América Latina, entre certificados de vacina e a recusa das restrições pela ômicron |
Alguns países da região apostam em ações que incentivem a população a se imunizar enquanto os presidentes do México e do Brasil querem evitar medidas que, segundo argumentam, restringem a liberdade |
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A ameaça da ômicron já é uma realidade na América. Na semana em que foi confirmada a presença da nova e preocupante variante do coronavírus na região (já há casos comprovados em Brasil, Canadá e Estados Unidos), ao mesmo tempo que países europeus consideram impor a obrigatoriedade da vacina e o Governo de Joe Biden aposta em multiplicar os esforços de imunização, a América Latina analisa a melhor forma de continuar combatendo o vírus. Alguns países latino-americanos apostam em medidas que estimulem a população a se imunizar, como passaportes vacinais e passes de mobilidade necessários para o acesso a determinados locais fechados ou eventos em massa. Outros, como o México, continuam descartando a possibilidade de medidas drásticas, como restrições a viagens ou toques de recolher, e há o Brasil, em que Estados e órgãos oficiais tentam pôr ordem nas medidas, diante da abordagem negligente de Jair Bolsonaro. Os jornalistas Elías Camhaji, Inés Santaeulalia, Felipe Betim e Federico Rivas Molina explicam como a região está reagindo à nova variante. A boa notícia, vinda de cientistas da África do Sul, é que as vacinas atuais conseguem evitar os casos mais graves da variante ômicron do coronavírus, relata Carla Fibla. No cenário mais improvável, um tesouro. Entre sacolas plásticas, caixas de papelão e lixo revirado, o menino abre a boca em um sorriso que também é um grito de surpresa e segura entre as mãos um objeto que, aos seus olhos, é quase precioso, apesar de não passar de uma árvore de Natal de 30 centímetros, retorcida, com luzes quebradas e enfeites faltantes. Gabriel, maranhense de 12 anos, não sabia, mas aquele instante de alegria fugaz no lixão em Pinheiro (MA), capturado pelo fotógrafo João Paulo Guimarães, passaria a ser o retrato triste do Brasil em que 20 milhões de pessoas passam fome, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), e, como ele, recorrem ao lixo para sobreviver. Sua foto é também a mais recente de uma sequência de imagens que compõem o álbum do Brasil degradado, famélico, cada vez mais desigual, onde além dos 20 milhões que já passam fome hoje, 24,5 milhões não sabem se vão comer amanhã, escreve Joana Oliveira. A vulcanologia ainda está engatinhando no campo das previsões e está em pleno processo de dar um salto adiante no mundo inteiro. Um avanço necessário, já que mais de 800 milhões de pessoas vivem perto de vulcões ativos, escreve Javier Salas. Um artigo de opinião publicado na última edição da revista Science se pergunta se é possível se antecipar a esses desastres, tendo o vulcão de Cumbre Vieja como protagonista. Mas a erupção do vulcão das Canárias é um ponto de inflexão: em certo sentido, a ciência se antecipou. Aconselhadas pelos especialistas, as autoridades já haviam começado a evacuar as pessoas com mobilidade reduzida na manhã do domingo, 19 de setembro, horas antes de um dique de magma romper a crosta do vulcão Cumbre Vieja. Nos municípios de La Palma (Espanha), que agora são conhecidos porque a lava os destruiu, havia dias em que as autoridades recebiam palestras informativas sobre vulcões e planos de emergência. Aconteceu mais ou menos o que se esperava e mais ou menos onde se esperava, embora a maioria dos especialistas reconheça que, quando os terremotos começaram, eles pensaram que a lava demoraria muito mais tempo para surgir. No início de 2021, ninguém podia prever essa erupção para outubro. E agora, em dezembro, ainda não se sabe quanto ela durará. A espanhola Inma Martínez, de 57 anos, é uma das visionárias mais reconhecidas em inteligência artificial e transformação digital do mundo. “Eu não tenho Alexa. E eu desligo o microfone dos meus celulares e de tudo mais ao redor, às vezes por um dia e meio, para dificultar as coisas para eles [os algoritmos]”, explica em entrevista a Manuel Jabois. Quando jovem, descobriu que a Bolsa de Valores de São Paulo era influenciada pelos jogos de futebol. "Descobri, investigando, que os corretores, se seu time de futebol tivesse vencido na véspera, chegavam eufóricos e vendiam tudo, e à tarde compravam novamente. Tudo estava relacionado ao futebol”, conta ela, que é tida por várias publicações, como a revista Time, como um talento europeu para o engajamento social por meio da tecnologia. Mas ela pondera que nem tudo é rastreável, como o amor: “Cada pessoa entende o amor à sua maneira. É impossível homogeneizar”. E completa: “O amor é química. Esses algoritmos começam a falhar quanto mais abstrata, mais complicada e complexa a pessoa é”. |
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