quarta-feira, 21 de julho de 2021

No Estado mais rico do Brasil, a água secou e a roça perdeu o viço

 


“Se eu pisar nele, ele morde?”, indaga curioso o pequeno Rafael, 3 anos. A mãe, Graziela Reinolde, 37, responde que não. “Ele já era, deixa isso aí”, afirma, enquanto observa a carcaça seca do caranguejo que chama a atenção do filho. Ao redor, muita coisa também parece morta. Como o açude da pequena propriedade rural arrendada pela família, onde o chão de terra rachado agora abriga restos de peixes que há muito não têm onde nadar. Boa parte da região noroeste de São Paulo está em uma situação crítica, sofrendo os impactos da emergência climática que assola o mundo inteiro com efeitos diversos. O que para muitos é uma imagem distante, personificada por gelos derretendo na distante Antártida, já traz consequências diretas no Estado mais rico do Brasil, como mostra o repórter Gil Alessi, que foi a campo entender o como o desequilíbrio no clima impacta na perda de colheitas diante da pior seca dos últimos 91 anos no Sudeste e Centro-Oeste do país.

A mudança climática está diretamente ligada à devastação da natureza e o repórter Flávio Ilha mostra que o incentivo à atividade ilegal na floresta amazônica o gerou uma enxurrada de mercúrio nas águas da região. Um volume estimado em mais de 100 toneladas, que também contamina o solo, o ar e os habitantes da Floresta Amazônica. Quatro em cada dez crianças da região Yanomami possuem altas concentrações do metal em seu organismo, que pode causar problemas cognitivos, motores, perda de visão, além de implicações renais, cardíacas e no sistema reprodutor.

Ainda nesta edição, historiadores propõem uma releitura sobre a Idade Média. Dentes podres, fome, pestes, torturas, corpos pendurados na entrada das cidades, são facetas que formam a má fama que um grupo de medievalistas espanhóis tenta desconstruir, através de um manifesto recém publicado. “Esquece-se que a Idade Média impregna o nosso cotidiano: o garfo, o papel-moeda, os óculos, o relógio mecânico, o livro, a imprensa e a água de rosas vêm daquela época”, diz o documento que reivindica a importância do período na formação do mundo contemporâneo.

E o Brasil estreou em Tóquio com uma importante vitória da seleção de futebol feminino. Comandada pela sueca Pia Sundhage, com a liderança das veteranas Marta e Formiga, a equipe brasileira atropelou as rivais chinesas e marcou 5 a 0 na madrugada desta quarta-feira, nesta que também foi a primeira participação de atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos 2020. A abertura oficial da Olimpíada acontece nesta sexta-feira, 23 de julho. O EL PAÍS faz a cobertura da competição, com reportagens dos correspondente no Japão e análises dos nossos jornalistas no Brasil. Acompanhe com a gente.


A água secou e a roça perdeu o viço. No Estado mais rico do Brasil
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Explosão do garimpo ilegal despeja 100 toneladas de mercúrio na Amazônia
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