segunda-feira, 18 de maio de 2020

Zero Um pode ter sido informado por PF de investigação


Um delegado da Polícia Federal alertou o senador Flávio Bolsonaro, ainda entre o primeiro e o segundo turnos da última eleição presidencial, de que ele era investigado pelo caso Queiroz. A acusação feita a Mônica Bergamo pelo empresário Paulo Marinho, suplemente de Flávio e, à época, aliado de Bolsonaro. Este mesmo policial recomendou ao já eleito senador que demitisse Queiroz e uma filha, alocada no gabinete do pai Jair, o mais rápido possível e prometeu que o caso seria segurado até após a eleição. A história veio a público, num furo do jornal O Estado de S. Paulo, em dezembro. Se o alerta de fato ocorreu, houve crime. (Folha)

Segundo Thais Oyama, este delegado não foi Alexandre Ramagem. Ramagem, que o presidente quis ver no comando da PF mas o STF impediu, de fato trabalhou na Operação Furna da Onça. É a investigação que descobriu o escândalo no qual o filho Zero Um estava envolvido. Mas, àquela altura, Ramagem já era responsável pela segurança do candidato. A jornalista diz que Queiroz chegou a movimentar R$ 6 milhões no período de um ano, sem conseguir justificar a origem. (UOL)

Leandro Colon: “O que poderia ter ocorrido naquela disputa se a PF não adiasse a ofensiva? Bolsonaro venceu ciente de que o gabinete do filho estava sendo investigado? E ajudou a encobrir provas? A entrevista de Marinho se soma às acusações de Sergio Moro de que Bolsonaro quer interferir na PF para influenciar em sua atuação no Rio. Outros depoimentos do inquérito aberto pelo STF corroboram essa narrativa. O obstáculo para as investigações no Supremo tem um nome: Augusto Aras, chefe da PGR. Ele não esconde nos bastidores que não vê crimes por parte de Bolsonaro. No que depender de Aras, o inquérito vai para o arquivo. Nesses mesmos bastidores de Brasília, ele até já ganhou um apelido: advogado-geral da República.” (Folha)

A Procuradoria-Geral da República requereu à PF que investigue se houve vazamento. Marinho citou uma série de testemunhas, serão inquiridos. Flávio afirma que é tudo mentira. (G1)

E... O novo ministro da Justiça, André Mendonça, afirma que o inquérito que investiga as acusações de seu antecessor será arquivado. “Não há qualquer elemento indicativo de ilícito e temos total segurança que, em breve, esse inquérito será arquivado”, afirmou ontem. Sérgio Moro afirmou que Jair Bolsonaro quis intervir na PF para proteger os filhos. (Poder 360)



Sérgio Abranches: “O governo Bolsonaro é uma ruptura indesejável pra democracia brasileira. Isso é o que faz toda a diferença. Nem Fernando Collor nem Dilma Rousseff investiram contra a democracia. Na verdade, eles respeitaram muito a regra do jogo. Collor deixou todo o processo correr sem nenhuma tentativa de interferir na liberdade das instituições que investigavam, e nem na liberdade de imprensa, apesar de evidentemente estar indignado com as coisas que saíam. No caso da Dilma, ela não tentou interferir de forma alguma, e durante os governos do PT, não houve nenhuma tentativa de ingerência do governo federal no Ministério Público Federal. Agora, estamos vendo exatamente o contrário. O presidente ofende a imprensa, tenta interferir na autonomia da Polícia Federal. Já interferiu na autonomia do MPF. Então, na verdade, estamos vivendo uma situação de anormalidade, de instabilidade política crônica, que começou logo depois da reeleição da Dilma. Neste momento, o Rodrigo Maia já deu todas as demonstrações de que não está disposto a abrir um processo de impeachment. O processo pelo Supremo vai depender muito do procurador-geral Augusto Aras. Aí teríamos um primeiro teste. Nesse caso, é mais previsível — se o Aras denunciar, a possibilidade do Bolsonaro evitar uma autorização (do processo de impeachment) é baixa.” (BBC)
DataPoder360: Jair Bolsonaro é considerado ótimo ou bom por 30% dos brasileiros e ruim ou péssimo por 39%, em pesquisa realizada entre 11 e 13 de maio. Os números favoráveis ao presidente são puxados por aquele grupo de quase metade dos brasileiros aptos ao auxílio emergencial. 34% dos que já receberam ou estão para receber consideram-no ótimo ou bom. 23% dos que tiveram o cadastro recusado o consideram ótimo ou bom. E, dentre os não aptos, 24% estão neste grupo. (Poder 360)

Aliás... A segunda parcela do benefício começará a ser paga na segunda-feira. (G1)
André Lara Resende: “Durante décadas, sob a batuta de Milton Friedman e seus discípulos da Universidade de Chicago, sustentou-se que os bancos centrais não poderiam emitir mais base monetária do que o crescimento nominal da renda, sob pena de provocar inflação. A tese foi desmoralizada pelo experimento do Quantitative Easing. O QE é emissão de moeda para comprar os ativos que o sistema financeiro não tem mais como carregar, sem realizar prejuízos insuportáveis. Os bancos centrais expandiram a base monetária em mais de 1.000% sem que houvesse sinal de inflação. Esta crise não é apenas um problema clássico de insuficiência de demanda. O fechamento da economia, ainda que venha a ser abrandado, reduz tanto a demanda quanto a oferta. Se a pandemia não for rapidamente superada, a capacidade de produção poderá ser seriamente afetada. Muitas empresas dos setores mais atingidos, como turismo, hotéis, restaurantes, aviação comercial, não irão conseguir sobreviver. Grande parte da capacidade instalada irá se perder. A recuperação exigirá coordenação estatal e grandes investimentos para repor a capacidade de oferta. Estamos diante de uma crise inusitada, que pode se transformar numa catástrofe econômica e social. Para se ter chance de superá-la, é preciso compreender que o Estado pode, e deve, investir de forma produtiva. Isso não é o mesmo que defender um Estado inchado, refém de interesses clientelistas. O aumento do crédito, seja ele público ou privado, sem contrapartida de investimento real, produz bolhas especulativas, mas não leva ao crescimento. Infelizmente, velhas ideias e interesses constituídos podem resistir tanto à razão quanto à beira do precipício.” (Folha)

A democracia, diz o lema corrente no Washington Post, morre quando há escuridão. Quando quem está no poder consegue manter seus segredos ou calar as vozes dissonantes. A democracia vive quando há imprensa livre e diversa, quando há cidadãos interessados em ler opiniões diversas.

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