sexta-feira, 9 de julho de 2021

Bolsonaro é questionado oficialmente sobre corrupção de seu líder

 São, hoje, 14 dias. Há duas semanas redondas, na CPI da Covid, o deputado Luiz Miranda acusou o presidente da República de ter sido informado de um esquema de desvio de dinheiro na compra de vacinas. Segundo Miranda, Jair Bolsonaro teria sinalizado na conversa que o responsável pela corrupção é o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). E nada foi feito. Ontem, oficialmente, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) enviou carta inquirindo Bolsonaro, cobrando resposta. “Somente Vossa Excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros”, escreveu. (G1)

A resposta de Bolsonaro veio na tradicional live das quintas. “Caguei para a CPI”, disse. “Não vou responder nada. São sete pessoas que não estão preocupadas com a verdade.” (Estadão)

O problema de Bolsonaro é outro. Se compra uma briga com Barros e o demite, ameaça apoio do partido que é o núcleo duro do atual Centrão — o Progressistas. Se desmente Miranda, por outro lado, periga ser confrontado com a gravação que o deputado diz ter feito da conversa. Está numa encruzilhada. (CNN Brasil)

Gerson Camarotti: “O silêncio prolongado do presidente sobre a conversa com Miranda causa saia-justa para a tropa de choque do governo na CPI. Senadores governistas não escondem o desconforto com as várias versões sobre o episódio, além da ausência de uma fala contundente do próprio Bolsonaro. ‘Fica difícil falar sobre esse tema quando não há um norte seguro por parte do Planalto’, desabafou um senador governista.” (G1)

Só que... A situação pode ser ainda mais delicada para Bolsonaro. Nesta gravação, segundo Diogo Mainardi, ele citou também o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o principal líder do Progressistas, Ciro Nogueira (PP-PI). Lira é quem tem o poder de abrir caminho para um impeachment. (Crusoé)

Então... A um ponto, a CPI hoje pareceu um jogral. Após Bolsonaro passar 50 minutos no cercadinho do Alvorada detonando os senadores, o presidente da comissão pediu a palavra para responder. “Nunca chamei de genocida”, afirmou. “De que, presidente?”, respondeu de sua cadeira o vice da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Genocida”, reiterou Aziz. “Genocida?”, confirmou Randolfe. Após reiterar positivamente, o senador seguiu com seu discurso. “Nunca disse que o senhor praticou rachadinha” — e, novamente, Randolfe quis confirmar. “Rachadinha?” O vídeo vale cada segundo. (Estado de Minas)

E, sim, no auge da crise política Bolsonaro passou 50 minutos batendo papo com seus fãs. “Ó, a agenda lá está folgada hoje de manhã, por isso estou aqui”, explicou, de acordo com Lauro Jardim. (Globo)

Quem depôs ontem na CPI foi a ex-gestora do Programa de Imunizações, Francieli Fantinato. Chegou com um habeas corpus do Supremo que lhe garantia o direito de se manter em silêncio — mas escolheu contar. “Qualquer indivíduo que fale contrário à vacinação vai trazer dúvidas à população brasileira”, ela argumentou, por vezes se mostrando exasperada. “Quando o líder da nação não fala favorável isso pode trazer prejuízos.” Durante a sessão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tomou a decisão de retirá-la da lista de investigados. (G1)

Meio em vídeo: Assistir à CPI da Covid não é simples. Acontece no meio do dia, a maior parte das pessoas está trabalhando e muitas vezes as sessões são confusas. Mas aos poucos os senadores estão revelando que havia um plano por trás do radicalismo e anticientificismo do governo Bolsonaro durante a pandemia. O crime é pior do que imaginávamos. Assista no YouTube.




Saiu particularmente dura para o presidente a nova rodada da pesquisa Datafolha — a maioria da população considera Bolsonaro incompetente (58%), desonesto (52%), falso (55%), indeciso (57%), despreparado (62%), autoritário (66%) e pouco inteligente (57%). Os índices de aprovação não são muito melhores. 51% dos entrevistados classificam o presidente como ruim ou péssimo, enquanto 24%, ótimo ou bom. É o pior nível desde o início do governo. (Folha)

Então... 26% das pessoas que votaram em Bolsonaro nas eleições passadas hoje defendem seu impeachment, de acordo com o PoderData. Dentre os que votaram em branco, 47% defendem que ele deixe o cargo. Metade dos brasileiros defende o impeachment e 45% defende que Bolsonaro continue governando. (Poder 360)

Sérgio Abranches: “Em análise política a gente tem às vezes de largar os modelos e observar a direção do vento. E a direção do vento é muito fortemente contra Bolsonaro. As pesquisas todas estão convergindo na direção de uma taxa de reprovação na casa dos 60%. É muito mais difícil reverter a impopularidade do que parece. No ano que vem entramos em campanha, as críticas da oposição vão circular mais pela sociedade, a inflação e o desemprego vão continuar altos. Esse quadro sócio-econômico é muito negativo. E há o desempenho pífio do governo, que não consegue dar conta de nenhuma emergência.” (CBN)




Olavo de Carvalho está em São Paulo. Após mais de década e meia sem pisar no país, o guru do bolsonarismo desembarcou em Guarulhos direto para o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, ligado à USP. Olavo estava internado em um hospital na Virgínia, EUA, desde abril. Segundo Igor Gadelha, ele veio tratar da doença de Lyme, que causa irritação na pele, dores nas articulações e fraqueza nos membros. (Metrópoles)

O escritor foi internado pelo SUS, segundo queixas de médicos de hospitais públicos paulistanos, furando a fila da central de regulação de leitos. O Hospital das Clínicas afirma que, como ele entrou pela emergência do InCor, não precisaria passar pela triagem. A vinda de Olavo foi organizada por ex e atuais membros do governo. (Folha)

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