segunda-feira, 11 de abril de 2022

Macron lidera, mas França ainda pode cair na extrema-direita

 

Déjà vu é a palavra que define a política francesa neste momento. O Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen vão reeditar no próximo dia 24 o segundo turno da eleição presidencial de 2017. Com 97% dos votos apurados, Macron lidera com 27,60%, seguido de Le Pen, com 23,41%%. O candidato do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélénchon — terceiro colocado, com 21,95% —, não manifestou explicitamente seu apoio a Macron, mas disse que “não se deve dar um único voto a Le Pen”. Candidatos de direita, verdes, socialistas e comunistas pediram votos para o presidente, reeditando a chamada ‘frente republicana’, enquanto o também ultradireitista Éric Zemmour, que teve 7% dos votos, declarou apoio a Le Pen. (UOL)

O comparecimento às urnas ontem, 65% dos eleitores, foi o segundo menor na Quinta República, iniciada em 1958. O voto na França não é obrigatório, mas a abstenção ficava tradicionalmente na casa dos 30%. (Poder360)

Matias Alencastro: “A vitória clara do atual presidente no primeiro turno traz garantias contra um acidente democrático, mas a eleição continua em aberto. A frente republicana que aconteceu em 2002 e 2017, quando os Le Pen chegaram ao segundo turno, não foi apenas o resultado de uma romântica rebelião democrática popular. Ela dependeu da liderança da classe política, da força de partidos e sindicatos e da memória dos franceses que combateram o fascismo. Num sistema político desestruturado, marcado pelo risco de uma convergência entre eleitores de Le Pen e Mélenchon, a repetição desse movimento está longe de ser garantida.” (Folha)

Economist: “No segundo turno, Ms Le Pen deve conseguir o apoio não apenas de Mr Zemmour mas também de eleitores cuja primeira escolha foi Mr Mélenchon à esquerda e Mrs Pécresse à centro-direita. Muitos dos que votaram nos candidatos Socialista e Verde no primeiro turno podem decidir ficar em casa ao invés de votar em Mr Macron. Ms Le Pen prometeu aos franceses diminuir o custo de vida e o preço da gasolina, posou para fotos com crianças e animais. Se apresentou como uma pessoa tranquilizadora, unificadora da França, apesar de um programa anti-OTAN, pro-Rússia, eurocética e promessas de uma política de ‘preferência nacional’ para franceses em empregos e moradia, o que a colocaria em choque com a União Europeia. Seu manifesto inclui o banimento do véu islâmico de lugares públicos e o fim da cidadania para quem nasce na França com pais estrangeiros.” (Economist)




Ao mesmo tempo em que concentra suas tropas nas províncias separatistas do Leste da Ucrânia, a Rússia intensifica os ataques à infraestrutura de transportes do país invadido: um ataque com mísseis destruiu o aeroporto da cidade de Zvonetsky. O Ministério da Defesa Russo confirmou a ação, mas disse ter atingido “a base e quartel-general do Batalhão Dnepr”, um dos muitos grupos paramilitares nacionalistas que atuam na Ucrânia. (Reuters)

Na sexta-feira, pelo menos 57 pessoas morreram num ataque com mísseis a uma estação de trem em Kramatorsk, no Leste. O presidente Volodymyr Zelenski disse ter sido mais um crime de guerra de Moscou, acrescentando que um grande número de civis estava concentrado na estação tentando deixar a região. (CNN)

Então... A invasão pela Rússia deve fazer a economia da Ucrânia encolher à metade. Segundo estimativas do Banco Mundial, o PIB do país deve diminuir em 45% devido à destruição da infraestrutura e à perda de boa parte da mão de obra — tanto os que deixaram o país como refugiados quanto os que estão lutando contra os invasores. A sanções impostas pelos EUA e seus aliados devem, por sua vez, provocar forte recessão na Rússia, com retração de 11,2%. (Guardian)




O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) destinou 75% da verba para compra de caminhões frigoríficos, usados no transporte de merenda escolar, para aliados do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Dos 17 municípios contemplados, 14 são administrados pelo PP, partido do ministro, sendo que nove ficam em seu estado, o Piauí. Nogueira é apontado como padrinho político do presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte. (Globo)

Enquanto isso... A CPI para investigar as diversas denúncias de irregularidades no MEC pode não sair do papel. Pelo menos três senadores que haviam assinado o requerimento para criá-la — Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Weverton (PDT-MA) — voltaram atrás. Na sexta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que já tinha as 27 assinaturas necessárias para que a comissão fosse instalada. Uma frente de pressão contra a CPI é a bancada evangélica, uma vez que os dois acusados de tráfico de influência no MEC e o ex-ministro Milton Ribeiro são pastores. (Folha)



O mau desempenho dos candidatos da chamada ‘terceira via’ nas pesquisas se deve ao fato de o ‘centro democrático’ não ter “um nome, um rosto”. Essa é a avaliação da senadora Simone Tebet (MS), pré-canditata do MDB. Ela participou remotamente, neste fim de semana, assim como outros pré-candidatos, da Brazil Conference 2022, organizada nos EUA por estudantes brasileiros. No mesmo evento, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) acenou para um consenso na terceira via, mas negou que vá retirar sua candidatura. Já o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) admitiu que a decisão sobre sua candidatura caberá ao partido, que já deixou claro que ele disputará uma vaga na Câmara. Fora das negociações para uma candidatura de consenso, Ciro Gomes (PDT) centrou a baterias no ex-presidente Lula (PT), afirmando que a declaração deste sobre aborto foi “estapafúrdia” e favoreceu o presidente Jair Bolsonaro (PL). (UOL)

Jorge Paulo Lemann não é pré-candidato a nada, mas sua participação na Brazil Conference 2022 foi uma das mais comentadas. “Temos uma eleição em curso no Brasil e teremos um novo presidente”, afirmou o bilionário e megainvestidor, cobrando que o sucessor de Bolsonaro priorize investimentos em educação. “Mais brasileiros devem ser hábeis a participar da economia, de startups e de serem competitivos diante do mundo”, disse.

Pois é... Para chegar ao nome que falta, os partidos da terceira via já fixaram dois critérios: intenção de voto nas pesquisas e votação nas últimas eleições. Há outros dois que ainda provocam debate: o tamanho da bancada e a rejeição do candidato junto ao eleitor. (Poder360)



Erramos O deputado Marcelo Freixo é filiado ao PSB do Rio de Janeiro, não mais ao PSOL, ao contrário do que publicamos na edição de sexta-feira.

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