quarta-feira, 28 de julho de 2021

Como nasce, cresce e morre a febre da cloroquina no Brasil

 


Enquanto o Brasil celebra seus medalhistas na Olimpíada, o Governo Jair Bolsonaro vai se acomodando em novas bases para sobreviver à queda de popularidade. Nesta terça, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) finalmente disse “sim” para o convite de comandar a Casa Civil, feito por Bolsonaro em meio a um dos momentos de maior aproximação entre o Executivo e o Centrão. A dança das cadeiras em Brasília terá Nogueira no lugar do general Luiz Eduardo Ramos, agora passado à Secretaria-Geral da Presidência. A mudança é mais um aceno de Bolsonaro ao núcleo duro do Congresso Nacional, que pode determinar o futuro de um governo que só cai nas pesquisas.

A terça teve também os desdobramentos da crise de Poderes da semana passada, com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes,encaminhando à PGR quatro ações contra o ministro da Defesa, Braga Netto. Braço direito de Bolsonaro desde o início do Governo, Braga Netto abriu uma crise ao mandar recados por interlocutores ao presidente da Câmara, Arthur Lira, para que o voto impresso fosse adotado em 2022, como mostrou reportagem do jornal O Estado de S.Paulo. Embora tenha negado que mandou recado, ele admitiu que endossa a tese do voto impresso. O encaminhamento do ministro do STF é um procedimento padrão, embora seja o desdobramento de uma crise que colocou em dúvida o compromisso das Forças Armadas com a democracia no país.

Nesta edição, a repórter Marina Rossi mostra como Bolsonaro fez nascer o mito da cloroquina, ainda que não haja qualquer comprovação científica da eficácia contra o coronavírus, e como agora essa febre do medicamento parece se esvair à medida que a vacinação contra a covid-19 avança e os estudos provam seu efeito placebo. Se deu suporte inicialmente à aventura com a cloroquina, o Ministério da Saúde admite hoje sua ineficácia.

E a vacinação ajudou também a derrubar o pessimismo com a economia. Após ver índices de desigualdade e pobreza decolando em 2020, a América Latina e o Caribe devem caminhar rumo à recuperação econômica em 2021. É o que diz o Fundo Monetário Internacional, que revisou para cima as perspectivas positivas para a região: segundo a nova previsão, o continente deve crescer 5,8% neste ano, aumento de 1,2 pontos percentuais em relação ao que foi projetado em abril. Un pueblo sin piernas pero que, de um jeito ou de outro, camina, como explica a reportagem de Santiago Torrado.

E no balanço olímpico, com novas medalhas para o Brasil, incluindo o inédito ouro no surfe do impecável Italo Ferreira, o país chegou a cinco medalhas em quatro dias de jogos, nosso melhor começo histórico. Contamos, também, sobre a inesperada escolha do fenômeno Simone Biles, que abandonou a final por equipes para preservar sua saúde mental. “Eu realmente sinto como se às vezes carregasse o peso do mundo sobre os meus ombros”, disse. Nesta quarta, a norte-americana anunciou que também está fora da final individual geral, prova em que a brasileira Rebeca Andrade classificou com a segunda melhor nota, atrás apenas de Biles. A final acontece na quinta-feira. Acompanhe a cobertura dos Jogos Olímpicos com o EL PAÍS.


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