sábado, 22 de maio de 2021

Lula e Fernando Henrique incomodam PSDB ao ensaiar frente antibolsonarista

 


Jair Bolsonaro conseguiu um feito: pôs lado a lado, num encontro político, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, o que não acontecia desde os movimentos para acabar com a ditadura. A foto da reunião dos rivais históricos, seguida da reiteração explícia de FHC de que votaria em Lula caso o oponente fosse o atual presidente, dominou a sexta-feira. Além de ensaiar uma frente antibolsonarista em 2022, Lula impôs uma derrota tática ao centro, especialmente ao pré-candidatos do fraturado PSDB, que tentam se viabilizar como candidatos no ano que vem. "Há momentos históricos em que a única maneira de não afundar no abismo do desespero é deixar de lado pequenos ou grandes rancores em busca da reunificação de um país”, escreve o colunista Juan Arias.

Enquanto os opositores se organizam para 2022, o presidente tenta melhorar suas chances de reeleição, cada vez menores de acordo com as pesquisas. Na pequena Paraíso do Tocantins, o anúncio da chegada de 38 milhões de reais, enviado pelo líder do Governo no Congresso, Eduardo Gomes, é um retrato da engrenagem que blinda Jair Bolsonaro no Parlamento. A cidade de 51.000 habitantes vai receber o montante por meio do chamado “orçamento secreto”, uma fatia do Orçamento Geral da União destinado pelo Planalto a aliados sem forma de fiscalização clara. A ampliação do uso do mecanismo pelo ultradireitista o ajuda a manter tanto apoio parlamentar como a fomentar palanques pelo Brasil de olho na disputa do ano que vem, explica o repórter Aiuri Rebello.

Essa disputa eleitoral antecipada concorre por atenção com o desenrolar da pandemia do novo coronavírus no país. “Não é só uma receitinha, é fraude”, desabafa o médico Gerson Salvador. Ele, assim como inúmeros colegas de profissão, vêm sendo abordados por pacientes solicitando atestados falsos de comorbidades, para conseguirem se vacinar contra a covid-19. Felipe Betim conversou com médicos de diferentes regiões do país e todos dizem ter se deparado com esses novos fura-filas da vacina. A lentidão e a descontinuidade na vacinação por falta de insumos é mais um ingrediente no salve-se quem puder que se instalou no Brasil, que já debate a chegada de uma terceira onda de contágios.

Na Colômbia, além da pandemia, as autoridades têm de lidar com intensas manifestações há mais de três semanas. Num país em efervescência, as mães resolveram sair às ruas para enfrentar a polícia nos protestos contra o Governo. De Bogotá, Juan Miguel Hernández Bonilla conta sobre este grupo de chefas de família que, com escudos improvisados, vão à linha de frente para defender os manifestantes dos gases lacrimogêneos e dos golpes dos agentes antidistúrbios do Governo. “Chegamos à conclusão de que, se queríamos fazer um trabalho social, deveríamos fazer bem: na linha de frente, colocando o corpo para defender os manifestantes”, diz uma delas.

Para ler com calma, uma entrevista com Carlinhos Brown. É com “música e alegria, sem esperar nenhum retorno”, que o músico baiano tenta dar uma resposta a este momento de crise generalizada, que afeta especialmente a indústria cultural no Brasil. Na conversa com Joana Oliveira, o compositor, cantor e multi-instrumentista fala sobre tudo, exceto política, que segundo ele, chegou a um âmbito de rivalidade de torcida de futebol. "A pandemia veio ensinar mais sobre a dor do outro, sobre como nós somos frágeis em relação ao viver. Meu desejo é um só: que toda forma de violência morra com o vírus”, comenta.



Lula e Fernando Henrique incomodam PSDB ao ensaiar frente antibolsonarista
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Após articulações em Brasília e promessa de diálogo com movimentos sociais, petista impõe derrota tática ao ‘centro’ em reunião com adversário histórico

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