terça-feira, 18 de maio de 2021

Deu na Imprensa - 18/05/2021

 

Enquanto os olhos do mundo se voltam para o desdobramento do massacre de palestinos na Faixa de Gaza – manchetes de jornais influentes nos EUA, Europa e Ásia – a mídia brasileira mantém assuntos domésticos nas manchetes principais. Folha destaca na capa o resultado de nova rodada de pesquisa mostrando que o isolamento de brasileiros atinge nível mais baixo da pandemia. Datafolha informa que três em cada dez brasileiros adultos (30%) estão totalmente isolados ou saem de casa somente quando inevitável. Esse percentual foi de 72% em abril de 2020, e 49%, em março deste ano.

Já o Estadão se volta à pressão direta em favor da reforma administrativa ao destacar que o Brasil é um dos países que mais gastam com funcionalismo público no mundo. Já o Globo traz um alerta: Estudo prevê risco de 3ª onda de Covid no inverno, com mais de 750 mil mortos até setembro. E o Valor ressalta assunto da economia: Briga por receita cria impasse à privatização da Eletrobras. Segundo o jornal, o relator Elmar Nascimento retirou recursos da Eletrobras em nova versão de parecer. A transferência de recebíveis para nova estatal provocou "mal estar" com governo e investidores.

Estadão faz uma revelação surpreendente: o atual ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, participou diretamente da articulação e criação do orçamento secreto para favorecer políticos aliados do governo, o chamado "tratoraço". Braço direito de Bolsonaro, Ramos era chefe da Secretaria de Governo quando reformulou a proposta antes barrada pelo presidente para criar emenda de relator-geral usada pela equipe para distribuir R$ 3 bilhões e conquistar o controle do Congresso. Eliane Cantanhede comenta: "Tratoraço, ou orçamento secreto, serve para o quê? Comprar votos, como o mensalão", resume. 

Na política, a cobertura está centrada no depoimento hoje do ex-chanceler Ernesto Araújo na CPI da Covid. A Folha informa que a CPI quer usar depoimento de Ernesto para mirar Eduardo Bolsonaro e o assessor da Presidência, Felipe Martins. O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou requerimentos pedindo a convocação de Carlos Bolsonaro e Filipe Martins. Os integrantes da CPI vão questionar Araújo sobre os danos provocados na relação entre Brasil e China com as declarações do deputado, que é filho do presidente. 

Lauro Jardim informa no Globo que Carlos Wizard será convocado à CPI da Covid para esclarecer aos senadores dúvidas sobre o "Ministério da Saúde paralelo", supostamente organizado por ele. Em entrevista à TV Brasil, em 2 de julho passado, ao lado da médica Nise Yamaguchi, Wizard disse que organizou um grupo de médicos em um conselho científico independente que compartilhava com o tratamento precoce com a população.

O Globo noticia que o governo prepara uma contraofensiva na comissão. Técnicos da Casa Civil se reuniram nesta segunda-feira com assessores de senadores aliados para os instruírem sobre os próximos depoimentos. Parlamentares governistas revelaram a estratégia de buscar novamente a Justiça para questionar Renan Calheiros (MDB-AL) como relator e as redes bolsonaristas foram acionadas — inclusive com uso de robôs — para pressionar o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a pautar requerimentos visando à atuação de governadores.

Folha lembra que Bolsonaro, que hoje vê aliados irem ao STF para ficarem em silêncio na CPI da Covid, já defendeu tortura para um depoente que invocou o direito em uma comissão parlamentar de inquérito negativa para FHC. "Dá porrada no Chico Lopes. Eu até sou favorável que a CPI, no caso do Chico Lopes, tivesse pau de arara lá. Ele merecia isso: pau de arara. Funciona! Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também", disse Bolsonaro em 1999.

Folha noticia que Bolsonaro passou por cima de ao menos quatro notas técnicas do Ministério da Saúde ao fazer a defesa da vitamina D para tratar pacientes e prevenir da Covid-19. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença. Em 8 de abril do ano passado, o Ministério da Economia publicou medida no Diário Oficial zerando impostos para o medicamento "tendo por objetivo facilitar o combate à pandemia do coronavírus". No mesmo dia, a pasta da Saúde publicou uma nota técnica dizendo o contrário.

Outra reportagem da Folha revela que o Ministério da Economia teve reuniões entre junho e agosto de 2020 com executivos de Pfizer e AstraZeneca para conversar sobre as vacinas contra a Covid-19. As informações estão em documentos da Economia enviados à CPI que dão detalhes sobre como membros do governo agiram no processo de compra das vacinas – consideradas cruciais pela própria equipe econômica para a recuperação da atividade do país.

Em conversa com apoiadores ontem de manhã, Bolsonaro chamou de "idiotas" as pessoas que ficam em casa ao obedecer medidas restritivas para evitar a disseminação do coronavírus. Ele enalteceu o agronegócio e disse que o homem do campo não parou durante a pandemia e, assim, garantiu alimentos para quem deixou de sair às ruas.

No Valor, reportagem mostra que o Brasil é o 10º em mortes por covid. O país teve a 10ª maior mortalidade entre 179 países monitorados pela OMS, segundo estudo do Ipea. A situação brasileira na pandemia foi ainda pior do que se tem notícia na comparação com outras nações em 2020. 

ELEIÇÕES 2022

No Valor, reportagem mostra o presidente do PDT, Carlos Lupi, apontando que o inimigo nº 1 a ser derrotado é Bolsonaro, e não Lula, contrariando o discurso de Ciro. O jornal informa ainda que o PT avalia que Ciro reproduz discurso dos aliados de Bolsonaro. Lupi diverge da estratégia de Ciro. Em entrevista, Ciro atacou o ex-presidente e tentou se mostrar como o candidato anti-Lula em 2022. "Continuo achando que o cenário da disputa presidencial será entre Ciro e Lula no segundo turno. Mas, antes, temos que vencer o inimigo da nação, que é o presidente Bolsonaro", diz Lupi. 

Folha noticia que Ciro Gomes muda programa, busca direita e promete ser 'menos professor e mais pregador'. Ex-ministro prepara quarta campanha presidencial com metamorfose no discurso e nas prioridades. "As guinadas ao longo dos anos foram muitas, mas nada que se compare à atual metamorfose do ex-ministro e ex-governador do Ceará para preparar sua quarta –e, para muitos aliados, última— tentativa de ser presidente, no ano que vem", diz o jornal.

Ainda sobre sucessão, o jornal destaca o jogo duplo do PP. Aliado de Bolsonaro, o partido amplia espaço em governos de esquerda no Nordeste. A legenda de Artur Lira e Ciro Nogueira apoia governos de PT, PSB e PC do B em quatro estados nordestinos. O jornal lembra que o PP é um dos mais fiéis aliados do presidente no Congresso. "Com um pé em cada canoa, o PP é aliado de partidos de esquerda em quatro estado nordestinos e caminha para participar de palanques locais que devem apoiar o ex-presidente Lula (PT) na corrida presidencial em 2022", informa.

No GloboMerval Pereira fala das dificuldades de Bolsonaro para conseguir uma legenda para disputar as eleições presidenciais"A desorganização de seu grupo político ficou demonstrada na tentativa de criar uma legenda própria, a Aliança pelo Brasil, que acabou abandonado antes de nascer por impossibilidade de conseguir as assinaturas necessárias", observa. "Em busca de um partido para disputar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro, que já foi de nove partidos diferentes, não consegue encontrar sua décima legenda".

LAVA JATO

Em depoimento à Justiça Federal do Distrito Federal o ex-juiz Sergio Moro afirmou que as mensagens hackeadas dos integrantes da Lava Jato foram usadas "de maneira sensacionalista" para anular condenações de corrupção. Ele não mencionou casos concretos, mas ministros do STF fizeram referências a elas em julgamento que concluiu pela parcialidade do ex-juiz no processo envolvendo Lula. O ex-juiz foi ouvido na condição de testemunha na ação penal da Operação Spoofing, que investigou e prendeu os responsáveis pela invasão hacker a aparelhos de agentes públicos, incluindo procuradores da força-tarefa de Curitiba.

REFORMA ADMINISTRATIVA

Jornais destacam que a oposição conseguiu adiar a votação do parecer a favor da admissibilidade da reforma administrativa ao pedir vista do relatório. O relator da PEC, deputado Darci de Matos (PSD-SC), conseguiu ler o parecer pela admissibilidade do texto, enviado à comissão em 8 de fevereiro. Com o pedido de vista da oposição, abre-se um período de duas sessões de plenário para que o tema retorne à CCJ. A expectativa é que o texto seja votado na quinta-feira, 20, na comissão. A minoria e o PSB vão apresentar voto em separado contra a constitucionalidade da PEC.

CENSO

Valor informa que programas de saúde e educação, e até a definição dos valores corretos para repasse aos fundos de participação de Estados e municípios, ficam comprometidos sem dados demográficos, inviabilizados pela suspensão do Censo previsto para este ano. Gestão pública fica no escuro sem o Censo – resume o jornal. O Brasil foi o primeiro país do mundo a realizar em 2010 um Censo Demográfico de forma digital e tornou-se agora uma das seis nações a não ter data definida para a pesquisa – realizada nos anos próximos ao fechamento de cada década.

ARAS

Folha noticia que o procurador-geral da República Augusto Aras trabalha por recondução na PGR. Ele reforça linha de não confrontar o presidente Jair Bolsonaro e parece ter desistido do Supremo. O jornal lembra que restam quatro meses de mandato a Aras na PGR.

INTERNACIONAL

Os ataques violentos de Israel em Gaza continuam, com os Estados Unidos em posição isolada na comunidade internacional, mas impondo bloqueio na ONU. A explosão de violência na região é manchete do New York TimesWashington Post e Le Monde – que resume a crise na capa: Gaza sob fogo, Biden sob pressão, UE sem palavras. O jornal questiona: "A intenção é brutalizar a população civil?", trazendo Hagai El-Ad, diretor executivo da ONG Betselem, denunciando os crimes de guerra cometidos por Israel.

O chinês Global Times aponta a responsabilidade do governo dos Estados Unidos pela escalada de violência no Oriente Médio: Do apoio total de Trump a Israel à nenhuma ação concreta de Biden, os EUA têm 'responsabilidade inegável' pelo conflito de hoje. A manchete principal do jornal chinês é crítica: "Quando uma menina palestina chorou nas ruínas de sua casa bombardeada, perguntando 'por que merecemos isso? O que fizemos para isso? Eles simplesmente não gostam de nós porque somos muçulmanos', os EUA continuaram a obstruir o Conselho de Segurança da ONU a emitir uma declaração sobre o conflito Israel-Palestina, ignorando os direitos humanos dos civis na Palestina e o apelo da comunidade internacional por um cessar-fogo".

New York Times destaca em manchete que o presidente Joe Biden apóia o cessar-fogo entre Israel e Gaza, e o combate se enfurece na segunda semana"A linguagem de Biden foi cuidadosamente formulada, refletindo a reticência contínua em criticar Israel, apesar da crescente condenação internacional", sublinha o jornal. Democratas estão cada vez mais céticos em relação a Israel e pressionam Biden"Entre os democratas no Congresso, as atitudes em relação a Israel têm se tornado mais críticas à medida que a base do partido expressa preocupação com os direitos humanos dos palestinos", informa o NYT.

O americano Washington Post também dá destaque ao conflito na manchete e informa que Israel e Hamas continuam a luta na segunda semana, enquanto os crescentes ataques aéreos aumentaram o número de mortos em Gaza para mais de 200. Diplomatas apontam que os ataques prejudicam os esforços internacionais para garantir um cessar-fogo. "As esperanças de progresso no fim de semana foram frustradas por grandes ataques de ambos os lados, incluindo o bombardeio israelense no domingo que matou pelo menos 42 pessoas e o lançamento de foguetes do Hamas em Tel Aviv e outras cidades israelenses", informa. O Post revela ainda que a administração Biden aprovou a venda de armas no valor de US$ 735 milhões para Israel. O Congresso foi oficialmente notificado sobre o acordo em 5 de maio, apenas uma semana antes da intensificação das hostilidades na região.

O inglês The Guardian denuncia a tragédia humanitária em Gaza. 'Destruição em massa': ataques israelenses drenam os limitados serviços de saúde de Gaza – diz a manchete. "Mortes de médicos atingiram ainda mais os serviços médicos que lutam com instalações danificadas e escassez de medicamentos", noticia. 

Outro destaque no noticiário é o anúncio da Casa Branca de que os EUA vão doar 20 milhões de doses de vacinas aprovadas no país. Número se soma à promessa de enviar 60 milhões de unidades da AstraZeneca, que aguarda autorização da agência reguladora.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Isolamento atinge nível mais baixo da pandemia

Estadão: Brasil é um dos países que mais gastam com funcionalismo público

O Globo: Estudo prevê risco de 3ª onda de Covid no inverno

Valor: Briga por receita cria impasse à privatização da Eletrobras

El País (Brasil): Biden defende cessar-fogo em conversa com Netanyahu diante de escalada da violência em Gaza

BBC Brasil: Por que a variante do coronavírus descoberta na Índia preocupa o Brasil e o mundo?

UOL: Vingança é a 3ª maior causa de morte em ações policiais no Rio, diz estudo

G1:  CPI ouve hoje Ernesto Araújo sobre críticas à China, ações por vacinas e cloroquina

R7: Ministério da Saúde distribui 6,4 milhões de doses das vacinas Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac

Luis Nassif: O falso boom da produção de caminhões

Tijolaço: E se o Araújo se empolgar?

Brasil 247: Eduardo Bolsonaro está no alvo da CPI da Covid

DCM: Presidente do PDT contraria Ciro e diz que inimigo é Bolsonaro

Rede Brasil Atual: Mais de 6 mil militares atuam em cargos civis no governo Jair Bolsonaro

Brasil de Fato: Tiros e bombas de gás: yanomamis pedem socorro pela 4ª vez após ataque de garimpeiros

Ópera Mundi: EUA bloqueiam pela 3ª vez declaração da ONU contra ataques de Israel a Gaza

Fórum: CPI do Genocídio: Senadores do PT protocolam pedido de convocação de Carlos Bolsonaro

Poder 360: Especialistas dizem que projeto para substituir LSN tem trechos "abertos"

New York Times: A violência em meio à vida enquanto Biden tenta um cessar-fogo

Washington Post:  Conflito Israel-Hamas estourou em sua segunda semana

WSJ: AT&T faz aposta na mídia

Financial Times: Gabinete dividido por luta 'feroz' pela demanda de tarifa zero na Austrália

The Guardian: O surgimento de uma nova variante coloca o fim do bloqueio em risco

The Times: Receio de que a propagação da variante possa terminar em camadas

Le Monde: Gaza sob fogo, Biden sob pressão, UE sem palavras

Libération: Restaurantes, bares. Está na hora de beber?

El País: A tensão com Marrocos abre uma crise migratória em Ceuta

El Mundo: Rabat pressiona a Espanha com uma onda migratória recorde

Clarín: Buscar freiar a subida de casos com medidas mais duras e se somaria cidade

Página 12: Aos bifes

Granma: Eles oferecem condecorações aos camponeses cubanos

Diário de Notícias: Cavaco em choque com Rio por apoio do PSD ao governo

Público: Regresso dos turistas britânicos faz com que hotéis reabram mais cedo

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Governos federal e estadual levantam prioridade de vacinação em 7 de junho

Süddeutsche Zeitung: Conflito no Oriente Médio. As regras da guerra

Global Times: Do apoio total de Trump a Israel à nenhuma ação concreta de Biden, os EUA têm 'responsabilidade inegável' pelo conflito de hoje

Diário do Povo: Xi traça a construção conjunta de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade

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