quarta-feira, 20 de maio de 2020

Delegado revê depoimento e agrava situação dos Bolsonaro


O número dois da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, procurou os investigadores e prestou o segundo depoimento, ontem. “O depoente gostaria de esclarecer que foi procurado no dia 27 de abril do corrente ano pelo delegado de polícia Alexandre Ramagem, que perguntou para ele, depoente, se aceitaria ser diretor-executivo da Polícia Federal durante sua gestão; que o depoente afirmou que aceitaria”, fez registrar oficialmente. 
Na semana passada, havia afirmado que não tinha sido procurado por ninguém. Agora, afirma ter lembrado. Ele é uma das testemunhas no inquérito que investiga a denúncia, pelo ex-ministro Sérgio Moro, de que o presidente Jair Bolsonaro tentou intervir na PF do Rio com objetivos pessoais. Sousa era o superintendente no estado, até ser retirado para o novo cargo. (G1)

Pois é... A mudança radical no depoimento contradiz Ramagem, favorito de Bolsonaro para o comando da PF. Se confirmada, indica que ele ocultou dos investigadores que a troca de comando no Rio já estava definida, destaca o Painel. (Folha)

A Polícia Federal também já está investigando que delegado pode ter vazado, para a família Bolsonaro, detalhes do inquérito que tinha entre os alvos o senador Flávio Bolsonaro e seu principal assessor, Fabrício Queiroz. O advogado do filho Zero Um foi pago pelo PSL com dinheiro público — ao todo meio milhão de reais. Victor Granado Alves confirmou que esteve com o empresário Paulo Marinho e Flávio entre o primeiro e o segundo turnos, mas diz que o sigilo profissional em defesa de seu cliente o impede de comentar o que foi falado. É o período no qual, acusa Marinho, Flávio soube da investigação. (Correio Braziliense)

Então... A peça-chave no inquérito é o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, onde o presidente teria ameaçado Moro de demissão caso não permitisse a troca de comando da PF fluminense. O relator do caso, ministro Celso de Mello, já o assistiu. Segundo seus assessores, ficou incrédulo. O decano do Supremo decide até sexta se tornará público na íntegra. (Estadão)

Ameaçado politicamente, Bolsonaro se move. Nos cálculos do Planalto, os cargos e controles de verba distribuídos pelo Centrão já lhe garantem 172 votos na Câmara, que é suficiente para impedir a abertura de um processo de impeachment. Por margem justa. Busca, agora, apoio dos 34 deputados emedebistas. Ao menos por enquanto, não está interessando — a cúpula do MDB resiste. (Estadão)



O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, deve assinar hoje um novo protocolo recomendando a médicos que utilizem cloroquina e hidroxicloroquina desde o início do tratamento de Covid-19. Dois médicos que passaram pela pasta durante a pandemia se recusaram a fazê-lo. Ontem, as principais entidades médicas brasileiras publicaram um documento com suas diretrizes para o cuidado e destacam — “Sugerimos não utilizar hidroxicloroquina ou cloroquina de rotina no tratamento”. A avaliação técnica no momento é de que se há benefícios são negligenciáveis e os efeitos colaterais podem ser sérios. Desde o início da crise sanitária, o governo federal já distribuiu quase três milhões de comprimidos, que estão sendo fabricados pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército. Sua produção aumentou em 900% quando comparada à média anual. Nesta terça, pela primeira vez, foram registradas a morte de mais de mil brasileiros. Ignorando o fato, em uma live, Bolsonaro fez graça. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, tubaína.” (Metrópoles)

A Opas, Organização Pan-Americana da Saúde, também fez uma mudança em seu protocolo, ontem. “Nossa recomendação é clara de que elas não devem ser usadas ainda”, afirma Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis. “Na verdade estudos estão sugerindo uma maior taxa de efeitos colaterais e problemas cardíacos em pessoas que utilizam.” (Reuters)

Valdo Cruz: “Os militares da ativa estão preocupados com a militarização do Ministério da Saúde e temem um desgaste para as Forças Armadas, principalmente se forem adotadas medidas que depois se mostrem equivocadas e gerem prejuízos para a população. Segundo interlocutores dos militares, eles não podem, por uma questão de hierarquia, recusar a convocação que está sendo feita pelo Palácio do Planalto para reforçar a equipe do Ministério da Saúde. O uso da cloroquina é citado como exemplo. A depender da forma que o novo protocolo for publicado, há o risco de, no curto prazo, o uso da cloroquina começar a provocar mais mortes em pessoas contaminadas. Aí, a responsabilidade será atribuída não só ao presidente, mas também aos militares que por ventura tenham cedido às pressões do Palácio do Planalto.” (G1)



O Senado aprovou por 75 votos a 1 o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, queria realizá-lo em novembro, o que prejudica inúmeros estudantes sem acesso a aulas online. A Câmara deve confirmar a decisão. O único voto para manter a data do Enem foi do Zero Um. (Poder 360)

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