sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Inflação corrói a renda e é mais cruel com quem tem menos

 

A inflação corrói a renda dos brasileiros, mas ela é mais cruel com quem tem menos
Alta dos preços acumula 10,7% em 12 meses, mas o impacto nos menos favorecidos é dois pontos porcentuais maior do que para os privilegiados
A inflação corrói a renda dos brasileiros, mas ela é mais cruel com quem tem menos

EL PAÍS






O Brasil vive um fenômeno que não dava as caras há um quarto de século: uma inflação que chega aos dois dígitos, sobe a cada mês e ainda não foi contida. A correspondente Naiara Galarraga Cortázar esteve numa feira em Santo Amaro, região de classe média baixa de São Paulo, e encontrou a rua quase deserta. O aumento dos preços afasta a clientela, leva ao fechamento de barracas e, em um efeito perverso, aumenta a desigualdade que corrói o país. A inflação atinge com mais dureza o estômago dos brasileiros pobres do que o bolso dos ricos. Uma cliente aqui e outra ali compram um pouco de fruta ou verdura enquanto uma terceira mulher recolhe discretamente o que encontra de aproveitável entre os produtos descartados pelos feirantes. “Antes pagávamos entre 9 e 10 reais por meio quilo de café, agora custa 17; o preço do tomate dobrou”, conta Dayane Ferreira. Para piorar a situação, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve queda de 0,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com os três meses anteriores, segundo o IBGE —que também revisou os dados do trimestre anterior de 0,1% positivo para -0,4%. Com esses números, o Brasil se encontra em recessão técnica, o que mostra uma tarefa mais difícil de recuperar a atividade no último trimestre, explicam Carla Jiménez e Regiane Oliveira.

Da alfa à ômicron, o coronavírus percorreu meio alfabeto grego na forma de variantes suspeitas de causar mais problemas do que as que já estavam se proliferando, conta Pablo Linde. Nem todas tiveram o mesmo impacto. Algumas permaneceram meras ameaças. E, de todas, a delta (e sua linhagem) foi a única capaz de se impor em praticamente todo o mundo por causa de sua grande capacidade de contágio. Ninguém sabe o que vai acontecer com a ômicron, que agora mantém o planeta em tensão. Em poucos meses poderá ser esquecida, como aconteceu com a lambda (descoberta no Peru) ou a mu (na Colômbia), mas também poderia começar a substituir a delta e assumir seu nicho ecológico. Também não está claro quais seriam as consequências disso: não se sabe se produz uma doença mais grave e se escapa mais da ação das vacinas.

O que já se sabe, contudo, é que a África do Sul, onde a ômicron foi detectada, registrou um aumento de internação de crianças, adolescentes e adultos menores de 30 anos. Esse grupo corresponde a 60% dos novos casos de covid-19. O país também vem assistindo a um maior número de infecções, ainda que leves, em profissionais da saúde vacinados, relata Carla Fibla. A Alemanha, por sua vez, decidiu tornar mais difícil a vida para os 14 milhões de adultos que ainda não se vacinaram contra a covid-19, conta Elena G. Sevillano. Eles serão praticamente impedidos de entrar em qualquer lugar público, exceto para comprar alimentos e remédios. Além disso, o Parlamento estuda tornar a imunização obrigatória a partir de fevereiro.

Há milênios a filosofia e a espiritualidade se ocupam desse terreno nebuloso que é a felicidade humana. Entretanto, foi preciso esperar até a era atual para que a neurociência fornecesse dados sobre o que acontece no cérebro das pessoas felizes. Alguns investigadores o chamam de “o quarteto da felicidade”: dopamina, oxitocina, serotonina e endorfina. Essas aliadas do bem-estar protagonizam El cerebro de la gente feliz (inédito no Brasil), um livro recente, fruto da colaboração entre a neurocientista Sara Teller e o escritor Ferran Cases. E podem ser ativadas com pequenos gestos, escreve Francesc Miralles.



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