quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Na ONU, Bolsonaro exibe negacionismo e fake news

 Negacionismo, informações distorcidas sobre meio ambiente e economia, mentiras e a ameaça do socialismo. O cenário era o imponente salão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, mas o presidente Jair Bolsonaro discursou como se falasse para a claque de apoiadores diariamente posicionados na porta do Palácio da Alvorada. Garantiu que não há corrupção no governo, disse que o desmatamento na Amazônia diminuiu, criticou os passaportes de vacinação e defendeu tratamentos comprovadamente ineficazes contra a covid e exaltou a economia brasileira, entre outras afirmações. Eis a íntegra. Para ficar mais simples, confira o que é falso e o que não é no discurso. (G1)

Havia quem esperasse, se não moderação, ao menos um gesto de simpatia, como a oferta de vacinas contra a covid-19 a países mais pobres, mas o presidente e seu filho Zero Três, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), apostaram na radicalização. Foram deles a inclusão da defesa da cloroquina e da referência à “ameaça do socialismo”, obsessões de pai e filho, respectivamente. (Globo)

A imprensa internacional foi majoritariamente crítica ao discurso de Bolsonaro, especialmente ao negacionismo em relação à pandemia e ao meio ambiente. (Poder360)

No Brasil, entre políticos, analistas e ambientalistas, a avaliação é de que o discurso do presidente foi uma peça de ficção sem qualquer respaldo. (Estadão)

Ah, e para completar, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que acompanhou Bolsonaro em todos os eventos em Nova York, testou positivo para covid-19 e ficará em quarentena na cidade. (CNN Brasil)

A grande questão é que a fala de Bolsonaro na ONU tinha como público-alvo não o mundo, mas sua base fiel de apoiadores, que passa por um momento de hiperradicalização. Esse processo é identificado em pesquisa de Esther Solano, doutora em sociologia e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O grupo de bolsonaristas raiz vem encolhendo – de 17% a 11% do eleitorado, segundo o DataFolha –, mas está mais aguerrido. “É o empoderamento do homem médio, conservador, que nunca se sentiu visibilizado pela grande política. Para eles, caindo o Bolsonaro, eles caem junto”, diz Solano. (Folha)

Falando nisso... O ministro do STF Alexandre de Moraes manteve a ordem de prisão do militante bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, que está foragido no México, e liberou o jornalista Oswaldo Eustáquio. Os dois tiveram a prisão decretada na investigação de atos violentos no 7 de Setembro. (Poder360)




Todos esperavam que fosse tenso o depoimento de Wagner Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), à CPI da Pandemia, mas não que terminasse em confusão, após o depoente ofender a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ela criticava a postura do ministro em relação Jair Bolsonaro, lembrando que a CGU é um órgão de controle do governo, não de defesa do presidente, e ressaltando que a instituição não percebeu o uso de documentos falsos no contrato para a compra da vacina indiana Covaxin. Foi quando Rosário a chamou de “descontrolada”. Os senadores saíram em defesa da colega, chamando o ministro de “moleque” e classificando sua fala como machista. Chegou a um ponto em que o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu o depoimento. Na retomada, ele sugeriu ao relator Renan Calheiros (MDB-AP) que Rosário passasse de depoente a investigado, o que foi atendido, e a sessão foi encerrada. (G1)

Com ou sem tumulto, a CPI considera já ter provas de que Rosário cometeu crime de prevaricação ao não agir diante dos indícios de irregularidades na negociação da Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos. O ministro nega que tenha havido superfaturamento e disse ter ficado sabendo das denúncias pela imprensa. (Folha)

Aliás... Omar Aziz acionou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após Jair Renan Bolsonaro, filho Zero Quatro do presidente, publicar um vídeo em redes sociais mostrando armas de fogo e escrever “Aloooo CPI kkkkk”. Até mesmo aliados do governo criticaram a publicação. (UOL)

E como a genética realmente fala alto, Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, usou o Instagram para ironizar a CPI. Ela foi convocada para explicar a relação com Marconny Faria, lobista da Precisa. “Me chamaram pra CPI do Lula?”, escreveu a ex-mulher de Jair Bolsonaro. (Poder360)

Hoje a CPI ouve o médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior. A artilharia contra ele é pesada. Áudios e planilhas indicam que o plano de saúde, muito próximo do governo, usou em pacientes de covid-19 remédios contra câncer que não deveriam ser utilizados para outros fins. (G1)




O Ministério Público do Rio já tem indícios de que pelo menos oito ex-funcionários do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) exerciam outras atividades nos horários em que deveriam dar expediente na Câmara carioca. O MP investiga a contratação de fantasmas e a prática de rachadinhas. Entre os assessores estão parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, suposta operadora do esquema, incluindo o irmão dela, André Luis Procópio Siqueira Valle, que “trabalhou” ao mesmo tempo no gabinete de Carlos no Centro do Rio e numa fábrica de autopeças em Resende, a 160 quilômetros de distância. O MP diz também ter provas de que depoimentos de ex-funcionários foram previamente combinados no gabinete de Carlos, e trazem alegações que contradizem documentos já em poder dos investigadores. (Globo)

Mônica Bergamo: “A possibilidade de Bolsonaro não disputar a sucessão de 2022 já começou a ser discutida entre os principais líderes do Centrão. Em troca, ele tentaria garantir apoio para se defender de processos na Justiça contra si mesmo e os filhos, considerados inevitáveis caso ele deixe o poder.” (Folha)




Meio em vídeo. No Conversas com o Meio desta semana, o editor-chefe Pedro Doria recebe o doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, Rafael Moreira, para discutir e analisar os partidos políticos brasileiros, o Centrão e suas histórias e movimentos. Confira. (YouTube)




A executiva nacional do DEM aprovou ontem, por unanimidade, a fusão com o PSL. A convenção do partido, que acontece entre 5 e 20 de outubro, precisa referendar a decisão. (Poder360)




A deputada Tabata Amaral (SP) assinou ontem a ficha de filiação ao PSB, após ser autorizada pelo TSE a deixar o PDT sem perder o mandato. Ela havia entrado em atrito com a direção do partido por ter votado a favor da reforma da Previdência, à qual o PSB também se opôs. (Poder360)

Por conta desse voto, Tabata vem sendo alvo de agressões graves e constantes nas redes sociais, vindas da própria esquerda, como mostrou o Ponto de Partida. (YouTube)




Os discursos que o mundo realmente esperava na Assembleia Geral da ONU eram dos presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping. O americano conclamou o mundo a trabalhar unido contra a pandemia e a seguir adiante em vez de “lutar guerras do passado”, numa referência à retirada do Afeganistão. Já o chinês aproveitou o mote para alfinetar o intervencionismo americano: “Episódios recentes no cenário internacional mostram, mais uma vez, que a intervenção militar estrangeira e a chamada 'transformação democrática' podem não trazer resultado nenhum além de dano.” (UOL)




Nesta terça-feira, o mercado internacional conseguiu recuperar parte das perdas causadas pelo efeito Evergrande, gigante do setor imobiliário da China que enfrenta o risco de ir à falência, causando uma recessão global. Dando breve alívio às preocupações dos investidores com os impactos da crise na empresa, a Evergrande anunciou ontem ter negociado um acordo para pagar os juros de um título vencido, estimado em US$ 35,9 milhões. Parte dos analistas descarta o risco de uma crise global porque acredita numa intervenção do governo chinês. Além disso, o consenso é de que um eventual calote não gerará onda de falências e que Evergrande é um problema da China. Ontem, o presidente da companhia afirmou aos funcionários confiar que o grupo sairá “em breve de seu momento mais obscuro. (G1)

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