quarta-feira, 14 de abril de 2021

Deu na Imprensa - 14/04/2021

 


Nas capas dos jornalões nesta quarta-feira, 14 de abril, dois assuntos principais. Folha e O Globo destacam em manchete que o Senado vai investigar a gestão de Bolsonaro pela condução da pandemia, mas também resolveu apurar a possibilidade de desvio de recursos federais destinados a estados. A edição brasileira do El País noticia que Senado cria CPI da covid-19 e governo Bolsonaro entra na mira por pandemia.

O outro assunto do dia é a retomada pelo STF do julgamento nesta das ações de LulaEstadão observa que o plenário da Suprema Corte analisa nesta quarta outro caso: a própria instalação da CPI. Os dois temas têm potencial de desgastar Bolsonaro e manter adversário político apto a disputar a eleição de 2022. Na FolhaMonica Bergamo diz que a chance de Lula sofrer novas condenações gera tensão no PT. A Folha dá página inteira para tratar os possíveis impactos sobre Lula em julgamento no Supremo.

A elevação da temperatura política em Brasília em função da pandemia e a possibilidade de investigar o governo também repercute na imprensa internacional, ganhando espaço em veículos importantes como o americano Washington Post, o português Diário de Notícias, o britânico Financial Times e o argentino Página 12Leia em Brasil na Gringa

As agências internacionais de notícias também mostram o que está acontecendo no Brasil aos olhos do mundo. Reuters noticia que o Senado do Brasil avança com investigação da resposta de Bolsonaro à Covid-19. Já a EFE destaca que o Brasil ultrapassou a marca de 355 mil mortes por Covid com uma média de 3 mil mortes por dia. 

O Globo observa que apesar da investigação ampla, o governo Bolsonaro terá minoria na composição da CPI. Já a Folha observa que o MDB quer a relatoria da CPI para dar troco em Bolsonaro. O partido quer promover uma retaliação ao Palácio do Planalto por eleição de Pacheco ao comando do Senado. Renan Calheiros pode ser o relator. Ele e Eduardo Braga preocupam o governo.

Enquanto isso, a pandemia segue matando absolutamente sem controle. No online, O Globo destaca que as mortes pela Covid fazem população encolher no Brasil, com mais óbitos do que nascimentos em pelo menos 8 estados. Valor ressalta que o país se aproxima das 360 mil mortes e que, somente ontem, 3.687 pessoas morreram pela doença. E, em meio a isso tudo, é estarrecedora a declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: o orçamento R$ 36 bilhões inferior ao de 2020 não preocupaValor informa que ministro diz que confia na palavra de Paulo Guedes de que não faltarão recursos.

Nos outros jornais, as manchetes destacam outros assuntos. Estadão revela que, em 10 anos, pelo menos 2 mil crianças morreram por agressãoValor vai de economia, mostrando que a pandemia piora a inserção de recém-formados no mercado.

Na política, jornais se voltam para a antecipação dos movimentos de líderes da esquerda brasileira na sucessão nos estados. Folha traz Guilherme Boulos anunciando que está disposto a disputar o Governo de SP em 2022. Em entrevista a Monica Bergamo, o ex-presidenciável do PSOL lança pré-candidatura e afirma, sobre eventual aliança com o PT, que unidade é "uma via de mão dupla". Já O Globo informa que o PT quer Haddad candidato ao governo de São Paulo. Ele resiste a entrar na disputa, mas tem participado de encontros virtuais com militantes no estado.


COLUNISTAS

O avanço das investigações sobre as responsabilidades do governo Bolsonaro na condução da crise sanitária ganha atenção quase unânime dos principais colunistas de jornais. No GloboBernardo Mello Franco aponta que Bolsonaro está com medo. "Presidente sabe que CPI ameaça seu mandato", observa o colunista. O clima é de paranoia no entorno presidencial. "Para Palácio do Planalto, Pacheco usa CPI da Pandemia para testar seu nome para 2022", escreve Bela Megale, no Globo.

Bruno Boghossian, na Folha, parece cético quanto ao desfecho da investigação pelo Congresso Nacional. "Com manobra no Senado, crescem chances de CPI não dar em nada", observa. "Mudança abre caminho distrações que podem acabar poupando Bolsonaro na pandemia"Painel reforça esta percepção, ao mostra a reação do ministro Fábio Farias. Ele comemorou a inclusão da investigação dos repasses de verbas federais para estados e municípios na CPI da Covid. "O feitiço virou contra o feiticeiro. Vai ser a CPI do Covidão", disse. 

No EstadãoRosângela Bittar aponta que a responsabilidade pela crise institucional tem nome e sobrenome: Rodrigo Pacheco"O presidente do Senado, que teve à mão uma forma eficaz de intervir e mudar os rumos da catástrofe, imaginou que poderia aplicar um sofisma parlamentar. Como dependia da sua assinatura a instalação da CPI, tentou postergá-la. Exercitou o golpe de Pilatos e lavou as mãos", acusa. "A experiência das CPIs mostra que, mais do que as investigações, as denúncias ganham dimensões de provas".

Elio Gaspari mostra que Bolsonaro pretende fazer do limão uma pizza na CPI da Pandemia. Mas não será fácil. "O grande quadro está escancarado — e é um retrato de corpo inteiro de Bolsonaro", resume. "Ele chamou a Covid-19 de 'gripezinha' e combate o isolamento por uma mistura de ignorância com oportunismo que estava no seu código político já ao tempo em que era vereador do Rio, rachando apoios e patrimônios".

Ainda no EstadãoRafael Moreira reforça: o potencial de estrago da CPI da Covid está dado. "Na política brasileira, o timing de cada novo fato político define qual será a consequência daquele determinado acontecimento. Nesse sentido, a criação da CPI da Covid chega no pior momento possível para o governo federal, no qual os índices de popularidade do presidente Bolsonaro estão em queda, o isolamento político do país já se tornou um fato consumado (com desdobramentos inclusive sanitários), e o dilema economia versus saúde no combate à pandemia já se mostrou falso, pois a recuperação econômica só virá após a vacinação em massa", aponta.


BRASIL NA GRINGA

A crise política e institucional brasileira ganha a atenção do Washington Post. O jornal traz reportagem do correspondente Terrence McCoy apontando que, apesar dos pedidos de impeachment de Bolsonaro estarem aumentando, seu domínio sobre o Brasil continua forte. Diz a reportagem: "Enquanto o Brasil atravessa alguns dos dias mais mortais de sua história, um movimento está crescendo para responsabilizar Bolsonaro pela carnificina que ele fez pouco para mitigar". 

O jornal aponta que a Suprema Corte brasileira ordenou na semana passada que o Senado abrisse uma investigação sobre sua conduta errática durante a pandemia. "Políticos e colunistas proeminentes pediram repetidamente sua remoção. Mais de 110 pedidos de impeachment foram apresentados contra ele – dezenas só em abril –, acusado de crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional", relata McCoy. "Mas poucos vêem qualquer chance real de remover o Bolsonaro tão cedo"Leia a íntegra ao final deste briefing

O argentino Página 12 repercute a abertura da CPI pelo Senado brasileiro e destaca em alto de página a declaração de Bolsonaro: "O ditador do Brasil não sou eu". O jornal informa que o presidente garantiu nesta terça-feira que não é o ditador de seu país, acusando os governadores e prefeitos de terem causado a crise econômica com as quarentenas movidas contra o colapso do hospital devido ao coronavírus. "O presidente de extrema direita reagiu assim à criação de uma comissão parlamentar para investigar o papel do governo contra a pandemia", informa o periódico. "A comissão deve ser avalizada nesta quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal".

O português Diário de Notícias traz ampla reportagem – com chamada de capa – tentando responder à seguinte pergunta: Por que o Brasil é hoje o pior país do mundo na pandemia? E sintetiza: "Médicos, infecciologistas e investigadores apontam uma razão: o governo de Jair Bolsonaro, que será investigado politicamente em Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal por omissão no combate à Covid-19"Leia a íntegra ao final deste briefing.

Em editorial, o britânico Financial Times opina que a América Latina merece líderes melhores depois da Covid e que "populistas de esquerda e de direita não ajudarão a região mais atingida do mundo". Diz o editorial: "A América Latina é a região mais atingida pela devastação humana e econômica combinada do coronavírus, de acordo com o Banco Mundial. Jair Bolsonaro, o presidente do Brasil, é um dos negadores da pandemia mais proeminentes do mundo. Mas, embora o tratamento desolador da pandemia por Bolsonaro explique muito do sofrimento do Brasil, não conta toda a história. Outras nações latino-americanas se saíram ainda pior". Segundo o FT, Peru, Equador, Nicarágua, Bolívia e México ocupam os primeiros lugares em uma tabela de mortes excessivas desde o início da pandemia.

Os diários franceses repercutem a decisão do governo francês de suspender as viagens do Brasil para Paris. O jornal Libération noticia que os últimos passageiros que chegam do Brasil denunciam "zelo em responder à polêmica". Eles têm dificuldade em entender a decisão do governo de suspender todos os voos até 19 de abril, apesar da gravidade da situação epidêmica.

Reuters destaca o ultimato do governo norueguês, preocupado com a questão climática e o posicionamento do governo Bolsonaro. "O Brasil deve mostrar que a proteção da Amazônia está funcionando, diz o principal doador, Noruega" – informa a agência. "O Brasil deve demonstrar que pode reduzir o desmatamento em curso na Amazônia antes que a Noruega retome os pagamentos em apoio à preservação da maior floresta tropical do mundo", disse o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn.


INTERNACIONAL

Ainda no cenário internacional, um dos destaques do dia é o anúncio do presidente Joe Biden de que pretende retirar todas as tropas de combate do Afeganistão até 11 de setembro. Depois de anos argumentando contra uma presença militar prolongada no Afeganistão, Biden está fazendo as coisas à sua maneira, com o prazo de retirada estabelecido para o 20º aniversário dos ataques terroristas. O assunto ganha a manchete do New York Times, do Washington Post e do Wall Street Journal

Segundo o Post, com a retirada do Afeganistão, o presidente dos EUA pretende redefinir a agenda global da América"Biden vê a guerra contra o Taleban como um obstáculo à necessidade de lidar com ameaças maiores como a China, as mudanças climáticas, a pandemia do coronavírus", diz o jornal. "Ele também está focado nas ameaças da Rússia e no declínio da influência dos EUA no exterior".

Ainda sobre EUA, NYTimes noticia que Biden cobra outros líderes das nações que assumam compromissos climáticos para o Dia da Terra. De acordo com o jornal, o governo está fechando negócios com aliados próximos, mas acordos com potências como China, Brasil e Índia estão se mostrando muito difíceis. "Com o Brasil, os esforços do governo Biden para negociar um plano de proteção da floresta amazônica com o presidente conservador do Brasil, Jair Bolsonaro, dividiram amargamente os defensores do meio ambiente, devido ao péssimo histórico ambiental do governo Bolsonaro", aponta o diário.

Outro tema é a proposta de Biden a Vladimir Putin para uma reunião de cúpula, à medida que aumentam as tensões entre  EUA e Rússia. O presidente sugere que os líderes se reúnam em um terceiro país para tratar de uma série de questões. Seria a primeira entre Putin e um presidente dos EUA desde o encontro de 2018 com Donald Trump em Helsinque, onde o líder americano disse acreditar em seu homólogo russo em vez de seus próprios serviços de inteligência sobre o tema das supostas tentativas de Moscou de se intrometer nas eleições de 2016. O presidente da Rússia anunciou que tomou a segunda dose de vacina e pediu à população que siga seu exemplo e procure imunização.

Outro destaque, principalmente na imprensa inglesa, é o envolvimento de Bill Crothers, alto assessor do então primeiro-ministro David Cameron, envolvido no escândalo da Greenshill. Crothers foi responsável por £40 bilhões de gastos do governo em três anos como diretor comercial da Whitehall, antes de se tornar diretor da Greensill com participação de £ 5 milhões na empresa. O assunto ganha as capas dos jornais The Guardian e The Times

Já o Financial Times dá em manchete a suspensão da vacina da Johnson e Johnson na Europa, enquanto as agências dos EUA analisam as preocupações sobre coágulos sanguíneos raros – semelhantes aos observados na injeção AstraZeneca. A revisão dos Estados Unidos deve ser concluída em "questão de dias", diz o jornal. A Johnson e Johnson tomou a decisão de suspender o uso da vacina na Europa.

O francês Le Monde destaca em manchete explosiva sobre a "hecatombe" provocada pela Covid na França, que cruzou a marca de 100 mil mortos. O jornal faz estardalhaço com a revelação de que dados do centro de epidemiologia sobre as causas de morte do Inserm, mais confiáveis por se basearem em atestados de óbito, confirmam que os resultados oficiais da Sistema Público de Saúde da França estão amplamente subestimados. "Logo 100 mil mortes de Covid-19 na França, e a indiferença se instala", alardeia o principal jornal francês.

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca que, no Brasil, garimpeiros ilegais trocam ouro por vacina do coronavírus. As doses da vacina destinadas à população indígena de Roraima teriam caído nas mãos de bandidos. Acredita-se que até 20.000 deles estejam na área afetada. "De acordo com reportagens da mídia, 21 dos mais de 26.000 Yanomami na área indígena morreram de Covid-19 até agora, e outras 23 mortes ainda estão sendo investigadas", diz o jornal. "A área, que foi atribuída aos Yanomami em 1992, tem cerca de 100 mil quilômetros quadrados e é a maior reserva indígena do Brasil".

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Senado vai investigar gestão Bolsonaro e verba a estados

Estadão: Em 10 anos, pelo menos 2 mil crianças morreram por agressão 

O Globo: CPI terá foco ampliado e minoria governista

Valor: Pandemia piora a inserção de recém-formados no mercado

El País (Brasil): Senado cria CPI da covid-19 e Governo Bolsonaro entra na mira por pandemia

BBC Brasil: Covid-19: os riscos de não tomar a segunda dose da vacina

UOL: Insumos, Anvisa e contratos são desafio para governo acelerar vacina

G1:  Mortes em UTIs de Covid em SP já superam as altas médicas

R7: STF analisa nesta quarta a instalação da comissão no Senado; sessão foi marcada como prioridade

Luís Nassif: No TRF4, Gebran se candidatou em nome da Lava Jato e perdeu

Tijolaço: O 'Zé' pode pegar ônibus 'pelo país', mas senador não pode fazer CPI na Covid?

Brasil 247: PT está em alerta máximo com sessão do STF nesta quarta-feira sobre Lula

DCM: Pacheco decide por CPI única para investigar União, estados e municípios

Rede Brasil Atual: Em nova derrota de Bolsonaro, Senado cria CPI para apurar conduta do governo ante a Covid

Brasil de Fato: Senado cria CPI da Covid, e Bolsonaro sofre nova derrota no Legislativo

Ópera Mundi: Após ataque em usina, Irã anuncia que enriquecerá urânio a 60%

Vi o Mundo: Primeiro-ministro francês é aplaudido ao anunciar veto à chegada de brasileiros, originários do país que mais receitou cloroquina

Fórum: Pacheco instala CPI da Covid e inclui investigação de repasses a governadores e prefeitos

Poder 360: Pandemia diminui protestos e faz cair total de ônibus queimados em 2020

New York Times: Biden marca a data do fim da mais longa guerra da Nação

Washington Post: EUA devem sair do Afeganistão em 11 de setembro

WSJ: Biden retirará todas as tropas do Afeganistão até 11 de setembro

Financial Times: J&J interrompe lançamento de vacina na Europa enquanto agências dos EUA analisam coágulos sanguíneos

The Guardian: Revelado: o papel do alto funcionário público no escândalo que atingiu o Greensill

The Times: O melhor mandarim de Cameron aceitou o emprego de Greensill

Le Monde: A hecatombe da Covid-19. 100 mil mortos na França 

Libération: Reforma da justiça. Traga os jurados 

El País: Problemas com outra vacina complicam a imunização

El Mundo: Sánchez apresenta pela oitava vez os fundos sem precisar sua chegada

Clarín: Outro recorde de casos y greve de professores na cidade e não na província

Página 12: Uma causa sem causa

Gramna: São aprovados três Decretos-Leis sobre telecomunicações, empresas e segurança social

Diário de Notícias: Alexandre Fonseca: "Siresp vai acabar no dia 30 de junho"

Público: Novo banco não seguiu alerta para processar grandes devedores 

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Dias turbulentos na CDU e na CSU

Süddeutsche Zeitung: Laschet contra Söder. Duelo dos egoístas

The Moscow Times: Putin recebe segunda dose de vacina contra o coronavírus

Global Times: A 'baixa credibilidade' do Japão causa preocupações entre os países asiáticos sobre as águas residuais nucleares de Fukushima

Diário do Povo: Xi enfatiza o desenvolvimento de um sistema moderno de educação vocacional

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