segunda-feira, 12 de abril de 2021

"Não tem trabalho nem vacina, nosso destino é morrer": o drama do Brasil esquecido

 


Equador e Peru foram às urnas neste final de semana em plena pandemia para eleger seus novos presidentes e tiveram resultados inesperados, que contrariaram as pesquisas eleitorais. No Equador, o líder conservador Guillermo Lasso venceu no segundo turno Andrés Arauz, o homem escolhido por Rafael Correa para liderar o retorno de sua "revolução cidadã" ao país andino. O resultado foi um duro golpe para o ex-presidente, que acompanhou a campanha a partir da Bélgica, já que está impossibilitado de voltar ao país após uma condenação por suborno. O triunfo de Lasso tem um importante impacto regional, porque retarda a virada para a esquerda que a América do Sul havia começado com Alberto Fernández, na Argentina, e Luiz Arce, na Bolívia.

Já no Peru, quem falou mais alto no primeiro turno, ocorrido neste domingo, não foram os peruanos que moram em Lima ou discutem no Twitter. Mas um país ao qual pouco se prestou atenção durante a campanha, mas promete colocar um professor sindicalista de extrema esquerda, Pedro Castillo, como o mais votado à Presidência, segundo os resultados preliminares da manhã desta segunda (com quase 20% das urnas apuradas).

De São Paulo, mais precisamente da Ocupação Esperança, a 40 minutos do centro da cidade, a repórter Joana Oliveira conta o drama dos que vivem sem água e precisam de doações para ter o que comer. Uma situação agravada pelas dificuldades de trabalho impostas pela pandemia e pela ausência de um auxílio emergencial que cubra as despesas mínimas. "Meu marido ainda faz bicos como pintor, mas, justamente no ano de pandemia, os alimentos ficaram mais caros, não dá para comprar carne. Até o preço do ovo, que era mais barato e que a gente sempre comia, aumentou", desabafa Andreia Venâncio, mãe de cinco filhos e moradora da ocupação. 

O repórter Afonso Benites conta como, depois de quase 20 anos da implementação do regime do anistiado político e sob um Governo entusiasta da ditadura, a reparação da memória dos horrores vividos naquele período sombrio está ameaçada. No mandato de Jair Bolsonaro, houve uma queda exponencial nos deferimentos dos pedidos de anistia e um endurecimento nas regras para solicitar o benefício. Apenas 10% dos pedidos até o momento foram deferidos. A queda ocorre desde o Governo de Michel Temer, quando 13% dos requerimentos foram aprovados.

Já em um esforço que envolve diversos países, a Justiça procura manter viva e punir os horrores vividos pelo nazismo. Canadá, Estados Unidos e Alemanha iniciaram diferentes processos legais nos últimos meses contra funcionários de campos de concentração alemães. O objetivo já não é procurar ex-hierarcas do terceiro Reich, porque a maioria deles nasceu no século XIX e é muito difícil que ainda estejam vivos, mas criminosos secundários, porém sem os quais o Holocausto e o extermínio nazista de todos os seres humanos que eles consideravam inferiores teriam sido impossíveis.


O Brasil dos esquecidos: sem dinheiro, sem comida, sem vacina contra covid-19
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Na Ocupação Esperança, a 40 minutos do centro de São Paulo, moradores relatam a rotina sem água em casa e com o fantasma da miséria à espreita

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