Demorou, mas a paciência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes parece ter se esgotado. Num gesto inédito na História do país, ele determinou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) preste depoimento presencial hoje à Polícia Federal, às 14h. Bolsonaro é investigado por ter vazado em uma live, em agosto do ano passado, a íntegra de uma investigação sigilosa da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao STF. Em 29 de novembro, Moraes determinara que o presidente depusesse em 15 dias, mas, a pedido da AGU, estendeu o prazo para dois meses. Quando a AGU informou esta semana que Bolsonaro desistira de depor, Moraes decidiu intimá-lo. A situação não tem precedente. A recusa a cumprir uma decisão judicial é um crime de responsabilidade previsto explicitamente na Lei 1.079, o que ensejaria um processo de impeachment. Mas este, como todos os outros já apresentados, depende do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro. (Metrópoles)
Segundo o Painel, a AGU quer evitar o depoimento alegando que a informação vazou para a imprensa, causando constrangimento ao presidente. (Folha)
A ordem para depor acontece numa semana em que Bolsonaro é alvo de críticas em vários setores. Como conta a coluna de Míriam Leitão, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) orientou prefeitos a não concederem o reajuste de 33% ao professores, autorizado por Bolsonaro contrariando a equipe econômica e a AGU. A canetada é presidencial, mas conta de R$ 30 bilhões recairá sobre estados e municípios. (Globo)
Bolsonaro também foi criticado por ter aceitado o convite para uma visita oficial à Rússia, num momento em que o país vive uma escalada de tensões com a Otan por conta da Ucrânia. Para ele, o encontro com Vladimir Putin, que classifica como “conservador”, pode trazer “melhores relações comerciais”. (UOL)
Porém, a Rússia não integra a lista de dez maiores parceiros comerciais do Brasil, encabeçada pela China, que o presidente vem hostilizando ao longo do mandato. (g1)
Meio em vídeo. Quando a gente acha que Jair Bolsonaro já não é mais capaz de surpreender, ele vai e surpreende. Decidiu aceitar um convite para visitar a Rússia em fevereiro. Assim, coloca o Brasil no epicentro de uma crise mundial que tem, do outro lado, os Estados Unidos e a União Europeia. Há um limite para a irresponsabilidade? Confira no Ponto de Partida. (YouTube)
E, como se o país não tivesse assuntos mais sérios, veio a público que Bolsonaro anulou em dezembro pelo menos 25 decretos de luto oficial baixados em governos anteriores. Entre os “desomenageados” estão o antropólogo Darcy Ribeiro, Dom Hélder Câmara e até o ex-ministro Roberto Campos, avô do atual presidente do Banco Central. A anulação não tem qualquer resultado prático, já que o objeto do decreto se encerra com o fim do período de luto. (Folha)
A primeira federação partidária está em vias de sair do papel. A Executiva Nacional do PSDB aprovou ontem, por unanimidade, o início das negociações para se federar com o Cidadania, que há anos já atuava em alinhamento com os tucanos. Se aprovada, a federação deve livrar o Cidadania da Cláusula de Desempenho, mas o manterá atrelado ao PSDB como se fossem uma única legenda em todos os níveis por quatro anos. (Poder360)
Se o primeiro turno da eleição de outubro acontecesse hoje, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Bolsonaro (PL) chegariam na frente, com 44% e 24%, respectivamente, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Ipespe. Bem distantes aparecem Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT), empatados com 8%; João Doria (PSDB), com 2%; e Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Alessandro Vieira (Cidadania), todos com 1%. Nas simulações de segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 54% a 30%, Moro por 50% a 31%, Ciro por 51% a 25% e Doria por 52% a 19%. (UOL)
Bruno Boghossian: “A solidez do bolsonarismo é um obstáculo para a terceira via. No quadro atual, esses candidatos precisam superar a marca dos vinte e poucos por cento para ir ao segundo turno. Até aqui, nenhum deles alcançou dois dígitos. Outro caminho seria tirar votos do presidente, mas seus eleitores ainda não mostram vontade de ir a lugar nenhum.” (Folha)
Ao mesmo tempo em que avalia a suspensão do Telegram no Brasil durante as eleições, o TSE quer aprimorar a ferramenta feita em parceria com o Whatsapp para denunciar disparos em massa. Se esse envio de mensagens, visto como crime eleitoral, for associado a um candidato, ele pode ter o registro cassado. (Estadão)
Enquanto isso... Falando a apoiadores, Jair Bolsonaro classificou como “covardia” a possibilidade de bloqueio do Telegram e disse que o governo está “tratando do assunto”, sem entrar em detalhes. O aplicativo russo não tem representação no Brasil nem atende às notificações da Justiça. Com grupos de mais 200 mil pessoas e livre das restrições à fake news e disparos em massa, tornou-se porto seguro para extremistas de todo o mundo, incluindo bolsonaristas. (UOL)
Até então calado sobre a crise na Ucrânia, o governo chinês disse ontem aos Estados Unidos que as preocupações de segurança da Rússia “devem ser levadas a sério e resolvidas”. Moscou mobilizou pelo menos cem mil soldados e armamento pesado na fronteira com províncias ucranianas controladas por separatistas de origem russa. Vladimir Putin quer o fim da aproximação entre a OTAN, a organização militar do Ocidente, com a Ucrânia, o que já foi rejeitado por Washington. (g1)
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