sexta-feira, 15 de maio de 2020

Jair Bolsonaro pede guerra contra governadores


O presidente Jair Bolsonaro, ontem, pediu a empresários que entrem em guerra com os governadores de seus estados — principalmente, São Paulo. Aumentou o fogo na frigideira do ministro da Saúde, Nelson Teich, dizendo que exigia que o ministério recomendasse ativamente o uso de cloroquina. Acusou Rodrigo Maia de querer “ferrar o governo”. Depois se reuniu com o presidente da Câmara e a ele pediu paz. “Voltamos a namorar”, afirmou Bolsonaro. “É meu papel institucional, principalmente num momento de crise e de perdas de tantas vidas, o mais importante é sempre o diálogo, ver de que forma o governo federal vem atuando, conhecer o gabinete e toda a sua estrutura”, afirmou o deputado. Para políticos ouvidos pelo Painel, é indício de quanto o presidente está desnorteado. (Folha)

O pedido de guerra foi contra todos os governadores, mas um em particular foi pinçado. “Um homem está decidindo o futuro de São Paulo”, afirmou o presidente. “Está decidindo o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria. É guerra.” Bolsonaro voltou a se queixar das medidas de isolamento social. “Então, pressionem os governadores, pressionem os governos a quem de direito. A Presidência da República está com vocês. O presidente Bolsonaro trabalha para vocês. O governo trabalha para vocês, a Presidência, aqui em Brasília. Pressionem a quem de direito, por favor.” O governador João Doria respondeu. “Lamento que o presidente da República, ao invés de defender vidas de brasileiros, esteja mais interessado em atender a um pequeno grupo de empresários vinculados à Fiesp.” (G1)

Em Brasília, todas as atenções hoje estarão direcionadas ao ministro Nelson Teich. Ele vem afirmando que não recomendará um remédio contra o consenso da comunidade científica. Pode se demitir. Segundo o Radar, seu número dois, o general Eduardo Pazuello, já foi convidado a assumir o cargo. (Veja)

Comentarista de política do Valor, Maria Cristina Fernandes aponta para o auxílio emergencial de R$ 600, que expira ao fim deste mês, como um dos principais motivos que mantém o Congresso inerte perante a pressão de Bolsonaro. Uma quantidade muito grande de pessoas está recebendo o dinheiro, que faz imensa diferença. Prefeitos e vereadores, principalmente nas regiões mais pobres, percebem o grande valor eleitoral deste recurso. E são estes que formam a base política de muitos deputados. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que o auxílio não será renovado. (Twitter)



A Advocacia-Geral da União entregou ao Supremo uma transcrição dos trechos que considera que podem ser divulgados da fatídica reunião que resultou na demissão do ex-ministro Sérgio Moro. Em um, Bolsonaro se queixa de que Polícia Federal, Forças Armadas e Abin não oferecem a ele informações de inteligência o suficiente. “Vou interferir”, ele diz. “Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade.” O trecho seguinte divulgado ocorre apenas 50 minutos depois. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio e não consegui. Isso acabou. Não vou esperar foderem minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.” Em manifestações à Corte, tanto a AGU quanto o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediram que apenas os trechos que consideram relevantes para a investigação sejam divulgados em vídeo. (Poder 360)

E... A deputada Carla Zambelli foi ao Ministério da Justiça no último dia de Moro. Segundo a troca de mensagens entregues à PF, ela dizia que estava atuando em nome do Planalto para evitar a demissão. Chegou a escrever que Bolsonaro cairia caso ele saísse — mas depois apagou do WhatsApp este pedaço. (Globo)

Então... A pressão pública de Bolsonaro para troca do comando da Polícia Federal, no Rio, ocorreu duas semanas após um juiz eleitoral enviar um inquérito contra Flávio Bolsonaro para a PF do estado. (Globo)

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