segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Militares vão prestar continência a Lula ou a qualquer outro, diz comandante da FAB



Baptista Junior nega à Folha ser o chefe militar mais bolsonarista e fala sobre CPI, Covid e Embraer

Igor Gielow | Folha

 

Questionado se irá prestar continência caso o hoje favorito nas pesquisas eleitorais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou outro candidato tome o lugar de Jair Bolsonaro (PL) em 2023, Carlos de Almeida Baptista Junior é direto.

"Lógico. Nós prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre", disse.

Se a resposta parece óbvia, os três anos de governo do capitão reformado do Exército em que os militares voltaram aos holofotes da política a fazem necessária neste 2022.

Não foram poucos, nesse período, que viram com temor a proximidade das Forças Armadas das ideias autoritárias e golpistas do presidente.

E Baptista não é um militar qualquer. É, desde a crise que derrubou a cúpula da Defesa em abril, o comandante da FAB (Força Aérea Brasileira).

Mais que isso, o tenente-brigadeiro-do-ar sempre é citado nos meios militares como o mais bolsonarista dos três chefes que ascenderam na ocasião. Ele dá de ombros.

"Não sei de onde saiu isso. Esse clichê me foi colocado uma hora depois da minha indicação", disse à Folha em entrevista no seu gabinete, na quinta-feira passada (27).

Depois ele sugere a origem: sua atuação nas redes sociais, onde interage com postagens da órbita bolsonarista. "Como comandante da FAB, sempre ratifiquei a posição apartidária da Força. Uma coisa é falar de política, outra é de política partidária", diz.

Em julho passado, Baptista Junior gerou polêmica ao reforçar a crítica feita por Walter Braga Netto (Defesa) à CPI da Covid. Citando militares investigados no Ministério da Saúde, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), falou em "lado podre" das Forças.

O brigadeiro, que havia coassinado a nota de Braga Netto com os outros dois comandantes, concedeu entrevista ao jornal O Globo dizendo que "homem armado não faz ameaça". O comandante diz que estava certo.

Sua fala sobre a eleição vem na sequência de um movimento em que Exército e Marinha sinalizaram descolamento de Bolsonaro, como a Folha mostrou recentemente. É uma sinalização institucional a Lula, presidenciável ao qual os militares são mais refratários, e a outros candidatos.

Questionado sobre o fato de que a FAB permite que militares não vacinados contra Covid-19 trabalhem, desde que assinem termos, ele diz os protocolos de saúde são rígidos. Até dezembro, 93% dos 66 mil militares da Força haviam tomado ao menos uma dose, e 65%, as duas.

O comandante também falou sobre a carta na qual anunciou o corte de parte da encomenda da aviões de transporte KC-390 da Embraer, primeira rusga pública da Força com a empresa que foi dela de 1969 a 1994. "A partir de hoje, eu sou o cliente", afirma.

Na troca dos comandos, o sr. foi apontado como o mais bolsonarista dos novos chefes. Depois, houve o episódio da CPI da Covid. Como o sr. vê essa avaliação? 

Acho que isso veio da indicação [do presidente]. Não demorou uma hora, e um site de política me chamou de o mais bolsonarista dos novos comandantes. Não sei de onde saiu isso. Como comandante da FAB, sempre ratifiquei a posição apartidária da Força. Uma coisa é falar de política, outra é de política partidária.

Esse carimbo, esse clichê, me foi colocado uma hora depois da minha indicação. Possivelmente porque eu era o único que utilizava, e ainda utilizo, as mídias sociais, com todos os riscos disso, porque acho que é ferramenta importante. O comandante da FAB é uma figura parcialmente política, e não estou falando de política partidária, estou falando da melhor definição de política, de interlocução com autoridades do governo, em prol da missão da Força Aérea.

Foi um episódio traumático? 

Foi uma troca de comandantes, que são cargos de livre provimento do presidente, e não vou entrar nessa avaliação, pois não cabe a mim avaliar os atos do presidente. Mas logo depois o voo de cruzeiro voltou à Força Aérea. Eu tenho 46 anos de FAB. Ela está dentro de seu papel constitucional. Ou seja, não há tendências político-partidárias na FAB, aliás, como as Forças fazem desde 1985. Foi sim uma troca inesperada, mas o voo de cruzeiro está voltando, estamos focando os projetos estratégicos.

E a questão da nota contra a CPI? 

Cada um de nós que entra nas Forças Armadas faz um juramento, que é a defesa da pátria, e no finalzinho diz "cuja a honra, integridade e instituições defenderei com o sacrifício da própria vida". Aquela nota ocorreu porque a CPI é uma ferramenta da democracia, mas as instituições são o que garante a democracia. A instituição militar, judiciária, a imprensa. Cada um de nós tem uma responsabilidade muito grande.

Aquela nota foi apenas para que a gente firmasse a posição de que um, nós não somos lenientes com erro. Se houver algum militar errando, existe o Poder Judiciário, mecanismos de controle. Mas isso não pode transbordar para o todo. Quando alguém quer atacar a mídia, é muito ruim, se ele quer atacar um repórter que não tem a responsabilidade que deveria ter. Isso serve para militar. Acho que foi bem recebido, tanto que no relatório final da comissão não foi citada a instituição, mas os indivíduos.

Eu concedi a entrevista [ao jornal O Globo] no dia seguinte porque achei que ficou faltando a gente ratificar a nossa não leniência com desvios. Logicamente, repercutiram outras palavras.

A questão do homem armado não fazer ameaça. Isso serve para qualquer pessoa com arma. É nosso mote, que a arma não serve para ameaçar ninguém. Cumpriu o objetivo.

O ano passado foi todo de crispação política extrema, até o 7 de Setembro [quando Bolsonaro protagonizou atos golpistas]. Desde então, a situação refluiu um pouco, com a entrada do centrão no governo. O sr. acha que essa situação agora reduziu a exposição dos militares? 

Os militares estão expostos como no governo de Fernando Henrique Cardoso [PSDB, 1995-2002] estavam expostos os acadêmicos e no governo de Luiz Inácio Lula da Silva [PT, 2003-10], os sindicalistas. O presidente trouxe para o governo dele pessoas de sua confiança.

Essa exposição maior dos militares sob Bolsonaro leva também a uma incompreensão mútua, com a imprensa por exemplo. Mas a relação veio para ficar, não? O poder civil tem pouco interesse historicamente no militar? 

Eu acho que depende de atividades como essa conversa. O poder civil é muito pouco focado na atividade militar, e talvez dê muito pouca importância à instituição militar. Acho que isso tem a ver com longo período de paz do Brasil, graças a Deus, estamos aqui para evitar a guerra. Isso é dissuasão.

Isso é bom, mas não é bom quando não conseguimos discutir prioridades orçamentárias. Quando não conseguimos colocar a imagem de que somos um seguro de um país riquíssimo. Só se sai desse status atual com muito diálogo.

Sobre a participação das Forças no governo, a FAB, até por ser menor, tem uma participação menor. Isso é normal. Qualquer governo precisa buscar os melhores na sociedade para fazer a gestão, sejam eles civis ou militares, e aí falo de militares da reserva.

O sr. concorda que devam ser da reserva? 

A lei autoriza o uso de militares da ativa por até dois anos. Esse é um debate muito interessante, como a elegibilidade de militares, juízes, procuradores. Não devemos partir a casuísmos.

Como o sr. vê a tensão eleitoral em 2022 e a eventual mudança total de orientação do próximo governo? 

Eu receio que nossa sociedade esteja muito dividida, muito polarizada e radical. Isso é ruim para o futuro, estamos chegando a um nível de incapacidade de compreender uma visão diferente, e isso se reflete na disputa política. A FAB, e as Forças, tenho certeza, se manterão dentro de sua destinação constitucional. Não tomarão partido, a política não entrará nos nossos quartéis. Não há qualquer indução por parte do comando da FAB. Como cidadão, vejo com preocupação como estamos radicalizados, isso não é bom.

Objetivamente, vocês vão prestar continência se Lula ou qualquer outro for presidente? 

Lógico. Nós somos poder do Estado brasileiro. A continência é um símbolo. Quando a gente entra nas Forças Armadas, a gente aprende que ela visa a autoridade. Nós prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre.

Quando o sr. encontrou com o Gilmar Mendes para dizer isso [depois da crise da nota da CPI], algumas pessoas perguntaram: "Mas ele não é bolsonarista?". 

Não, eu sou comandante da Força Aérea, represento uma instituição.

O sr. acredita que há um dano às Forças pela associação com o governo Bolsonaro? 

As Forças sempre foram as instituições mais respeitadas. Não acho que haja dano como instituição, embora pense que haja uma utilização disso da parte contrária. Os exemplos que damos são as melhores ferramentas que temos, mesmo que a curto prazo isso não seja entendido. A sociedade sabe que pode continuar contando com suas Forças Armadas como instituições de Estado, apartidárias.

O sr. tem alguma percepção de politização na tropa?

Não, eu mantenho a tropa informada e damos o exemplo. Logicamente, sei que num ano eleitoral essa preocupação tem de ser enfatizada, pois somos feitos de cidadãos

O Exército mandou adiantar os exercícios militares até setembro para ter tropas à disposição em caso de confusão na eleição e depois. Haverá algo assim na FAB, isso se aplica? 

Não, qualquer participação nossa é mais de apoio logístico, o que já fazemos 24 horas por dia. Aqui falamos da questão dos meios.

Nós começamos a pandemia em 24 de fevereiro, a nossa primeira missão foi em 6 de março, fomos buscar os brasileiros em Wuhan. Chegar lá com os países todos fechados foi um trabalho importante. Desde 2013, o Brasil carece de um avião para essa missão. Hoje [quinta, 27] foi lançado o edital para a compra de dois aviões A330 para essa função.

Não há uma sinalização contraditória para a indústria nacional, já que foram reduzidas as compras do cargueiro KC-390 da Embraer? 

A FAB é feita de um arranjo muito bem pensado de meios, doutrina, infraestrutura, pessoal treinado. Quando vamos aos meios, existe um planejamento baseado em capacidades. O Brasil precisa de 28 KC-390 [encomenda inicial a ser reduzida]? Talvez até mais.

Mas temos de olhar nossa defesa como círculos concêntricos, no centro tem de ter 36 caças Gripen armados, não avião para o [desfile do] 7 de Setembro, depois helicópteros, transporte. O que estamos fazendo é que não dá para ter isso no contrato com nossa realidade orçamentária. Imagina comprar um carro 2021 para receber em 2040.

Mas sua carta aberta à Embraer foi algo inédito, os termos foram duros. 

Foram. Nesses 50 anos, fizemos opções. Não temos a opção de fazer a Embraer em vez de fazer a Força Aérea. Temos de fazer a Força Aérea, trazendo o spin-off de toda a indústria. Muitas vezes, a opção priorizou a Embraer, para desenvolvimento da indústria. Mas minha função aqui é fazer a Força Aérea. Isso não é algo de governo, viu?, é um processo.

O ministro Raul Jungmann [Defesa, 2017-18] falou isso quando assumiu: precisamos caminhar do possível para o necessário. O que é possível com o limite orçamentário que é dado. Se isso me deixa fazer um desembolso de prioridades e pagar R$ 1 bilhão por ano em KC-390, só posso pagar um avião e meio por ano. Comprar 28, só vamos receber daqui a 14 anos, não faz sentido para nós ou para a Embraer. Há processos de obsolescência a analisar.

Estamos próximos de finalizar a renegociação. Converso toda a semana com o CEO da Embraer. A Embraer e a FAB são indissociáveis. A lei autoriza a gente reduzir ou ampliar em 25% qualquer objeto contratual unilateralmente sem causar danos, prejuízo, ao contratado.

O sr. acha que houve uma inversão de papéis na relação da FAB com a Embraer depois da privatização de 1994? 

Este é o primeiro parágrafo da minha mensagem. A partir de hoje, eu sou o cliente.

Carlos de Almeida Baptista Junior, 61

Filho do comandante da FAB de 1999 a 2003, o brigadeiro é piloto especializado em aviação de caça, somando 2.200 das suas 4.000 horas de voo nesses modelos. Entrou na Força em 1975 e chegou ao topo da hierarquia em 2018. Assumiu o comando quando era responsável pela logística da corporação, após a crise militar que derrubou a cúpula da Defesa em abril de 2021.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/01/militares-vao-prestar-continencia-a-lula-ou-a-qualquer-outro-diz-comandante-da-fab.shtml

Deu na Imprensa - 31/01

 

A semana começa quente na política, com a Folha trazendo entrevista do comandante da Aeronáutica fazendo um claro aceno ao ex-presidente Lula: Militares obedecerão a Lula ou qualquer outro. É a manchete do jornal. Já o Estadão destaca o aumento da miséria: Crise joga famílias nas ruas e barracas se espalham por SP O Globo mostrando a nova realidade da classe média sob Bolsonaro: Custo de manter carro no Brasil dobra em sete anos. Já o Valor destaca a possibilidade de novos negócios: Projetos de portos privados devem atrair R$ 9,5 bilhões.

A entrevista de Batista Júnior, anunciando que os militares vão prestar continência a Lula ou a qualquer outro e em que nega ser o chefe militar mais bolsonarista, surpreende pela tentativa das Forças Armadas de se reposicionarem diante das eleições. Na entrevista, o comandante fala sobre a CPI, Covid e Embraer. O tenente-brigadeiro-do-ar sempre foi citado como o mais bolsonarista dos três chefes que ascenderam na ocasião, mas ele dá de ombros. “Não sei de onde saiu isso. Esse clichê me foi colocado uma hora depois da minha indicação”, disse. A íntegra da entrevista está ao final deste briefing.

Ainda na política, outro destaque na Folha é como o Planalto tratou de promover a blindagem de Bolsonaro às emendas parlamentares. O jornal avalia que o gesto consagra o domínio do centrão sobre Orçamento em ano eleitoral. “Vetos de Bolsonaro pouparam R$ 16,5 bilhões reservados para emendas de relator”, relata. O presidente vetou R$ 3,2 bilhões em despesas de custeio e investimentos de ministérios, atingindo verbas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de combate a incêndios florestais, entre outros.

 

LULA

Financial Times destaca na edição desta segunda-feira sobre a sucessão presidencial no Brasil. Brasileiros se perguntam qual Lula dará um passo à frente. “Veterano de esquerda deve concorrer novamente e busca-se pistas sobre suas prioridades”, relata. A reportagem é de Michael Pooler e Carolina Ingizza

Antes da eleição presidencial em que é o favorito para vencer pela terceira vez, Lula diz que uma maneira de resolver os problemas do Brasil é “colocar os pobres no orçamento” e “tributar os ricos”. “O homem conhecido como Lula deixou claro em comentários a repórteres neste mês que sua prioridade era combater a desigualdade em vez de se ater a uma regra que limita os gastos públicos”, resume.

Além dos slogans, estão surgindo pistas sobre o que o veterano esquerdista pode ter reservado para a maior economia da América Latina, que sob o governo de extrema-direita Jair Bolsonaro está nas garras da inflação de dois dígitos e enfrenta uma possível estagnação em 2022. “Ele e o PT lançaram planos para aumentar o investimento público, interromper as privatizações, fortalecer as leis trabalhistas e aumentar a renda. Tudo isso sustentado por um papel maior para o governo”, diz a reportagem.

Folha relata que Lula intensifica negociação com PSD diante de hesitação de Pacheco“Presidente do Senado deu sinais de que pode desistir de disputar o Planalto, e petistas veem brecha para aliança no primeiro turno”, resume o jornal. O PT decidiu fazer novas investidas pelo apoio do PSD ao ex-presidente Lula ainda no primeiro turno da campanha.  Integrantes do PT se mostram dispostos a abrir negociações que podem envolver o apoio do partido ao PSD em estados estratégicos (como Minas Gerais) e a reeleição de Pacheco na presidência do Senado — além da vaga de vice na chapa de Lula.

Painel da Folha noticia que aliados do ex-governador de São Paulo têm saído dos encontros com Geraldo Alckmin sem dúvidas de que ele será o vice de Lula. “Ainda que não explicite as intenções, ex-tucano só trata de temas nacionais e de articulações partidárias”, aponta a nota.

Em outra nota, a coluna diz que uma reunião marcada para esta segunda-feira pode selar um racha na base de Flávio Dino (PSB) no Maranhão, situação que é acompanhada com preocupação pelo ex-presidente Lula. Dino tem dito que apoiará o vice, Carlos Brandão (PSDB), como sucessor. Isso deve fazer com que o senador Weverton Rocha (PDT), que esperava o apoio do governador, deixe o grupo e lance candidatura própria. Na última semana, Lula recebeu Dino e Rocha em São Paulo.


DILMA

No GloboMalu Gaspar escreve que Dilma avisou a Lula que vai defender seu governo e não pretende se esconder na campanha. Escreve a colunista: “foi claro e direto o recado que Dilma passou a Lula e ao PT, na conversa que tiveram em São Paulo, no último dia 13: ainda que o partido possa querer escondê-la na campanha, a ex-presidente vai defender o próprio governo publicamente sempre que julgar necessário”.


ELEIÇÕES 2022

Folha informa que o contrato de Moro com consultoria Alvarez & Marsal dos Estados Unidos pode gerar questionamento da Receita Federal“Contratação de ex-juiz como pessoa jurídica no Brasil permitiu reduzir impostos”, reporta. Segundo o jornal, ao revelar detalhes de sua relação com a consultoria Alvarez & Marsal, Moro abriu o flanco para questionamentos da Receita sobre a maneira como seus rendimentos foram pagos nos meses em que trabalhou para os americanos, antes de entrar na corrida presidencial.

No TijolaçoFernando Brito aponta que contratantes de Sérgio Moro tinham 13 CNPJ para escolher. As duas empresas só se diferenciam na contabilidade, porque têm o mesmo endereço, funcionam na mesma sala e têm o mesmo “diretor-presidente”. “Está apenas começando, Dr. Moro e a matéria na Folha de domingo sobre as complicações fiscais de usar a ‘Alvarez e Marsal’ brasileira para receber pelos serviços prestados nos Estados Unidos é café pequeno ante o que virá. Aparecerá a trajetória de ‘coveiros de empresas’ da gente com a qual você se meteu”, revela.

Estadão destaca que o PSDB e João Doria fazem uma ofensiva para fechar federação partidária com o Cidadania. “Doria acena para terceira via e prevê eleições marcadas por ‘campanhas sujas’”. Em outra reportagem, o jornal diz que movimentos pró-impeachment de Dilma agora se dividem entre Bolsonaro e MoroEstadão ainda noticia que o aceno de Tasso Jereissati a Simone Tebet reacende clima de prévias no PSDB e impõe desafio ao governador paulista.

Já o Valor relata que a ministra Damares Alves está hesitando sobre concorrer ao Senado. Ela é cotada para concorrer ao parlamento por São Paulo ou pelo estado do Amapá e até mesmo ser vice na chapa de Bolsonaro, mas tem dito que gostaria de assumir a Funai. Damares foi convidada pelo próprio presidente a disputar as eleições este ano.


BRASIL NA GRINGA

Wall Street Journal publicou reportagem no sábado noticiando que cidades mineiras vivem com medo de outro colapso mortal da barragem“Mais de 460 famílias no sudeste do Brasil foram evacuadas de suas casas; a poluição do rio local afetou pescadores, agricultores e tribos indígenas; e os hotéis próximos estão em crise”, escreve a correspondente Samantha Pearson.

Reportagem especial no Financial Times aborda a batalha que o Brasil enfrenta contra o Covid, que inclui até mesmo os remédios charlatães“A desinformação sobre remédios, semeada por funcionários e alimentada pelas mídias sociais, teve consequências terríveis para a saúde pública no país”, diz o texto.

No Le Monde, reportagem mostra moradores das favelas cariocas preocupados com a implantação da polícia em seus becos: “Entram ilegalmente, quebram, roubam”. “O governador do Rio, que pretende ser reeleito nas eleições de outubro, ordenou que as forças de segurança investissem os bairros populares. Uma operação decidida sem consultar a população local, que já acusa os recém-chegados de abusos e atos de violência”, escreve a correspondente Anne Vigna.

Em sua edição dominical, o espanhol El País fala sobre a volta da fome sob Bolsonaro: o pesadelo de dormir sem jantar volta ao Brasil“A fome volta ao debate político enquanto 57 milhões de cidadãos estão desnutridos devido à crise, à pandemia e ao corte em programas sociais”, denuncia Naiara Galarraga Gortázar.

As fortes chuvas que desabaram sobre São Paulo ganham destaque na imprensa alemã. O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung noticia que inundações severas tiram muitas vidas“Após fortes chuvas no Brasil, enchentes e deslizamentos de terra no estado de São Paulo mataram dezenas de pessoas. O governador prometeu ajuda emergencial de cerca de US$ 2,79 milhões”. Houve pelo menos 18 mortos em deslizamentos de terra e inundações.


INTERNACIONAL

New York Times destaca em manchete que eleitores negacionistas estão fazendo campanha para supervisionar as próximas eleições, enquanto negam a última“Candidatos descaradamente partidários que insistem que Donald Trump venceu as eleições de 2020 estão transformando as corridas para o cargo de secretário de Estado, antes obscuro”, informa.

NYT também destaca na primeira página os conselheiros russos linha-dura que têm aconselhado o presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Três oficiais de segurança reacionários dedicados aos ‘valores tradicionais’ e à restauração da glória soviética terão destaque na decisão de invadir a Ucrânia”, aponta o jornal.

Washington Post coloca na manchete de primeira página que estados liderados por republicanos correm para aprovar leis antiaborto antes que a Suprema Corte decida sobre Roe“Legisladores em pelo menos 29 estados, antecipando um novo cenário legal, apresentaram medidas para restringir o aborto”, noticia.

WP ainda dá atenção especial ao ensino: a educação pública enfrenta uma crise de proporções épicas“Como a política e a pandemia colocam as escolas na linha de fogo”, reporta. “Os resultados caíram e a violência aumentou. Os pais estão gritando com os conselhos escolares e as crianças estão chorando nos sofás dos assistentes sociais. A raiva está aumentando. A paciência está caindo”.

“Para as escolas públicas, os números estão todos indo na direção errada. A inscrição está baixa. O absenteísmo está em alta. Não há professores, substitutos ou motoristas de ônibus suficientes. Cada fase da pandemia traz uma nova logística para gerenciar, e os republicanos estão planejando campanhas políticas este ano voltadas diretamente para as falhas das escolas públicas”, relata o Post. A educação pública está enfrentando uma crise diferente de tudo em décadas, e atinge quase tudo o que os educadores fazem.

Os principais jornais do mundo destacam a vitória dos socialistas em Portugal. O PS surpreende e obtém maioria absoluta, esmagando o Bloco e o Partido Comunista Português. Diário de Notícias destaca a crise de liderança no PSD e no CDS. Voto útil à esquerda concentra votos no PS, que conquista a segunda maioria absoluta da sua história. Bloquistas e comunistas são esmagados, mas os comunistas voltam a estar à frente do bloco em número de deputados: seis contra cinco.

Na manchete do Wall Street Journal o assunto é o acordo fechado pela a Elliott e Vista para comprar a Citrix Systems. A Elliott Management e a Vista Equity Partners estão perto de um acordo para pagar US$ 104 por ação, ou cerca de US$ 13 bilhões, pela empresa de software, segundo pessoas a par do assunto. 

Já o Financial Times coloca no centro de sua cobertura o alerta do maior fundo de riqueza do mundo: inflação 'permanente' afetará retornos“Ações e títulos sofrerão com o aumento acentuado das taxas se tornar uma característica duradoura da economia, diz chefe do fundo de petróleo norueguês”, noticia. Nicolai Tangen sugere alta demanda por bens e serviços, interrupções persistentes nas cadeias de suprimentos e preços mais altos em itens como alimentos, frete e energia atingirão títulos e ações “para o próximos anos”.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Militares obedecerão a Lula ou qualquer outro, diz líder da FAB

Estadão: Crise joga famílias nas ruas e barracas se espalham por SP

O Globo: Custo de manter carro no Brasil dobra em sete anos

Valor: Projetos de portos privados devem atrair R$ 9,5 bi

BBC Brasil: Sob novas regras, importação de armas de fogo bate recorde no Brasil

UOL: Vacina leva média de internação de covid em enfermaria de 9 para 3 dias

G1: Número de mortos por causa das chuvas no estado de SP sobe para 23

R7: Lesões por armas de fogo custam R$ 33 milhões ao sistema de saúde pública do Brasil em 2021

Luís Nassif: O desastre do mercado de trabalho em 9 anos

Tijolaço: Contratantes de Moro tinham 13 CNPJ para escolher

Brasil 247: Chefe da FAB faz aceno a Lula e diz que militares irão prestar continência ao ex-presidente, em caso de vitória

DCM: Forças Armadas acenam a Lula

Rede Brasil Atual: Chuvas do fim de semana em São Paulo deixam ao menos 19 mortos

Brasil de Fato: Agronegócio quer derrubar proibição do paraquate, agrotóxico que pode causar Parkinson e câncer

Ópera Mundi: Projeções apontam vitória do Partido Socialista em Portugal

Vi o Mundo: José Luís Fiori e William Nozaki: O fracasso e a incompetência dos militares

Fórum: Comandante da FAB diz que militares vão prestar continência a Lula se ele for eleito

Poder 360: Pfizer foi vacina mais usada em 6 meses

Congresso em Foco: Propostas de alterações na lei antiterrorismo aumentaram durante a pandemia

New York Times: Eleitores negacionistas buscam cargos do estado para certificar votos

Washington Post: Uma corrida para aprovar leis que restringem o aborto

WSJ: Citrix perto de fechar negócio

Financial Times: Maior fundo de riqueza do mundo alerta que inflação 'permanente' afetará retornos

The Guardian: Johnson tenta retomar o controle em meio a indignação do partido

The Times: Assaltantes ficam impunes com apenas 5% dos casos resolvidos

Le Monde: Que paisagem à esquerda, depois das primárias populares? 

Libération: Esquerda. E agora?

El País: O maior dos grandes

La Vanguardia: Os socialistas se reforçam em Portugal e alcançam a maioria absoluta

Clarín: Fundo insiste: Argentina assumiu o compromisso de baixar subsídios de energia

Página 12: Ausências

Granma: Apostaram que a Revolução cairia, mas erraram com o povo de Cuba

Diário de Notícias: Absoluta. Maioria de Costa esmaga blogo, PCP e abre crise no PSD

Público: A maioria da surpresa absoluta: 41,7%

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Adulto? Não, obrigado!

Süddeutsche Zeitung: Gerhard Schröder: administrador alemão do Kremlin 

Moskovskij Komsomolets: Putin perdeu a oportunidade de se encontrar com o presidente cazaque Tokayev em Pequim

The Moscow Times: Kremlin critica ameaça britânica "alarmante" de confiscar propriedade de oligarcas

Global Times: O discurso do Ano Novo Lunar chinês de Xi envia mensagem de confiança e bravura

Diário do Povo: Xi estende saudações do Festival da Primavera a todos os chineses

O Partido Socialista ganhou de forma contundente as eleições legislativas portuguesas

 

O presidente Jair Bolsonaro descumpriu a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, e não se apresentou sexta-feira para depoimento na Polícia Federal. A Advocacia-Geral da União garante que o presidente da República tinha o direito de não cumprir a ordem e pediu a Moraes que levasse a decisão ao plenário do STF. O ministro negou o pedido. Há um impasse criado. (G1)

Então… Se dependesse do ministro Augusto Heleno, conta Guilherme Amado, Bolsonaro deveria ter “explodido” o STF. O depoimento seria no âmbito do inquérito que investiga o presidente por ter vazado, em agosto de 2021, um documento supostamente sigiloso, sobre a investigação da PF que apura um ataque hacker ao TSE. (Metrópoles)




O ex-juiz Sergio Moro tornou público seu salário na consultoria Alvarez & Marsal — US$ 45 mil por mês, além de um bônus no ato da contratação de US$ 150 mil. A prática é comum no mercado de altos executivos. Ao todo, segundo a consultoria, o ex-ministro da Justiça recebeu brutos US$ 656 mil por doze meses de trabalho. É o equivalente aproximado a R$ 3,5 milhões. Deste total, 65% foi recebido no Brasil e, o restante, nos EUA. (Folha)

Pois é… O governador paulista João Doria (PSDB) defendeu em live que o grupo de candidatos que ele classificou como ‘centro democrático liberal-social’ lance um só candidato à sucessão de Jair Bolsonaro. Doria listou como parte do conjunto o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O tucano acredita que este afunilamento deverá ocorrer entre junho e julho. Ao menos por enquanto, dentre estes, é Moro quem está na frente das pesquisas. (Poder 360)




Apontado como ‘o mais bolsonarista’ entre os comandantes das Forças Armadas, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, chefe da FAB, rejeita o rótulo, que atribui a sua atuação em redes sociais. Em entrevista, ele criticou a divisão da sociedade, “muito polarizada e radical”, mas disse que a política não entrará nos quartéis e que a Aeronáutica prestará continência a Lula ou qualquer outro que seja eleito. “Nós somos poder do Estado brasileiro. Prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre.” (Folha)




O Partido Socialista ganhou de forma contundente as eleições legislativas portuguesas. Com a apuração concluída no país — faltavam apenas os parcos no exterior —, o PS conquistou 41,68% dos votos, o equivalente a 117 deputados, um além do necessário para a maioria absoluta do Parlamento. Se desejar, no sistema semipresidencialista luso, pode governar sem a necessidade de alianças. O premiê António Costa será reconduzido ao comando político do país. O Partido Social Democrata alcançou 27,8% dos votos e o Chega!, de extrema-direita, dobrou sua votação anterior e é a terceira força do país, com 7,15%. O quarto colocado, com 4,98% dos votos, é o também jovem Iniciativa Liberal, que saltou de uma para oito cadeiras. (RTP)

“António Costa, eu vou atrás de ti agora”, afirmou em seu discurso o jovem Bolsonaro português, André Ventura. “A direita não soube estar à altura das suas responsabilidades”, ele ainda se queixou. O Partido Social Democrata, lá, é de centro-direita, e durante a campanha se recusou a fazer qualquer tipo de concessão aos radicais de seu flanco. “Passaram o tempo a dizer que com o Chega não, e o resultado está à vista: Com o Chega sim.” (Expresso)




Enquanto Jair Bolsonaro fala de visitar a Rússia, o premiê britânico Boris Johnson, também com problemas internos de imagem, faz planos de aparecer na Ucrânia. O Senado americano, de sua parte, planeja aprovar a ‘mãe de todas as sanções’ contra Moscou. Tanto republicanos quanto democratas aprovam a ideia de trabalhar para “devastar a economia russa”, nas palavras do senador Bob Menendez, que preside o comitê de relações internacionais. As medidas se dariam em caso de invasão pela Rússia do país vizinho. A Ucrânia, aliás, que vinha se portando de maneira incrivelmente fria, mudou o tom no domingo. “Se as autoridades russas estiverem falando a verdade quando manifestam não desejar guerra”, afirmou o chanceler ucraniano, “deveriam retirar suas tropas de nossas fronteiras.” (Guardian)