segunda-feira, 19 de julho de 2021

Governos usaram programa israelense para espionar ativistas, jornalistas, ONGs

 Mais de 50 mil pessoas, entre ativistas de ONGS, políticos, jornalistas e advogados podem ter sido alvo de espionagem por governos de 45 países graças ao software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO, segundo denúncia da Anistia Internacional. O software é tecnicamente legal, porém abertamente polêmico. O malware infecta o celular das vítimas, retira todo o seu conteúdo — trocas de mensagens, emails, dados de buscas na web e o que mais for — e depois se instala como um espião, monitorando onde o aparelho está a cada momento. A companhia alega que só licencia o programa para a investigação de crimes e terrorismo, mas um consórcio de imprensa liderado pelo jornal inglês The Guardian confirmou que aparelhos cujos números constam da lista e não pertencem a pessoas com antecedentes criminais foram infectados. O México, onde o uso indevido do Pegasus já havia sido denunciado, lidera com 15 mil números, seguido por Marrocos e Emirados Árabes Unidos, com dez mil cada. Também está na lista a Hungria de Viktor Orbán, líder que faz parte do movimento da direita autoritária que ameaça democracias pelo mundo. (Guardian)

Um dos telefones na lista é o do jornalista mexicano Cecilio Pineda Brito, assassinado em março de 2017. Segundo a reportagem, o número dele entrou na lista semanas antes do crime. Pelo menos outros 26 jornalistas mexicanos têm seus telefones na lista. (Guardian)

Entre os mais de 180 jornalistas possivelmente espionados está a libanesa Roula Khalaf, primeira mulher a se tornar editora-chefe do Financial Times de Londres. O número dela teria sido incluído na lista pelos Emirados Árabes Unidos. (Middle East Eye)

Apenas lembrando... O governo brasileiro abriu uma licitação este ano para licenciar o Pegasus. Segundo fontes do Planalto, o filho Zero Dois do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), estaria agindo nos bastidores para que a compra ficasse a cargo do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, provocando reações no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Abin. (IstoÉ)




Após uma onda de protestos contra o governo ter eclodido em várias cidades de Cuba, milhares de manifestantes favoráveis ao regime tomaram as ruas ontem gritando palavras de ordem contra o embargo comercial americano à ilha. Esteve presente até o ex-presidente Raúl Castro, de 90 anos, que não participava de atos públicos desde que deixou o poder, em abril deste ano. (Folha)




Após quatro dias internado, o presidente Jair Bolsonaro teve alta no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde tratou de uma obstrução intestinal. E já saiu falando de política. Sem máscara, que é obrigatória na capital paulista, ele criticou duramente o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias com voto de seus apoiadores mais leais. Chamando o fundo de “casca de banana”, Bolsonaro o atribuiu ao vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), e insinuou um veto. “Eu já antecipo que R$ 6 bilhões para fundo eleitoral não admito”, disse. (Folha)

Ramos não gostou e reagiu nas redes sociais, afirmando que o fundo foi negociado pelo próprio governo. “Se depender do Bolsonaro, ele não é responsável por nenhuma das mais de 530 mil pessoas mortas na pandemia, nem por 15 milhões de desempregados, nem por 19 milhões de brasileiros com fome e nem mesmo pela escandalosa tentativa de roubo na compra de vacinas”, afirmou. (Metrópoles)




Na sexta-feira, a divulgação de um vídeo gravado em março deixou em posição desconfortável o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Nele, o general relata uma reunião com representantes da empresa catarinense World Brands para comprar 30 milhões de doses da CoronaVac à margem do Instituto Butantan e por quase o triplo do preço – US$ 28 a dose, contra os US$ 10 do Butantan. Pazuello nega que tenha participado da negociação. Disse que apenas entrou na sala para cumprimentar os empresários. (Folha)

Pois eis que a história ganha ares, digamos, bizarros, como revela Lauro Jardim. A World Brands é licenciada para importar uma ampla variedade de produtos, a começar por acessórios eróticos. A lista, porém, não inclui vacinas. (Globo)

Ao deixar o hospital onde estava internado, o presidente Jair Bolsonaro defendeu seu ex-ministro. Segundo ele, ninguém grava negociação de propina em vídeo. “Geralmente quando o cara faz, fala em propina, é pelado dentro da piscina”, disse. (G1)

Painel S.A.: “O governador de São Paulo, João Doria, ironizou o interesse do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por vacina mais cara. ‘O governo Bolsonaro vai demonstrando que, além de negacionista e inoperante, quis trocar a vacina de US$ 10 por vacina de US$ 30. É isso que dá tomar cloroquina!’, disse Doria.” (Folha)

E a SinoVac, laboratório chinês que produz a CoronaVac, confirmou que só o Butantan tem autoridade para negociá-la no Brasil. (UOL)

Enquanto isso... A quebra de sigilo telefônico do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias mostra que ele manteve estreito contato com a empresa VTC Operadora Logística, que está na mira da CPI da Pandemia por contratos suspeitos na Saúde. Dias foi acusado pelo PM Luiz Paulo Dominguetti de cobrar propina US$ 1 por dose na negociação de 400 milhões de doses de vacinas. (Globo)




Indicado por Bolsonaro a uma vaga no STF, o advogado-geral da União, André Mendonça já conta com o apoio de pelo menos 26 dos 81 senadores, que precisarão referendar a indicação. (Estadão)

Lauro Jardim: “Dias Toffoli tem trabalhado intensamente para Mendonça ser seu colega na STF. É o ministro mais ativo nos contatos com os senadores. Em compensação, no Senado, Mendonça tem um incansável adversário. Davi Alcolumbre trabalha com desembaraço para que o Senado não aprove o indicado de Jair Bolsonaro.” (Globo)

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