quarta-feira, 28 de abril de 2021

CPI abre e Renan pede punição por mortes

 A CPI do Senado que vai investigar a atuação do governo federal durante a pandemia de Covid-19 começou a trabalhar nesta terça-feira impondo derrotas ao Executivo. A primeira delas foi a nomeação de Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria, após o TRF-1 derrubar a liminar em primeira instância contra a medida obtida pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP). A outra foi a constatação de que há um traidor entre as fileiras na comissão. Embora quatro dos 11 integrantes da CPI sejam identificados como governistas e tenham discursado em defesa de Jair Bolsonaro, um deles votou no independente Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da comissão. (Estadão)

Ciro Nogueira (PP-PI) admitiu ter sido o voto governista para Aziz, alegando que este prometeu se imparcial. (Jornal Nacional)

Renan assumiu a relatoria com um discurso duro. Disse que não fará perseguições, mas afirmou que é preciso punir “imediata e emblematicamente” os responsáveis pelas mortes durante a pandemia. O senador falou ainda que não vai ser intimidado por “arreganhos”, numa referência à campanha contra ele feita pelas redes bolsonaristas. (G1)

Malu Gaspar: “Integrantes da CPI avaliam que Renan passou do ponto nas críticas ao governo em seu discurso na abertura da comissão. Para esses senadores, se o tom adotado tivesse sido mais moderado, eles poderiam ter aprovado ainda ontem os requerimentos para a convocação dos quatro últimos ministros da Saúde.” (Globo)

Um dos primeiros a serem ouvidos na CPI, já na próxima terça-feira, deve ser o ex-ministro Henrique Mandetta, demitido em abril do ano passado por divergências com Bolsonaro sobre a condução do combate à pandemia. O requerimento deve ser votado amanhã. Depois será a vez de seus sucessores, o médico Nelson Teich, que pediu demissão após 28 dias, supostamente devido a pressões para aprovar o uso de tratamentos sem eficácia, e o general Eduardo Pazuello, executor da política que agora está sendo investigada. (Poder360)

Apesar de a CPI já estar instalada, a guerra nos bastidores continua. Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), negou o pedido do senador governista Luiz do Carmo (MDB-GO) para que os trabalhos da comissão só começassem em outubro. Segundo ele, qualquer decisão sobre o funcionamento da CPI cabe aos integrantes da comissão. (UOL)

E o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) chamou Pacheco de “ingrato” por ter instalado a CPI e permitido que Renan assumisse a relatoria. O presidente do Senado foi eleito para o cargo com apoio de Jair Bolsonaro, pai do senador Zero Um e potencial alvo da comissão. (Globo)

Thomas Traumann: “A CPI da Covid é mais perigosa para o futuro político de Jair Bolsonaro do que os quase 400 mil cadáveres acumulados na sua gestão da pandemia. O que a CPI pode descobrir, e consequentemente mudar o futuro político de Bolsonaro, é se houve desvio de dinheiro público na compra das vacinas.” (Veja)




Como Ernesto Araújo não está mais no governo para criar tensões com a China, o ministro da Economia, Paulo Guedes, parece ter avocado a função. Sem saber que estava sendo gravado na reunião do Conselho de Saúde, Guedes disse que “o chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva que a do americano” (veja no YouTube). Ele também criticou a educação pública no Brasil, dizendo que “ensina sexo a crianças” e que existe “droga dentro da universidade”. Ao saber que a reunião estava sendo gravada e exibida no Facebook do Ministério da Saúde, Guedes pediu que a transmissão fosse interrompida. (Poder360)

Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) classificou como “um desastre” a declaração de Guedes. “Viramos um hospício”, disse o parlamentar, para quem a provocação à China traz prejuízo para a cooperação entre os países e a troca de tecnologia. (Congresso Em Foco)

O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, foi ao Twitter. “Até o momento, a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial. A Coronavac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil.”

Guedes não foi o único traído pela gravação. O ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, disse no encontro que tomou escondido a vacina contra a Covid-19 por orientação do Planalto. Ramos afirmou ainda que está tentando convencer Bolsonaro a se vacinar para não “perder o presidente para um vírus desses”. (Folha)

Ouça a fala de Ramos sobre a vacina. (CBN)




A ministra do STF Cármen Lúcia pediu à Procuradoria-Geral da República pareceres sobre as notícias-crime contra o ministro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, acusado de dificultar a repressão ao desmatamento na Amazônia e de associação criminosa com madeireiros. Embora tenha dito que as acusações são de “gravidade incontestável”, a ministra deu a entender que vai seguir a orientação da PGR, mas quer que esta seja bem embasada. Augusto Aras, o atual procurador-geral, é umbilicalmente ligado a Jair Bolsonaro e está em campanha pela vaga que será aberta no STF com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio. (Globo)

Meio em vídeo. No Conversas com o Meio desta semana, Beto Veríssimo, um dos fundadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e coordenador do projeto Amazônia 2030, explica como a preservação da Amazônia poderia trazer ganhos econômicos significativos para o país. Ele também fala sobre os objetivos por trás do desmatamento, o que é e como funciona a grilagem na floresta e a relação disso tudo com o agronegócio. Será que ele é mesmo o grande vilão da abertura de terras? Confira no YouTube.




Cobrado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) a colocar em votação os diversos pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro sob sua análise, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse 100% dos requerimentos são “inúteis para o que solicitaram” e pediu paciência. (Poder360)




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