domingo, 31 de maio de 2020

EU NÃO TO FACINHO



A crise do coronavírus


Exército censura ‘isolamento social’ e ‘distanciamento social’ em comunicados sobre coronavírus

Tatiana Dias
Comandante já defendeu “especial cuidado com a saúde”. Agora, está proibido até que se fale em isolamento para evitar ‘dissonância indesejável’.

Vamos mandar a Vakinha pro brejo?

Na quarta-feira, 15h40, recebi esta mensagem: 
“Olá Leandro. Você pode acompanhar o posicionamento do @vakinha no perfil da empresa. Você sabe que para essa questão precisamos de embasamento jurídico para tomar alguma decisão. Estamos aguardando o OK do nosso jurídico para tomar as ações cabíveis.”
E, logo em seguida, essa outra:
“Só gostaria de ressaltar que achei desnecessário divulgar o meu email pessoal para uma cobrança envolvendo a empresa. Isso teve um impacto na minha vida pessoal, e não auxilia em nada o processo. Te agradeceria se você excluisse este tuite. Abraços”
A mensagem foi escrita por Flavio Steffens, diretor de relacionamento do site de financiamento coletivo Vakinha. Steffens estava reclamando desse meu tuíte, postado no dia anterior. 
Nele, eu cobrei o fundador do Vakinha, o empresário Luiz Felipe Gheller, sobre a campanha de financiamento operacionalizada por seu site para financiar um acampamento em Brasília – um grupo que afirma estar recebendo “treinamento físico de combate” e portando armas. O MPF do Distrito Federal sustenta que eles são uma milícia. Sua líder, a ativista de extrema-direita Sara Winter, foi alvo de busca e apreensão em uma operação da Polícia Federal. Quando começou a ser interpelado publicamente sobre o caso, Gheller, do Vakinha, trancou seu twitter. Por isso eu e muitas outras pessoas começamos a cobrar os demais responsáveis pela empresa, entre eles, Steffens.
Respondi ao diretor de relacionamento naquela mesma noite de sua mensagem, ainda privadamente pelo Twitter: 
“oi, caro. obrigado pela resposta
seu email é público, está em seu linkedin (que é aberto). mas não quero polemizar e não teria problema em apagar meu tuite, mesmo.
mas queria saber o que vocês farão com os 77 mil arrecadados.
já ha uma resposta?”
No dia seguinte, tivemos um curto diálogo:
Steffens: “Oi Leandro. Vocês tem algum contato pra gente conversar? Whats, email, enfim?”
Demori: “XXXXXXXXX” (<--- mandei meu número de celular para ele) “meu zap me da um alo la?”
Steffens se calou. Mandei ainda uma mensagem pela manhã perguntando apenas: “mandou?”. Eu queria saber se ele tinha me contatado pelo whats. Eu sabia que não, mas era uma forma de forçar o diálogo. Sem resposta, insisti no fim da tarde, deixando claro que eu escreveria sobre o caso e que desejava ouvi-los.
“caro, não recebi seu contato e nem o da empresa. Eu pretendo escrever sobre o Vakinha e gostaria de ouvi-los. Meu fone é esse, como já informado: XXXXXXXXXX
me dê um alô no zap, por gentileza?
obrigado”
Estou esperando até agora.
O Vakinha permitia que a milícia dos 300 captasse dinheiro em sua plataforma havia semanas. Eu e a Tatiana Dias fomos atrás da história antes que o grupo armado batesse a meta. Nossa ideia era denunciar o óbvio caráter criminoso antes que aquelas pessoas conseguissem colocar as mãos no dinheiro. Mas a velocidade de captação da grana foi tão rápida que não deu tempo de encontrar algo. O ticket médio dos doadores ao grupo era estranhamente alto: quase R$ 100 por pessoa. Em muitos casos como aquele, há fraudes, ou empresários que usam sistemas como o Vakinha para financiar clandestinamente grupos que atentam contra democracia. Ainda não sabemos.
Enquanto eu tentava um canal privado com Steffens, o Sleeping Giants, que tinha começado a pressão sobre o Vakinha, seguiu tuitando sobre o caso. (Saiba mais sobre eles aqui).
O Vakinha ficou “fazendo a egípcia”, como tuitou o Sleeping Giants. A plataforma de financiamento disse que o caso era “complexo” e que estavam analisando a situação juridicamente. Uma postura clara de ‘sua opinião é muito importante para nós’, esperando que fossemos esquecer deles. Pois não esquecemos, e logo depois, com mais pressão pública, o Vakinha anunciou: o financiamento à gangue dos acampados estava “retirado”.
Vitória!
(Não, espera.)
O Andrew Fishman mostrou que não:
“É correto retirar a campanha do site. Agora esclarece uma coisa muito importante para nós, por favor: o dinheiro arrecadado vai ser devolvido para os apoiadores ou a milícia armada que usufruiu do seu site vai poder ficar com a grana?”
Silêncio. Então o Andrew cobrou quatro horas depois; e 16 horas depois. Mas para o Vakinha, o caso estava “resolvido”. Mas resolvido como?
O grupo de Brasília havia arrecadado mais de R$ 77 mil na plataforma. O que seria feito desse dinheiro? Já tinha sido sacado, no todo ou em parte? Seria devolvido aos financiadores? Seria depositado em juízo para que a justiça decidisse o que fazer?
Nesse meio tempo, Sara Winter, em vídeo, ameaçava descobrir a identidade de empregados que trabalhassem na casa do ministro do Supremo Alexandre de Moares, para algum tipo de vingança. Só se falou naquilo, no país, o dia todo. Os donos do Vakinha vivem em um aquário? O Vakinha está financiando essas pessoas – e lucrando com elas, já que embolsa mais de 6% do dinheiro arrecadado? E mais: mudará sua política de uso para evitar que grupos paramilitares usem sua tecnologia para ameaçar o país? Afinal, o Vakinha concorda com eles? É o que parece. Até agora, silêncio.
O dinheiro privado dos doadores, e que passa por uma empresa privada como a Vakinha, não tem imunidade para fazer o que bem entender. Ao tirar proveito de parte da transação entre financiadores e um movimento golpista, a Vakinha se torna responsável e precisa se explicar à sociedade. A estabilidade democrática é mais importante do que o sigilo.
O e-mail de Flavio Steffens pode ser encontrado ao lado de outros grandes feitos de sua carreira no LinkedIn. Flavio parece um cara legal: ele ajuda animais de rua. Eu também ajudo animais de rua, até adotamos um aqui em casa. Seu currículo me causa empatia genuína. Seu contato está ali para que pessoas falem com ele sobre esses temas, imagino. A reclamação privada que Steffens fez a mim deixa a impressão de que, para enaltecer sua própria história, toda a publicidade é válida, inclusive publicar seu e-mail pessoal em uma rede social aberta. Eu poderia mandar uma mensagem para ele elogiando o Bicharia, que, segundo seu currículo público, é uma “plataforma de crowdfunding para ajudar animais carentes”. Ele diz, no LinkedIn: “Sem investimentos, conseguimos impactar o mercado: tivemos mídia e arrecadamos mais de R$ 800 mil para a causa animal.” Isso me deixa feliz.
Mas no momento estou mais preocupado em manter esse país em pé. E isso passa por cortar o financiamento de milícias armadas que atentam contra os finos pilares que ainda nos mantém em algo parecido com uma civilização. O fale conosco do Vakinha está aqui, para quem quiser falar com eles. Os empresários que cobram moralidade da política precisam de escracho público para ter alguma ética? Tudo bem, estamos aqui pra isso. Depois a gente cuida dos cachorros.

sábado, 30 de maio de 2020

Como eles conseguem?

Olá,

Há muitos anos, trabalho com jornalismo investigativo e com dados. Já investiguei máfia, redes criminosas internacionais, políticos e grandes empresas em muitas situações.

A equipe que procurei montar no Intercept também tem esse perfil. Por isso, quando vimos a rapidez com que o coronavírus se espalhou e a sua capacidade de gerar a mais grave crise do nosso tempo, soubemos imediatamente que corruptos e outros espertalhões usariam este momento enriquecer ilicitamente.

Foi por aí que buscamos orientar nossas investigações durante essa cobertura intensa que estamos fazendo desde março. E nosso faro estava certo. Você tem acompanhado no site e nas nossas newsletters muitas denúncias de pessoas que estão tirando proveito da pandemia.

Você deseja mais investigações? Contribua agora com nosso trabalho.

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Escrevo agora porque quero falar um pouco sobre como fazemos isso. Nossos editores e repórteres não teriam como produzir nossas investigações sem as equipes de tecnologia, pesquisa, dados, vídeo e arte.

Vou dar dois rápidos exemplos de duas matérias que tiveram muitos acessos recentemente.

Publicamos com exclusividade o relatório da Abin que comprovou que Bolsonaro sabia da alta letalidade que o covid-19 causaria no Brasil. Recebemos um documento sigiloso de uma fonte anônima. Isso envolve um sistema que preserve nossa segurança digital e também a da fonte. Quando alguém fala com nossos jornalistas, sabe que pode confiar no nosso compromisso com o sigilo de quem tem coragem de denunciar abusos de poder.

Depois que o documento chega é preciso checar a veracidade. Só aí nossa equipe trata o que vamos divulgar para que os metadados não contenham nada que possa quebrar o sigilo de fonte. Qualquer deslize pode ser fatal. Depois, claro, repórteres e editores preparam o texto, os áudios e vídeos; nossos advogados avaliam o risco de publicação; e, enquanto isso, nosso pessoal de arte trabalha para que os materiais sejam visualmente deslumbrantes.

Outro bom exemplo é o escândalo dos respiradores de R$ 33 milhões em Santa Catarina. Se eu for descrever todo o processo você nunca mais vai querer ler minhas mensagens (a vida real é muito chata às vezes hehe). Mas, resumidamente: entrevistas e mais entrevistas, consultas intermináveis a diários oficiais, conversas longas com fontes no governo do estado que não podem aparecer, investigação da empresa no Rio de Janeiro e de suspeitos (uma longa consulta a CPFs e dados de junta comercial). Aí vem redação, edição, consulta aos advogados (a gente até pode ser processado, mas quer ter confiança de que vai ganhar), checagem de fatos e dados (fazemos isso internamente antes de publicar reportagens sensíveis), revisão, arte e, UFA!, publicação no site.

Depois é preciso divulgar nas redes e criar materiais (vídeos, cartões) para facilitar a circulação do assunto. Não esqueçam: boa parte do nosso povo tem dificuldades com textos longos e raciocínios complexos. A imprensa, no geral, ignora essa pessoas. Nós queremos que elas tenham informação de qualidade. Posso afirmar com tranquilidade que pelo menos 12 pessoas trabalharam para que essa informação da fraude em SC chegasse até você e resultasse na suspensão do contrato ilícito, queda de dois secretários, uma CPI e pedidos de impeachment contra o governador Carlos Moisés, aliado de Bolsonaro.

Aí você deve se perguntar: como eles conseguem? Como é possível um site aparentemente pequeno ter acesso a documentos exclusivos e produzir investigações que derrubam grandes corruptos?

Os leitores do Intercept nos mostram todos os dias que essa redação não é feita só pelos jornalistas, designers, produtores de vídeo, administrativo, checadores e advogados. É feita por milhares de pessoas dispostas a mudar esse país através do jornalismo realmente independente. E é assim que conseguimos.

Para que o nosso trabalho mantenha essa consistência precisamos ainda mais do nosso público durante esse período crítico.

Em meio à crise, as emissoras de televisão e os grandes jornais não param de bater na porta de bancos, montadoras, marcas de margarina ou cervejarias, em busca de dinheiro em forma de anúncios. Essas relações causam óbvio conflito de interesse. Nós nunca fomos atrás dessa grana porque essas são as empresas que queremos investigar.

Você topa se tornar hoje um investidor do jornalismo que salva vidas e busca revelar a verdade? Topa juntar-se a nós para fazer o impossível?
Leandro Demori
Editor Executivo

JUNTAS E JUNTOS CONTRA O DESPEJO!



O Brasil está enfrentando atualmente uma grave crise sanitária devido à disseminação do COVID-19 na população. Por causa do rápido e preocupante alastramento do vírus, os profissionais da área de saúde afirmam que a melhor forma de se proteger enquanto população é de seguir um estrito confinamento doméstico, se isolando ao máximo uns dos outros, no intuito de interromper a propagação do vírus e proteger a população mais vulnerável. 

No entanto, para poder realizar um isolamento doméstico é, antes de tudo, preciso ter condições dignas de moradia! No Brasil, e no Estado de Minas Gerais, o déficit habitacional atinge proporções alarmantes, sem falar da precariedade de tantas outras habitações, sem saneamento básico, localizadas em zonas de risco e outros fatores.. Neste contexto, milhares de famílias vivem atualmente em ocupações urbanas e moradias comunitárias e correm um risco permanente de serem despejadas e jogadas na rua da noite pro dia, como já aconteceu e acontece regularmente.

Era de se esperar que os despejos, tanto de ocupações quanto de pessoas que não estão aptos a pagar o aluguel devido a crise, fossem suspensos nesse momento onde a principal recomendação é justamente continuar em casa, mas o que vemos é que isto não está acontecendo. Os despejos e ameaças continuam a todo vapor, e é importante estarmos cientes e lutarmos o máximo contra eles. 

No dia 15 de março de 2020, três entidades de Arquitetos e Urbanistas (IAB/DN, FNA e IBDU) se manifestaram a favor da anulação dos pedidos de despejo e reintegração de posse. No dia 19 de março de 2020 a Defensoria Pública Geral e  o Núcleo Itinerante das Questões Fundiárias e Urbanísticas - NUFURB também encaminharam ao TJ/PR pedido de suspensão de cumprimento de mandados de reintegração de posse em todo o estado do Paraná.

Já está claro que não é do maior interesse dos governantes zelar pela saúde da população. Mais do que isso, os Estados estão utilizando esse momento onde estamos todos em casa, teoricamente impossibilitados de se organizar, para aumentar os dispositivos de segurança e de repressão e continuar movendo ações como estas de despejo. Não podemos recuar! Isolamento social não é inação! Procure jeitos de se mobilizar na sua cidade contra as ações de despejo e ajude as mobilizações da greve de aluguéis! 

Demandamos que a Prefeitura e o Poder Público interrompa as ações de despejo imediatamente! 

Análise de Mídia 30/05



CAPA – Manchete principal: *”PIB recua 1,5%, e tombo no 2º trimestre tende a ser pior”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”O ronco dos fracos”*: A população já sabe que não deve levar a sério o que diz o presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim, é forçoso anotar, até como registro para a posteridade, que, no dia 28 de maio de 2020, o chefe de Estado do Brasil afirmou, referindo-se a decisões do Poder Judiciário: “Ordens absurdas não se cumprem”. O mandatário, que jurou submissão à Carta democrática de 1988, atravessava mais um surto autoritário. Crivado de derrotas nos tribunais, com um inquérito do Supremo tendo na véspera fechado o cerco sobre a máquina de difamações e ameaças alimentada por familiares e assessores próximos, Bolsonaro voltou a cevar a franja de lunáticos golpistas que o apoia. “Mais um dia triste na nossa história. Mas o povo tenha certeza, foi o último. Acabou,...” e proferiu mais um de seus palavrões habituais. Pouco antes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro declarara, num encontro de carnívoros da truculência, que a ruptura era questão de quando, não mais de se. Os rugidos são inversamente proporcionais ao dano que essas figuras liliputianas da política brasileira podem causar à institucionalidade. Configuram-se, na verdade, sintomas do enfraquecimento e do isolamento progressivos de Jair Bolsonaro e seu círculo de fanáticos.
Em pleno século 21, decorridos 35 anos de enraizamento da democracia na sociedade e na máquina administrativa, não há hipótese de retrocesso às quarteladas do passado. Elas eram compatíveis com um país muito mais simples, quase simplório, e com um contexto global maniqueísta. Isso, sim, acabou. O presidente da República que decida afrontar uma ordem do Poder Judiciário não disporá de tanques como salvaguarda. Enfrentará as consequências criminais e políticas que o ato estúpido implica. O parlamentar que, como Eduardo, reincide ao invocar rupturas autoritárias tem encontro marcado com o Conselho de Ética da sua Casa. O presidente que rosnou perante a turma de agitadores violentos que o bajula no famigerado cercadinho do Alvorada foi o mesmo que, ordeiramente, ingressou com recurso no Supremo para tentar evitar o depoimento do ministro da Educação que havia insultado a corte. O ensaio de rebeldia de Abraham Weintraub —que faria mais jus a ser titular de uma pasta da Ignorância— tampouco se materializou. Nesta sexta (29), bovinamente, cumpriu seu dever de comparecer ao depoimento no inquérito que apura ameaças a membros do STF e exerceu o direito de ficar em silêncio. Calado, aliás, é um poeta. Nada garante que não haverá novas operações como a que alvejou bolsonaristas na quinta (27). Mas, se o presidente quiser reduzir sua probabilidade, basta andar entre as linhas traçadas pela Constituição.
PAINEL - *”PF suspeita de vazamento de operação contra laranjas na época em que Bolsonaro estava no PSL”*: A suspeita de vazamentos de inquéritos sigilosos da PF para o entorno do presidente não se restringe ao caso de Flávio Bolsonaro. Relatório da investigação de candidaturas laranjas em Pernambuco aponta forte indicativo nesse sentido envolvendo Luciano Bivar, presidente do PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu. Em 2019, durante buscas, a PF encontrou com o político um celular zerado, comprado um dia antes. Outro alvo, uma assessora disse ter esquecido o aparelho na academia. A operação foi realizada em 15 de outubro de 2019, quando o presidente do PSL e Bolsonaro ainda não haviam rompido e estavam no mesmo partido. Uma semana antes o presidente da República chegou a dizer a um apoiador, na porta do Palácio da Alvorada, que Bivar estava “queimado pra caramba”. Bivar e três mulheres de Pernambuco terminaram indiciados sob suspeita de três crimes , por suposta participação em esquema de candidaturas de laranjas para desviar verba pública do partido, caso revelado pela Folha. O Ministério Público está com os autos e ainda não decidiu se vai apresentar denúncia ou pedir arquivamento.
PAINEL - *”Datafolha mostra que mulheres de alta renda são as que mais acreditam em Sergio Moro”*: Pesquisa Datafolha feita na segunda (25) e na terça (26) mostra que a aprovação de Bolsonaro é de 29% entre as mulheres com renda familiar de até 5 salários mínimos e a reprovação fica em 45%. Entre as que recebem mais de 5 salários, a aprovação é de 24% e a reprovação vai a 61%. Entre os homens, os que têm maior renda são os que mais aprovam o presidente: 46% de ótimo ou bom contra 41% de ruim ou péssimo. Entre os que recebem até 5 salários, essas taxas correspondem a 36% e 41%, respectivamente. As mulheres de maior renda são as que mais acreditam no ex-ministro Sergio Moro (63%) na polêmica com o presidente sobre a interferência na PF.
PAINEL - *”Governo Bolsonaro busca fornecedor de internet para aviões presidenciais por R$ 3,5 milhões”*
PAINEL - *”Aparições de Doria e eleição 2020 irritam equipe de Covas durante pandemia”*
PAINEL - *”Depen diz que tornozeleiras estão em falta e pede R$ 28 milhões para suprir demanda na pandemia”*
PAINEL - *”Nora de Bolsonaro diz que ensino superior no Brasil não tem qualidade e que preferiria filho fora do Brasil”*: Heloísa Bolsonaro, mulher do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e nora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), diz que se tivesse um filho adolescente no Brasil, hoje, preferiria mandá-lo para fazer intercâmbio ou trabalhar fora do país. Ela, que está grávida, e o marido anunciaram em abril que serão pais de uma menina. Armamentista, o deputado deu um tiro em um balão, do qual saiu uma fumaça cor-de-rosa, no chamado chá revelação do bebê. "Sinceramente, se eu tivesse um filho adolescente hoje, minha maior aflição, angústia, preocupação, seria com relação a ele entrar numa faculdade. Eu não ia gostar. Eu acho que ia preferir que ele fizesse intercâmbio, fosse empreender, trabalhar, porque acho que infelizmente nosso ensino superior hoje não tem mais muita qualidade", disse Heloísa aos seguidores nas redes sociais. "Claro que existem casos e casos, não dá para generalizar, mas é a minha maior preocupação hoje", completou. A criança será a segunda neta de Bolsonaro. O senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é pai de Carolina. ​
*”Weintraub fica em silêncio ao depor à PF sobre fala de que botaria 'vagabundos' do STF na cadeia”*
*”Maia diz que Weintraub é 'desqualificado' e não poderia ter assumido Ministério da Educação”*
*”PF pede ao STF mais 30 dias para concluir investigação sobre interferência na PF e quer ouvir Bolsonaro”* - A Polícia Federal pediu nesta sexta-feira (29) ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello mais 30 dias para concluir o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interferiu na corporação. O pedido foi feito pela delegada Christine Machado, que conduz as investigações. A Polícia Federal afirmou que um dos próximos passos do inquérito sobre interferências na PF será tomar o depoimento do presidente Jair Bolsonaro. ​A Folha mostrou na terça (26) que o procurador-geral da República, Augusto Aras, já avaliava solicitar até a semana que vem ao ministro Celso de Mello, relator do caso, o depoimento de Bolsonaro nas novas diligências que os investigadores devem encaminhar à corte. A oitiva de Bolsonaro é considerada fundamental para elucidar os fatos em apuração, tendo em vista que algumas das principais suspeitas sobre o mandatário decorrem de falas dele próprio em aparições públicas e no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, divulgado na última sexta-feira. Conforme o Código do Processo Penal, o presidente tem a prerrogativa de depor em local, dia e hora previamente ajustados com o magistrado. Também pode optar por dar as explicações por escrito. Nesse caso, diz a lei, as “perguntas, deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício”. A prorrogação é um ato natural ao processo. De acordo com pessoas ouvidas pela Folha, alguns questionamentos encaminhados ao governo ainda não foram respondidos.
A PF aguarda, por exemplo, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, responder sobre as reclamações ou dificuldades na escolha de nomes na segurança de Jair Bolsonaro e de seus familiares. Em ofício encaminhado ao Planalto no dia 19, a PF fez quatro pedidos ao ministro para tentar entender se o presidente da República se referia a sua segurança pessoal ao ameaçar mudanças no Rio durante reunião ministerial em 22 de abril. A polícia cobra de Heleno informações sobre as trocas ocorridas no comando da chefia da segurança de Bolsonaro e família no anos de 2019 e 2020 e o detalhamento de "eventuais óbices ou embaraços" a nomes escolhidos para a função. Os policiais também aguardam a perícia do celular do empresário Paulo Marinho. O aparelho do ex-aliado do presidente foi entregue na quinta (28) aos peritos da Superintendência da PF no Rio.
Marinho, em entrevista à Folha, afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve acesso a informações privilegiadas da PF entre o 1º e 2º turno das eleições de 2018. O empresário disse que um delegado da Polícia Federal vazou de investigações que alcançariam Fabrício Queiroz, ex-assessor do gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio quando ele ainda era deputado estadual. As investigações contra o presidente Jair Bolsonaro foram abertas em abril, a pedido da PGR, após ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, acusar o presidente de tentar interferir no comando da PF e Superintendência do Rio. Bolsonaro nega a acusação. Até o momento, a PF já colheu depoimentos de Moro, delegados, ministros e políticos para embasar o relatório final. Bolsonaro deve ser ouvido nas próximas semanas. Além disso, os investigadores juntaram o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril onde Bolsonaro anuncia intervenção nos ministérios. Os elementos colhidos até agora no inquérito que apura as acusações de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal reforçam a narrativa do ex-ministro sobretudo em relação ao Rio de Janeiro. Oito depoimentos prestados confirmaram a versão de Moro de que o presidente, desde agosto do ano passado, queria trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. E sete acrescentaram o desejo dele de mexer no comando da Superintendência do Rio.
Entretanto, de acordo com investigadores, as informações obtidas não caracterizariam neste momento, isoladamente, um crime —embora ajudem a compor um retrato mais amplo da atuação de Bolsonaro. ​O inquérito foi aberto pelo ministro Celso de Mello a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem caberá decidir sobre denúncia ou arquivamento. Se Bolsonaro for denunciado, a Câmara aprovar o prosseguimento e o STF aceitar a abertura de ação penal, ele é afastado do cargo automaticamente por 180 dias. Os crimes investigados são: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, prevaricação, denunciação caluniosa e crime contra a honra. De acordo com interlocutores do PGR, Moro pode ser enquadrado nos três últimos, e Bolsonaro, nos seis primeiros.
*”CPI das Fake News na Assembleia de SP ganha novo fôlego após operação do STF contra bolsonaristas”* - A operação determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra a tropa bolsonarista na última quarta-feira (27) teve a Assembleia Legislativa de São Paulo como um dos cenários e elevou a pressão de deputados de oposição na Casa pelo início dos trabalhos da CPI das Fake News. A comissão paulista, com o mesmo foco da investigação em curso no Congresso Nacional, está instalada, mas ainda não começou os trabalhos por culpa da crise do novo coronavírus. No âmbito do inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a Polícia Federal fez busca e apreensão no gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL), mirando seu chefe de gabinete e um assessor.
Douglas, eleito em 2018 com um empurrão das redes sociais e de sua atuação no Direita São Paulo (rebatizado depois como Movimento Conservador), integra a CPI da Assembleia como suplente, mas deve ter que deixar a comissão por ter sido suspenso pelo PSL. O deputado estadual Gil Diniz (PSL), igualmente aliado de Jair Bolsonaro e defensor do presidente na tribuna, também é investigado pelo STF, embora não tenha sido alvo da operação de quarta-feira. Nesta quinta-feira (28), o PSL comunicou a Assembleia sobre a suspensão de Gil e Douglas do partido, feita em fevereiro, mas que não havia sido colocada em prática até agora. Com isso, os deputados não podem participar de atividades partidárias nem integrar comissões da Casa, o que impede a participação de Douglas na CPI. Membros titulares da CPI, os deputados estaduais Monica da Bancada Ativista (PSOL) e Paulo Fiorilo (PT) cobraram a presidência da Casa nos últimos dias para que a Assembleia comece sua própria investigação sobre a disseminação de ataques e mentiras por parte de parlamentares e servidores. A comissão foi instaurada em março para apurar notícias falsas na eleição de 2018 e teria sua primeira reunião no dia 17 daquele mês, mas acabou suspensa por causa da pandemia.
*”'Não há vantagem numa intervenção', diz Laerte, após ter trabalho usado em peça pró-golpe”* - Um desenho feito pela cartunista Laerte Coutinho nos anos 1980 para publicação em jornais de sindicato está sendo usado sem autorização da artista em um vídeo de autoria desconhecida e que defende uma intervenção militar que mantenha o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando do país. "Faz parte de um conjunto de desenhos que eu liberei para uso de entidades sindicais, mas não para empresas ou grupos políticos", diz Laerte, cartunista da Folha. O vídeo de 4 minutos e 41 segundos foi publicado na semana passada, mas a cartunista só foi alertada no início desta semana. Sem saber quem é o autor do vídeo, Laerte afirma não ter como ingressar com uma ação judicial e apenas fez uma notificação ao YouTube. "Eu me sinto sei lá quantas vezes invadida e abusada porque, primeiro, é uma apropriação de um trabalho. Do ponto de vista autoral, é uma apropriação que não pode ser feita. Agora, tem a parte política, que é mais aguda", disse a cartunista, que reconheceu também o traço de outros colegas. "São pessoas que claramente têm uma posição contra o governo e contra o fascismo e estão sendo usadas, eu acho, de maneira proposital. O caráter de provocação deste material é muito evidente", afirma.
A Secretaria de Comunicação da Presidência nega ter alguma relação com o vídeo, que sugere "tirar do governo todos os corruptos de uma só vez, sem atropelar a democracia". O narrador não identificado diz que o Brasil sofre ataques do marxismo cultural há algumas décadas e que a Constituição Federal de 1988 foi escrita por socialistas. Além disso, afirma que Senado, Câmara e STF (Supremo Tribunal Federal) "são completamente tomados por bandidos". "Há, sim, uma maneira de promover uma limpeza em todas as instituições. Se chama intervenção militar", diz o narrador, enquanto surge na tela a #IntervençãoMilitarComBolsonaroNoPoder. O vídeo diz que não se trata de ditadura e que, "na intervenção militar, mantendo o atual chefe do Executivo [no caso, Bolsonaro], poderemos, inclusive, corrigir a Constituição nos pontos que são explorados pelos corruptos, como, por exemplo, a questão do aborto, a prisão em segunda instância, o desarmamento civil etc".
Por fim, o vídeo orienta as pessoas a pedirem "intervenção militar com Bolsonaro no poder" na porta dos quartéis. "A intervenção militar de 1964 não trouxe absolutamente nada de bom. Destruiu vidas, destruiu carreiras, destruiu instituições. Cultivou a corrupção, deixou o país quebrado, deixou o país com uma inflação altíssima e com uma taxa de corrupção muito alta. Então, é uma ilusão", disse Laerte, que, durante a ditadura militar de 1964, precisou fugir para o Espírito Santo em 1975 para não ser presa. "O que eu diria para estas pessoas é para elas procurarem se informar, porque não há nenhuma vantagem numa coisa como intervenção militar", afirmou ela. Para a artista, a divulgação do vídeo faz parte de uma ação programada. "Estão certamente apostando num golpe militar, numa situação na qual eles vão estabelecer novas regras e novas ordens. Não é surpresa que o Eduardo Bolsonaro está dizendo que não é mais uma questão de 'se', é uma questão de 'quando'. O discurso de ameaça está cada vez mais claro mesmo", afirmou Laerte, mencionando o deputado federal pelo PSL-SP, filho do presidente. Em uma live na noite de quarta-feira (27) ao lado de alvos da ação do Supremo contra fake news, Eduardo criticou decisões recentes dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Celso de Mello e defendeu reagir energeticamente contra a corte.
*”Instituto de Defesa do Direito de Defesa relembra gestos e falas de Bolsonaro e pede seu afastamento da Presidência”* - O Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) divulgou uma nota pedindo o afastamento de Jair Bolsonaro (sem partido). A organização pontua ações e falas do presidente que vão contra "os interesses superiores do povo brasileiro" e afirma ter o "dever de engrossar as vozes daqueles que estão a dizer o óbvio: Jair Bolsonaro não pode governar o país". A nota cita que o presidente vai contra as medidas de isolamento, o que contraria a autoridades científicas do mundo, e afirma que há um alastramento da Covid-19 nas prisões, em que os infectados ficam "à mercê de uma proteção estatal que nunca chega". A partir de falas do presidente sobre o tratamento da Covid-19 como uma "gripezinha" e sua atitude de sair às ruas em meio à quarentena, o IDDD afirma que "estamos diante de uma tentativa de prevalência absoluta da vontade do governante em detrimento da vontade social".
Pesquisa do Datafolha desta semana mostra que o brasileiro está mais insatisfeito com a condução de Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus. Segundo o instituto, 50% dos 2.069 entrevistados consideram o manejo da crise pelo presidente ruim ou péssimo –5 pontos a mais do que em 27 de abril e 17 acima do registrado em 18 a 20 de março, na primeira aferição do tipo. A piora na avaliação acompanha a turbulência instalada no governo, que perdeu há quase duas semanas o segundo ministro da Saúde em meio à pandemia por não concordar com as orientações de Bolsonaro, que critica o isolamento social e defende a ampliação do uso da cloroquina contra a Covid-19. Além da forma como o presidente trata a crise do coronavírus, o instituto citou a "aversão" de Bolsonaro a "questões climáticas, ambientais, indígenas, raciais" e, ainda, cita "pregações elogiosas à ditadura; apologia da tortura; das armas para o povo; da ação agressiva das polícias".
*”67% rejeitam aproximação de Bolsonaro com o centrão, diz Datafolha”* - A maioria da população reprova a iniciativa do governo Jair Bolsonaro de negociar cargos e verbas com congressistas, de acordo com pesquisa Datafolha. A maior parte dos entrevistados também entende que o presidente não está cumprindo a promessa da campanha eleitoral de não oferecer vagas no governo e a liberação de recursos para obter apoio no Congresso. O Datafolha ouviu 2.069 pessoas na segunda (25) e na terça-feira (26) em todo o país. Disseram que o presidente age mal ao negociar cargos e verbas 67% dos entrevistados, ante 20% que entendem que ele age bem.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Por causa da pandemia do novo coronavírus, as entrevistas foram feitas por telefone, método que exige questionários rápidos, sem a utilização de estímulos visuais. Nas últimas semanas, o presidente, que se elegeu pelo PSL e está sem partido desde o ano passado, promoveu uma aproximação com legendas do chamado centrão para ampliar seu apoio no Congresso. Partidos como PP, PL e Republicanos estão gerenciando a distribuição de cargos da administração federal para atrair siglas menores à base governista no Congresso. Houve nomeações para cargos como a direção do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e para a superintendência de trens urbanos do Recife, por exemplo, de indicados do Avante e do PSC, respectivamente. Na pesquisa, 64% disseram que o presidente não está cumprindo o que prometeu na eleição de 2018 sobre a relação com o Legislativo. Acham que ele está cumprindo a promessa 29%, e 8% não souberam responder. Nas duas perguntas sobre o assunto, a reprovação ao comportamento do presidente tende a ser maior entre jovens de 16 a 24 anos e entrevistados com ensino superior.
Entre aqueles que dizem ter votado em Bolsonaro em 2018, as taxas se invertem, e 49% consideram que o presidente está cumprindo a promessa, ante 42% que veem descumprimento do anunciado na época. Na disputa eleitoral, o atual presidente costumava falar em acabar com o que chama de "velha política", moldada no toma lá dá cá. O "toma lá" são os vários cargos de segundo e terceiro escalão da máquina federal, postos cobiçados por caciques partidários para manter seu grau de influência em Brasília e nos estados. O "dá cá" é uma base de apoio mínima no Congresso para, mais do que aprovar projetos de seu interesse, evitar a abertura de um possível processo de impeachment. Para afastar Bolsonaro da cadeira presidencial, são necessários ao menos 342 dos 513 deputados, além de um clima propício à destituição --economia em frangalhos e tensão nas ruas, por exemplo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já recebeu dezenas de pedidos de impeachment de Bolsonaro, mas não decidiu ainda se dá seguimento à tramitação dessas solicitações. Líderes de partidos do centrão afirmam que Bolsonaro enquadrou ministros que resistiam em ceder cargos de suas pastas ao grupo, deixando claro que quem se opuser pode ser demitido. Ao se lançar candidato em 2018, o atual presidente tinha o apoio só do nanico PRTB, sigla de seu vice, Hamilton Mourão.
Após a vitória, o eleito decidiu deixar de lado na montagem de seu primeiro escalão a divisão partidária de apoio, como era o padrão entre seus antecessores, e escolheu nomes que não tinham sido indicados pelos partidos, além de vários militares sem atuação política. O DEM, por exemplo, assumiu três ministérios, mas não é considerado integrante do bloco governista. À época, a medida era vista como uma quebra na era do "presidencialismo de coalizão", modelo no qual o eleito negocia com partidos o apoio parlamentar oferecendo nomeações em ministérios. Com o passar do tempo, Bolsonaro foi enfrentando dificuldades na sua relação com o Congresso, em que pese a aprovação da reforma da Previdência, em 2019. Em abril deste ano, por exemplo, o Senado deixou caducar uma medida provisória que tratava de uma das bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes, a criação do emprego Verde e Amarelo, com regras mais flexíveis. A pesquisa mais recente do Datafolha também mostrou um crescimento da rejeição ao presidente na esteira da crise do coronavírus. O índice de entrevistados que disseram que ele faz um governo ruim ou péssimo passou de 38% no fim de abril para 43% nesta semana. A taxa de ótimo ou bom se manteve estável, em 33%.
*”País continua dividido sobre renúncia e impeachment de Bolsonaro, indica Datafolha”* - As possibilidades de impeachment e de renúncia do presidente Jair Bolsonaro continuam dividindo a população praticamente ao meio, de acordo com a mais recente pesquisa Datafolha. Opiniões favoráveis ao presidente, porém, estão numericamente um pouco à frente em relação a essas duas hipóteses. Quanto ao afastamento via Congresso, os números tiveram pequena oscilação em relação aos levantados em pesquisa anterior do instituto, no fim de abril. Disseram que o Congresso não deve abrir processo para afastar o presidente 50% dos entrevistados, dois pontos percentuais acima da taxa obtida na pesquisa de abril. Para 46%, o Legislativo deveria dar início ao processo —eram 45% há um mês. Essas variações estão dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 2.069 pessoas em todos os estados do país na segunda (25) e terça-feira (26). Em relação à renúncia, 50% acreditam que o presidente não deve renunciar, mesmo índice da pesquisa anterior. A taxa de quem defende a renúncia de Bolsonaro atingiu agora seu índice mais alto na sequência de pesquisas —48%—, mas variou dentro da margem de erro. No fim de abril, eram 46%, e há dois meses, 37%. As discussões sobre o afastamento do presidente via processo no Congresso ou renúncia cresceram nos últimos meses com a crise política impulsionada pelo novo coronavírus. Grupos políticos que até então hesitavam em pedir a saída de Bolsonaro, como o PT, passaram a aderir a esses pedidos. Estimularam esse debate fatores como as declarações do presidente minimizando a pandemia e sua presença em manifestações pedindo golpe militar. O presidente se tornou também alvo de panelaços pelo país em edifícios de bairros de classe média e média alta, onde até então costuma ser bem avaliado.
Segundo o Datafolha, tanto no questionamento sobre impeachment quanto no relacionado à renúncia, recortes mostram que a rejeição a Bolsonaro cresce entre mulheres, entrevistados com ensino superior e jovens de 16 a 24 anos. Esses segmentos da população também tendem a desaprovar mais a gestão de Bolsonaro na Presidência. Entre a população em geral, 43% consideram seu governo ruim ou péssimo, 33% acham ótimo ou bom e outros 22% o classificam como regular. Entre entrevistados que defendem o "lockdown" (fechamento total das cidades para evitar a propagação do novo coronavírus), o apoio à renúncia vai a 61%. No recorte regional, a taxa favorável à abertura do impeachment sobe para 54% no Nordeste e cai para 38% no Sul. Entre os grupos que mais se opõem à saída de Bolsonaro do cargo estão entrevistados do sexo masculino e aposentados, no qual o apoio ao processo de impeachment é de 36%. Os contrários ao "lockdown" somam rejeição de 75% à abertura do processo no Congresso. Entre eleitores que declaram ter votado em Bolsonaro no 2º turno em 2018, só 21% apoiam o processo de afastamento e 22% a renúncia.
MÔNICA BERGAMO - *”Band não vai mais transmitir Bolsonaro ao vivo por causa de palavrões”*: O Grupo Bandeirantes orientou todas as suas emissoras de rádio e TV a não transmitirem mais ao vivo as declarações do presidente Jair Bolsonaro. A decisão veio depois de palavrões proferidos pelo presidente nesta semana. No entendimento do grupo, isso ofende e desrespeita o público. A cobertura das esquipes continuará a ser feita normalmente, sem prejuízo da informação, disse a empresa em sua orientação interna. Na quinta (28), por exemplo, Bolsonaro comentava as operações da Polícia Federal, determinadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito das fake news, e disse: "Acabou, porra!", afirmando que não mais admitiria "atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal certas ações".
*”Plataformas se movimentam para desidratar projeto no Congresso que prevê punição por fake news”* - As plataformas de internet montaram uma ofensiva para tentar modificar ou desacelerar os projetos de lei em discussão no Congresso que responsabilizam as empresas por fake news disseminadas nas redes sociais. Segundo elas, os projetos teriam o mesmo efeito que o decreto assinado nesta quinta-feira (28) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tira a imunidade das plataformas em relação a conteúdos veiculados por terceiros. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que o projeto de lei do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) deve entrar na pauta de votações na próxima terça-feira (2). O texto é igual ao apresentado na Câmara pelo deputado Felipe Rigoni (PSB-ES). A percepção das plataformas é de que há grande apetite entre os congressistas para aprovação rápida do projeto. Emissários das empresas têm conversado com possíveis relatores, entidades da sociedade civil e parlamentares. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também está empenhado em implementar uma legislação sobre o tema e defendeu na quarta-feira (27) regulamentação para que as plataformas sejam responsabilizadas por disseminação de fake news. “Olha o que aconteceu nos Estados Unidos, na Itália, na Grã-Bretanha, a utilização de muitas fake news, de dados de pessoas sem suas autorizações.Tudo isso precisa ser organizado, a gente precisa ter um marco legal de melhor qualidade, onde a gente possa também responsabilizar as plataformas. As plataformas precisam ter responsabilidades", disse Maia. "Vocês têm responsabilidades sobre as informações que os jornais, as TVs e as rádios veiculam. De alguma forma as plataformas digitais precisam ter alguma responsabilidade.” A reportagem conversou com quatro das principais plataformas de redes sociais: todas consideram a legislação muito problemática e afirmam que várias das provisões da lei são impossíveis de cumprir. O que mais incomoda as empresas é o fato de elas passarem a ter responsabilidade por conteúdo disseminado nas plataformas, algo que vai contra o Marco Civil da Internet, legislação de 2014 que regula o setor. Duas delas afirmam que o projeto faz exatamente a mesma coisa que o decreto de Trump. O presidente americano está em guerra contra o Twitter, que classificou um de seus tuítes como desinformação. Trump assinou o decreto com a justificativa de que não pode haver censura para posts. No entanto, segundo especialistas, a ordem pode acabar tendo efeito contrário, levando plataformas a remover conteúdos para evitar responsabilização.
As empresas têm poucas esperanças de matar os projetos de lei em discussão no Senado e na Câmara, mas esperam, ao menos, desidratá-los. Para elas, um dos grandes problemas é que a legislação define “desinformação” de forma muito ampla, além de fazer exigências de transparência consideradas irrealistas. Segundo o texto, desinformação é "conteúdo, em parte ou no todo, inequivocamente falso ou enganoso, passível de verificação, colocado fora de contexto, manipulado ou forjado, com potencial de causar danos individuais ou coletivos, ressalvado o ânimo humorístico ou de paródia". Para as empresas, é impossível definir de antemão quando determinado conteúdo é enganoso porque os elementos dependem de análise contextual. Elas afirmam ainda que a aplicação da lei poderia levar uma manifestação sarcástica ou irônica mal compreendida a ser apontada como "enganosa" e enquadrada como "desinformação", assim como críticas. Para Francisco Brito Cruz, diretor do Internet Lab, ao interpretar a lei, as plataformas vão seguir a lógica do menor risco —se há chance de algo infringir a legislação, já vão remover o conteúdo. “Conteúdos legítimos vão acabar policiados, restringindo liberdade de expressão na internet”, diz ele. “O Marco Civil da Internet tira um pouco da responsabilidade das plataformas para permitir maior liberdade de expressão.” Uma das plataformas afirma que só pode ser considerado desinformação conteúdo disseminado com intenção de prejudicar alguém. Assim, não bastaria que algo fosse apontado como falso, deveria também existir o dolo do agente. No entanto, na prática isso impediria a remoção de inúmeros conteúdos falsos, pela impossibilidade de se comprovar a intenção.
A legislação determina que as plataformas devem proibir contas inautênticas, aquelas que assumem identidade falsa ou de terceira pessoa para enganar o público, e bots (contas automatizadas que imitam comportamento humano) que disseminam desinformação. E também estabelece que as plataformas devem publicar relatórios de transparência semanais sobre contas inautênticas e bots removidos, além de listar reclamações de usuários e respostas. As empresas argumentam que determinar se uma conta é inautêntica ou um bot implicaria violação de privacidade. Isso porque, para fazer essa determinação, seria preciso conferir e validar a identidade de todos os usuários. Além disso, pode acabar penalizando contas de paródia, como a Dilma Bolada, que fazia referência à ex-presidente Dilma Rousseff. Em relação à responsabilidade das plataformas de verificarem conteúdos, em conjunto com agências de checagem, para detectar fake news, algumas empresas dizem ser impossível. O YouTube, por exemplo, recebe 500 horas de vídeo por minuto. Também afirmam que, ao transferir para checadores a tarefa de examinar os conteúdos, dariam a essas agências de checagem um poder enorme, um mandato para serem árbitros do que é falso ou verdadeiro.
Ao transferirem essas responsabilidades de moderação e responsabilizarem as plataformas por conteúdo publicado, haveria um choque frontal contra o Marco Civil da Internet. Hoje prevalece o entendimento de que as redes sociais não funcionam como empresas de mídia, que precisam se responsabilizar pelo que publicam, mas sim apenas como plataformas, onde há liberdade de expressão para terceiros publicarem e não se pode imputar eventuais crimes à empresa. O projeto de lei também determina a rotulação de conteúdos patrocinados, identificando quem pagou pelo anúncio. No caso de propaganda política, seria necessário também apresentar dados sobre todos os anúncios que o patrocinador fez nos últimos 12 meses, e os anunciantes precisariam comprovar sua identificação e localização. O Facebook, por exemplo, mantém uma biblioteca de anúncios em períodos eleitorais, identificando quem pagou por eles. Mas outras plataformas se opõem a esse tipo de transparência, alegando que não têm como determinar quem pagou pelo anúncio. No geral, as plataformas de internet afirmam que o projeto vai levar à censura, e dizem que já estão combatendo desinformação ao patrocinar educação midiática e projetos de jornalismo.
+++ A Folha poderia ter o hábito de ouvir o “outro lado” em todas as reportagens e não apenas em alguns casos.
DEMÉTRIO MAGNOLI – *”Substitua-se na bandeira o lema 'Ordem e Progresso' por 'Não repara a bagunça'”*

*”Witzel recebeu R$ 284 mil de escritório investigado em ano de eleição, e governador muda versão”*
 - O governador Wilson Witzel (PSC-RJ) recebeu no ano em que foi eleito R$ 284 mil do escritório de advocacia de Lucas Tristão, seu atual secretário de Desenvolvimento Econômico. Esse pagamento a Witzel em 2018 consta na declaração de Imposto de Renda do governador, em análise pela Procuradoria-Geral da República, no âmbito da Operação Placebo. A banca do secretário recebeu no mesmo período R$ 225 mil de firmas do empresário Mário Peixoto, segundo a investigação. O dinheiro repassado a Witzel pelo escritório de Tristão, à época coordenador de sua campanha eleitoral, foi uma das justificativas usadas pelo então candidato para explicar como doou R$ 215 mil de recursos próprios para sua campanha mesmo tendo declarado à Justiça Eleitoral não ter dinheiro em conta. O valor doado correspondia a mais da metade do patrimônio declarado, de R$ 400 mil, composto apenas por uma casa até hoje não vendida.
Quando questionado sobre a origem dos recursos, sua assessoria respondeu que “Witzel presta consultoria jurídica e recebeu, além de honorários, luvas [pagamento pela entrada numa sociedade] para ingressar em dois escritórios de advocacia, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo”. Em entrevista à Folha durante a campanha, Witzel afirmou que um dos escritórios a que se associou era o de Tristão. Ele inclusive disse que auxiliou o advogado na análise da defesa da Atrio Rio, uma das empresas da família de Peixoto, numa ação contra a Secretaria de Educação do estado. “Ele [Tristão] me apresentou a petição para que eu analisasse, se estava adequada. Entendi que estava e que haveria possibilidade de sucesso”, afirmou Witzel na ocasião. Em entrevista à CNN Brasil na última quarta-feira (27), Witzel negou que tenha sido sócio de Tristão. “Nunca fui sócio do Lucas Tristão. O único escritório em que fui sócio foi do Medina Osório [Advogados], ex-ministro da AGU [Advocacia-Geral da União]. Agora, o Lucas foi meu aluno. Em várias oportunidades ele vinha conversar comigo sobre processos que não estavam na minha jurisdição”, disse Witzel.
Os registros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Espírito Santo mostram que o escritório de Tristão não teve mudança societária durante a campanha. O relacionamento entre Tristão e Peixoto também foi evidenciado por interceptação telefônica feita pela Polícia Federal com autorização judicial. O filho de Mário, Vinicius Peixoto, contou para sua mãe que o secretário furou a quarentena em abril deste ano para visitar o empresário em casa. Witzel foi alvo da Operação Placebo, que apura suspeitas sobre o contrato para construção de um hospital de campanha contra o coronavírus e na relação de Witzel e seu entorno com um empresário investigado desde a gestão Sérgio Cabral (MDB). Uma das investigadas é a primeira-dama, a advogada Helena Witzel, que firmou contrato com a DPAD Serviços Diagnósticos. A empresa é ligada, segundo a Procuradoria, ao empresário Mário Peixoto, preso na Operação Favorito, deflagrada há duas semanas. O contrato previa o pagamento de 36 parcelas mensais de R$ 15 mil por serviços advocatícios. Os pagamentos se iniciaram em agosto de 2019, segundo comprovantes obtidos pela investigação. Há a suspeita de que o repasse seja uma propina paga ao governador, por meio de um contrato fraudulento.
Witzel disse que o valor foi "fruto de trabalho jurídico, muito antes de ele ser governador". "O valor foi recebido e devidamente declarado no Imposto de Renda, sendo fruto de trabalho jurídico, muito antes de ser governador", disse Witzel, em nota. Ele não explicou, porém, porque declarou durante a eleição ser sócio de Tristão e ter usado a entrada no escritório como justificativa para a doação de recursos próprios para sua campanha. "O valor doado por Wilson Witzel à sua própria campanha é fruto de honorários que ele recebeu como advogado e a doação está dentro do previsto na legislação eleitoral. As contas da campanha foram aprovadas por unanimidade no TRE-RJ. Wilson Witzel nunca foi sócio de Lucas Tristão e jamais advogou para empresas de Mário Peixoto", diz a nota do governador. O secretário de Desenvolvimento Econômico não comentou o caso. O advogado Alexandre Lopes, que defende Peixoto, disse que não existe relação ilícita entre o empresário e o governador. “Qualquer acusação neste sentido é absolutamente descabida e irreal. Questões políticas não se misturam com questões jurídicas. Investigações policiais devem ter como norte a imparcialidade. Nenhuma empresa vinculada a Mário Peixoto contratou com o Governo do Estado, na área de saúde, durante a epidemia de Covid-19”, disse o advogado.
*”Witzel demite secretários e aumenta poder de braço direito, alvo de operação da PF”*
*”Covid-19 já infectou ao menos 30 na cúpula da política brasileira”*
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*”Morre aos 63 anos o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein”*
DEPOIMENTO - *”Desculpe o olhar torto, Gilberto, foi puro erro de interpretação de texto”*
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*”PIB do Brasil cai 1,5% no 1º trimestre, início da pandemia, segundo IBGE”*
*”Efeito meteoro deve derrubar PIB em 10% no 2º trimestre, dizem economistas”*
CIFRAS & PANDEMIA - *”Em tempos de isolamento social, abrigo é o novo preto em 2020”*
PAINEL S.A. - *”Mais da metade dos empresários aprovam governo Bolsonaro”*: Os empresários são o único grupo da população economicamente ativa em que Jair Bolsonaro tem aprovação da maioria, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26. Enquanto 56% deles consideram que o presidente está fazendo um governo ótimo ou bom, entre os assalariados essa avaliação cai para 32% e entre os sem registro, para 43%. A parcela dos que o aprovam é menor nos grupos dos funcionários públicos (28%) e dos que estão procurando emprego (26%). Após a queda de 1,5% do PIB no primeiro trimestre divulgada nesta sexta (29), empresários e presidentes de grandes companhias dizem que a profundidade das próximas retrações vai depender da reação à pandemia. Para Sergio Leite, da Usiminas, o cenário que se instalou em março joga para longe a expectativa de retomada do crescimento. “A pandemia afetou diversos setores econômicos de forma abrupta e severa, e as perspectivas se inverteram. Teremos novas quedas nos próximos trimestres, que exigirão medidas eficazes para que a indústria possa sobreviver”, afirma Leite. Para Helton Freitas, diretor-presidente da Seguros Unimed​, a falta de coordenação para enfrentar a Covid-19 no Brasil tem agravado os impactos. “O ponto central para o processo de retomada será a capacidade de os agentes econômicos e políticos do país buscarem se alinhar e se distensionar”, diz ele. “A retração do segundo trimestre deve ser bem maior. O mais importante será a forma responsável da abertura da economia para não ter uma segunda onda. Se isso ocorrer, vejo uma boa recuperação no segundo semestre”, disse Marcelo Ometto, presidente do conselho de administração da São Martinho.
*”Consumo das famílias deixa de sustentar economia e tem primeira queda desde 2016”* - Base da recuperação econômica após a recessão iniciada em 2014, o consumo das famílias brasileiras caiu 2% no primeiro trimestre de 2020, em relação aos três meses anteriores. É a primeira queda desde 2016 e o pior resultado desde 2001. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e explica parte da queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no período. O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda, respondendo por quase 70% do cálculo do indicador, e vinha sustentando a lenta retomada da economia nos últimos anos, enquanto investimentos e mercado externo oscilavam. "Esse resultado pode ser explicado pela pandemia aliada ao distanciamento social que afetou negativamente o mercado de trabalho, prejudicando a demanda, além dos efeitos sobre a oferta", afirmou o IBGE. A queda do consumo das famílias levou o setor de serviços, principal motor da economia brasileira pela ótica da produção, a cair 1,6%, na maior retração desde a crise de 2008. Puxou também setores industriais mais voltados ao consumo interno, como a produção de vestuário. "Os serviços sofreram mais porque foram paralisadas temporariamente mais rápido", disse a coordendadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Eles representam 50% dos gastos das famílias brasileiras. Em 2015, em meio ao período recessivo iniciado em 2014, o consumo das famílias chegou a cair em intensidade parecida com a do primeiro trimestre de 2020. No segundo e no terceiro trimestres daquele ano, as quedas foram de 1,9% e 1,8%, respectivamente. Mas queda mais intensa do que a verificada agora foi registrada pela última vez no terceiro trimestre de 2001, quando houve recuou de 3,1%. Até o primeiro trimestre de 2020, o indicador acumulava 12 trimestres de alta.
Os números do PIB mostram que os investimentos públicos e privados na economia brasileira, que haviam despencado no final de 2019, voltaram mesmo em meio à pandemia. A chamada formação bruta de capital fixo, que mede o desembolso em novos projetos e a expansão da capacidade de produtiva, teve alta de 3,1% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior. O avanço, porém, é explicado pela maior importação de máquinas e equipamentos, principalmente para o setor de petróleo, que compensoui a queda na da construção e da produção nacional de bens de capital. A construção civil é hoje o principal componente do investimento no país, com participação de quase 50%. O segmento de máquinas e equipamentos responde por cerca de 40%. O setor teve queda de 1% no trimestre. O consumo do governo avançou 0,2% no trimestre, segundo o IBGE. O resultado é influenciado por fatores como números de matrículas nas escolas públicas, internações no SUS (Sistema Único de Saúde) e gastos com salários do funcionalismo. Outros dois componentes da demanda são as exportações e as importações. As importações cresceram 2,8% e as vendas de bens e serviços para o exterior caíram 0,9%.
*”Setor de serviços tem maior retração desde a crise de 2008, segundo IBGE”*
*”PIB brasileiro tem queda semelhante à de países da América, mas perspectiva até 2021 é pior”*
*”Queda do PIB brasileiro no 1º tri é menos profunda que a de outros países”*
ANÁLISE - *”Agropecuária desacelera, mas participação no total do PIB aumenta”*
*”Guedes reconhece que economia podia estar em 'estado meio anêmico' antes da pandemia”* - O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta sexta-feira (29) que fará uma análise detalhada do PIB no primeiro trimestre para checar se a economia estava bem antes da pandemia do coronavírus. Segundo ele, o estado da atividade podia estar "meio anêmico" já nos dois primeiros meses do ano. Os dados do PIB foram divulgados mais cedo nesta sexta pelo IBGE. A economia teve retração de 1,5% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores. Essa é a maior queda desde a retração de 2,1% no segundo trimestre de 2015. "Vou pedir para desagregarmos. Para vermos se nos dois primeiros meses já estávamos decolando e no terceiro mês a crise nos derrubou, ou se já estávamos em estado meio anêmico", afirmou em seminário virtual promovido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ele afirma que, em sua visão, indicadores positivos no começo do ano como exportações, arrecadação e investimentos diretos sinalizavam uma situação melhor. "A impressão que eu tinha era que tínhamos começado a andar", disse.
As declarações contrastam com as falas anteriores do ministro. Há cerca de dois meses, Guedes disse que as economias centrais estavam caindo quando a do Brasil iniciava uma decolagem. "Estávamos em pleno voo, começando a decolar quando fomos atingidos por essa onda", disse Guedes em março. Nesta sexta, Guedes afirmou que o país começará a sair do que chamou de letargia com a retomada dos trabalhadores às atividades. "Imagino que o retorno será segmentado, não será todo mundo ao mesmo tempo, e será por unidades geográficas. Há regiões onde o risco está sendo maior", disse. O ministro reafirmou que acredita em um formato de recuperação em V. "Falo em V porque os sinais vitais da economia estão mantidos. Pode ser um V meio torto? Pode. Pode ser um V da Nike? Pode", disse. Ele faz referência ao logotipo da marca esportiva, que tem a segunda perna do "V" mais deitada (indicando uma recuperação mais lenta). "Dependendo da nossa reação pode ser U ou até L, só depende de nós", disse.
Guedes criticou as brigas políticas durante a pandemia e, ao mesmo tempo, buscou defender o governo de críticas. "É cretino atacar o governo do próprio país em vez de ajudar o governo do próprio país num momento desse", disse. Para ele, o governo está sendo apedrejado. "Ninguém quer apoio a erros. Cometemos erros? Nos critiquem, nos ajudem. Mas você, no meio de uma luta para salvar vidas, ficar sendo apedrejado enquanto ajuda? A mim não afeta, não derruba. É um crime contra a população brasileira", afirmou. Ele defendeu que o momento é de deixar brigas de lado e remar para se chegar em terra firme, quando, em sua visão, as disputas poderiam ser retomadas. "Quando chegar na margem, briga de novo", disse. "Se brigar a bordo do barco, o barco naufraga", afirmou. "Quando um Poder pisa no pé do outro, o outro dá um empurrão de volta. Isso é natural. Não é para a gente dizer que o Brasil vai acabar por conta disso, que o Brasil vai parar, que nunca mais vai funcionar, que é uma destruição do capital institucional que temos, que é um golpe. Não tem nada disso. É natural. É natural. É da própria crise", afirmou. Ele disse que é preciso concentração nos desafios do país em vez de "atrapalharmos uns o trabalho dos outros, incriminarmos uns aos outros". "Precisamos de cooperação, colaboração, compreensão, solidariedade e fraternidade", disse.
Guedes ainda criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou neste mês que o coronavírus teria sido positivo por demonstrar a importância do Estado. "Há uma falácia circulando por aí, um raciocino até cruel. De que foi muito bom o coronavírus vir para mostrar como é importante ter Estado", disse Guedes. "É um erro intelectual, é uma completa falta de solidariedade dizer que foi bom para mostrar que tem que ter Estado", afirmou o ministro. Guedes disse que os Estados Unidos têm participação reduzida do Estado e mais recursos para a crise. "A nação que lança mais recursos para proteger as pessoas é a mais rica, a que tem menor Estado. Não podemos voltar ao passado, temos que ir a um futuro diferente", afirmou o titular da equipe econômica. Lula deu a declaração alvo das críticas na semana passada. "Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises", disse o ex-presidente no dia 19. Após a repercussão, Lula pediu desculpas e disse que a frase foi infeliz.
+++ As reportagens do caderno de economia lidam muito mal com política. Como Guedes pode criticar o ex-presidente Lula e este não ter espaço para responder? O espaço nas diferentes mídias deveria ser alvo de uma luta constante por parte das esquerdas. Ter espaço significa atingir um determinado público. O fim da propaganda eleitoral obrigatória em rádio e TV, fora do período eleitoral, fez com que se tornasse muito mais difícil endereçar um discurso político ao grosso da sociedade.
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*”Belo Horizonte decide frear reabertura gradual após menos de uma semana”* - O prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (29) que Belo Horizonte não irá ampliar a reabertura gradual iniciada na última segunda-feira e deve parar no ponto atual. O aumento da velocidade de transmissão do vírus na cidade e a preocupação com o cenário no interior basearam a decisão da prefeitura. “São números dinâmicos e as curvas do interior estão assustadoramente exponenciais. Nós estamos num espírito de colaboração, de avisar o que está acontecendo [a outros municípios e a Secretaria Estadual de Saúde]”, disse Kalil. “O culpado é um sistema estadual sucateado há anos, abandonado há anos, e que Belo Horizonte ainda conseguiu recuperar." Atualmente, 17% das internações em leitos de UTI e enfermaria reservados para casos da Covid-19 na rede municipal são de pessoas de fora da capital. Os dados divulgados pela prefeitura nesta sexta apontam total de 55% de ocupação de UTIs e 43% de leitos de enfermaria para o novo coronavírus —o que indica situação estável, mas de alerta.
A capital também tem sido procurada por pacientes de outros estados. A prefeitura, que chegou a divulgar casos de funcionários da Vale de outros estados trazidos para Belo Horizonte, diz que, como os pacientes de fora de Minas Gerais estão apenas na rede privada, o poder público não tem números consolidados. “Tem uma procura de vários pacientes de outros estados. Essas pessoas vêm com acompanhantes que vão para hotéis, geralmente, eles não estão infectados ou estão sem sintomas, e Belo Horizonte vem sendo espremida. A amplitude desse escudo de proteção vai diminuir e temos que retardar isso”, afirma Estevão Urbano, infectologista e membro do comitê da prefeitura. A velocidade de transmissão do vírus, que era de 1,09, na semana passada em Belo Horizonte, passou a 1,2 esta semana —o índice ideal é abaixo de 1. Em Minas, ele passou de 1,4 para 1,8, enquanto cidades da região metropolitana e do interior entraram na margem vermelha do índice, segundo apontamentos apresentados pela prefeitura nesta sexta. “Nós não atribuímos [essa mudança], no momento, à flexibilização, que começou há cinco dias, uma vez que temos uma doença com período de incubação de 14 dias. Esses casos são, provavelmente, de semanas anteriores. Isso não pressionou o sistema de saúde, que está preparado, mas temos que ser responsáveis e não deixar que a epidemia continue evoluindo de forma rápida”, diz o infectologista Carlos Starling, também membro do comitê. Apesar de ainda não ver uma ligação direta com os casos do interior, o secretário municipal de Saúde, Jackson Pinto, diz que a possibilidade de um impacto vindo deles é uma preocupação.
A taxa de letalidade baixa e o tempo de isolamento adotado em BH foram fatores importantes na decisão de começar a flexibilizar esta semana. O fechamento de atividades não essenciais em BH foi determinado poucos dias depois do primeiro caso ser confirmado na capital. “A nossa preocupação é com o número de pessoas que pode vir a morrer, por precisar de UTIs, e não deixar que essas pessoas fiquem à mercê da sua sorte. É o que nos leva a ter mais cautela, no sentido de flexibilizar”, afirma o secretário. Em entrevista à rádio Jovem Pan, no dia 21 de maio, o governador Romeu Zema (Novo) chegou a criticar as medidas mais rígidas adotadas na capital, chamando de "ponto fora da curva" em comparação com outras cidades mineiras. Citando o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, Kalil respondeu ao comentário pelas redes sociais, dizendo que Zema estava "decidido só a não decidir". Com o decreto que aumentou a flexibilização em Belo Horizonte, o percentual de atividades comerciais autorizadas a funcionar na capital passou de 62% para 74%. A estimativa é que 32 mil trabalhadores retornaram às atividades esta semana.
O índice de isolamento social não teve impacto com a primeira fase da flexibilização; enquanto no dia 18 de maio ele era de 49%, na segunda-feira (25), primeiro dia de reabertura de parte do comércio, passou a 48%, voltando a 49% nesta quinta-feira (28). O movimento é compatível com a mudança, segundo especialistas da prefeitura. Lojas de roupas, calçados, eletrodomésticos, shoppings, bares e restaurantes estão entre as atividades que continuam de portas fechadas na capital, mas que podem funcionar por meio de entregas. Caso a flexibilização tivesse continuado nesta sexta, 89% do comércio estaria aberto. Os dados são monitorados diariamente pela prefeitura, e o anúncio do próximo passo será feito semana que vem. O presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Belo Horizonte, Marcelo de Souza e Silva, qualificou a decisão da prefeitura de lamentável. A CDL tem tentado ajudar comerciantes a migrarem para vendas online, mas a mudança é difícil para pequenas e micro empresas, segundo ele. “Essa abertura que foi interrompida, se ela pudesse ser gradual, seria interessante, que a gente mostra segurança, confiança para as pessoas, podendo ter uma previsibilidade para que elas possam continuar com suas empresas e mantendo seus empregos. A gente acha lamentável”, avalia ele. Minas Gerais chegou a 9.232 casos confirmados e 257 mortes nesta sexta. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 546 novos casos e 2 novas mortes.
*”Governo do Amapá estende 'lockdown' por mais cinco dias”*
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*”Governo nomeia comandante da PM de MG indicado pelo centrão para presidir a Funasa”* - Em mais um aceno aos partidos do chamado do centrão, o governo do presidente Jair Bolsonaro nomeou o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Giovanne Gomes da Silva, para ocupar a presidência da Funasa, fundação vinculada ao Ministério da Saúde e que responde por ações de saneamento básico para prevenção e controle de doenças em cidades de pequeno porte e áreas rurais. A nomeação foi publicada nesta sexta-feira (29) no Diário Oficial da União, e assinada pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto. Silva assume no lugar de Márcio Sidney Sousa Cavalcante, que estava no cargo desde 9 de março, após ocupar o posto de diretor-executivo da fundação por dois anos. Apesar de ser um coronel da PM, Gomes da Silva foi indicado pelo líder do PSD na Câmara, Diego Andrade (MG). Segundo parlamentares aliados de Andrade, o policial e o deputado são amigos de longa data. De acordo com pessoas próximas, o líder quis indicar um nome de sua confiança, mas com o perfil do governo Bolsonaro. O PSD nega fazer parte oficialmente do grupo de partidos chamado de centrão, que reúne, por exemplo, PP, PL, Republicanos. O partido, porém, está participando ativamente da negociação de cargos com Jair Bolsonaro em troca da promessa de formar uma base de sustentação para o governo no Congresso. Também teve apoio de outros líderes para indicação.
Segundo informações da Polícia Militar de Minas Gerais, Silva é bacharel em direito, graduado pelo curso de formação de oficiais e pós-graduado em segurança pública pela academia de formação da instituição. Ele não tem experiência na área da saúde ou saneamento. Questionada, a PM-MG informou que ele terá sua exoneração publicada nos próximos dias para assumir o novo cargo. Nos últimos dias, o governo tem ampliado o número de militares em cargos ligados ao Ministério da Saúde. O processo de militarização na Saúde começou ainda na gestão do ex-ministro Nelson Teich, com a entrada do general Eduardo Pazuello como número 2 da pasta. Inicialmente, as nomeações ocorriam sobretudo para cargos de direção e coordenação na secretaria-executiva. Com a entrada de Pazuello como ministro interino, as nomeações passaram a ocorrer também para cargos em áreas especializadas. Ao todo, já são ao menos 22 nomeados em diferentes cargos na pasta. Nesta semana, o governo nomeou o coronel do Exército Luiz Otavio Franco Duarte como secretário de atenção especializada em saúde, pasta voltada à organização de diretrizes de assistência, gestão e liberação de recursos para a área hospitalar. Outras duas secretarias também são ocupadas por militares: secretaria-executiva e de saúde indígena.
MÔNICA BERGAMO - *”Barroso nomeia número 2 de Valeixo na PF como assessor especial do TSE”*
MÔNICA BERGAMO - *”Bolsonaristas se mobilizam contra PL que prevê punição por fake news”*: As redes bolsonaristas se mobilizaram para alterar o resultado da consulta pública do Senado que pergunta às pessoas se são contra ou a favor do projeto de lei que estabelece punições a empresas que administram redes sociais por fake news disseminadas em suas plataformas. Se ele for aprovado, empresas como o Twitter e o Facebook não gozarão mais de imunidade pelo conteúdo publicado por terceiros —como notícias mentirosas ou mensagens de ódio. Na noite de sexta (29), a situação era de empate: 127 mil se diziam a favor da proposta, e 129 mil, contra. As empresas também se mobilizaram para tentar mudar o projeto. Elas dizem que ele vai contra o Marco Civil da Internet. A iniciativa levaria as empresas a removerem todo tipo de conteúdo com medo da responsabilização —resultando, na prática, em censura. Já os parlamentares acreditam que novas regras, com obrigações às empresas, inibiria a divulgação de mentiras em grande escala, como ocorre hoje.
MÔNICA BERGAMO - *”Juristas pedem 'basta' a Bolsonaro em manifesto contra ataques às instituições”*: Ele já tinha até a sexta (29) mais de 670 assinaturas —como as de Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Dalmo Dallari, Celso Lafer, Mario Sergio Duarte Garcia, Sebastião Tojal e Claudio Lembo.
MÔNICA BERGAMO - *”Advogados que denunciaram Moro à comissão de ética da Presidência pedem acesso ao processo”*
MÔNICA BERGAMO - *”Governo e prefeitura de SP lançarão nova campanha para o uso de máscaras”*
MÔNICA BERGAMO - *”Zélia Duncan fará live no Canal Arte 1”*
MÔNICA BERGAMO - *”Instituto do Câncer de SP recebe doação de 15 mil máscaras”*
MÔNICA BERGAMO - *”Mário Frias agradece apoio de bolsonarista ligada a Roberto Alvim”*
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CAPA – Manchete principal: *”PIB encolhe 1,5%, e queda no 2º tri deve superar 10%”*
EDITORIAL DO GLOBO - *”Governo Bolsonaro é de minoria”*: Carregado em saguões de aeroportos por militantes que o recepcionavam com gritos de “mito ”, o pré-candidato Jair Bolsonaro parecia ser mais um desses exóticos concorrentes ao Planalto. Mas ganhou o segundo turno em 2018, com a ajuda da rejeição ao PT e da incapacidade do centro, à direita e à esquerda, de encontrar um nome que enfrentasse um populismo de extrema direita que também avançava em outros países. Um ano e cinco meses de poder depois, Bolsonaro continua sendo apoiado por aqueles fanáticos que o carregavam nos ombros, e que estão no grupo de um terço do eleitorado que se mantém fiel ao presidente, apesar de todas as crises. Pesquisa do Datafolha apurada na segunda e terça-feira, publicada ontem na “Folha de S. Paulo”, tem leitura pró-Bolsonaro e contra. A favorável chama a atenção para a solidez deste apoio de 33%, já verificada na sondagem anterior; a preocupante para o bolsonarismo é que o seu presidente, com 43% de avaliação negativa, já é o inquilino do Planalto mais mal avaliado desde a redemocratização, com um ano e meio de governo — entre Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Nada impede que se recupere. Mas a radicalização e os modos fora de padrão de Bolsonaro não parecem ser o melhor caminho. A pesquisa foi feita depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, cuja trilha sonora está pontilhada de palavrões e gritos do presidente. Há uma correlação direta entre a piora na avaliação presidencial e aquelas cenas. Dos entrevistados, 55% assistiram ao vídeo, e destes, 53% consideraram “ruim ou péssimo” o governo, dez pontos percentuais acima do resultado geral da sondagem.
Outro resultado negativo para Bolsonaro é sua atuação na epidemia. O número crescente de vítimas tem tido um apelo mais forte para a população do que a pregação bolsonarista contra medidas preventivas—ontem, ao alcançar 27.878 mortos pela Covid -19, o Brasil ultrapassou a Espanha e passou a ser o quinto país do mundo com mais mortos na pandemia. Com estes 33% de apoio firme, pelo menos até agora, o bolsonarismo curiosamente repete o lulopetismo, que nos piores momentos das revelações de suas traficâncias na corrupção mantinha um terço do eleitorado fiel. Coincidências entre pontos extremos do campo ideológico. O bolsonarismo, que chegou ao Planalto com votos das faixas mais abonadas da população, começa a ser um pouco mais bem-visto entre os de renda baixa, ajudado pelo abono de emergência. Mas nada significante. A ver se o governo tentará fazer do auxílio, guardadas as diferenças, o que o Bolsa Família é para o lulopetismo desde sua criação. Seria fiscalmente desastroso. Neste ano e meio de governo, Bolsonaro se firma como governo de uma minoria. Se formos levar em conta os números totais da eleição de 2018, considerando os votos brancos, nulos e abstenções, o presidente foi eleito com 39,3% dos votos totais. Mas 55,1% dos válidos, e ganhou a faixa presidencial.
+++ É desprezível a forma como os editorialistas de diferentes veículos forçam comparações esdrúxulas entre Jair Bolsonaro e os governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores. As empresas de jornalismo serviram como escada para o lavajatismo que, por sua vez, deu origem ao bolsonarismo.
*”Resistência interna – Atuação de Aras incomoda procuradores do MPF”*
*”PF avisa ao STF que tomará depoimento de Bolsonaro”*
*”TSE avalia usar provas do STF sobre fake news”*
*”Weintraub fica em silêncio durante depoimento à PF”*
*”Governo entrega presidência da Funasa para indicado do Centrão”*
*”Exonerações racham base de Witzel na Alerj”* - A exoneração dos secretários da Casa Civil, André Moura, e de Fazenda, Luiz Claudio de Carvalho, aumentou ainda mais a crise entre o governador Wilson Witzel e a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A medida, tomada na quinta-feira, dois dias após a Polícia Federal realizar uma operação que apura fraudes em contratos emergenciais do estado, foi malvista tanto pela oposição quanto pela situação, já que teria a influência do secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, desafeto de boa parte dos deputados. Agora, Witzel planeja uma ampla reforma do secretariado para tentar formar uma nova base de apoio, por meio da distribuição de cargos. Dessa forma, espera barrar três processos de impeachment apresentados esta semana à mesa diretora. O deputado estadual Márcio Pacheco, do mesmo PSC de Witzel, entregou ontem o posto de líder do governo na Alerj. As nomeações do procurador do Estado Raul Teixeira para a Casa Civil e do economista Guilherme Mercês para a Fazenda desagradaram à boa parte do parlamento, que viu na iniciativa de Witzel uma forte influência de Tristão, acusado por parlamentares, inclusive André Ceciliano (PT), presidente da Casa, de formular dossiês contra parlamentares.
— Eu estava muito cansado (da função de líder do governo). Tenho que olhar mais para o meu próprio mandato e cuidar da minha família. Minha mãe está doente — limitou-se a dizer Márcio Pacheco. Witzel, já sondou o deputado Jair Bittencourt (Progressistas), vice-presidente da Alerj, para assumir a liderança do governo. Ontem, o partido Novo protocolou um pedido de impeachment que pleiteia não só o afastamento de Witzel, mas também de Tristão, que, assim como Witzel e a mulher do governador, Helena, está na mira das investigações da Polícia Federal.
— Entendemos que ambos, o governador e o secretário, cometeram crime de responsabilidade. Claramente, o Tristão é objeto da investigação e tem relação com as empresas de Mário Peixoto (preso sob a acusação de comandar um esquema de superfaturamento de contratos emergenciais) —disse Chicão Bulhões (Novo). Procurado, Tristão respondeu por meio de nota: “Confio no direito e na análise isenta, pelo parlamento, dos argumentos narrados pelos deputados. Instrumentos jurídicos devem ser utilizados sem fins eleitoreiros e mediante apresentação de fatos e provas.” O “RJ TV 2”, da Rede Globo, mostrou ontem que um assessor especial de André Moura na Casa Civil recebeu R$ 100 mil de um advogado de uma empresa contratada sem licitação pelo estado para prestar serviços na secretaria. Procurado, Moura afirmou que “a vida pessoal e profissional privada dos servidores comissionados da assessoria técnica da Casa Civil não é de conhecimento do órgão”.
DE OLHO NOS VOTOS
No Palácio Guanabara, a avaliação é que, em meio à crise política, será difícil impedir a votação da instauração dos pedidos de abertura de processos de impeachment, uma vez que a decisão de levar a denúncia ao plenário cabe exclusivamente ao presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). O importante, para assessores de Witzel, é garantir os 35 votos necessários para evitar seu afastamento.
— Ceciliano não é o Jorge Picciani (ex-presidente da Alerj), que tinha influência sobre 90% dos deputados. Ele tem uma tropa de choque de seis a oito deputados e é uma pessoa querida na Casa, mas só isso —disse um conselheiro do núcleo do governador.
No entanto, alguns partidos ameaçam abandonar o barco do Palácio Guanabara, como fez anteontem o Republicanos, que tem quatro deputados na Assembleia Legislativa. A insatisfação é grande também pelo fato como foram exonerados Moura e Carvalho, que soube pela imprensa da decisão de Witzel, publicada em edição extraordinária do Diário Oficial. Ele era considerado o único nome técnico do primeiro escalão. Guilherme Mercês, que o substitui, ocupava o cargo de subsecretário de Indústria, que faz parte da pasta de Desenvolvimento Econômico, de Tristão.
*”Caso Marielle: MP tenta quebra de sigilo de seis celulares”* - Depois de vencer a queda de braço contra a federalização do caso Marielle no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) espera agora que uma segunda vitória, na mesma Corte, o ajude a solucionar o crime. Tramita em segredo de Justiça no STJ um recurso ajuizado pelas empresas Google Brasil Internet Ltda. e Google LLC contra uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio que determinou a quebra de sigilo telefônico e de dados de geolocalização de todos que passaram pelo pedágio da Via Transolímpica, que liga o Recreio a Deodoro, num intervalo de 15 minutos do dia 2 de dezembro de 2018. Foi naquela data que um Cobalt prata, idêntico ao usado na emboscada contra a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes no dia 14 de março de 2018, foi visto pela última vez. Câmeras do pedágio flagraram o veículo, mas não foi possível ver quem estava a bordo. Essa pode ser uma das formas, no ponto de vista das promotoras do caso, de se chegar ao mandante do crime ou mesmo obter mais provas contra Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, apontados como autores do duplo assassinato.
Só com a quebra do sigilo dos celulares e dos dados de geolocalização seria possível chegar à pessoa que estava usando o carro em 2 de dezembro de 2018. No entanto, apesar de a Justiça fluminense autorizar a ação, as empresas Google Brasil Internet Ltda. e Google LLC recorreram da decisão, impetrando recurso no STJ. As empresas alegaram que, se fornecessem os dados, estariam violando a privacidade e a intimidade dos usuários. Sustentaram ainda a tese de que a ordem de quebra de sigilo seria genérica, “vedada pela Constituição e pela legislação” do Marco Civil da Internet. "Não comentamos casos específicos. Gostaríamos de dizer que protegemos vigorosamente a privacidade dos nossos usuários ao mesmo tempo em que buscamos apoiar o importante trabalho das autoridades investigativas, desde que os pedidos sejam feitos respeitando preceitos constitucionais e legais”, diz uma nota emitida em conjunto. No STJ, o esforço é para que o julgamento aconteça ainda em junho. O relator do caso é o ministro Rogerio Schietti, um dos oito que votaram a favor da permanência das investigações com a Polícia Civil e o MP-RJ.
PROCURADOR SE MANIFESTA
Ao comentar o resultado de um julgamento realizado na última quarta-feira, no qual a 3ª Turma do STJ rejeitou por unanimidade (oito votos a zero) um pedido de federalização da investigação do crime, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, disse que pode “afiançar aos familiares das vítimas, aos brasileiros e a todos os interessados na solução desse importante caso que tudo que está ao nosso alcance tem sido feito e que ainda daremos respostas efetivas e concretas nesse caso”. Para Gussem, o resultado unânime fala por si: —O instituto do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) existe para evitar injustiças, e não para produzir injustiças. Marielle Franco era uma voz da sociedade, uma defensora dos direitos humanos, e, juntamente com seu motorista, Anderson Gomes, não mereciam ser alvo de um ato tão cruel e covarde como o que os vitimou. O pedido de federalização havia sido protocolado em setembro do ano passado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, sob argumentação de “inércia” por parte de autoridades fluminenses encarregadas de elucidar o crime.
*”Retomada no Rio começa em nove dias – Shoppings devem reabrir com 50% de sua capacidade”*
*”Mortes por Covid-19 em favelas dobram em 15 dias”* - Dados levantados por líderes comunitários em 13 favelas da cidade do Rio mostram que o número de mortos em decorrência do novo coronavírus nos locais pesquisados chegou a 254 ontem, um aumento de 97% em relação ao último dia 14, quando foram contabilizados 129 óbitos nas mesmas áreas. Na estatística da prefeitura, aparecem 190 óbitos, em 14 comunidades, algumas delas diferentes das que constam no levantamento informal. Para especialistas, a quantidade de vítimas pode ser cinco vezes maior, já que a subnotificação é alta. Moradora da Rocinha, onde jáhouve206casosdadoençae 55 mortes, segundo os dados oficiais, a manicure Fabiola Mariano, de 35 anos, conta como a Covid-19 abalou sua família. Ela já perdeu dois tios e um primo, em menos de dois meses, para a doença. Ela mesma já teve sintomas da infecção causada pelo novo coronavírus, mas, sem ter acesso a testes, não sabe dizer se foi, de fato, contaminada.
—No fim de março, meu tio passou mal, foi para a UPA e diagnosticaram pneumonia. Voltou para casa e, dois dias depois, com muita falta de ar, precisou ser levado para a Coordenação de Emergência Regional Leblon, onde morreu. Como ele não fez o exame, não sabemos se ele realmente foi vítima da Covid, mas a suspeita é essa. Na mesma época, meu primo ficou doente e disseram que era dengue. Por duas semanas, ele ficou muito debilitado. Só após a morte do meu tio é que ele foi à UPA de Moradora da Rocinha, onde já houve 55 óbitos, usa máscara em viela: dificuldade para manter distância Copacabana e descobriram que ele estava com Covid-19 —contou.
Segundo Fabiola, após ser diagnosticado com o novo coronavírus, seu primo foi levado para o Hospital do Cérebro, no Centro. Foram só três dias de internação até morrer. Um mês depois, a doença matou a mãe dele. —Além de perder meus tios e um primo, uma prima também foi contaminada, mas graças a Deus se curou. Só eu conheço mais de 20 pessoas que morreram —lamenta. Outros líderes comunitários também estão contabilizando mortes em favelas. O painel #CoronaNasFavelas, organizado pelo coletivo Frente Maré, registrou 296 casos em 16 comunidades. Entre elas, está o morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, onde não consta nenhuma morte no painel da prefeitura. —Vendo a realidade das comunidades, a quantidade de mortos é cinco vezes maior — estima Amanda Mendonça, assistente social que mora na Maré e faz parte do coletivo. Já o painel Covid-19 nas Favelas criado pelo jornal “Voz das Comunidades”, no Alemão, acompanha dados de 13 favelas, com base em estatísticas de Clínicas da Família. Na região, o município registrou cinco óbitos, mas o levantamento comunitário chegou a 28. Procurada, a prefeitura do Rio não respondeu.
*”Mais mortos que na Espanha – Brasil já tem 27.878 óbitos e é quinto no mundo em perdas”*
*”Denúncias de violência contra mulher têm recorde na pandemia”* - As denúncias de violência contra a mulher, feitas ao canal Ligue 180, tiveram aumento de 35,9% em abril, em comparação ao mesmo mês de 2019. O dado faz parte de balanço divulgado ontem pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em transmissão pela internet, a ministra Damares Alves disse que esse tipo de violência é crescente no período de pandemia, com o isolamento social, quando muitas mulheres passam 100% do tempo ao lado de seu agressor.
— A violência doméstica cresceu muito. Os dados nos preocupam e nos levam a uma reflexão sobre as prioridades das políticas públicas no país, sobretudo na destinação do orçamento —disse a ministra.
O Ligue 180 registrou um total de 1,3 milhão de atendimentos telefônicos neste ano. Desse número, 6,5% foram denúncias. O crescimento dos casos de violência doméstica durante a pandemia pode ser percebido a partir de março. Em janeiro, segundo o ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Fernando Pereira, havia um começo de estabilização. O aumento das queixas foi de 4,5% em relação a 2019. Já em fevereiro, houve um salto para 15,6%, mas a maior quantidade de denúncias não pode ser atribuída à pandemia de Covi-19. Já em março, quando as medidas de isolamento já estavam em vigor, o acréscimo foi de 14,9%, até que em abril houve o recorde, com 9.842 casos.
A secretária Nacional de Mulheres, Cristiane Britto, diz que o processo de escalada precisa ser interrompido e cita, entre as ações do governo, campanhas informativas e o incentivo à “vigilância solidária”, projeto que tenta sensibilizar os vizinhos das vítimas.
*”À beira de recessão histórica – PIB cai 1,5% entre janeiro e março, e analistas esperam tombo superior a 10% no segundo tri”*
*”Consumo das famílias tem maior queda desde 2001”*
*”Guedes pede cooperação para enfrentar a crise”*
*”Crise aumenta pessimismo com a economia”*
 
 
CAPA – Manchete principal: *”PIB cai 1,5% no 1º trimestre e indica maior retração da história”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Do jeito errado e sem a maioria”*: Em seus arroubos contra as instituições, o presidente Jair Bolsonaro gosta de se colocar como fiel escudeiro da vontade popular. A proximidade com o cidadão comum seria seu baluarte. Segundo o discurso bolsonarista, todo o restante seria secundário, o importante seria a conexão do presidente Bolsonaro com o sentimento majoritário da população brasileira, o que lhe autorizaria a fazer o que bem entender. O povo estaria incondicionalmente ao lado de Bolsonaro – ao lado dessa espontaneidade sem regras, freios ou protocolos. Ainda que entusiasme os camisas pardas, esse discurso está muito distante da realidade. Na verdade, há algum tempo a maioria da população desaprova o modo como Jair Bolsonaro governa. A maioria não está ao seu lado, como indica, entre outras sondagens, a última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 25 e 26 de maio. A avaliação do presidente Jair Bolsonaro é ruim ou péssima para 43% dos brasileiros. É o maior porcentual de rejeição desde o início do governo. Os que o consideram ótimo ou bom são 33%; e regular, 22%. Na comparação com os outros três presidentes anteriores – Fernando Henrique, Lula da Silva e Dilma Rousseff –, nesse mesmo tempo de governo, Jair Bolsonaro tem a pior avaliação.
A respeito do comportamento do presidente Jair Bolsonaro, 37% consideram que ele nunca se comporta de forma adequada. Em posição oposta, 13% acham que Bolsonaro se comporta adequadamente em todas as ocasiões. A rejeição é quase três vezes maior, mostrando o equívoco de dizer simplesmente que o País está dividido em relação a Bolsonaro. Há sim apoiadores do presidente, mas o fato é que existem muito mais pessoas descontentes com seu modo de governar. Quanto à avaliação do desempenho do presidente da República em relação à pandemia, os números são ainda piores para Jair Bolsonaro. Metade dos brasileiros (50%) avalia como ruim ou péssimo o desempenho de Bolsonaro na pandemia. Aqueles que o consideram ótimo ou bom são 27%; e regular, 22%. A esse respeito, são significativas as quedas na avaliação positiva do Ministério da Saúde nos últimos dois meses, após as demissões de Luiz Henrique Mandetta e de Nelson Teich. Jair Bolsonaro pode achar que faz impunemente o que bem entender, mas a população não viu com bons olhos a atuação presidencial na Saúde. Outro dado é que, para a maioria dos brasileiros (53%), o presidente da República tem responsabilidade, em alguma medida, pelo avanço da pandemia. Para 33% dos entrevistados, Bolsonaro é muito responsável pelo atual quadro; e para 20%, “um pouco responsável”. Vê-se que a maioria da população não acha nenhuma graça com o “e, daí?” de Bolsonaro, em relação ao número de mortes pela covid-19.
E não é apenas uma única pesquisa a mostrar a rejeição a Bolsonaro. Realizada em 28 de maio, a sondagem da XP/Ipespe aponta, por exemplo, que, para 49% dos brasileiros, o governo de Bolsonaro é ruim ou péssimo; para 26%, ótimo ou bom; e para 23%, regular. Novamente, fica evidente a desproporção da rejeição. O número de pessoas que desaprovam o governo de Jair Bolsonaro é quase o dobro das que o aprovam. Com 17 meses de governo, é evidente que a rejeição a Bolsonaro não é nenhuma torcida contra o País ou para que o governo fracasse. É antes a decepção de quem, no início de 2019, nutria expectativas de que o novo governo pudesse trazer melhorias ao País, mas que, decorrido menos de ano e meio, vê com cansaço um quadro desolador de irresponsabilidades, ações destemperadas, conflitos desnecessários e prevalência de interesses familiares. Trata-se de um fato: a maioria da população não apoia o modo de Jair Bolsonaro governar. Além disso, está claro, a essa altura, que esse jeito de conduzir o País, criando continuamente conflitos com outros Poderes, não lhe traz nenhum apoio popular adicional. Não se pode nem mesmo dizer que Bolsonaro esteja consolidando uma base de apoio, pois esta é cada vez menor. O que cresce é a oposição a ele. Por que não fazer do jeito certo, governando dentro dos limites constitucionais, com planejamento, competência e responsabilidade? Talvez assim Bolsonaro experimentasse uma sensação inédita – a de ver crescer o número de pessoas que aprovam o seu governo.
*”Manifesto de procuradores cobra MPF independente”* - Enquanto o presidente Jair Bolsonaro fala em indicar o procurador-geral da República, Augusto Aras, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e lhe concede honraria militar, quase 600 procuradores assinaram ontem um manifesto pedindo independência do Ministério Público Federal (MPF). O documento, subscrito por mais da metade dos 1.131 procuradores da República do País, pede a criação de uma emenda constitucional que obrigue o presidente a escolher o chefe do MPF a partir de uma lista tríplice elaborada pela categoria. Embora essa regra não exista, desde 2003 todos os procuradores-gerais saíram de uma relação de três nomes feita a partir de eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Bolsonaro quebrou a prática ao indicar Aras, em setembro. Aras vem sendo alvo de críticas internas no MPF por tomar medidas consideradas “pró-governo”, como o pedido, feito na quarta-feira, para o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender o inquérito das fake news, que atinge políticos, empresários e blogueiros bolsonaristas.
O cortejo de Bolsonaro a Aras já tinha ficado explícito anteontem, quando o presidente afirmou que daria uma eventual vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) ao procurador-geral. Ao classificar a atuação do procurador-geral como “excepcional”, o mandatário disse que “o nome de Augusto Aras entra fortemente”, caso apareça uma terceira vaga – até 2022, os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello deixarão a Corte. Ontem, Bolsonaro tentou atenuar a repercussão negativa da declaração e escreveu, em suas redes sociais, que não cogita indicar o procurador-geral para uma dessas duas vagas. O aceno de Bolsonaro a Aras aumentou o ritmo de adesões ao manifesto dos procuradores da República, lançado no último dia 27 pela ANPR. “Considerando que cabe ao PGR investigar e acusar criminalmente o presidente da República, seria certamente mais adequado, partindo do princípio do fortalecimento institucional e da independência de atuação, que a lista fosse respeitada”, afirma nota da ANPR.
Homenagem. Ontem pela manhã, Bolsonaro incluiu Aras numa lista de homenageados pela Ordem de Mérito Naval, uma das maiores honrarias militares, concedida a integrantes da Marinha e, excepcionalmente, corporações militares, instituições civis e personalidade que tenham prestados serviços relevantes à Marinha. Segundo publicação no Diário Oficial da União, o procurador receberá a homenagem junto com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ontem prestou depoimento para explicar por que disse, na reunião ministerial de 22 de abril, que queria prender ministros do Supremo (mais informações nesta página). A íntegra do encontro ministerial foi divulgada há oito dias por autorização do Supremo, como parte de outro inquérito que incomoda Bolsonaro e que tem atuação da PGR: a investigação de suposta interferência política na Polícia Federal (PF). Ao longo da investigação, Aras poderá ser provocado pelo Supremo a se posicionar sobre medidas relacionadas ao presidente, como um pedido para prestar depoimento. Ao fim da colheita de provas, caberá a ele denunciar ou não Bolsonaro. A atuação de Aras no caso já havia sido questionada por seus pares. Ao pedir a abertura do inquérito, o procurador-geral mirou também o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que fez as acusações contra o presidente. Outro episódio contestado foi o pedido de apuração sobre ato antidemocrático convocado contra o STF em abril. Apesar de o presidente ter feito até discurso na manifestação, o PGR o livrou do inquérito.
Reprovação. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou ontem a possibilidade de procuradores-gerais serem reconduzidos ao cargo ou indicados para outras funções pelo presidente. “A recondução, evidentemente, pode gerar a tentação de agradar. (…) Acho que quem tem que ser independente não pode ser reconduzido, portanto acho que teria que ser um mandato único”, defendeu o ministro, que assumiu, nesta semana, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Barroso disse ser a favor de uma lista tríplice “vinculante”, ou seja, que torne obrigatória a nomeação de um dos três mais votados. De acordo com a professora de direito internacional e comparado da Universidade de São Paulo (USP) Maristela Basso, não há nenhuma violação a lei específica que justifique uma ação contra o presidente pela sua fala. No entanto, a declaração cria um impedimento de ordem moral. “Qualquer ato que ele (Aras) tomar agora, será um ato suspeito: se ele for rígido, vai parecer que é uma tentativa de demonstrar independência. Se ele for mais flexível, vai se questionar se ele não está mantendo esse flerte com o presidente por um eventual cargo”, disse a professora. Para o advogado Pedro Lucena, mestre em direito administrativo pela PUC-SP, a declaração do presidente ultrapassa a barreira do elogio e passa a sugerir uma possível recompensa, o que poderia interferir na independência das instituições. “A manifestação, por si só, não configura tipificação criminal ou ato de improbidade. Porém, levando em conta a educação política da sociedade, não tenho dúvidas de que a declaração gera efeito negativo, pois dá a entender que a autonomia da PGR pode ser flexibilizada e barganhada.”
*”Weintraub fica em silencia durante depoimento”*
*”PF quer ouvir Bolsonaro sobre interferência política”*
*”Investigação deve chegar a núcleo do ‘gabinete do ódio’”* - O avanço da investigação sigilosa do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares deve chegar ao núcleo próximo do presidente Jair Bolsonaro, segundo o Estadão apurou. Com previsão de ser concluído em 15 de julho, mas a possibilidade concreta de ser novamente prorrogado, o inquérito já fechou o cerco sobre o “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Palácio do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Executivo. A existência desse núcleo foi revelada em reportagem do Estadão de setembro do ano passado. Comandante do “gabinete do ódio”, Carlos não foi alvo da operação da Polícia Federal ocorrida na quarta-feira por determinação do relator do inquérito das fake news, ministro Alexandre de Moraes. A ofensiva, considerada “abusiva” pelo Palácio do Planalto, resultou na apreensão de documentos, computadores e celulares em endereços de 17 pessoas suspeitas de integrar uma rede de ataques a ministros do STF e na convocação de depoimento de oito deputados bolsonaristas. A expectativa de integrantes do STF é a de que, se em um primeiro momento Moraes optou por focar nos tentáculos operacionais do “gabinete do ódio”, o filho do presidente da República deve ser atingido já na etapa final do inquérito, com o aprofundamento das investigações. O cálculo político que estaria sendo feito é o de que o envolvimento de nomes mais graúdos nessa etapa poderia comprometer os trabalhos.
A investigação é conduzida no Supremo pelo delegado federal Igor Romário de Paula, que integrou a Lava Jato em Curitiba, e é tido como um aliado do ex-ministro Sérgio Moro, e também por Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher. Em meio às acusações de Moro de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF, Moraes decidiu blindar o grupo e determinou que o inquérito deveria continuar nas mãos desses delegados, independentemente das trocas no comando da corporação. Ao determinar a operação de busca e apreensão, que mirou empresários e blogueiros bolsonaristas, o ministro definiu o “gabinete do ódio” como uma “associação criminosa”. “As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do Ódio’, dedicada a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”, escreveu Moraes. A operação contra aliados bolsonaristas foi criticada ontem por Carlos no Twitter. “Nunca tiveram provas, apenas narrativas. Revelações literalmente inventadas por 2 parlamentares e agora apoiadas por biografados. Forçam busca e apreensão ilegais para criarem os fatos e ganharem fôlego”, escreveu. “Eu não sei o que estão fazendo. Não chego perto do meu pai há um bom tempo. Apenas exibi minha liberdade de falar enquanto posso!”, emendou. O filho do presidente ainda postou uma declaração antiga de Moraes em julgamento do STF, quando o ministro falou “que quem não quer ser criticado, ser satirizado, fique em casa, não se ofereçam ao público”. “Querer evitar isso por uma ilegítima intervenção estatal na liberdade de expressão é absolutamente inconstitucional”, disse Moraes na ocasião.
Inquérito. O inquérito das fake news foi aberto por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, à revelia do Ministério Público, o que provocou críticas da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Ordem dos Advogados do Brasil e, na época, de colegas da Corte. Na ocasião, o ministro Marco Aurélio Mello chegou a chamar o inquérito de “natimorto”. De lá pra cá, no entanto, diminuiu a resistência interna da Corte às investigações, que encontraram na rede ameaças de incendiar o Supremo e matar ministros com tiros à queima-roupa. Interlocutores de Moraes avaliam que, hoje, a maioria da Corte apoia o inquérito como uma “defesa institucional do STF” contra ataques. O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu nesta semana a suspensão do inquérito. A decisão será do plenário do Supremo. A Associação Nacional dos Procuradores da República também contesta a investigação em outra ação. Em outra frente, um ano e dois meses depois de ingressar no Supremo para também contestar o inquérito das fake news, a Rede mudou de posição e pediu ontem a Fachin o arquivamento da ação. A lei sobre ações de controle de constitucionalidade, porém, prevê que, se a ação for proposta, não se admitirá depois desistência.
*”TCU quer apurar se grupo utilizou recursos públicos”* - O “gabinete do ódio”, estrutura do Palácio do Planalto responsável por fazer ataques nas redes sociais e em grupos de WhatsApp a críticos do presidente Jair Bolsonaro, entrou na mira do Tribunal de contas da União (TCU). O subprocurador Lucas Furtado ingressou com uma representação para que a corte de Contas analise se a ação do grupo de servidores é financiada por recursos públicos. Na representação, o procurador classificou o “gabinete do ódio” como uma Parceria Público-Privada (PPP), que funciona com o aporte de recursos públicos e de empresas. Como revelou o Estadão, o “gabinete do ódio” está instalado dentro da estrutura do gabinete do presidente Jair Bolsonaro. Seriam 23 servidores nessa função. A atuação do grupo é investigada também pelo inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a disseminação de fake news. No despacho em que pediu busca e apreensão em endereços de blogueiros e youtubers nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, classificou o “gabinete do ódio” como uma “associação criminosa”, que receberia dinheiro de empresários. Nenhum servidor do Planalto, contudo, foi alvo. O grupo também é investigado pela Comissão Parlamentar dos Inquérito (CPI) das Fake News do Congresso.
Na representação ao TCU, Furtado pede que sejam identificados os integrantes do governo que compõem o “gabinete do ódio” e, comprovadas as ilegalidades, sejam punidos administrativamente e devolvam aos cofres públicos recursos usados para disseminar notícias falsas. Outro objetivo da representação é investigar o possível uso de recursos públicos para financiar ataques de fake news na campanha eleitoral de 2018. Furtado destaca que a decisão de Moraes, de determinar a quebra do sigilo fiscal e bancário de empresários no inquérito das fake news, abrange o período eleitoral daquele ano. Por isso, pede que seja avaliada a possibilidade da criação de uma força-tarefa para o compartilhamento de informações ou, pelo menos, a atuação conjunta do Ministério Público Eleitoral, Tribunal Superior Eleitoral e TCU para apurar possíveis crimes cometidos pela chapa vitoriosa, para a Presidência da República, nas eleições de 2018. Para o integrante do MP de Contas, a estrutura pública do Palácio do Planalto, onde despacha o presidente Jair Bolsonaro, estaria sendo utilizada para fins caluniosos, ameaças e infrações com o objetivo de atingir a “honorabilidade de diversas autoridades” dos poderes Judiciário e Legislativo do País.
Estrutura ‘anômala’. No documento encaminhado à Corte, Furtado classifica as fake news como um fenômeno que ameaça o regime democrático, os princípios da República e a convivência pacífica da sociedade brasileira. Diz ainda que o “gabinete do ódio” é uma estrutura “anômala” que funciona dentro do próprio Estado. Dessa forma, caberia ao TCU apurar eventual emprego irregular dos recursos públicos dentro dessa estrutura de divulgação de desinformações. Furtado ressalta que não só o uso de dinheiro, mas a utilização de materiais, infraestrutura e mão de obra custeados pelos cofres públicos devem ser levados em consideração no cálculo de gastos indevidos. Segundo o subprocurador, a “irrigação de dinheiro” público para o esquema supostamente criminoso poderia estar acontecendo também por meio da utilização de verbas publicitárias de empresas públicas e sociedades de economia mista, com a finalidade de monetizar sites e blogs que veiculam notícias falsas. Recentemente, o TCU barrou a veiculação, por parte do Banco do Brasil, de publicidade oficial em site que seria propagador de notícias falsas.
*”Inquérito pode dar fôlego a ação no TSE”* - O controverso inquérito que apura ameaças, ofensas e fake news contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pode pavimentar o caminho da cassação do presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A avaliação entre ministros do tribunal é a de que, caso seja autorizado, um compartilhamento das provas do STF com a Justiça Eleitoral deve dar um novo fôlego às investigações sobre disparo de mensagens em massa na campanha presidencial de Bolsonaro em 2018. A possibilidade de essas ações serem “turbinadas” com o inquérito das fake news do Supremo já acendeu o sinal de alerta do Palácio do Planalto.
O ministro Alexandre de Moraes é um personagem-chave nos dois tribunais. Relator do inquérito das fake news, ele determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de empresários bolsonaristas entre julho de 2018 e abril de 2020, abrangendo, portanto, o período das últimas eleições presidenciais. Na próxima terça-feira, Moraes vai assumir uma cadeira de ministro titular do TSE, o que vai lhe garantir a participação no julgamento das ações que investigam a campanha de Bolsonaro e do seu vice, general Hamilton Mourão. Se a chapa for cassada ainda neste ano pelo TSE, novas eleições deverão ser convocadas para definir o novo ocupante do Palácio do Planalto. Caso o presidente e o vice sejam cassados pelo tribunal em 2021 ou 2022, caberá ao Congresso a escolha. Até hoje, o TSE jamais cassou um presidente da República. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendeu a manutenção da CPMI das Fake News. “Esse assunto precisa de solução”, disse ele à revista IstoÉ. o cenário atual no tribunal é favorável à manutenção do mandato de Bolsonaro.
Compartilhamento. Ainda tramitam no TSE oito ações que investigam a campanha de Bolsonaro e Mourão. As mais delicadas são as que tratam do disparo de mensagens em massa pelo WhatsApp. O PT já pediu ao relator dos processos, ministro Og Fernandes, o compartilhamento das provas do Supremo com o TSE. Og vai ouvir Bolsonaro e o Ministério Público Eleitoral antes de decidir. O compartilhamento de provas do Supremo com o TSE já aconteceu nas ações que investigavam a chapa presidencial de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014, mas a maioria dos ministros desconsiderou na etapa final do julgamento provas as colhidas por concluir que elas eram “alheias” ao objeto inicial da investigação. Ex-ministros do TSE e advogados eleitorais ouvidos reservadamente pela reportagem apontam que, desta vez, as provas colhidas no inquérito das fake news têm relação com as investigações em curso na Justiça Eleitoral. Uma fonte da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que, até agora, as acusações de disparo de mensagens em massa não estão comprovadas. Já dois exministros do TSE observam que não basta identificar a irregularidade, mas considerar se a dimensão da irregularidade foi suficiente para se constatar a quebra legitimidade do pleito, justificando, dessa forma, a cassação.
*”PM indicado pelo Centrão assume a Funasa”*
*”Política externa une adversários históricos”* - A oposição à política externa do governo Jair Bolsonaro, comandada pelo chanceler Ernesto Araújo, uniu partidos políticos e titulares do Itamaraty de todos os governos desde a redemocratização do País. Ex-ministros das Relações Exteriores e embaixadores se organizaram no chamado Grupo Ricupero, que pôs lado a lado adversários históricos na diplomacia que agora articulam apoio e defendem ações no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir danos à imagem do País e o desrespeito à Constituição que, segundo eles, são promovidos pela gestão de Bolsonaro. Na semana passada, Rubens Ricupero – embaixador, ex-assessor internacional do presidente José Sarney – e Celso Amorim – chanceler de Itamar Franco e de Luiz Inácio Lula da Silva – se reuniram com representantes de fundações de oito partidos para expor as preocupações do grupo. O encontro foi coordenado por Renato Rabello, ex-presidente do PCdoB. Nele havia também representantes de PT, PSDB, Rede, Cidadania, PSB, PDT e PSOL. Na reunião, os diplomatas relataram aos partidos por que consideram que as ações de Araújo violam a Constituição. Os argumentos devem servir a questionamentos das legendas no Congresso e no STF. “O Brasil está isolado. Isso trará consequências graves para o futuro do País”, afirmou Ricupero, que dá nome ao grupo por simbolicamente representar um elo entre duas alas da diplomacia nacional.
Após o encontro, o PSB decidiu, por meio do deputado Alessandro Molon (RJ), seu secretário de Relações Internacionais, encaminhar requerimento de convocação de Araújo ao Congresso para ele “apresentar e esclarecer questões sobre as sistemáticas violações da Constituição na condução da política externa brasileira”. “A situação do Brasil em termos de política externa é lamentável, deplorável. A imagem de uma atuação equilibrada do Itamaraty construída ao longo de décadas de trabalho está sendo destruída rapidamente. Somos um país que não merece ser levado a sério. Recentemente fomos criticados por Paraguai e Colômbia em razão de nossa política contra o coronavírus. Olham para nós com incredulidade, o que traz muito prejuízos para o Brasil”, disse Ricupero. Para Molon, deve-se ainda analisar ações no Supremo. “Não descartamos ir ao Supremo para barrar ações do Itamaraty como a que deixou o Brasil fora do esforço mundial para a busca de uma vacina contra a covid-19.” O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que “a política externa deve estar a serviço dos interesses brasileiros e a diplomacia, como o próprio termo já diz, é avessa a confrontos com parceiros comerciais de primeira grandeza do Brasil, como a China, e críticas a organismos internacionais, como a OMS”.
As críticas feitas à China por Araújo e pelo bolsonarismo são uma das principais reclamações contra as ações do atual chanceler. O receio é de que elas prejudiquem as exportações para o país asiático pelo agronegócio – a China é o principal parceiro comercial do País. Outros pontos também mobilizaram os partidos. Um deles foi a decisão de o Brasil retirar todos os seus diplomatas da Venezuela, deixando 12 mil brasileiros residentes naquele país sem nenhuma assistência consular. A representação do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pede à procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Déborah Duprat, que tome providências a fim de obrigar ao presidente e ao Itamaraty reabrir a embaixada ou pelo menos o consulado em Caracas para “garantir a proteção dos cidadão brasileiros que lá se encontrem sob qualquer pretexto ou residam naquele país bem como proteger o legítimo interesse das empresas brasileiras que comercializam com entes públicos e privados da Venezuela”. Pimenta obteve recentemente uma vitória no Supremo. O ministro Luís Roberto Barroso concedeu liminar suspendendo decisão de Bolsonaro que expulsava os diplomatas da Venezuela. Para o professor e exchanceler Celso Lafer – governos Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso –, “estão em andamento e podem crescer no Congresso Nacional o controle político e a fiscalização da política exterior do governo Bolsonaro”.
De acordo com Lafer, o grupo de chanceleres foi construído “por pessoas de distintas orientações e visões políticas”. Para ele, trata-se de “um esforço para viabilizar um centro vital voltado para agregar – e não para fragmentar – a sociedade brasileira, o que é tão necessário para uma apropriada governança”. A ação dos chanceleres provocou reação do governo. Em artigo publicado no Estadão, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o grupo usa seu prestígio “para fazer apressadas ilações e apontar o País ‘como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global’, uma acusação leviana”. Além de Ricupero, Lafer e Amorim, fazem parte do grupo de ex-chanceleres o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – chanceler de Itamar Franco –, Aloysio Nunes Ferreira (Michel Temer), José Serra (Michel Temer), Francisco Rezek (Fernando Collor de Mello) e o ex-secretário de Assuntos Estratégicos Hussein Kalout (Michel Temer). Eles publicaram um artigo no Estadão e em outros jornais do País com o título A Reconstrução da Política Externa Brasileira.
Exemplo. Para FHC, o documento deve ser o embrião de novas iniciativas. “No que depender de mim, sem partidarismos ou sectarismos, a resposta é: sim.” Ele afirmou acreditar em ações pontuais que unam os partidos. No mesmo sentido, Amorim disse esperar a “reação de outros setores, que talvez não tenham percebido que, embora seja loucura, há método no governo Bolsonaro”. “Cabe aos congressistas tomar uma atitude mais direta”, disse. “Criamos uma convergência entre nós em torno da democracia e da defesa da Constituição, um diálogo entre forças que vão do DEM ao PSDB e ao PT”, disse Aloysio Nunes Ferreira. Para o articulador do grupo, o cientista político e professor da Universidade de Harvard Hussein Kalout, a ação está “apenas começando”. A crítica fundamental dos ex-chanceleres é de que o governo Bolsonaro viola com sua política externa os princípios do artigo 4.º da Constituição. “O Executivo tem uma certa margem de apreciação na sua interpretação e aplicação. Esta margem no entanto, tem limites. O que argumentamos no nosso artigo é que a diplomacia do governo Bolsonaro extrapolou estes limites, que são um marco normativo a ser seguido”, afirmou Lafer. O grupo denuncia a submissão do Brasil à política externa do governo de Donald Trump bem como o “apoio a medidas coercitivas em países vizinhos, violando os princípios de autodeterminação e não intervenção”. Para Amorim, o Brasil hoje “se converteu em um pária internacional”. O Estadão procurou o Itamaraty sobre a ação dos ex-chanceleres e dos partidos, mas a pasta não se manifestou. Pelo Twitter, após a divulgação do artigo, Araújo chamou Fernando Henrique, Ricupero e Amorim de “paladinos da hipocrisia”.
*”Protestos contra violência policial se espalham pelos EUA; agressor é preso”* - Os protestos contra a violência policial, que vêm transformando Minneapolis em praça de guerra, se espalharam ontem por pelo menos dez cidades americanas. Os tumultos começaram na segundafeira, após a divulgação de um vídeo que mostra o policial Derek Chauvin, que é branco, com o joelho no pescoço de George Floyd, negro – que morreu em seguida, após dar entrada no hospital. Ontem, Chauvin foi preso e acusado de homicídio culposo, que pode levar a uma pena de até 25 anos de prisão. No vídeo de 10 minutos, gravado por uma testemunha, ele passa pelo menos sete com o joelho no pescoço de Floyd, mesmo após ele dizer que não conseguia respirar. O policial, de 44 anos, foi demitido no dia seguinte – juntamente como outros três colegas que participaram da ação. De acordo com a polícia, os quatro foram designados para atender a um chamado em uma loja de conveniência às 20 horas (horário local) de segunda-feira. Floyd teria tentado usar um nota de US$ 20 falsa e resistido à prisão – todas as imagens divulgadas até agora, porém, desmentem a versão dos policiais. Os protestos começaram quase imediatamente – a testemunha que gravou a abordagem transmitiu a ação ao vivo pelo Facebook. Nas duas primeiras noites, os manifestantes incendiaram prédios públicos e saquearam lojas. Na madrugada de ontem, colocaram fogo em uma delegacia de Minneapolis.
Manifestações contra a violência policial foram registradas também em outras cidades americanas. Em Nova York, a polícia prendeu 70 pessoas na Union Square. Em Louisville, cidade mais populosa de Kentucky, sete pessoas foram baleadas em um protesto que incluía a morte de Breonna Taylor, uma negra assassinada pela polícia em março. A polícia de Denver registrou sete disparos durante uma manifestação na cidade, mas ninguém ficou ferido. Em Columbus, a multidão invadiu e depredou o Congresso do Estado de Ohio. Manifestações também foram registradas em Washington, Memphis, Los Angeles, Albuquerque, Portland e Saint Paul – vizinha a Minneapolis. Em meio ao clima de desordem social, o presidente dos EUA, Donald Trump, insultou os manifestantes, chamandoos de “bandidos”, e incentivou o uso da força para conter os protestos. No Twitter, ele postou uma frase usada nos anos 60 por Walter Headley, chefe de polícia de Miami. “Quando saques começarem, os tiros começam”, escreveu o presidente. Imediatamente, o Twitter marcou o post de Trump com um alerta, alegando que a mensagem enaltecia a violência. “Este tuíte violou as regras do Twitter por glorificar a violência. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse do público que o tuíte permaneça acessível”, justificou a empresa.
Trump e o Twitter iniciaram então um novo capítulo da disputa que marcou a semana, que havia começado com a empresa marcando dois posts do presidente com um alerta para que os usuários checassem a veracidade da mensagem de Trump. Furioso, o presidente assinou uma ordem executiva, na quinta-feira, que muda as regras de proteção às redes sociais, que evitam que empresas de tecnologia – como Twitter, Facebook e Google – sejam processadas por moderarem publicações de usuários. Enquanto o presidente disparava para todos os lados, os democratas tentaram marcar posição com um tom mais moderado. O ex-presidente Barack Obama afirmou que casos como o de Floyd não deveriam ser “normais” nos EUA em 2020”. “Se quisermos que os nossos filhos cresçam num país à altura dos seus maiores ideais, podemos e devemos fazer melhor”, escreveu o ex-presidente em uma carta publicada no Twitter. Biden, que foi vice de Obama e será o candidato democrata na eleição presidencial de novembro, acusou Trump de incitar a violência. “Não é o momento para tuítes incendiários. Não é hora de incitar à violência”, disse. “É hora de uma verdadeira liderança.”
Prisão. Ontem, quando a polícia dispersava os manifestantes em Minneapolis, uma equipe de jornalistas da CNN foi detida durante a cobertura. O repórter Omar Jimenez, que é negro, um produtor e um cinegrafista foram libertados uma hora depois com um pedido de desculpas do governador de Minnesota, Tim Walz.
*”Trump retira EUA da OMS e volta a atacar governo da China”* - O presidente Donald Trump anunciou ontem o “fim das relações” entre os EUA e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em rápido pronunciamento na Casa Branca, além de atacar a organização, ele criticou o governo chinês e prometeu acabar com o status especial de Hong Kong. “A China tem controle total da OMS, apesar de pagar por ano só US$ 40 milhões, enquanto nós pagamos US$ 450 milhões. Nós detalhamos as reformas que eles precisavam fazer, mas eles se recusaram”, disse Trump. “Por isso, hoje nós estamos encerrando nossa relação com a OMS e redirecionando os fundos.” Trump também acusou o governo chinês de ser o principal responsável pela pandemia e voltou a se referir à covid-19 como o “vírus de Wuhan”, cidade da China onde foi registrado o primeiro caso, uma expressão considerada racista pelo governo de Pequim. “O governo chinês violou promessas, os fatos não podem ser negados. O mundo está sofrendo o impacto das ações da China, do ‘vírus de Wuhan’, que levou cerca de 100 mil vidas americanas.”
O presidente americano também garantiu que os EUA revisarão os acordos assinados com Hong Kong, território que, segundo Trump, “não mais é suficientemente autônomo” – uma referência à lei de segurança nacional, aprovada na quinta-feira pelo Congresso chinês, que aumenta o controle de Pequim sobre a cidade. “A revisão vai afetar todos os acordos, desde o nosso tratado de extradição até controles de exportação de tecnologia”, disse. “A China substituiu a política de ‘um país, dois sistemas’ pelo ‘um país, um sistema’.” Na terça-feira, a Câmara de Comércio dos EUA, maior associação empresarial do país, disse que retirar o status especial de Hong Kong seria “um erro” que prejudicaria não apenas a população do território, mas também os interesses americanos – mais de 1,3 mil empresas dos EUA operam em Hong Kong e são responsáveis por cerca de 100 mil empregos. Trump ignorou o alerta e ainda anunciou ontem o veto à entrada de chineses acusados de serem “riscos à segurança” e de “erodirem a autonomia de Hong Kong”. Os alvos poderiam ser alguns dos milhares de jovens chineses que estudam nos EUA ou funcionários do governo chinês, que seriam impedidos de entrar nos EUA e teriam seus bens bloqueados.
*”Pequim responde com mais ameaças”* - O governo da China respondeu ontem aos ataques verbais do presidente Donald Trump com mais ameaças, não só contra Hong Kong, mas também contra Taiwan – ilha que vive em um limbo jurídico e é considerada pelos chineses como uma “província rebelde”. “Os EUA deveriam pensar melhor e parar de interferir nos assuntos de Hong Kong”, disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Zhao Lijian. A resposta de Pequim, no entanto, foi além. O governo chinês ameaçou realizar ações militares para “esmagar” qualquer movimento de independência em Taiwan. “Se não houver mais possibilidade de reunificação pacífica, o Exército dará todos os passos necessários para esmagar qualquer ação separatista em Taiwan”, disse Li Zuocheng, chefe do Estado-Maior da Comissão Militar da China.
*”Após pressão, Doria divide grande SP em 6 áreas para flexibilizar quarentena”*
*”Prefeitos aliados e empresários cobram reabertura do governo”*
*”Interior afrouxa restrições e contraria plano do Estado”*
*”Shoppings só poderão abrir por 4 horas”*

+++ Eis que se desenha uma bomba provocadora de uma segunda onda de contágios. Não é possível que se fale em uma reabertura no momento em que estão morrendo mais de mil pessoas por dia no país.
*”Após alta de contágio, BH freia reabertura”*
*”Governo do Amapá estende bloqueio total por mais 5 dias”*
*”Brasil ultrapassa a Espanha em número de mortes”*
*”PIB cai 1,5% no 1º trimestre e analistas já projetam queda de 6,5% este ano”*
*”Consumo das famílias puxa o PIB para baixo”*
+++ A manchete precisaria ser revista. Foi o consumo das famílias que puxou o PIB para baixo ou foi uma política que tira o dinheiro de circulação e ainda assim espera que o consumo cresça?
*”Agropecuária deverá ser único setor com ganho”*