quinta-feira, 29 de julho de 2021

Fogo no Borba Gato cobra a identidade de São Paulo

 


O fogo deste sábado, 24, no entorno da gigantesca estátua do bandeirante Manuel de Borba Gato abriu caminho para discutir quais símbolos a cidade de São Paulo deseja para reconhecer sua identidade. O ato político que queimou o desbravador de um passado de colonização e violência levou à prisão do entregador Paulo Galo Lima, ou ‘Galo de Luta’, criador do movimento dos Entregadores Antifascistas e líder do Revolução Periférica. Galo assumiu a autoria do incêndio, e se apresentou de forma voluntária à polícia. “O ato foi para abrir um debate, não para machucar alguém ou causar pânico na sociedade. E o debate foi aberto”, disse ele. Regiane Oliveira conversou com historiadores que defendem a revisão de uma homenagem feita por um pequeno grupo século atrás e que já não casa com o presente.

Enquanto isso, na data em que o Peru celebrou os 200 anos de sua independência, Pedro Castillo, um professor rural de uma pequena escola nos Andes, foi empossado presidente, após uma eleição que se arrastou com os questionamentos de sua opositora, Keiko Fujimori, candidata da elite. De Lima, os correspondentes Jacqueline Fowks e Juan Diego Quesada contam que Castillo enfrenta os desafios de unir um país fraturado e colocar em prática sua agenda política com um baixo apoio popular e sem a maioria no Congresso — seu partido tem só 37 das 130 cadeiras. "Executaremos o que o povo decidir”, declarou o novo presidente em tom conciliador.

Nesta edição, Eliane Brum analisa as dúvidas sobre um eventual assalto à democracia em 2022 e  reconstroi a origem do golpe branco que a democracia brasileira vive, a partir do esgarçamento da linguagem muito antes da eleição de 2018, que formalmente colocou a extrema direita no poder. “Quando a presidenta é chamada de “vaca” e de “puta” em estádios de futebol, na Copa de 2014; quando, em 2015, um adesivo com sua imagem de pernas abertas se populariza nos tanques de combustível dos carros, de forma que a mangueira a penetre, simulando um estupro; e, finalmente, em 2016, durante a sessão que aprova a abertura do impeachment, em que Jair Bolsonaro, então deputado, dedica seu voto ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, “o pavor de Dilma Rousseff”.

Dos golpes, às revoluções no esporte — a ginasta norte-americana Simone Biles surpreendeu o mundo. Após encantar com atuações impecáveis nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, a atleta voltou a ganhar as atenções, mas desta vez por um outro motivo: a coragem. Mesmo favorita nas Olimpíadas de Tóquio, Biles deu um passo atrás e desistiu das provas para cuidar de sua saúde mental, mostrando que há toda uma vida para além do pódio: “Fora da ginástica, quem sou eu?”, perguntou a si mesma, como conta a reportagem de Carlos Arribas.


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