segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Amazônia em chamas, uma radiografia de fogo e violência em Rondônia

 


O Brasil viveu mais um fim de semana de protestos, desta vez, marcados pela tentativa de emplacar uma terceira via entre Bolsonaro e Lula nas eleições de 2022. Organizados por movimentos de direita, como o MBL e o Vem pra Rua, ainda em julho, as manifestações ganharam a adesão de parte da esquerda na última hora, quando os organizadores decidiram mudar o lema original das marchas (Nem Lula, nem Bolsonaro) para tentar atrair a participação da esquerda. Mas o PT se recusou a aderir, assim como o PSOL e diversos movimentos sociais ligados a estes partidos, que costumam conseguir grandes mobilizações nas ruas. Os atos, assim, acabaram vazios. O principal deles atraiu cerca de 6.000 pessoas na avenida Paulista, em São Paulo, que foi decorada por um boneco Bolsolula inflável —híbrido do ex-presidente petista e do atual presidente—, ambos em roupas de presidiários. Havia até cartazes de “Volta, Temer”. “Votarei na terceira via, não importa o candidato, qualquer um que não seja Lula ou Bolsonaro”, disse uma médica que participava das manifestações. Essa foi a primeira chance para medir forças nas ruas da terceira via, que as pesquisas retratam, ao menos até agora, mais como um desejo do que como uma realidade em construção, como narram Naiara Galarraga Gortázar e Lucas Berti, que acompanharam os protestos.

Distante dos grandes centros, uma dura realidade avança sobre as florestas do Brasil: as queimadas criminosas, que devastam a Amazônia e ameaçam a vida de indígenas e ribeirinhos, além da fauna e da flora brasileiras. O EL PAÍS foi até a Terra Indígena Karipuna, local que se espalha por 153.000 hectares nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, em Rondônia, acompanhar a rotina de pessoas que vivem entre a missão de conservar a terra nativa e proteger a própria vida. A Terra Indígena Karipuna, onde vive o povo desta etnia, deveria ser protegida desde que a demarcação foi homologada em 1998, mas tem sido alvo cada vez mais crescente do assédio de madeireiros e grileiros. “Primeiro levam as toras de valor e depois colocam fogo uma, duas vezes para transformar a floresta em pasto”, descreve Daniel Kaxinawá, 27 anos. “Todo esse processo de invasão das nossas terras, queimadas e roubo de madeira cresceu muito com o Governo Bolsonaro, com o discurso dele. Ele fortaleceu essas pessoas [grileiros e madeireiros]. Eles se sentiram no poder de destruir mais”, afirma o cacique André Karipuna, 28, líder de seu povo, na reportagem de Gil Alessi e Avener Prado que destacamos nesta edição

Outra faceta da violência que assombra os brasileiros, seja nas áreas urbanas ou rurais, é a criminalidade. Segundo números obtidos pelo EL PAÍS com a agência de dados Fiquem Sabendo, 12.000 armas de fogo usadas originalmente por empresas de segurança foram perdidas no Brasil nos últimos cinco anosIsso significa que uma média de sete armas desapareceram por dia e, provavelmente, acabaram nas ruas de maneira irregular. A quantia, entretanto, pode ser ainda maior, já que especialistas apontam que há subnotificação, como mostra o texto de Cecília Olliveira. “A reiterada perda de armas por vigilantes, negligência no controle de arsenais ou seu manejo precário na ocasião de falências dessas empresas tem sido recorrente no Brasil, criando um canal direto de migração de armas legais ao mercado ilegal”, explica Ivan Marques, presidente da Arms Control, coalizão internacional de organizações ligadas ao tratado de Genebra sobre comércio de armas.

Para ler com calma, ass páginas de cultura trazemos um delicioso bate-papo com o ator Javier Bardem, que está prestes a estrelar seu terceiro filme com o diretor Fernando León de Aranoa —uma parceira que já rendeu grandes frutos criativos para o cinema espanhol. El buen patrón, que estreia neste mês no Festival de San Sebastián, foi filmado durante a pandemia, cujo impacto sobre o longa é inegável. “O fato de participar de um projeto criativo como este em uma época tão difícil, dramática, com limitações e restrições, foi uma coisa que não vamos esquecer e com a qual aprendemos muito”, destaca Bardem. “Eu sentia que precisava dar um passo além, para a sátira, mas sem tirar os pés do chão", completa o cineasta em entrevista a Jesús Ruiz Mantilla.


O Brasil que não quer Bolsonaro nem Lula consegue um apoio tímido nas ruas
O Brasil que não quer Bolsonaro nem Lula consegue um apoio tímido nas ruas
Sem a participação do PT, atos ocorridos neste domingo contra o presidente se transformaram em palco de lançamento de candidatos a uma terceira via

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