sexta-feira, 30 de abril de 2021

Luta depois do luto no Brasil que supera os 400.000 mortos por covid-19



“Transformei meu luto em força para impedir que outras pessoas passem por isso”, diz a assistente social Paola Falcetta, fundadora da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico), que luta na Justiça pela responsabilização do poder público pelo descontrole da pandemia. Quando o Brasil supera os 400.000 mortos pela doença no Brasil, Beatriz Jucá conta as movimentações para organizar a mobilização. Paola perdeu a mãe de 81 anos no Rio Grande do Sul, quando os médicos lhe informaram que não haveria estrutura para atendê-la. “Minha mãe foi submetida quase a uma eutanásia. Só estavam dando morfina para ela no final”, diz. Por um grupo no WhatsApp, cerca de 100 pessoas que compartilham a dor da perda de um ente querido debatem que caminho tomar para buscar compensação ou oferecer um apoio coletivo.

Já são 13 meses de pandemia e durante este período o presidente Jair Bolsonaro adotou por diversas vezes um discurso negacionista e promoveu remédios comprovadamente ineficazes contra a covid-19. No entanto, pela primeira vez desde o início da crise, o mandatário sente a pressão de uma investigação que poderá desgastar sua imagem, atrelando a ele o maior morticínio enfrentado no país: a CPI da Covid-19. De Brasília, Afonso Benites conta que o Senado aprovou 310 requerimentos que pretendem esmiuçar a ação do Governo durante a crise sanitária. Uma artilharia pesada contra Bolsonaro, que também terá que explicar a escassez de vacinas no país.

Nos Estados Unidos, Joe Biden segue em sua guinada na Casa Branca. De Washington, Amanda Mars analisa os passos do democrata para enterrar de vez o reaganismo e seu menosprezo pelo papel do Governo. Com a pandemia praticamente sob controle, a economia em franca recuperação e um otimismo generalizado no país, o presidente —que acaba de completar 100 dias de mandato— foi categórico ao afirmar: o Governo não só não é problema, como é solução. E a assertiva vem embasada nos bons resultados obtidos por Biden, que impulsionou a agenda mais progressista das últimas quatro décadas. Uma revolução política que quase ninguém esperava (e tudo isso num ambiente de surpreendente calma depois dos anos do trumpismo).

Na Itália, o Governo declara guerra aos altares da máfia. O correspondente Daniel Verdú conta a ofensiva promovida pela cidade de Nápoles contra estes locais espalhados pela cidade e que se tornaram um lugar de peregrinação, como o caso da capela com as cinzas de Emanuele Sibillo, uma espécie de Robin Hood da delinquência. A intenção das autoridades é eliminar lugares de culto à delinquência.

Ainda nesta edição, uma análise da quarta temporada de O conto da aia, a série inspirada no romance de Margaret Atwood que se tornou um catalisador do feminismo mundial. Laura Fernández traz nuances dos novos episódios que estreiam dia 2 de maio no Brasil pelo Paramount+. "Na luta quase corpo a corpo ―com o inimigo, todos esses homens pérfidos― na qual embarcam as aias nesta temporada, pode haver uma mensagem: tudo o que nos espera depende de cada uma de nós”, escreve.


A luta após o luto no Brasil que supera 400.000 mortes na pandemia
A luta após o luto no Brasil que supera 400.000 mortes na pandemia
Familiares de vítimas da doença criam associação para lutar na Justiça pela responsabilização do poder público pelo descontrole da pandemia no país
CPI pressiona Jair Bolsonaro pela primeira vez na crise sanitária
CPI pressiona Jair Bolsonaro pela primeira vez na crise sanitária
Comissão prepara artilharia contra o presidente, que sofre derrota judicial na tentativa de atravancar as investigações

Nenhum comentário:

Postar um comentário