sexta-feira, 1 de abril de 2022

vDoria desiste de desistir; Moro acaba desistindo

 

A dita “terceira via” foi abalada ontem por dois movimentos inesperados e que, segundo analistas, podem fortalecer a polarização entre os líderes nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL): o vaivém do governador paulista João Doria (PSDB) e a desistência do ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil). O dia começou com a notícia de que Doria, diante do movimento no partido em torno do agora ex-governador gaúcho Eduardo Leite, abriria mão de concorrer a presidência e continuaria no governo paulista. A notícia parecia implodir a candidatura ao governo de seu vice, o também tucano Rodrigo Garcia, que montou sua estratégia e suas alianças para concorrer já no Palácio dos Bandeirantes, sem ser contaminado pela alta rejeição do atual ocupante. (Folha)

Os tucanos fizeram então uma reunião onde, conta Guilherme Amado, Doria anunciou seus termos: queria um apoio explícito da legenda, diante da ameaça de Leite, que renunciou ao governo gaúcho. Bruno Araújo, presidente do partido, divulgou uma carta dizendo que as prévias seriam respeitadas. “O governador tem a legenda para disputar a presidência. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”. (Metrópoles)

Com o documento, Doria desistiu da desistência e reconheceu que seu movimento foi um “vaivém planejado”. À tarde, renunciou ao governo num evento em tom de comício e confirmou sua candidatura. (Folha)

Malu Gaspar: “Um cacique tucano resumiu assim a situação: ‘Doria agiu como terrorista. Se abraçou ao PSDB com uma bomba amarrada ao corpo e ameaçou explodir tudo.’ Ao final do dia, parecia evidente que a carta de Araújo não será suficiente para impedir que Doria comece a ser abandonado no dia seguinte a sua saída do governo. Na visão desses tucanos, o que eles fizeram ontem foi desarmar a bomba. De agora em diante, vão começar a trabalhar para se livrar do terrorista.” (Globo)




Estacionado nas pesquisas e com alta rejeição, o ex-ministro Sérgio Moro anunciou ontem que estava trocando o Podemos pelo União Brasil e que abria mão “neste momento” da candidatura a presidente. Em nota, o novo partido disse que Moro deve disputar uma vaga na Câmara por São Paulo “com a expectativa de ser um dos deputados mais votados da história do país”. Segundo o ex-juiz, ele desistiu da disputa ao Planalto para “facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”. O União Brasil trabalha para ter uma chapa com o MDB e o PSDB. (Poder360)

Moro bem que tentou uma manobra para ficar no Podemos, conta Guilherme Amado: convencer Álvaro Dias, mentor de sua entrada no partido, a ceder-lhe a única vaga na disputa para o Senado pelo Paraná. Diante da negativa, pediu o boné. (Metrópoles)

Painel: “Auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) se animaram com a desistência de Moro. Um ministro palaciano acredita que a saída do ex-ministro cria condições para Bolsonaro ultrapassar o ex-presidente Lula (PT) ainda no primeiro turno. Segundo avalia esse auxiliar do presidente, caso Moro opte por concorrer à Câmara, seria natural que esses votos migrassem para Bolsonaro.” (Folha)

Eliane Cantanhede: “A quinta-feira foi mesmo como o diabo gosta, mas, soma daqui, diminui dali, as únicas novidades são que Moro está em busca de 'novos caminhos' e que a redução da distância entre Bolsonaro e Lula gera uma sensação de urgência. O centro, ou terceira via, depende do PSDB, mas o que é o PSDB, quem representa o PSDB e qual será o candidato do PSDB? Ninguém sabe.” (Estadão)




Meio em vídeo. O dia começou com o ex-governador paulista João Doria fora da corrida para o Planalto e o ex-juiz Sérgio Moro dentro. E terminou com Doria dentro e Moro fora. Se você está confuso, não está sozinho. Vamos buscar entender no Ponto de Partida. (YouTube)




O Ministério Público Federal entrou com uma ação ontem para obrigar o governo federal a retirar dos registros a ordem do dia publicada pelo Ministério da Defesa enaltecendo o golpe de 1964. O texto, assinado pelo agora ex-ministro Walter Braga Netto e pelos comandantes das três Armas, afirma que a derrubada do presidente João Goulart foi um “marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”. Segundo o MPF, a defesa, homenagem ou apologia ao golpe viola os fundamentos da República. (Poder360)

Enquanto isso... Braga Netto deixou ontem o Ministério da Defesa e é cotado para ser candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi substituído na Pasta pelo agora ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Outros nove ministros foram exonerados para concorrer às eleições, a maioria substituída por funcionários das Pastas. (g1)




O presidente Jair Bolsonaro não citou nomes, mas voltou a atacar o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Na cerimônia de troca de ministros no dia do aniversário do golpe de 1964, ele reclamou de “uns poucos” que atrapalham. “Se não tem ideias, cala a boca. Bota a sua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros. Um ministro que não tem o que fazer, deve ser um desocupado, fica o tempo todo me processando”, reclamou. (Globo)




Sob ameaça de bloqueio de bens e multa diária de R$ 15 mil, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) foi ontem à superintendência da Polícia Federal em Brasília recolocar a tornozeleira eletrônica. A ordem partiu do ministro do STF Alexandre Moraes, a pedido da PRG. No próximo dia 20, Silveira será julgado pelo Supremo por incitar atos antidemocráticos e ameaçar os próprios ministros da Corte. (g1)




A Cruz Vermelha enviou ontem um comboio de ônibus para tentar retirar civis da cidade ucraniana de Mariupol, praticamente devastada por ataques russos. Eles se somam a outros 45 veículos mandados pelo governo da Ucrânia, que acusa a Rússia de reter os ônibus com refugiados. Os russos, porém, têm sinalizado que permitirão a entrada de ajuda para os civis. No meio do caminho entre a Península da Crimeia e as províncias rebeldes do Donbas, Mariupol é crucial para a estratégia russa de controlar o Leste da Ucrânia, daí a violência do cerco à cidade. (New York Times)a

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