quinta-feira, 19 de março de 2020

Mídia 19/03


CAPA – Manchete principal: *”Governo vai permitir corte de salário e jornada pela metade”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Calamidade”*: Enquanto o Brasil registra as primeiras mortes provocadas pela Covid-19, o governo Jair Bolsonaro toma, em meio a um discurso errático, suas primeiras medidas mais drásticas —entre as quais se destaca, pela carga simbólica, o pedido ao Congresso de reconhecimento do estado de calamidade pública. Em termos práticos, abre-se o caminho para a elevação de gastos públicos destinados a combater a doença e seus efeitos econômicos. Nesta quarta (18), anunciou-se um desembolso de R$ 15 bilhões em três meses para o amparo de trabalhadores informais. A providência vai ao encontro do que defendeu esta Folha, mas ainda carece de detalhamento. Espera-se que ao menos as ações do governo se mostrem mais tempestivas e coerentes que as declarações do chefe de Estado. Em confusa entrevista coletiva, cercado de ministros, Bolsonaro mostrou mais preocupação em repetir bravatas do que em aprender o uso correto da máscara de proteção. Além de apontar a calamidade pública, o Executivo publicou portaria estabelecendo punições a quem descumprir ordens médicas e determinando o uso de força policial para encaminhar pacientes desobedientes. Todas as unidades da Federação estão suspendendo as aulas nas escolas das redes pública e privada e limitando as atividades nas repartições. O estado do Rio proibiu a entrada e a saída de ônibus na região metropolitana, além de reduzir a lotação dos coletivos.
Em São Paulo, cidade mais atingida, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou situação de emergência e determinou o fechamento de comércios e aparelhos culturais. Nada disso constitui exagero, ainda que as mortes contadas até aqui representem parcela pequena das infecções causadas pelo vírus Sars-Cov-2. Hoje, a letalidade da doença é estimada em 3,6%, com uma distribuição bastante desigual entre as faixas etárias. O maior risco decorrente da epidemia, do ponto de vista da saúde pública, é o contágio maciço da população num curto espaço de tempo, e, por conseguinte, a sobrecarga dos serviços de atendimento. Pelos dados até aqui coletados, cerca de 15% das pessoas contaminadas terminam por desenvolver quadros graves, que podem acarretar a necessidade de cuidados hospitalares, e 5% atingirão estado crítico, necessitando de suporte ventilatório em leitos de UTI. Como se trata de uma doença que se alastra velozmente, a demora para agir pode levar a um colapso do sistema de saúde, como tem sido visto na Itália e no Irã. O efeito colateral das medidas de isolamento e quarentena é a queda brutal, ainda que temporária, da atividade econômica, com efeitos dramáticos sobre a renda dos mais vulneráveis. Esta calamidade pode ser apenas atenuada, a um custo fiscal grande, porém inescapável.
PAINEL - *”Ministério da Saúde diz a estados que Brasil tem transmissão comunitária de coronavírus”*: O Ministério da Saúde avisou estados que o Brasil está em transmissão comunitária do coronavírus, quando há casos de pessoas que não viajaram e não têm vínculo com um caso confirmado. O recado foi dado pelo secretário nacional de Vigilância, Wanderson de Oliveira, no grupo de Whatsapp dos secretários. Ele disse que faria o anúncio nesta quinta (19), mas teve início uma discussão por mensagens e o secretário ficou de avaliar. Oliveira ouviu pedido para isolamento total de Rio e São Paulo
PAINEL - *”Secretário da Bahia pede 'confinamento' de paulistas para enfrentar coronavírus”*: O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, foi o primeiro a se manifestar contra a decisão anunciada pelo secretário nacional: "São Paulo e Rio estão espalhando [coronavírus] para o país todo. Tem que isolar os dois estados". "Tem que manter os paulistas confinados", continuou. Outro secretário nacional respondeu que não fazia sentido a ideia e que não era uma afirmação técnica. Vilas-Boas rebateu: "Deixar a doença espalhar é que não é técnico, científico, nem humano. Talvez seja uma estratégia deliberada". Alberto Beltrame, secretário estadual do Pará e presidente do conselho de secretários de Saúde, interferiu na discussão para colocar panos quentes. "Por favor, vamos dar um tempo e aí voltamos a conversar", escreveu, dizendo que o estresse está tomando conta de todos. Apesar do debate interno, os estados têm feito manifestações em favor do ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e têm repetido que estão fechados com ele.
PAINEL - *”Governadores querem repasse de R$ 5 bi da União para ampliar atendimento”*
PAINEL - *”Tentativa de Bolsonaro com panelaço lembrou Collor pré-impeachment, avaliam parlamentares”*: A tentativa de Bolsonaro de dar um contragolpe nos panelaços que pedem a sua saída do governo acabou dando aos seus adversários o que eles por muito tempo buscavam: uma retumbante prova da erosão do apoio popular ao presidente. A evidente derrota sofrida no Fla-Flu das panelas, nesta quarta (18), animou opositores, que chegaram a ver semelhança com o clássico fracasso de Fernando Collor quando pediu apoio em verde e amarelo nas ruas, mas acabou assistindo a um desfile em preto a favor de seu impeachment. "Foi um erro muito grave do presidente Bolsonaro. Repetiu o erro do Collor. O vento mudou de lado", disse o deputado Alessandro Molon (RJ), líder do PSB na Câmara.​
PAINEL - *”Chamado para assumir o Brasil por ex-Bolsonaro, Mourão fica fora de eventos contra coronavírus”*
PAINEL - *”Bradesco tem dois casos de coronavírus, e funcionários reclamam de falta de transparência interna”*
PAINEL - *”Eduardo Bolsonaro cria crise diplomática após agradecimento de Mandetta para China”*: As declarações de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) culpando a China pelo coronavírus ocorreram em péssimo momento. Mandetta tinha acabado de agradecer ao país por ajudar na liberação de EPI (equipamento de proteção individual), que está em falta no Brasil.
*”Bolsonaro é alvo de panelaço pelo segundo dia seguido em todas as regiões do país”* - O presidente Jair Bolsonaro é alvo na noite desta quarta-feira (18), pelo segundo dia seguido, de um panelaço em diversas cidades do país. O protesto convocado em redes sociais foi impulsionado pela reação de Bolsonaro à crise do coronavírus, que afetou a rotina de milhões de brasileiros e deve ter duro impacto na economia. O ato contra Bolsonaro estava marcado para as 20h30, mas, em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, alguns moradores anteciparam a mobilização, simultaneamente a um pronunciamento do presidente anunciando medidas contra a doença. Os atos acabaram se estenderam até a hora que tinha sido combinada. Em Copacabana, zona sul do Rio, houve gritos de "Acabou" e "Fora", além de algumas reações contrárias, como "Fora petralhas". Também houve em bairros como Laranjeiras, Humaitá e Leblon. Reduto bolsonarista, Águas Claras, no Distrito Federal, também teve panelaço antecipado contra Bolsonaro, além de gritos contra o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em São Paulo, as manifestações aconteceram em prédios no Tatuapé, na zona leste, na Casa Verde, na zona norte, no Brooklin Novo e na Saúde, na zona sul, e por toda a região central. Na zona norte, o protesto foi com cornetas nas janelas dos apartamentos. Pelas ruas, também houve buzinaço, xingamentos e menções a milicianos. No bairro Paraíso, na zona sul, os manifestantes tocaram bumbo. Nos Jardins, na zona oeste, foi ouvido o slogan "Ele não", usado por opositores na eleição presidencial de 2018. Na região central, em meio ao panelaço foi tocada a música "Apesar de Você", de Chico Buarque. Na Vila Buarque, no centro, os manifestantes também projetaram um letreiro que dizia "Fora Bozo" em um edifício. Em outro, ironizaram: "é só uma gripe kkk".
A tática de protestar com uma projeção em fachada também foi usada em Ipanema, no Rio. Em Porto Alegre, uma projeção alternava mensagens em defesa do Sistema Único de Saúde com dizeres como “defender o SUS é defender nossas vidas” e mostrava o vídeo de Bolsonaro usando a máscara descartável durante coletiva de imprensa. Foram ouvidos fogos de artifício e a canção Bella Ciao, símbolo da resistência italiana contra o fascismo da Segunda Guerra. Houve ainda panelaço em Manaus, em Goiânia, em Belém, nos bairros da Pampulha e Lourdes, em Belo Horizonte, no Recife, na localidade da Madalena, e em Salvador, nos bairros da Pituba, Itaigara, Costa Azul, Imbuí e Rio Vermelho. O panelaço também foi expressivo na região central de Florianópolis e no centro de Curitiba, onde presidente teve 76% dos votos no segundo turno em 2018. Fora das capitais, houve manifestações em cidades como Londrina (PR), Campinas e Ribeirão Preto (SP).
Por volta das 21h, teve início um panelaço em apoio ao governo, mais tímido. Em São Paulo, houve manifestações nos Jardins, Perdizes e na Vila Romana (ambos na zona oeste), no Tatuapé (zona leste), no Campo Belo e no Brooklin (zona sul) e em Higienópolis (centro). No interior paulista, apoiadores foram às janelas do bairro de Irajá, em Ribeirão Preto, e houve barulho em Belo Horizonte e na Asa Norte, em Brasília. Houve registros de manifestações também em bairros centrais de Curitiba, como no Água Verde, mas em menor volume. O mesmo em Porto Alegre, onde foram escutados fogos de artifício no bairro Petrópolis, mas manifestantes contra o presidente continuaram gritando "fora Bolsonaro" em maior intensidade que os favoráveis.
Em Goiânia, o panelaço das 21h a favor do presidente ocorreu em locais da região central. Além de panelas, houve gritos contra o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À noite, em rede social, Bolsonaro escreveu: "Nunca abandonarei o povo brasileiro, para o qual devo lealdade absoluta! Boa noite a todos!" O panelaço pró-governo fez com que alguns críticos de Bolsonaro voltassem às janelas para protestar contra o presidente. Em Santana, na zona norte de São Paulo, houve protestos tímidos e isolados dos dois lados, com panelas, cornetas e pisca-pisca nas luzes. No bairro da Madalena, no Recife, o panelaço de apoio a Bolsonaro começou 21h e acabou cerca de 15 minutos depois. O movimento contra o presidente, no mesmo lugar, demorou mais. Começou 19h56 e foi até as 20h35. Algumas pessoas bateram panelas nos dois atos. Bolsonaro, que já se referiu à dimensão da doença como "fantasia", dizendo haver "histeria" da população, tentou reagir nesta quarta, após perder apoio inclusive entre alas conservadoras. Modulando seu discurso público, passou a reconhecer que a situação é grave, embora não tenha demonstrado arrependimento de ter participado de ato no último domingo (15), contrariando recomendação do Ministério da Saúde. Ele disse ainda que a bateção de panelas contra ele, já ocorrida na noite de terça (17), parece espontânea, faz parte da democracia e aproveitou para tentar arregimentar apoiadores para outro panelaço na noite desta quarta, às 21h, mas desta vez a favor de seu governo. Ao menos 18 pessoas que estiveram com Bolsonaro em comitiva durante viagem aos EUA já contraíram a a Covid-19 —os ministros general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) foram os mais recentes a entrar na lista. Dois exames do presidente da República, porém, deram negativo.
O presidente, na tentativa de reduzir seu desgaste e isolamento, buscou nesta quarta demonstrar maior preocupação com a crise do coronavírus ao convocar entrevista ao lado de ministros, todos com máscaras, para anunciar medidas do governo. Ele também fez um aceno aos outros Poderes ao propor um encontro com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, após ter endossado ato de bolsonaristas com ataques ao Parlamento e ao Judiciário no domingo. A proposta, porém, acabou fracassada: Alcolumbre foi diagnosticado à tarde com coronavírus, e Maia cobrou uma pauta mais objetiva e disse que não iria para reunião só “para fotografia”. Só Toffoli esteve com Bolsonaro, que fez um pronunciamento para anunciar mais medidas contra a doença. ​Os panelaços em janelas de apartamentos se tornaram um dos símbolos de protesto contra a então presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016. ​Na terça, foi protocolado na Câmara um primeiro pedido de afastamento de Bolsonaro na Presidência por ter convocado atos contra o Congresso e Judiciário no último fim de semana. A iniciativa foi do deputado distrital Leandro Grass (Rede-DF). Nesta quarta, alguns integrantes do PSOL fizeram outro pedido.
Em entrevista à imprensa, Bolsonaro, ao se referir ao panelaço contra ele, disse que qualquer protesto popular deve ser compreendido pela classe política. "Parece que é um movimento espontâneo por parte da população. Qualquer movimento por parte da população eu encaro como uma expressão da democracia", disse. O presidente afirmou ainda que "em qualquer momento que a nação assim precisar, eu estarei na linha de frente com esse povo, que é o meu exército, que é o exército de todos os democratas do Brasil". Além de ter divulgar os atos pró-governo e anti-Congresso no domingo, Bolsonaro participou diretamente da manifestação em Brasília, após sair de carro do Palácio do Alvorada, e cumprimentou apoiadores. O protesto e a conduta do presidente contrariaram recomendação do próprio Ministério da Saúde, que pediu para a população evitar aglomerações. Mesmo após ter a atitude reprovada por médicos e por seu próprio ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), responsável por medidas de combate à doença, Bolsonaro minimizou. Na terça, ainda disse que faria uma "festinha tradicional" para celebrar seus 65 anos no próximo final de semana. Um dia antes, a ex-aliada Janaina Paschoal, deputada estadual em São Paulo pelo PSL e uma das autoras do pedido de impechament de Dilma, pediu em discurso que Bolsonaro saia do cargo.
CONGRESSO
Congressistas de variadas posições partidárias viram o recente comportamento de Bolsonaro em relação ao coronavírus como o gatilho para os panelaços no país. Para o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), que já foi aliado de primeira ordem e agora tem posição independente no Congresso, as manifestações servem como um aviso de que Bolsonaro tem de tomar cuidado para não atravessar o limite da paciência da população. Segundo ele, a atitude de Bolsonaro em relação à pandemia do Covid-19 foi apenas a gota d'água em um copo que já estava quase cheio de fatores como o fraco desempenho da economia no primeiro ano de governo, a falta de projetos concretos para reverter o cenário, a ausência de interlocução política com o Congresso, constante alvo de ataques do presidente, assim como a imprensa. "É uma manifestação de contrariedade em relação ao conjunto da obra do presidente, mas o que desencadeou o processo foi ele não ter seguido o regramento de seu próprio ministro da Saúde", disse Olímpio. O líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA), porém, vê os panelaços como um ato isolado por entender que o presidente ainda conta com apoio popular. No seu entendimento, o país segue politicamente polarizado. "Confesso que, quando vi o presidente nas ruas, no domingo [nas manifestações pró-governo e anti-Congresso], fiquei muito sentido, não gostei do que vi. Mas será que, como líder da nação, ele não tenha tentado minimizar o problema para evitar o pânico? Quero entender que a fala dele teve este caráter", disse. Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), os atos servem de alerta para que o presidente repense sua forma de agir.
"Pela primeira vez, o presidente encontrou um tema em que ele não surfa na popularidade, em que se posiciona contrariamente ao censo majoritário", afirmou. Apesar de todo este descontentamento, parlamentares dizem que não há no Congresso clima para um processo de impeachment e que, ao trazer este assunto à pauta, Bolsonaro tenta criar uma narrativa de vitimização. "O presidente tem esta estratégia permanente de responsabilizar o Congresso por tudo e se colocar como vítima e o único perfeito na face da Terra", afirmou Alvaro Dias, líder do Podemos. Para um líder partidário próximo ao governo, que preferiu não se identificar, os panelaços revelam que Bolsonaro está perdendo apoio entre seus eleitores. Ele destaca que muitas das manifestações do tipo ocorreram em bairros de classe média que em 2018 votaram em Bolsonaro. Para esse político, as falas de Bolsonaro minimizando o impacto do Covid-19 e responsabilizando adversários, entre eles a imprensa, por diversos problemas minaram seu suporte na camada da população que, mesmo contrária ao PT, não comunga com o radicalismo do presidente.
MUDANÇA DE TOM
Nesta quarta, após a confirmação do teste positivo do ministro Augusto Heleno, Bolsonaro cancelou reunião ministerial que realizaria no Palácio do Planalto. Na tentativa de dar importância ao combate ao coronavírus, reservou a sua agenda pública a reuniões e eventos sobre esse assunto, além da entrevista na qual enumerou iniciativas feitas para evitar a expansão da doença. Em suas declarações, porém, Bolsonaro continuou a defender a necessidade de não entrar em "histeria" diante do aumento de casos de contágio. Mas, desta vez, disse que a curva de casos preocupa. "O que nos buscamos é estender, alongar o prazo daqueles que terão o vírus. O objetivo é alongar o prazo porque o nosso sistema de saúde não tem condições de acolher uma quantidade considerável de atender pessoas, em especial idosos", disse. Esta foi a primeira vez que o presidente demonstrou preocupação com esse ponto, embora afirmações semelhantes venham sendo repetidas pela equipe da Saúde. Ele também disse que não há clima para protestos nas ruas. "É grave e é preocupante, mas não devemos entrar no campo da histeria ou da comoção nacional", afirmou. "Não há clima para alguém pensar em manifestação. A realidade vai chegando aos poucos", disse. Em um contraponto aos ataques que desferiu desde a semana passada contra o Poder Legislativo, Bolsonaro passou agora a fazer fez elogios públicos ao Congresso. "Nós externamos toda a nossa preocupação. Estamos tendo apoio incondicional por parte da Câmara e do Senado em todas as medidas necessárias", disse o presidente.
Nas últimas semanas, o gabinete digital do Palácio do Planalto identificou, segundo auxiliares presidenciais, críticas até mesmo entre perfis de direita à postura do presidente de minimizar a crise de saúde. A desmobilização nas redes sociais se somou aos panelaços promovidos na noite de terça-feira. Segundo deputados aliados, o tamanho da manifestação surpreendeu o presidente. Apesar de ter baixado o tom, Bolsonaro continuou a prestigiar o diretor-presidente substituto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, em detrimento do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta​. Barra foi chamado para discursar antes de Mandetta e foi elogiado pelo presidente. Ele foi fortemente criticado por servidores da Anvisa por ele ter participado de manifestação ao lado de Bolsonaro no último domingo, em frente ao Palácio do Planalto. Durante o ato, o presidente apertou a mão e cumprimentou uma série de apoiadores, além de ter tirado selfies e segurado telefones celulares e devolvido a seus donos. O presidente tem cobrado Mandetta a adotar um discurso mais afinado ao do Palácio do Planalto no combate à pandemia, a exemplo de Barras. Para ele, o tom adotado pela saúde tem gerado histeria. Nesta quarta-feira (18), o ministro cedeu à pressão do presidente e defendeu, nas redes sociais, que não se crie um clima de desespero. "Não podemos deixar isso se transformar em histeria e desespero! Calma, serenidade, prevenção e ações eficazes são armas importantes para superarmos o coronavírus", escreveu.
+++ É importante observar que o texto constrói a ideia de que o panelaço contra Jair Bolsonaro foi muito maior do que o a favor. Trata-se de algo que a imprensa não faz sempre. Por vezes, reportagens apenas informam que houve protestos de um lado e de outro, sem quantificar.
*”Panelaço anti-Bolsonaro ganha ar de Carnaval em CEP da esquerda em SP”* - O batuque ritmado, as buzinas, Chico Buarque. O panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (18), o segundo em dois dias, ganhou ares de Carnaval no edifício Copan, um tradicional CEP da esquerda no centro de São Paulo. Das janelas do icônico prédio residencial desenhado por Oscar Niemeyer foi possível ouvir panelas batendo e gritos de “Fora, Bolsonaro” já por volta das 19h40, quase uma hora antes do horário convocado. Alguns apartamentos exibiam luzes vermelhas, azuis e amarelas, que tão logo começaram a piscar. Naquele momento, Bolsonaro participava de entrevista coletiva em Brasília ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, entre outras autoridades, para anunciar medidas contra a pandemia do novo coronavírus. Durante quase uma hora, de forma ininterrupta, o barulho das panelas se revezou com os gritos de ordem, ora temperados de xingamentos, ora mais simples e diretos: “Acabou, Bolsonaro”, como disse um haitiano para o presidente nesta semana. As panelas ressoaram ainda mais intensas entre 20h25 e 20h40, quando até mesmo prédios de Higienópolis, bairro nobre famoso não exatamente por ser um reduto da esquerda, piscaram luzes em alguns apartamentos. “Apesar de você / Amanhã há de ser outro dia”, os clássicos versos de Chico Buarque contra a ditadura militar, foram ouvidos por duas vezes, quando um morador reproduziu a música em alto volume.
Enquanto isso, praticamente nenhuma resposta de apoiadores do presidente era ouvida. O vizinho edifício Louvre, outro tradicional ponto arquitetônico da cidade, chegou a registrar uma disputa de gritos, com tentativas de “Bolsonaro, 2022” e “Fora, comunas de m.....”, logo abafadas pela sinfonia de panelas e moradores contrários. Um deles ousou gritar “Vai pegar corona” para o defensor do presidente, em referência ao coronavírus. O panelaço seguiu até por volta das 20h45, quando foi escasseando lentamente, da mesma forma como havia começado. Quinze minutos depois, era hora da esperada resposta bolsonarista, segundo a convocação feita pelo presidente nesta quarta-feira em redes sociais e durante entrevista coletiva na qual criticou a imprensa por não divulgar o ato favorável ao governo. Na região do Copan, porém, as panelas não saíram dos armários. Reinou o ruído branco do centro da metrópole.
*”Condomínio de Bolsonaro silencia tanto em panelaço contra como a favor do presidente”*
*”Panelaços na periferia de São Paulo são tímidos, mas movimentam bairros”* - “Janela tá ok, apito tá ok, panela tá ok, é hoje que ele paga todo mal que ele nos fez”, o post de um morador de Suzano, na Grande São Paulo, convocava moradores para o panelaço desta quarta-feira (18) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O post era do poeta e professor Vandei Oliveira, 42. Na avaliação dele, o protesto era um termômetro da rejeição ao presidente na Grande São Paulo e nas periferias. “Suzano teve 73% de votos para o Bolsonaro e não tem experiência desse tipo de manifestação. É uma expectativa”. No entanto, a noite foi tímida em boa parte das periferias. Houve atos, mas as panelas ainda não se tornaram uma forma de protesto fora do centro da cidade. Correspondentes da Agência Mural em 21 bairros periféricos da capital e em dez cidades da Grande São Paulo acompanharam a movimentação nos horários marcados para o protesto. Em 22 localidades (70%) não houve panelaço. Onde houve barulho, os gritos, panelas e buzinaços começaram por volta das 20h15, em geral contra o governo federal. Houve protestos contra o presidente em Artur Alvim, Penha e Cohab José Bonifácio, na zona leste, Paraisópolis, Vila Guarani, Jabaquara, Parque das Árvores e Guarapiranga, na zona sul A favor do presidente, foram registrados gritos em Vila Guilherme, Pirituba, Vila Medeiros, Vila Guarani, e uma corneta solitária em Osasco, na Grande SP.
Em Pirituba, houve panelaços a partir das 20h26, com gritos de fora Bolsonaro e "miliciano bandido". Logo mais, às 21h, também houve protestos com a entoação do nome do presidente e de "mito". Outro bairro com gritos tanto a favor quanto contra o presidente foi a Vila Guilherme, na zona norte. A região de muitas casas e poucos prédios teve manifestação menor, mas houve quem soltasse fogos de artifício. De um lado, alguns batiam panela, do outro, alguns respondiam. Às 21h, gritos de "mito" e "chupa, comunista" marcaram o "contra-protesto". No Piqueri houve muito barulho. O grito mais ouvido foi "fora, Bolsonaro". Um bolsonarista, retrucava: "petistas do caralho.". O mesmo tipo de situação ocorreu na Vila Carlota, na Penha, na zona leste, com panelaço com gritos de "fora Bolsonaro" e alguns apoiadores rebatendo com "vai dormir, petralha". Em Paraisópolis, alguns moradores de um dos conjuntos habitacionais bateram panelas gritando "fora, Bolsonaro", enquanto outros entoaram um “Lula livre”. No Monte Kemel, na zona oeste de SP, houve panelas batidas, assim como na Vila Guarani, no distrito do Jabaquara, na zona sul. No último, os gritos pareceram se dividir a favor e contra o presidente, enquanto as crianças brincavam com um "chupa Corinthians". No Jabaquara, na avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, rolou um buzinaço.
Os protestos ocorreram no momento em que a crise com a propagação do coronavírus chega no momento mais crítico, e há questionamentos quanto a conduta do presidente sobre a gravidade do problema. "No prédio vizinho as pessoas estavam batendo panela e gritando. Aqui no meu só eu bati. Mas fiquei pensando que não é um bom momento para o país se tiver um impeachment agora, apesar de não concordar em nada com as ações do governo", afirma Jerlica Fernandes, 36, moradora do bairro Guarapiranga. Professor de história, Raimundo Justino da Silva, 39, mora na Vila Ré, zona leste da capital. Ele foi um dos manifestantes nas janelas. Ele diz não acreditar na capacidade do governo federal de cuidar do país. "Isso já era um sentimento anterior. A chegada da pandemia apenas ratifica essa posição", afirmou. "Não gostamos da ideia da retirada de um chefe de Estado, mas pensamos que nesse caso passamos de todos os limites". Justino avalia que seu bairro tem um grande número de idosos e que sempre se comportou de maneira conservadora. "Espero que um ou outro morador que fuja desse perfil tenha a mesma coragem que estamos tendo com essas ações", completa.
GRANDE SP
Na Cohab 5, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, as ruas estavam silenciosas e com fluxo normal para uma quarta-feira à noite. O único barulho das 20h às 22h era da risada das crianças correndo pelo pátio dos prédios. Muitos dos moradores do bairro não estavam sabendo que haveria panelaços. A diarista Tânia Vieira Afonso, 44, era uma delas. “Não estava sabendo nada sobre o panelaço. Eu vi que teve em São Paulo, mas aqui não deu para ouvir nada de gente batendo panela”. Ela afirma que, caso soubesse, participaria do protesto contra o governo federal. “Se o pessoal da Cohab soubesse disso, iriam aderir. Eu não tô gostando do mandato do Bolsonaro não, nadinha. Principalmente daquele episódio dele, no meio do coronavírus, abraçando todo mundo”. Ela se referia à atitude do presidente de participar de uma manifestação em Brasília, no último domingo (15). O ato tinha como pautas a defesa do governo e críticas ao Congresso e ao Legislativo. Opinião semelhante tem a publicitária Renata de Campos Arashiro, 38, que fazia as unhas em um salão do bairro. “Eu não sabia sobre os panelaços, mas acho que se as pessoas soubessem iriam aderir, porque muitas que eu conheço estão insatisfeitas”. O músico e porteiro Rafael Alves e Silva, 37, sabia que haveria uma manifestação contra o governo, mas pensou que seria na rua. “Eu fiquei sabendo pelas redes sociais, não sabia que o nome era ‘panelaço’. Vi só que era para galera sair na rua, mas ninguém vai, né?”
*”Símbolo latino-americano, panelaço marcou Dilma e foi usado de esquerda à direita”*
ANÁLISE - *”Atordoado, Bolsonaro tenta reagir no momento mais frágil do seu mandato”*
*”Bolsonaro e Mandetta ignoram recomendação de uso de máscara contra coronavírus”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quebraram os protocolos sanitários estabelecidos pelo próprio Ministério da Saúde e por órgãos internacionais de saúde quanto ao uso de máscaras contra o novo coronavírus. Durante coletiva de imprensa, nesta quarta (18), Bolsonaro e Mandetta, conforme iam falar ao microfone, tiravam a máscara. Sergio Moro (justiça), Paulo Guedes (economia), Fernando Azevedo e Silva (defesa) e Tarcísio de Freitas (infraestrutura) foram outros que também tiraram a máscara para se dirigir aos jornalistas. A indicação é que usem máscaras somente pessoas que estão com sintomas ou que estão no mesmo ambiente de pessoas doentes. A repórter da Rede Globo Delis Ortiz, sem máscara, chegou a perguntar o motivo da presença do equipamento proteção no rosto de todas as autoridades presentes coletiva. Bolsonaro tergiversou e falou que não descumpre "qualquer orientação sanitária por parte do senhor ministro da saúde". "Eu dou o exemplo", afirmou o presidente, referindo-se à sua participação das manifestações de domingo favoráveis ao governo. Em seguida, o ministro da Saúde disse que todas as autoridades estavam com máscara porque tiveram contato com o general Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional), que teve diagnóstico confirmado de Covid-19. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também contraiu o vírus.
*”De máscara, Bolsonaro anuncia mais um ministro infectado pelo coronavírus”*
*”General Heleno e ministro de Minas e Energia estão com coronavírus”*
DELTAFOLHA - *”Centro se alinha à esquerda contra Bolsonaro ao tratar sobre crise do coronavírus”*: A forma como o presidente Jair Bolsonaro conduz a crise do coronavírus fez usuários de perfil de centro no Twitter se alinharem com os de esquerda nos últimos dias, compartilhando as mesmas mensagens críticas ao mandatário. Análise da Folha avaliou quase um milhão de tuítes, de 180 mil perfis, que postaram temas relacionados a Bolsonaro, de sexta-feira (14) às 11h desta quarta-feira (18). Das cinco mensagens que mais circularam entre usuários de centro, quatro também estiveram entre as mais compartilhadas na esquerda. Um exemplo foi tuíte que dizia "Bolsonaro já tem mais testes de coronavírus do que projetos aprovados nos seus 30 anos como parlamentar". Foi o segundo post mais compartilhado tanto no centro quanto na esquerda. Outro tuíte popular nos dois grupos dizia: "Bolsonaro é psicopata. Um senhor egocêntrico, lunático q foi legitimado por uma sociedade doente e decepcionada (com motivo). O sujeito é repugnante e desperta no povo o que há de pior. O descaso dele com uma EPIDEMIA MUNDIAL pode colocar mta gente em risco. É um imbecil!"
Bolsonaro tem sido criticado por dizer que há histeria na sociedade em relação ao novo coronavírus. O presidente seguiu recomendações de especialistas de se evitar aglomerações. No último domingo (15), Bolsonaro ignorou orientações dadas por ele mesmo na semana anterior, ao estimular e participar dos protestos pró-governo sem demonstrar preocupação com a epidemia. O presidente incentivou os atos desde cedo em suas redes sociais —foram ao menos 42 postagens sobre o tema. Sem máscara, participou das manifestações em Brasília, tocando simpatizantes e manuseando o celular de alguns apoiadores para fazer selfies. "Isso não tem preço", disse, durante transmissão ao vivo em suas redes sociais. Bolsonaro foi duramente criticado por parlamentares. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, divulgaram notas condenado o comportamento do presidente da República que, ignorando recomendações médicas, foi até o local do protesto. Em outros eventos analisados pela Folha, os usuários de centro tenderam a ficar mais neutros. Alguns dos exemplos foram o discurso na ONU de Bolsonaro, em setembro, em meio às queimadas na Amazônia; ou quando o STF decidiu sobre prisão em segunda instância, que abriu caminho para a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão. A classificação dos usuários entre centro, direita e esquerda é feita pelo GPS Ideológico, ferramenta da Folha que categorizou 1,7 milhão de perfis no Twitter, com interesse em política. Os usuários são distribuídos numa reta, do ponto mais à direita ao mais à esquerda, de acordo com quem eles seguem na rede social. Entre os perfis de direita, fizeram sucesso nos últimos dias tuítes que atacam críticos ao governo, como a deputada estadual Janaína Paschoal, que pediu nesta semana a saída de Bolsonaro da Presidência. A reação nas redes sociais parece ter sido captada pelo governo federal. Nesta quarta, o presidente e ministros concederam uma entrevista coletiva, com todos os integrantes da mesa vestindo máscaras —embora o uso, nas condições em que ocorreu, contrarie orientação do Ministério da Saúde. No dia anterior, houve panelaço e gritos de ordem pedindo a saída do presidente em São Paulo e no Rio.
Em outra análise, a consultoria Quaest verificou que cresceu rapidamente no Twitter o uso das hashtags #ForaBolsonaro, #ImpeachmentdoBolsonaroUrgente e #AcabouBolsonaro. Hashtags são usadas pelos usuários para identificar a que tema se refere a mensagem. A análise mostra que havia poucos tuítes com essas hashtags até segunda (16). A partir daí, disparam as menções pedindo a saída do presidente, com pico nesta quarta. Entre os usuários que tiveram mais mensagens retuitadas, estão políticos de esquerda, como a deputada Sâmia Bonfim (Psol), mas também há perfis de direita, como do deputado Alexandre Frota (PSDB), que foi o 12º perfil mais compartilhado sob as hashtags. A Quaest analisou amostra representativa de 52 mil postagens no Twitter, realizadas entre os dias 8 e 18 de março, por 22 mil contas diferentes. Nesta semana, o primeiro pedido de impeachment protocolado contra Bolsonaro depois dos protestos governistas do último domingo (15) chegou à Câmara dos Deputados. De acordo com o pedido do deputado distrital Leandro Grass (Rede-DF), o presidente cometeu crime de responsabilidade ao incentivar a manifestação contra o Congresso e o Poder Judiciário.
*”Nas redes sociais, direita ensaia discurso de golpe contra Bolsonaro”* - Na versão virtual da guerra das panelas, a direita bolsonarista deu os primeiros passos para denunciar um suposto golpe contra o presidente, num discurso que lembrou o do PT durante o impeachment de Dilma Rousseff. Muitos utilizaram a hashtag #respeitem57milhoesdeeleitores, em referência ao total de votos que Jair Bolsonaro teve no segundo turno em 2018. "Bolsonaro foi eleito democraticamente e tem consigo uma grande nação que trabalha pelo bem do país e não mede esforços para defendê-lo", tuitou, por exemplo, o Jornal da Cidade Online, uma das vozes mais potentes nas redes bolsonaristas. Carmelo Neto, ativista conservador e membro suplente do Conselho Nacional da Juventude, ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, denunciou a tentativa da esquerda de pedir o impeachment do presidente. "Já que estamos todos em casa de quarentena, não custa nada bater panela em apoio ao governo e repúdio à esquerda nojenta, que quer 'impchimar 'Jair Bolsonaro", escreveu. Outros iam além, pedindo #Bolsonaroaté2026, já prevendo sua reeleição em 2022.
Em geral, os apoiadores do presidentes mostraram-se incomodados por perder o monopólio sobre o uso dos utensílios culinários como instrumento de protesto. Em postagens no Twitter, que usavam a hashtag #PanelacoContraAEsquerda, bolsonaristas famosos e anônimos cobravam de seus pares que não deixassem o panelaço ser apropriado pelo campo inimigo. "Nós fazemos um bom panelaço. Somos nós que sabemos mexer com as panelas", disse a apresentadora de um vídeo do grupo Avança Brasil, convocando para a manifestação. Houve grande preocupação com a presença de penetras da esquerda na hashtag do panelaço bolsonarista. "A esquerda vai copiar e colar cada passo que demos pra tirar a Dilma do poder, escutem o que estou dizendo. Por isso não podemos cessar fogo", escreveu a militante conservadora Sara Winter. Por volta de 21h10, curtos vídeos de até 1 minuto de duração começaram a ser publicado no Twitter, mostrando manifestações em defesa do presidente. Em comum, sons de panela e luzes de apartamentos piscando. Mas alguns opositores se infiltraram, como temido pelos apoiadores do presidente, e publicaram vídeos em que havia apenas silêncio e escuridão. Críticas à imprensa, sobretudo à Rede Globo, e a esquerdistas em geral foram uma constante na reação dos bolsonaristas nas redes sociais. Expoente da tropa de choque do governo, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) deu uma espécie de tiro de largada para a manifestação virtual por volta de 20h15, no auge do panelaço esquerdista, publicando um vídeo com o hino nacional sendo tocado de uma sacada no bairro da Aclimação, área nobre de São Paulo. Um homem grita "mortadela!", apelido pejorativo para a esquerda. Por volta das 21h30, uma relativa calma voltou às redes sociais da direita, pouco depois de as sacadas pelo país também silenciarem.
*”Veja o que Bolsonaro já disse sobre coronavírus, de certa histeria a fantasia e neurose”*
*”Presidência do Senado diz que Davi Alcolumbre contraiu coronavírus”*
*”Maia pede pauta objetiva de Bolsonaro e descarta ir para reunião só para 'fotografia'”*
*”Toffoli diz que imprensa tem atuação impecável na crise do coronavírus”*
FERNANDO SCHÜLER - *”Não há contradição entre a agenda emergencial e a agenda de reformas”*
*”Governadores aliados destoam de Bolsonaro e tratam coronavírus com preocupação”* - Enquanto o presidente Jair Bolsonaro disse haver “histeria” em relação à crise do coronavírus, já tendo anunciado uma “festinha tradicional para celebrar seus 65 anos”, governadores aliados dele têm tratado a pandemia com bastante preocupação. Eles têm feito reuniões diárias com secretariado e equipes técnicas para atualizar medidas de contenção já tomadas e chamar a atenção da população para o risco do avanço da doença. Por estarem no mesmo campo ideológico, as declarações de alerta dos governadores bolsonaristas e as ações preventivas anunciadas expõem ainda mais politicamente o presidente em relação à maneira como vem tratando o caso no Brasil. No domingo (15), mesmo dia em que Bolsonaro ignorou recomendações sanitárias e cumprimentou manifestantes com apertos de mão, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), saiu de casa para tentar encerrar ato que ocorria em frente à sede do governo goiano. "Vocês têm que entender uma coisa só, que eu sou médico antes de ser governador. Vocês precisam ter responsabilidade de não fazer com que as aglomerações provoquem a disseminação do coronavírus”, disse, no microfone. Mesmo vaiado por apoiadores do presidente, ele prosseguiu. “Embora reconheça o direito de protestar do cidadão, o momento é de se evitar aglomerações de qualquer tipo. Hoje, estamos todos em risco de contaminação pelo Covid-19", completou Caiado, aliado de Bolsonaro. Em seguida, nas redes sociais, o governador goiano reforçou que os setores de saúde no mundo estão em colapso. Caiado destacou que não se pode fazer vista grossa. “Não podemos colocar a vida das pessoas em risco. Vamos pensar na saúde da população como um todo." O governador pediu ao Ministério da Infraestrutura o fechamento por 15 dias do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, suspendeu aulas e mandou fechar lojas de comércio popular no centro de Goiânia. Já Bolsonaro, em entrevista à rádio Super Tupi nesta terça-feira (17), além de anunciar que realizará um evento para o seu aniversário, afirmou que medidas adotadas por governadores para conter a Covid-19 vão prejudicar muito a economia. "Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia", declarou.
No Tocantins, o governador Mauro Carlesse (DEM), que adotou neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 e agora está próximo a Bolsonaro, fez alertas sobre a gravidade da situação. Mesmo sem casos confirmados no estado, ele ressaltou que não se pode perder tempo. “Sabemos que a disseminação do vírus já é realidade no país e que ações destinadas a seu enfrentamento devem ser prontamente executadas.” Em decreto, suspendeu a realização de eventos por 30 dias para evitar aglomeração de pessoas e modificou toda a agenda para priorizar o enfrentamento à doença. O governador mudou os horários de trabalho dos servidores. O expediente, agora, é das 8h às 14h. Aulas foram suspensas no estado até o dia 20, e estão proibidas visitas ao palácio do governo. No estado de Roraima, governado por Antonio Denarium, que já anunciou sua saída do PSL para ingressar na Aliança pelo Brasil, sigla que o presidente quer criar, a maior preocupação é com a fronteira. Denarium encaminhou ofício ao governo federal pedindo fechamento da fronteira do estado com a Guiana e a Venezuela —o presidente anunciou o fechamento da fronteira com os venezuelanos nesta terça.
O governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha (PSL), chegou a declarar seu apoio às manifestações de domingo (15), mas pediu que as pessoas adiassem o protesto. Mesmo sem casos confirmados no estado, Rocha suspendeu aulas nas escolas, reuniões, treinamentos do funcionalismo e eventos com mais cem pessoas. “Prefiro que me chamem de exagerado, mas [prefiro] salvar vidas, que não adotar providências sérias e ocorrer uma grande infecção na população”, publicou no seu perfil, após o anúncio das medidas na última segunda-feira (16). O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), alterou sua agenda, cancelando a presença em locais com muitas pessoas, em função do risco de contágio. A opção foi feita mesmo sem nenhum caso confirmado no estado pelo Ministério da Saúde até a última segunda-feira (16). “Vou evitar muitas agendas com grande aglomeração porque se o governo assim está recomendando, e eu [sou] governo, não vou fazer diferente daquilo que estamos recomendando”, disse Mendes em coletiva de imprensa na segunda-feira, ao ser questionado sobre a atitude de Bolsonaro de encontrar manifestantes, mesmo devendo estar isolado. O governador criou um gabinete de situação para monitorar a doença e suspendeu aulas. Mendes cancelou sua presença na abertura de um grande evento de agronegócio em Lucas do Rio Verde.
No Sul, o governador catarinense, Carlos Moisés (PSL), também está sintonizado com a postura preventiva para evitar a propagação do vírus. Santa Catarina tinha, até segunda-feira (16), sete casos confirmados da doença. Moisés suspendeu aulas, visitas a presídios e eventos com mais de cem pessoas. O governador cumpre o decreto do governo, que determina evitar reuniões presenciais, e por isso “adiou viagens, cancelou compromissos e alterou a agenda para priorizar assuntos referentes à Covid-19”, informou sua assessoria. Ele deixou de ir à comemoração dos 20 anos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, no último domingo (15). A escola catarinense do Bolshoi é a única fora da Rússia.
O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), também aliado do presidente Bolsonaro, anunciou nesta segunda-feira (16) medidas para evitar o alastramento de casos do novo coronavírus no estado. Apesar de ter reunido imprensa e secretários num mesmo ambiente em uma coletiva de imprensa, o que não é recomendado, o governador demonstrou preocupação com a doença. Ele mandou suspender aulas na rede estadual, dispensou servidores que fazem parte de grupos de risco e proibiu visitas a hospitais, penitenciárias e centros de socioeducação. Durante a coletiva de imprensa desta segunda, Ratinho afirmou que é preciso adiar ao máximo o contágio comunitário no estado e destacou que, por se tratar de uma área em que o frio é mais rigoroso nas estações de outono e inverno, é preciso ter mais cuidados preliminares. “Não é para as pessoas ficarem desesperadas, não é [motivo] para pânico. As medidas adotadas têm como objetivo amenizar a proliferação do vírus. Queremos evitar que o contágio evolua para uma escala em que não tenhamos controle”, afirmou. Na noite de terça-feira (17), Jair Bolsonaro, após receber várias críticas pela maneira como tem lidado com o avanço da doença no país, decidiu solicitar ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública no Brasil em decorrência do coronavírus. A medida, com validade até 31 de dezembro de 2020, será adotada em razão da necessidade de elevar gastos públicos.
+++ Há tempos a imprensa tradicional tentava expor Jair Bolsonaro como uma figura contraditória, mas esbarrava nos factoides diversionistas e na retórica mirabolante do presidente. Agora, nesse caso, as ações e posturas relacionadas ao coronavírus estão tão no foco das atenções que o presidente não consegue criar artifícios para desviar a atenção dos seus atos.
*”Supremo libera julgamento virtual para todos os casos em crise do coronavírus”*
*”No Norte da Itália, pacientes morrem sem extrema-unção, e cemitérios têm filas de caixões”*
*”Itália registra recorde de mortes em um único dia por causa do coronavírus”* - O número de mortes na Itália por causa do coronavírus teve alta recorde para um único dia em um país: foram 475 as pessoas que morreram entre terça e quarta-feira (18), elevando para 2.978 o total. Os dados, divulgados pela Agência de Proteção Civil, mostram um aumento de 19% em um dia. O país tem enfrentado falta de estrutura para atender aos doentes graves, que precisam de aparelho de ventilação e são os mais propensos a morrer.
*”Presidente de Portugal decreta estado de emergência contra coronavírus”*
*”Brasileiros em situação irregular em Portugal se desesperam com impactos do coronavírus”*
*”Com fronteiras fechadas e voos cancelados, brasileiros se aglomeram no aeroporto de Lisboa”*
*”Embaixada da China reage a acusações de Eduardo Bolsonaro sobre coronavírus”* - O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, fez duras críticas na noite desta quarta (18) ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, por causa de declarações sobre a pandemia do coronavírus, e exigiu que o parlamentar se desculpasse. "As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial", escreveu ele. O embaixador indicou como destinatário, além de Eduardo, os perfis do ministro de relações exteriores, Ernesto Araújo, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o perfil institucional da própria Câmara. Mais cedo nesta quarta, Eduardo comparou a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986. As autoridades, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos e adotaram medidas de emergência que custaram milhares de vidas.
Numa segunda mensagem, Yang afirmou que "a parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e [à Câmara dos Deputados e ao seu presidente, Rodrigo Maia, e ao ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo]". A conta oficial da embaixada chinesa reproduziu as mensagens e publicou uma outra, afirmando que o deputado, "ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizade entre os nossos povos". Numa terceira mensagem, o embaixador tocou no mesmo tema e afirmou que as palavras do deputado "vão ferir a relação amistosa" dos dois países.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2018, 26,7% das exportações brasileiras tiveram a China como destino —Pequim lidera o ranking dos países compradores dos produtos brasileiros, segundo o Ministério da Economia. Entre 2003 e 2019, Pequim investiu US$ 79 bilhões no Brasil. No instagram, Eduardo publicou outra mensagem com críticas à China. "Como o Partido Comunista chinês, que comanda a China, se valeu de um regime onde não há liberdade de imprensa ou expressão (ditadura) para impor ao mundo uma pandemia — de novo!", escreveu ele. Na terça (17), Eduardo retuitou uma série de mensagens Rodrigo da Silva, fundador do site Spotnicks, que reunia uma lista de publicações para embasar o argumento de que Pequim seria responsável pela atual crise de saúde. "A culpa pela pandemia de Coronavírus no mundo tem nome e sobrenome. É do Partido Comunista Chinês", dizia o início da primeira mensagem. A relação do atual governo com a China teve idas e vindas. Durante sua campanha, Jair Bolsonaro afirmou que “a China não estava comprando no Brasil, mas comprando o Brasil”. O então candidato também visitou Taiwan, considerada uma província rebelde pelo regime chinês.
Os episódios provocaram mal-estar em Pequim, mas aos poucos as relações foram se normalizando depois que Bolsonaro tomou posse. Em maio de 2019, o vice-presidente Hamilton Mourão visitou a China e ajudou a acalmar as autoridades locais. O presidente brasileiro viajou ao país em outubro do ano passado. Na ocasião, ele e o dirigente chinês, Xi Jinping, assinaram 11 atos de cooperação em diferentes áreas como energia, educação, ciência e agronegócio —embora os termos tenham poucos resultados concretos. A viagem, no entanto, foi um importante gesto para o governo chinês —Bolsonaro teceu elogios ao país, qualificando-o de capitalista. Outro ponto de atrito entre Brasília e Pequim é o alinhamento do governo aos Estados Unidos de Donald Trump. Tanto o presidente quanto Eduardo já fizeram várias viagens ao país —Bolsonaro planejava indicar o deputado ao posto de embaixador brasileiro em Washington, mas acabou recuando. Os EUA são o principal rival da China no cenário internacional. Os dois países travam uma guerra comercial desde 2018, quando simultaneamente impuseram tarifas de importação aos produtos do adversário.
*”Reino Unido fecha escolas por tempo indeterminado”*
*”Trump anuncia mecanismo que permite ao governo ordenar a produção de material médico”*
*”Chile decreta estado de catástrofe por coronavírus e coloca militares nas ruas”*
*”Para chanceler alemã, desde Segunda Guerra nenhum desafio exigiu tanta solidariedade como coronavírus”*
*”Governo vai permitir que empresas cortem jornada e salários pela metade devido ao coronavírus”* - O governo Jair Bolsonaro vai permitir que empresas cortem em até 50% a jornada e os salários de trabalhadores em meio ao avanço da crise do coronavírus. A iniciativa deve ser encaminhada ao Congresso por MP (medida provisória). O Ministério da Economia afirma que a medida, que demanda negociação individual, preservará empregos. “É preciso oferecer instrumentos para empresas e empregados superarem esse período de turbulência. O interesse de ambos é preservação de emprego e renda”, afirmou o secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo. Pelas regras mencionadas pelo ministério, as empresas devem continuar pagando pelo menos o salário mínimo. Também não pode ser reduzido o salário hora do trabalhador. A redução proporcional de jornada e salários poderá durar enquanto estiver em vigor o estado de calamidade. Nesta semana, o governo enviou ao Congresso um pedido para que seja decretada a situação emergencial até o fim deste ano. No entanto, a equipe econômica acredita que pode haver uma melhora na economia antes disso, em até quatro meses, o que faria as empresas normalizarem seus contratos. “Não é algo simples, mas a ideia é preservar o emprego. Muito mais grave, diante de uma crise dessa, é a pessoa perder o emprego e sobreviver sem salário”, afirmou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.
Os técnicos não descartam a adoção de medidas ainda mais profundas. Uma das ideias debatidas é a possibilidade de permitir a suspensão do contrato de trabalho com acesso de trabalhadores ao seguro-desemprego, como a Folha mostrou. “Medidas mais duras podem ser tomadas para alguns setores”, afirmou Dalcolmo quando questionado sobre o assunto. A ideia ainda não é um consenso no governo. O país tem 39 milhões de trabalhadores formais, segundo os dados de dezembro de 2019 divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.​ A MP vai mexer com o texto da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Entre as medidas, também está a simplificação de regras para que empresas estabeleçam férias coletivas, que podem valer para toda a empresa ou apenas parte dela. Antes, os patrões tinham que avisar essa iniciativa ao governo e aos sindicatos com antecedência mínima de duas semanas. Agora, a notificação poderá ser feita 48 horas antes.
Além disso, feriados não religiosos poderão ser antecipados para o período de recolhimento dos trabalhadores, durante a restrição de circulação de pessoas, para que assim que a pandemia regredir as empresas possam recrutar os funcionários e não dispensá-los nesses dias. Os trabalhadores poderão ter antecipadas férias de 15 dias mesmo que não tenham completado um ano na empresa. As empresas também poderão suspender o pagamento do FGTS ao trabalhador, o que na visão do governo dá mais flexibilidade para o fluxo de caixa da empresa. Nesse caso, o patrão poderá deixar de recolher a contribuição por três meses e, nos meses seguintes, recolher o montante faltante. “Isso não prejudica o trabalhador nem o fundo. Se o trabalhador for demitido no período, terá acesso a todos os benefícios naturalmente”, disse Dalcolmo. Também serão flexibilizadas as regras de banco de horas e de trabalho remoto, que na visão do governo teriam muitas amarras. “Com relação ao teletrabalho, o instrumento foi inserido pela reforma trabalhista de 2017, mas ainda tem uma rigidez na operação, como celebrar contrato individual dizendo quais são os termos. O objetivo é retirar essas amarras”, disse o secretário. O governo também vai suspender a obrigatoriedade de trabalhadores passarem por exames médicos e clínicos para evitar sobrecarregar o sistema de saúde. Além disso, serão dispensados treinamentos obrigatórios.
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*”BB reforça crédito em R$ 100 bi e amplia limite de 13 milhões de clientes”* - Em meio a crise do coronavírus, o Banco do Brasil ampliou em R$ 100 bilhões suas linhas de crédito. Com a medida, 13 milhões de clientes tiveram efetiva ampliação de seu limite de empréstimos. Empresas e governos interessados em contratar novos recursos estarão submetidos aos limites atuais e à análise de seu risco de crédito. Em comunicado, o banco informou que, do total, R$ 24 bilhões são destinados a pessoas físicas, R$ 48 bilhões para empresas, R$ 25 bilhões para o agronegócio e R$ 3 bilhões para administrações públicas municipais e estaduais. "Os recursos irão reforçar as linhas de crédito já existentes, principalmente as voltadas para crédito pessoal e capital de giro”, disse o banco. Os R$ 100 bilhões já estão disponíveis e podem ser contratados pelo aplicativo no celular, internet banking e caixas automáticos. “É muito importante que o crédito continue disponível aos nossos clientes neste momento o que irá contribuir para a superação das dificuldades que venham a enfrentar. A orientação aos nossos gerentes é que acompanhem de perto a situação de cada cliente para que possamos antecipar as soluções financeiras adequadas já nos primeiros sinais de dificuldade”, disse Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil. Para as pessoas físicas, o reforço de recursos ocorre nas linhas de crédito pessoal (crédito consignado, crédito salário e crédito automático).
Neste caso, no entanto, o cliente precisa ter essa linha disponível e o limite será aquele definido previamente. “Como medida adicional, o BB ampliou os limites de crédito de 13 milhões de clientes pessoas físicas, o que adicionará mais R$ 18 bilhões aos limites de crédito atualmente concedidos”, diz o banco em nota. Para as empresas, o BB reforçará em R$ 48 bilhões os recursos disponíveis para linhas de capital de giro, de investimento e de antecipação de recebíveis. Os recursos serão contratados até o limite de crédito disponível para cada cliente. Carro-chefe da economia, o agronegócio terá um reforço de R$ 5 bilhões para as linhas de comercialização de produtos, R$ 15 bilhões nas de financiamento da produção agropecuária, R$ 2 bilhões nas de investimento e R$ 3 bilhões para capital de giro. Essas linhas valerão tanto para produtores rurais (pessoas físicas) quanto para empresas que atuam no agronegócio. O Banco do Brasil também destinou R$ 3 bilhões para o financiamento de equipamentos e obras na área de saúde por estados e prefeituras. Eles podem contratar desde que tenham limite de crédito no BB e atendam as condições legais previstas pelo Tesouro Nacional (endividamento).
*”Informais e conta própria precisariam de R$ 250 ao mês para não cair na pobreza”* - O governo federal precisaria destinar R$ 9,5 bilhões ao mês para impedir que 38,3 milhões de trabalhadores informais, incluindo os conta própria sem CNPJ, caiam abaixo da linha de pobreza no período de recolhimento em casa devido à crise do coronavírus. O valor corresponderia a R$ 250 ao mês para cada um deles, o mínimo para mantê-los acima da pobreza no pior cenário da crise. Ainda assim, haveria uma queda brutal em seus rendimentos mensais e uma diminuição acentuada da atividade econômica —esses trabalhadores representam cerca de 40% da força de trabalho do país. Nos dois tipos de ocupação que mais cresceram nos últimos anos, os 19,3 milhões de conta própria sem CNPJ têm renda mensal média de R$ 1.355. Os 11,6 milhões de trabalhadores informais no setor privado, de R$ 1.470. Há ainda 4,5 milhões de domésticos sem carteira, com renda média de R$ 768, e outras categorias. Segundo o ministro Paulo Guedes (Economia), o foco será ajudar emergencialmente os informais. Uma das ideias é distribuir vouchers para compra de alimentos e medicamentos, mas isso traz problemas logísticos e de identificação dos necessitados. Há dois desafios para a ajuda direta aos informais: 1) De onde virá o dinheiro se 95% da receita orçamentaria vai para gastos obrigatórios? 2) Como fazer os valores chegarem até eles?
Com o pedido de calamidade pública para enfrentar a crise, o governo poderia ampliar a meta de deficit deste ano —de R$ 124,1 bilhões— prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias e relaxar as limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “O governo vai emitir títulos. Se não tiver compradores no mercado, quem compra é o Banco Central. Na verdade, trata-se de uma emissão de dinheiro”, diz o economista e ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Antonio Delfim Netto. “E tem que fazer isso mesmo.” O economista Marcelo Neri, diretor da FGV-Social, afirma que, como administradora do chamado Cadastro Único, a Caixa Econômica Federal tem os endereços de 27 milhões de famílias necessitadas —e é por meio dele que o governo pretende lançar a ajuda aos informais. Cerca de 13,2 milhões delas já participam do Bolsa Família e há um número considerável —bem acima da média geral do país— de indivíduos trabalhando informalmente ou por conta própria. O caminho inicial mais rápido para chegar a eles seria reforçar emergencialmente o valor destinado às famílias atendidas pelo Bolsa Família, que recebem em média cerca de R$ 190 mensais. No pacote de R$ 147,3 bilhões já anunciado pelo governo para enfrentar a Covid-19, R$ 3,1 bilhões seriam de fato verbas orçamentárias para ampliar em mais 1,1 milhão os beneficiários do Bolsa Família —são os que já estão na fila pelo benefício há um ano. Para as demais, a Caixa teria de montar um mecanismo para atendê-las e distribuir os recursos. O diretor da FGV-Social afirma que os R$ 250 para os informais seriam o mínimo para não aumentar o atual contingente de 23,2 milhões de pessoas no Brasil que vivem na pobreza. “Seria pagar para as pessoas ficarem em casa”, diz Neri. Para o economista Naercio Menezes, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, aumentar o valor do Bolsa Família seria mais eficiente, inclusive, para ajudar a conter os efeitos de uma "recessão brava” que se avizinha, na sua opinião. Como o titular já tem o cartão do programa, basta carregá-lo com um valor maior. “O Bolsa Família tem um efeito multiplicador muito forte para os municípios, sobretudo no comércio e serviços. Ele faz a economia girar e evita uma quebradeira geral”, diz Menezes. Segundo seus cálculos, para cada R$ 1 a mais per capita com o Bolsa Família, o PIB per capita do município onde o dinheiro é gasto aumenta R$ 4.
Menezes afirma que uma maneira eficiente de se chegar aos mais atingidos seria abrir a fila e ir atendendo os afetados via o Bolsa Família, que já tem estrutura centralizada pronta. Entre as medidas já anunciadas pelo governo, o economista e professor da PUC-Rio José Marcio Camargo avalia como grande acerto a antecipação das parcelas do 13o salário dos aposentados para abril e maio. “Muitas famílias dependem dessa renda”, diz Camargo. Uma de suas grandes preocupações são os pequenos comércios em todo o país, que tendem a ser “arrasados” pela crise. Uma alternativa à simples doação desses recursos seria oferecer empréstimos emergenciais, mas a organização disso supera a dificuldade já grande de encontrar as pessoas. Caminhos possíveis seriam sistemas como o Crediamigo, do Banco do Nordeste, que atende 2 milhões de conta própria. Para o ex-presidente do Sebrae Guilherme Afif Domingos, além de medidas emergenciais para pequenas e médias empresas, seria fundamental agora o Congresso aprovar a chamada PEC Emergencial, que possibilita a administradores públicos cortar em até 25% a jornada de trabalho e o rendimento de servidores. “Os governos precisam abrir rapidamente espaço em seus orçamentos”, diz.
*”Governo negocia com Congresso novas regras para benefício assistencial a idosos e deficientes”* - O governo negocia com o Congresso novas regras para o BPC, benefício assistencial pago a idosos carentes e deficientes de baixa renda. A disputa envolve a derrubada de um veto do presidente Jair Bolsonaro em sessão do Congresso na semana passada, aumentando o limite de renda familiar para ter direito ao benefício. Por maioria, a Câmara e o Senado decidiram que o BPC deveria ser pago a famílias com renda de até meio salário mínimo (R$ 522,50) por integrante. Antes, o teto era de um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 261,25 por membro da família, em valores atuais. Diante do alto impacto fiscal da derrubada do veto (mais de R$ 20 bilhões por ano), o governo busca um acordo com parlamentares. O Ministério da Economia defende que o critério seja um quarto do salário mínimo, mas, se a pessoa comprovar ser vulnerável, poderá receber o BPC mesmo com renda familiar per capita de meio salário mínimo “Queremos criar uma válvula de escapa para que a pessoa comprove a vulnerabilidade”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco. Essas regras ainda estão em discussão.
Hoje o governo sofre derrotas na Justiça, sendo obrigado a conceder o BPC mesmo para famílias com renda acima de um quarto do salário mínimo. O objetivo é evitar a judicialização após a aprovação de um projeto de lei com critérios claros de miserabilidade. Nas negociações, o governo aceita ceder na possibilidade de acúmulo do BPC na renda famílias com outros benefícios, inclusive com aposentadoria de cônjuge. Atualmente, um casal de idosos carentes, por exemplo, não pode acumular duas rendas pelo BPC. Após a derrubada do veto, o governo recorreu ao TCU (Tribunal de Contas da União) que, em medida liminar, chegou a suspender a aplicação da ampliação dos beneficiários, com a elevação do teto de renda para meio salário mínimo. Nesta quarta, o plenário do TCU mudou a decisão liminar, abrindo caminho para a ampliação do BPC. Agora, o Ministério da Economia tem dez dias para colocar em prática os critérios mais abrangentes de concessão do benefício. Por isso, o governo quer aprovar logo no Congresso um projeto em acordo com parlamentares para suavizar os impactos da derrubada do veto. A ideia é inclusive acrescentar essas mudanças no BPC como medidas de estímulo à economia diante da crise do coronavírus.
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*”Por coronavírus, montadoras dão férias coletivas e já demitem no Brasil”* - Estava tudo tranquilo até a semana passada, tranquilo até demais. A frase dita por um executivo do setor automotivo mostra que ainda havia esperança de que a pandemia do novo coronavírus poupasse o setor de maiores prejuízos. Mas isso não vai acontecer. A produção começa a ser interrompida: as montadoras seguem critérios globais e dão férias coletivas. Funcionários da General Motors ficarão em casa entre os dias 30 de março e 12 de abril. Em nota, a GM afirma que o objetivo é ajustar a produção à demanda atual do mercado. A paralisação é válida para todas as cinco fábricas da montadora no país. A unidade de Gravataí (RS) produz o Chevrolet Onix, carro mais vendido do Brasil. Segundo o Sinmgra (Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí), as férias coletivas devem atingir cerca de 5 mil trabalhadores, já que alcança também os sistemistas —empregados de fornecedores que operam dentro do complexo automotivo da GM.
O Brasil é o segundo maior mercado global da empresa, com 475 mil carros emplacados em 2019, atrás apenas dos Estados Unidos. “A companhia está dando férias para ajuste da produção, mas a gente sabe o que vem passando. O pessoal está preocupado, mais pela questão do coronavírus, que a empresa não citou. Se isso [pandemia] não cessar, quebra o país. Eles não falam em demissão, mas já sabemos como foi em outros momentos de crise”, disse Valcir Ascari, diretor administrativo do Sinmgra. A Mercedes-Benz estará em férias coletivas entre os dias 30 de março e 19 de abril, além de utilizar o banco de horas para dar folgas aos operários. O retorno está previsto para 22 de abril, mas a volta irá depender da situação do país, segundo a fabricante alemã. A empresa produz caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e automóveis em Iracemápolis (interior de SP). Outras montadoras devem anunciar ainda nesta semana seus períodos de parada. A situação é avaliada pelas diretorias no fim de cada dia.
Houve também demissões. A Caoa Chery desligou cerca de 50 trabalhadores da planta de Jacareí (interior de São Paulo). Em nota, a montadora diz que “a situação econômica do Brasil neste início de ano, agravada pela recente disparada do dólar, gerou uma grande e inesperada queda nas vendas do setor.” “Esta medida tem por objetivo reequilibrar a operação da empresa no país e resistir ao cenário econômico atual e previsto para os próximos meses”, afirma a empresa. De acordo com a Anfavea (associação das montadoras instaladas no Brasil), negociações sobre flexibilização de jornada, paralisação de produção e relação com sindicatos têm sido feitas diretamente pelas empresas. Há 67 fábricas em 10 estados, que empregam cerca de 125 mil trabalhadores. A crise causada pelo coronavírus chega quando marcas lançam novos carros nacionais de grande volume. Entre os modelos mais recentes estão o Renault Duster 2021, feito em São José dos Pinhais, e a segunda geração do Chevrolet Tracker, que deixou de vir importado do México para ser montado em São Caetano do Sul (Grande São Paulo). A pandemia reverte as expectativas de fabricantes que planejavam fechar 2020 no azul após anos seguidos de prejuízos. Investimentos feitos pelas montadoras a partir de 2012, que ultrapassam R$ 60 bilhões, ainda não foram recuperados.
Após um primeiro bimestre de números abaixo do esperado, as vendas de março iam bem. O acumulado até terça (17) beirava a 123 mil emplacamentos, com média diária superior a 10 mil unidades. A indústria acreditava em um crescimento perto de 10% no mês em relação a fevereiro. Embora se espere uma queda acentuada nas próximas semanas, a Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos) vai esperar o resultado de abril para rever suas previsões para 2020. O problema maior será a fuga de clientes. De acordo com a entidade, os estoques disponíveis hoje cobrem um período de 45 a 60 dias de vendas, o que permitiria manter as entregas no próximo mês mesmo que as fábricas prolongassem seus períodos de paralisação.
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