sexta-feira, 9 de abril de 2021

Cidades brasileiras têm mais mortes do que nascimentos

 


A pandemia deixou marcas profundas no Brasil e uma delas é a constatação de que em algumas regiões do país cidades têm registrando mais mortes do que nascimentos, um fato inédito, segundo especialistas. Ao menos 12 dos 50 municípios brasileiros com mais de 500.000 habitantes já registram esse déficit, de acordo com um levantamento feito pelo EL PAÍS. E o excesso de mortes provocado pela covid-19 está acelerando o encontro destas duas curvas, algo que o IBGE projetava que deveria acontecer somente em 2047. O alerta havia sido dado pelo neurocientista Miguel Nicolelis em sua coluna semanal neste jornal. O país não para de colecionar más notícias com a pandemia, como o novo recorde de mortes em 24 horas desta quinta, chegando a 4.249 óbitos provocados pelo coronavírus.

Diante de um quadro tão trágico, o Supremo Tribunal Federal tem sido um fiel da balança ao negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, que continua desmentindo a gravidade do momento. Bolsonaro teve duas derrotas significativas na Corte nesta quinta. Uma delas foi a proibição da realização de cultos religiosos na fase mais aguda da pandemia, medida que o presidente ansiava derrubar. A Corte também deu aval para a CPI da Pandemia, duas pautas que, direta ou indiretamente, afetam a gestão do Planalto da crise sanitária. De Brasília, Afonso Benites explica como as decisões vão influenciar o tabuleiro político, onde Bolsonaro tem um encontro marcado com seu arqui-inimigo, o ex-presidente Lula, que recuperou no mês passado, também em decisão do STF, o direito de concorrer a eleições novamente.

Em um momento de extrema fragilidade da saúde e da democracia, o Brasil examina quem são os nomes que endossam o Governo. Um jantar na última quarta-feira entre o presidente e líderes empresariais em São Paulo rendeu a associação imediata dos que ali estavam à barbárie do momento. A repórter Regiane Oliveira conta que pouco a pouco novas vozes abandonam o princípio de isenção e se descolam de Bolsonaro, temendo um julgamento que virá, pela história ou pelo bolso, sobre a postura —ou silêncio — diante das atrocidades cometidas pelo mandatário.

A recessão econômica causada pela covid-19 está cravando suas garras com especial intensidade nos países de baixa e média renda. Além dos sistemas de saúde e proteção social mais frágeis que as economias avançadas, os Estados emergentes possuem uma reduzida capacidade fiscal de resgatar cidadãos e empresas e propiciar uma recuperação mais rápida. Ao final da crise, os países ricos terão gasto quatro vezes mais para promover a sua recuperação. A lentidão da vacinação é outro fator que pesa contra o bloco em desenvolvimento. Em entrevista ao EL PAÍS, o chefe do Departamento de Finanças do FMI, Vitor Gaspar, afirmou que a recuperação econômica está diretamente atrelada à velocidade de imunização e defendeu um aumento na tributação dos mais ricos e sobre o excesso dos lucros empresariais. “O efeito simbólico seria projetar que aqueles que se saíram melhor no contexto de pandemia e que obtiveram ganhos de capital estão contribuindo de maneira justa para o esforço de luta contra a covid-19”, disse.

Ainda nesta edição, tudo o que você sempre quis saber sobre suas fobias. O pavor irracional de coisas ou situações que não são realmente ameaçadoras ainda é um mistério que guarda relação com o mecanismo mental do medo e seu controle. O psiquiatra e psicanalista David Dorenbaum escreve sobres estes temores, que passam a interferir em nossa vida cotidiana, especialmente em momentos difíceis, como o que vivemos agora.

Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. Se cuide.


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