MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Novas denúncias de corrupção no governo, racismo, dinheiro do petróleo e queda no consumo são as manchetes dos jornais brasileiros nesta segunda-feira. No front internacional, a eleição na França preocupa analistas, diante da ida de Emmanuel Macron e a líder da extrema-direita Marine Le Pen. A divisão nas esquerdas impediu a ida de Jean-Luc Melénchon para o segundo turno.

Eis as manchetes dos principais impressos nacionais — Folha: Empresa usa firma de fachada e domina licitações. Estadão: Reação ao racismo avanço no país com ativismo e tecnologia. O Globo: Receita com royalties dispara e turbina caixa de governos e Valor: Inflação e juro alto reduzem fatia de pobres no consumo.

Das manchetes, o novo escândalo de corrupção no governo Bolsonaro — na Folha — é a notícia mais importante do dia. Segundo o jornal, empreiteira usa empresa de fachada e domina licitações sob Bolsonaro. A construtora maranhense Engefort — sem tradição — já obteve reserva orçamentária para receber ao menos R$ 600 milhões do governo. A construtora, com sede em Imperatriz, no sul do Maranhão, explodiu em verbas na atual gestão e sob Bolsonaro foge de sua tradição ao obter também contratos para asfaltamento longe de sua base.

A fonte de recursos dela são contratos com a Codevasf, estatal federal entregue por Bolsonaro ao centrão em troca de apoio político, e as verbas das emendas parlamentares, ampliadas no esquema do toma-lá-dá-cá pelo Congresso no atual governo. A Codevasf recebeu R$ 3 bilhões em emendas sob Bolsonaro e não consegue provar valor de obras. Auditoria independente vê problemas nos dados da estatal.

E O Globo informa que a disparada dos preços internacionais do petróleo reforçou os cofres públicos no ano eleitoral. Depois de bater recorde em 2021, avançando 65% em relação ao ano anterior, a arrecadação de União, estados e municípios com royalties e participações especiais da produção de petróleo e gás no país deve terminar o ano com um novo salto de nada menos do que 58,9%, para R$ 118,7 bilhões.

Já o Valor constata que, inflação e juro alto reduzem fatia de pobres no consumo. Percentual de pessoas com medo de gastar, mesmo com dinheiro no bolso, está em 45%, acima da média global. Duas pesquisas recém-concluídas, das consultorias GfK Brasil e NielsenIQ, mostram recuo na fatia dos mais pobres nas vendas do comércio e maior dependência de indústrias e varejistas da demanda dos mais ricos, os menos propensos a consumir. O percentual de pessoas com medo de gastar, mesmo com dinheiro no bolso, está em 45%, acima da média global.

Sobre a corrupção no MEC, alvo de um pedido de CPI pela oposição, Valor informa que governo age para enterrar CPI do MEC no Senado. Três senadores que haviam se comprometido em apoiar a abertura de uma investigação recuaram neste fim de semana. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Weverton Rocha (PDT-MA) disseram que não assinarão mais o pedido para abertura de uma CPI para investigar irregularidades.

Apesar disso, Painel registra que o ex-relator da CPI da Covid Renan Calheiros trabalha por assinaturas para CPI do MEC. Senador alagoano viabilizou apoio de paraibanos Veneziano Vital e de sua mãe, Nilda Gondim. E Lauro Jardim escreve, no Globo, que senadores da oposição traçam ofensiva para criar a CPI do MEC. Estadão diz que Randolfe Rodrigues espera ter 29 assinaturas até quarta.

Ainda na política, Malu Gaspar escreve no Globo que o ex-presidente Lula desembarca hoje em Brasília e faz “jantar de frente ampla” com senadores de oposição. O petista tem nesta segunda de noite um jantar com um grupo de senadores que o apoiam em vários partidos. Estarão presentes de Renan Calheiros (MDB-AL), a Omar Aziz (PSD-AM), Acir Gurcacz (PDT-PR) e Katia Abreu (PP-TO). Embora sejam quase todos de oposição a Bolsonaro, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), diz que é um encontro “de frente ampla”.

Valor destaca o anúncio da senadora Simone Tebet de que a terceira via deve definir nome de um candidato até 18 de maio. Ela afirma que país não pode continuar a viver polarizado. O anúncio foi feito no evento de Harvard, onde participou de uma conferência. “As regras [para a escolha do nome do centro democrático] serão definidas pelos presidentes dos partidos. Eu, João Doria [PSDB], Luciano Bivar [União Brasil] somos os pré-candidatos desse centro. Demos uma procuração simbólica aos presidentes dos partidos para analisarem, com base nas pesquisas qualitativa e quantitativa, quem será o nome”, disse.

Em conferência em Harvard, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as instituições resistem aos ataques à democracia. Para ele, as manifestações golpistas ocorridas recentemente não são normais. “As instituições têm sido capazes de resistir, não sem sequelas. O Congresso continua funcionando. O Supremo continua funcionando”, disse.

Na economia, Latam, Gol e Azul vão a Guedes reclamar de preço de combustível e pedir alívio em impostos. Setor vê monopólio da Petrobrás elevando custos e acionam também Cade e Arthur Lira. O ministro da Economia recebe os empresários das companhias nesta segunda. As áreas estão preocupadas com o preço do querosene de aviação e vão aproveitar para pedir alívio tributário ao setor. Segundo as companhias, o combustível já havia subido 76% em 2021 e representa hoje 50% dos custos — em vez dos tradicionais 30% — em meio à guerra na Ucrânia e à consequente disparada do preço do petróleo.

LULA

A Folha mantém a guerra interna do PT em evidência, com o Painel noticiando que o slogan de Lula recebe críticas por ser versão mais fraca de lema de Obama. “Episódio é mais um exemplo da crise na comunicação da pré-campanha do PT”, resume o colunista Fabio Zanini. “A crise na comunicação da pré-campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou nem o slogan das inserções partidárias que ele protagonizou nas últimas semanas”, aponta.

“A frase escolhida para encerrar os vídeos de 30 segundos de duração é: ‘Se a gente quiser, a gente pode’. Internamente, vem sendo criticada por alguns dirigentes por ser uma versão menos enfática do mote ‘Sim, nós podemos’, popularizado pelo ex-presidente americano Barack Obama em sua vitoriosa campanha à Casa Branca, em 2008”, diz a nota.

Em artigo no Valor, Bruno Carazza observa os movimentos do ex-presidente da República que estão presos à sua bolha. Lula pesca no seu próprio aquário — sintetiza. Ele diz que muito se fala da aliança de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin, mas o petista só fala a convertidos. “Ao acompanhar os movimentos do ex-presidente, porém, vê-se que sua energia está muito mais concentrada em dialogar com sua histórica base eleitoral e em tradicionais aliados internacionais do que em expandir suas alianças para além da bolha da esquerda”, avalia.

Mas Celso Rocha de Barros faz boa comparação, na Folha, ao apontar que enquanto Lula posa com Alckmin, Bolsonaro está com Ustra. “Líderes nas pesquisas, candidatos mostram suas diferenças”, aponta. “Nos últimos 15 dias, os dois candidatos que lideram as pesquisas eleitorais deixaram claro suas diferenças. Em um movimento em direção ao centro, Lula anunciou que quer como seu companheiro de chapa Geraldo Alckmin, outro constituinte de 1988, superando uma disputa política de 20 anos. Por sua vez, Bolsonaro lançou-se candidato elogiando o torturador Brilhante Ustra”.

Valor traz um perfil do economista Gabriel Galípolo: Colaborador de Lula quer discrição. Ex-banqueiro é visto como elo do PT com o mercado financeiro. Ele submergir pelas próximas semanas. Ex-presidente do Banco Fator, professor, consultor da Fiesp, Galípolo foi catapultado para o centro do noticiário após acompanhar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, num jantar com empresários. A exposição excessiva pós-jantar, apurou a reportagem, não estava nos planos do economista.

O Valor ainda noticia que, no Rio Grande do Norte, a oposição à governadora Fátima Bezerra (PT) não consegue encontrar candidato. Sem obras públicas relevantes, governadora se destacou por fazer concurso e pôr folha do funcionalismo em dia. “Se as eleições fossem hoje, Fátima poderia ser reeleita no Rio Grande do Norte por W.O. As lideranças de oposição estão batendo cabeça para montar uma chapa competitiva para enfrentar a governadora”, resume Marina Falcão. O presidente Jair Bolsonaro não tem ainda um candidato a governador definido.

PSDB

Estadão noticia que do ex-governador João Doria, candidato do PSDB à Presidência da República indica que não abre mão de candidatura e fala em ‘consenso’ na terceira via. Vencedor nas prévias no PSDB, Doria diz na Brazil Conference, em Harvard. que prefere estar em um partido com diferentes opiniões do que conviver em uma legenda que tenha ‘dono’. Em um recado aos demais nomes que articulam uma candidatura única em torno da “terceira via”, Doria pregou consenso entre as siglas, mas indicou que não deve abrir mão de ser o candidato escolhido pelo grupo.

Valor destaca a declaração de Doria, afirmando que não vai ter espaço para ‘posto Ipiranga’ em seu governo. “Com discurso afiado, pré-candidato tucano diz que resgatará o papel constitucional das Forças Armadas se for eleito”, aponta o jornal. Ele disse que o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai coordenar a agenda econômica do seu governo junto com as economistas Ana Carla Abrão, Vanessa Rahal e Zeina Latif. Ele contará também com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia na coordenação do seu programa de governo.

MEIO AMBIENTE

Valor revela que o garimpo ilegal em terra Yanomami cresce 46% em 2021. Levantamento da Hutukara Associação Yanomami indica também que há distribuição de armas e aliciamento de jovens indígenas na região. O patamar da ilegalidade é alto, sendo que já havia sido registrado um salto de 30% em relação a 2020. A atividade, inteiramente ilegal, impacta diretamente 56% dos indígenas.

O jornal ainda alerta para o desmonte da política ambiental, refletido no orçamento da União. Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos mostra queda das verbas para o setor ano após ano. A execução orçamentária para o meio ambiente em 2021 foi a menor dos últimos três anos. O orçamento executado para órgãos como Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio e Fundo Nacional de Mudanças Climáticas foi de R$ 2,49 bilhões no ano passado, ante R$ 2,99 bilhões em 2020 e R$ 3,08 bilhões em 2019.

AS MANCHETES DO DIA

JORNAIS

Folha: Empresa usa firma de fachada e domina licitações

Estadão: Reação ao racismo avanço no país com ativismo e tecnologia

O Globo: Receita com royalties dispara e turbina caixa de governos

Valor: Inflação e juro alto reduzem fatia de pobres no consumo

PORTAIS

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