sábado, 4 de dezembro de 2021

Resenha: o livro do Moro

 

 



 






Briga de gangues 


Moro não tem problemas éticos, desde que seus interesses estejam contemplados 

OK, não é uma resenha. Eu não gastaria o sábado de vocês com isso. Vocês sabem que Sérgio Moro lançou um livro, não sabem? Vou apenas ressaltar a parte mais importante logo abaixo, mas, antes, em suma: a obra é uma peça de defesa do ex-juiz. Em suas mal escritas páginas – sem pegação no pé, é de uma pobreza atroz mesmo – o ex-aliado e ministro de Jair Bolsonaro justifica todos os seus atos que levaram o bolsonarismo ao poder, do levantamento de sigilo da delação vazia de Antônio Palocci nas barbas da eleição (alimento ao anti-petismo) aos chats publicados nas 109 reportagens da Vaza Jato.
 
Dois exemplos e depois vou ao que realmente importa. Moro tem um problema sério com a lógica. Diz que o episódio Palocci não interferiu na eleição porque “não foi no segundo turno” (?) e argumenta que as “supostas conversas” publicadas pelo Intercept estavam “fora de contexto”.
 
Ora, mas se são “supostas” conversas, ou seja, se ele questiona a autenticidade dos diálogos, então não seria necessário falar em contexto, certo? Se contam uma mentira sobre você o contexto é irrelevante. Mentira é mentira, independe de observações colaterais. Mas eu, vocês e Sérgio sabemos que não há suposições no que ele escreveu no Telegram. Tanto que ele próprio pediu “escusas” por chamar os tontos do MBL, no Telegram, em confidência a Deltan Dallagnol, de tontos. Alguém aqui já pediu desculpas por algo que não disse? Moro não se dá mesmo bem com a dialética. Como ex-juiz, deveria saber que tem horas que o melhor é ficar calado.
 
Mas há uma confissão detalhada importante nas tortas páginas morísticas. Ela deveria produzir uma manchete importante na imprensa brasileira. Eis:
 

"Moro concordou com troca do comando da PF proposta por Bolsonaro, desde que ele indicasse o novo diretor".

 
Alguém viu essa manchete por ai? Sergio Moro confessou isso em seu livro. Parece notícia? Sim, porque é notícia. E não: essa manchete não foi escrita por nenhum grande meio de comunicação do país. 
 
​​Vamos fazer uma análise bastante objetiva deste trecho do livro. Porque a troca do comando da PF pelo Bolsonaro parou a imprensa na época. É notícia, certo? Claro que sim. O motivo do presidente era claro: proteger Flavio. Moro, em livro, diz textualmente isso aqui:

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