MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Uma sexta de noticiário político quente nas manchetes dos jornais. Na economia, a notícia do dia é a disparada da inflação. O IPCA aumentou 1,62% em março, a maior taxa para o mês desde 1994. No ano, indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%. É mais uma notícia ruim para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Agora é oficial: a inflação no país é a maior para março em 28 anos.

Na política, a notícia mais forte do dia, contudo, é o anúncio formal da aliança entre Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), que deve ser oficializada nesta sexta-feira. O assunto já ganha repercussão agora pela manhã na blogosfera progressista e nos sites de notícias. Finalmente, o PSB indica oficialmente o ex-tucano como companheiro de chapa. É a formação da aliança democrática contra o neofascismo liderado por Jair Bolsonaro.

Folha e O Globo destacam como o assunto principal a dianteira de Fernando Haddad nas eleições para o governo de São Paulo. E o jornal carioca também aponta o empate técnico de Marcelo Freixo (PSB) e o atual governador do Rio, Cláudio Castro (PL).

O Datafolha revela ainda que Bolsonaro é um padrinho que mais atrapalha do que ajuda o seu candidato em São Paulo. Não votariam em candidato do presidente, 62%. O candidato tucano à Presidência, João Dória, tem rejeição também muito elevada: 66%. Geraldo Alckmin atrapalha a eleição de Márcio França para 50%. E o petista Lula, 46%.

No Rio, o Datafolha mostra Freixo com 22% e Cláudio Castro com 18% das intenções de voto no cenário mais provável até aqui para a disputa eleitoral em outubro. Segundo a Folha, a pesquisa mostra ainda que o apoio de Lula é o que mais ajuda e menos atrapalha no Rio. A aliança do PSB com ex-presidente gera rejeição em 48% dos entrevistados e com Bolsonaro, em 63%.

O outro assunto quente do dia — mais um revés para Bolsonaro — é a revelação de que militares estavam por trás de fake news distribuídas nas redes sociais minimizando o desmatamento na Amazônia. O assunto ganha repercussão internacional, graças a despacho da agência Reuters — Facebook derruba rede de desinformação ambiental do Brasil ligada a militares. Leia mais em Meio Ambiente.

Eis as manchetes desta sexta-feira, 8 de abril: Folha: Haddad lidera em SP seguido por França, Tarcísio e Rodrigo. O Globo: Haddad lidera em SP; Freixo e Castro têm empate técnico no Rio. Estadão: Militares espalhavam ‘fake news’ sobre Amazônia, diz Facebook. E o Valor: Mais brasileiros emigram para melhorar de vida.

Nas revistas semanais, as edições giram em torno do quadro eleitoral, com diferentes enfoques das publicações. A Focus Brasil: Aliança em defesa da democracia. “Como na luta contra a ditadura, a construção da frente democrática liderada agora por Lula e Alckmin se impõe na agenda política para derrotar o atraso e o retrocesso representados pela candidatura de Jair Bolsonaro”, aponta. A capa ainda não foi liberada.

Já a revista Veja se debruça sobre o impacto das fake news na campanha eleitoral, lembrando do efeito das mentiras espalhadas em 2018: Artilharia pesada. “Aplicativo que mais cresce no país, o Telegram é hoje o principal veículo de disseminação de fake news, teorias conspiratórias, discursos de ódio e pregações contra as urnas e a democracia. Não à toa, o Tribunal Superior Eleitoral negocia medidas para conter tais transgressões”, informa. E Carta Capital fala de Petrobrás: O petróleo não é nosso. “Tema central nas eleições, a estatal é disputada a tapas por facções do governo e agentes privados”.

LULA

O espanhol El País noticia que Lula e a cantora Anitta incentivam adolescentes a votar para tirar Bolsonaro do poder. “Os dez milhões de brasileiros entre 16 e 17 anos são um prêmio precioso para a esquerda”, escreve a correspondente Naiara Galarraga Gortazar. “Eles não têm obrigação de votar, são pouco mobilizados e estão na faixa etária que mais rejeita o presidente de extrema-direita”. Sob o slogan “O Brasil precisa de você”, Lula, de 76 anos e favorito nas pesquisas, incentiva a criançada a conquistar o título de eleitor. Seu apelo para que os artistas se envolvam no esforço surtiu efeito.

No plano interno, a mídia brasileira mantém posição crítica em relação ao petista. Folha destaca que Lula ameniza fala de pressão a deputados e tenta explicar declaração sobre aborto. “Ex-presidente petista havia pedido à militância que pressionasse famílias de parlamentares em suas casas”, lembra o jornal. Lula se posicionou pessoalmente contra o aborto e defendeu o tratamento para mulheres que realizarem o procedimento na rede pública de saúde. Mais uma vez, buscou explicar uma declaração que havia dado nesta semana e provocado reações.

O jornal diz que a bancada evangélica atacou Lula por fala sobre aborto, e aliados veem erro estratégico. “Presidente da Frente Evangélica diz que governo petista 'lutou para matar crianças no ventre', e conservadores avaliaram falas como inoportunas”, destaca. “Eu acho que o Lula está ficando senil. A idade chegou”, ironizou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Ainda sobre Lula, vale a leitura do artigo de Luís Nassif, no GGN, comentando a política econômica do ex-presidente. O exorcismo dos fantasmas da política econômica de Lula. “A melhor fase da economia foi quando as políticas sociais e o aumento do salário mínimo abasteceram o mercado interno”, destaca. Leia a íntegra ao final deste briefing.

BOLSONARO

Outra notícia ruim para o presidente da República é o depoimento prestado pelo filho Jair Renan à Polícia Federal. PF havia tentado ouvi-lo em dezembro, mas defesa havia pedido adiamento. Investigação apura suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. O inquérito aponta suspeita de que houve associação de Jair Renan com outras pessoas “no recebimento de vantagens de empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública Federal e Distrital sem aparente contraprestação justificável dos atos de graciosidade. O núcleo empresarial apresenta cerne em conglomerado minerário/agropecuário, empresa de publicidade e outros empresários”.

MEIO AMBIENTE

O diário espanhol El País noticia que o Facebook desmascara militares brasileiros que espalham notícias falsas sobre a Amazônia. “Meta eliminou perfis falsos que minimizavam a gravidade do desmatamento e atacou ONGs legítimas sob o pretexto de uma organização ambientalista”, relata a correspondente Naiara Galarraga Gortazar.

O inglês The Guardian também repercute a notícia, a partir de despacho da agência Reuters: Militares do Brasil ‘posaram como ONGs nas mídias sociais’ para minimizar o desmatamento. Dona do Facebook, a Meta removeu das redes sociais em ação que pode prejudicar o presidente Jair Bolsonaro. “Eles criaram páginas que se apresentavam como ONGs e ativistas fictícios focados em questões ambientais na região do Amazonas”, revelou a plataforma. “Os comentários de Meta, publicados em um relatório trimestral, representam um risco reputacional para o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O ex-capitão do exército de extrema direita é um cético de longa data em relação ao ambientalismo”

BRASIL NA GRINGA

Longo artigo no New York Times, de autoria de David Brooks, alerta para o início das guerras culturais globais, ao tempo em que o mundo assiste ao fim da globalização. “O mundo não está mais convergindo; está divergindo. O processo de globalização desacelerou e, em alguns casos, até retrocedeu. A invasão da Ucrânia pela Rússia destaca essas tendências”, escreve.

“Na verdade, o que mais me assombra é que essa rejeição do liberalismo ocidental, individualismo, pluralismo, igualdade de gênero e todo o resto não está acontecendo apenas entre as nações, mas também dentro das nações”, observa. “O ressentimento de status contra as elites culturais, econômicas e políticas ocidentais que flui da boca de líderes não liberais como Putin e Modi e o brasileiro Jair Bolsonaro soa muito como o ressentimento de status que flui da boca da direita trumpiana, da direita francesa, da direita italiana e húngara”.

O argentino Página 12 repercute a declaração do líder brasileiro de que o ministro da Defesa é o mais importante porque “ele tem a tropa nas mãos”. Segundo o jornal, Bolsonaro avança em escalada militarista e diz que Forças Armadas podem normalizar o Brasil. “A declaração do líder de extrema-direita ocorre depois que ele assumiu a autoria do Golpe Militar de 1964 em 31 de março e na segunda-feira um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro, zombou de uma jornalista que foi torturada durante a década de 1970 enquanto estava grávida”, reporta.

AS MANCHETES DO DIA

Focus Brasil: Aliança em defesa da democracia. Como na luta contra a ditadura, a construção da frente democrática liderada agora por Lula e Alckmin se impõe na agenda política para derrotar o atraso e o retrocesso representados pela candidatura de Jair Bolsonaro

Carta Capital: O Petróleo não é nosso. Tema central nas eleições, a estatal é disputada a tapas por facções do governo e agentes privados

Veja: Artilharia pesada. Aplicativo que mais cresce no país, o Telegram é hoje o principal veículo de disseminação de fake news, teorias conspiratórias, discursos de ódio e pregações contra as urnas e a democracia. Não à toa, o Tribunal Superior Eleitoral negocia medidas para conter tais transgressões

Folha: Haddad lidera em SP seguido por França, Tarcísio e Rodrigo

Estadão: Militares espalhavam ‘fake news’ sobre Amazônia, diz Facebook

O Globo: Haddad lidera em SP; Freixo e Castro têm empate técnico no Rio

Valor: Mais brasileiros emigram para melhorar de vida

BBC Brasil: Vivendo com cadáveres: o horror em vilarejo da Ucrânia durante ocupação russa

UOL: 41 valas clandestinas mostram o tamanho do poder paralelo no RJ e em SP

G1: Sobe para 39 o número de mortos em ataque a estação de trem na Ucrânia

R7: Caixa libera hoje consulta ao saque extraordinário de até R$ 1.000 do FGTS

Luís Nassif: O exorcismo dos fantasmas da política econômica de Lula

Tijolaço: Guanalto ou Planabara? Qual palácio negociou a morte de Adriano?

Brasil 247: Bolsonaro conectou a execução de Adriano da Nóbrega com o assassinato de Marielle Franco

DCM: Lula e Alckmin podem fazer anúncio oficial de chapa nesta sexta