanças no estatuto da companhia com o objetivo de
melhorar a governança, o que o mercado interpretou como mais uma
tentativa de ingerência na empresa.
No encontro, o governo
tentava aprovar oito conselheiros, incluindo o indicado para presidir a
Petrobras, José Mauro Coelho. Com forte mobilização dos minoritários,
porém, conseguiu apenas nomear seis —os indicados Carlos Eduardo Lessa
Brandão e Eduardo Karrer não tiveram votos suficientes.
ELETROBRÁS
Valor informa que o TCU retoma no dia 20 a análise sobre a venda da Eletrobrás.
Julgamento, porém, deverá ser adiado por um pedido de vista que será
apresentado pelo ministro Vital do Rêgo. Aroldo Cedraz decidiu levar o
processo de privatização ao plenário na sessão da próxima semana.
Relator do caso, Cedraz trabalhou com a equipe nas últimas duas semanas
para concluir seu voto, que deve dar sinal verde para a privatização da
companhia. A dúvida, agora, é o tempo que vai durar o pedido de vista.
BRASIL NA GRINGA
O espanhol El País noticia a
aquisição de 35 comprimidos de medicamento para disfunção erétil pelas
Forças Armadas do Brasil, na edição desta quinta-feira: Bolsonaro minimiza compras de Viagra.
“O presidente detalha que são cerca de 50 mil comprimidos para as três
forças e afirma que é adquirido para tratar hipertensão arterial”,
resume a correspondente Naiara Galarraga Gortázar.
O argentino Clarín também repercutiu a compra do medicamento: Jair Bolsonaro minimiza compra de viagra e próteses penianas pelo Exército Brasileiro.
“O presidente afirmou que ‘não houve nada de irregular’, depois que um
deputado detectou o fato em um orçamento aprovado pelo Ministério da
Defesa”, reporta. E no Página 12: Viagra não é diversão, é tratamento. “Presidente Bolsonaro justificou compra massiva deste medicamento para militares”. |