MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Os principais jornalões brasileiros atiram para todos os lados nas manchetes desta quinta-feira, 10 de junho. Folha aborda a declaração infeliz de Alberto Fernández: Brasileiros vieram da selva, diz presidente da Argentina. Estadão destaca que voto impresso tem maioria para passar em comissão na Câmara. O Globo e Valor dão destaque à alta súbita do IPCA: Inflação tem a maior alta para maio em 25 anos – aponta o jornal carioca. Com pressões disseminadas, IPCA supera 8% em 12 meses – informa o diário financeiro. Já a edição brasileira do El País mantém a questão militar como tema central: Jungmann: "Não punir Pazuello no Exército incentiva a anarquia. Não tem meio-termo".

A notícia mais importante do dia, contudo, está no Globo, que traz um furo jornalístico impactante: Bolsonaro atuou em favor de empresas de amigos junto ao governo da Índia. O presidente pediu que o premiê da Índia liberasse insumos de cloroquina a laboratórios de empresários aliados. Documento mostra que Bolsonaro cita nominalmente as empresas EMS e Apsen ao pedir liberação da exportação dos produtos. Senadores da comissão avaliam que a ligação é prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento para o Brasil do remédio sem eficácia.

As duas empresas beneficiadas diretamente pela atuação são comandadas por empresários que têm relações com o bolsonarismo. O presidente da Apsen, Renato Spallicci, é um apoiador de Bolsonaro. Ele declarou voto no atual presidente em 2018 e tinha várias postagens nas suas redes sociais com ataques a seus adversários e defesa do governo. Ontem, ele foi convocado a prestar depoimento na CPI da Covid. O CEO da EMS, Carlos Sanchez, já foi recebido por Bolsonaro para reuniões no Palácio do Planalto e participou recentemente de jantar com empresários realizado em São Paulo no qual o presidente foi ovacionado.

Outro destaque é a decisão do TCU afastar auditor e pedir investigação da PF sobre documento com dados falsos citados por Bolsonaro. Funcionário está impedido de entrar em prédio do tribunal. Presidente da República volta a usar dados para sugerir supernotificação de mortos por Covid. A decisão foi anunciada pela presidente do órgão, Ana Arraes, que também determinou abertura de processo disciplinar e afastamento do auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, autor da análise que levou Bolsonaro a sugerir, mais uma vez sem provas, uma supernotificação de óbitos pela pandemia no Brasil.

Em culto, Bolsonaro questiona vacinas e voltar a disseminar fake news e desinformação ao dizer que elas são experimentais como o tratamento precoce. A comissão vai convocar servidor do TCU que elaborou o "relatório paralelo" sobre mortes por coronavírus. Ainda sobre a CPI, o depoimento de coronel reforça lentidão por vacina e foco em tratamento precoce na gestão Pazuello. Folha aponta que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde citou dados falsos ao defender tratamento precoce e a compra de cloroquina.

Outra notícia importante do dia está no Estadão, que destaca em manchete de capa que o voto impresso tem apoio de maioria em comissão e deve avançar na Câmara. "Modelo defendido por Bolsonaro possui apoio de 21 dos atuais 32 deputados de colegiado", diz o jornal. O presidente do TSE, ministro Luiz Roberto Barroso, classifica como 'retrocesso' eventual retorno da impressão. Adversários do governo veem na impressão do voto uma possibilidade de auditoria para frear o discurso de fraude eleitoral adotado por Bolsonaro. PT e a Rede são os únicos partidos que se colocam contrários à medida. A aprovação no colegiado é o passo mais importante para a proposta, sem a qual a discussão não chegaria ao plenário da Câmara.

ELEIÇÕES 2022

Vale a leitura da entrevista de Marcos Nobre no Globo alertando: "Faz parte da encenação de Bolsonaro parecer que está fraco", diz o cientista social. Professor da Unicamp avalia que a volta de Lula ao cenário político contribuiu para a organização da esquerda e que a direita não bolsonarista precisa encontrar um caminho para enfrentar o presidente em 2022. ""Bolsonaro está forte o suficiente para ir ao segundo turno e fraco o suficiente para mostrar a seu eleitorado que ele luta permanentemente contra o sistema", diz.

"Na comparação 2018 com 2022, são duas eleições completamente diferentes. A eleição sempre se organiza na ideia de ser contra e a favor do governo. Quando há reeleição isso é mais forte", aponta. "O espaço para uma candidatura antissistema ou outsider já está ocupado e pelo próprio presidente. Por isso, Bolsonaro é paradoxal, porque é um presidente antissistema".

Ainda sobre a sucessão presidencial, Poder 360 informa que Lula continua à frente de Bolsonaro na nova rodada de pesquisa eleitoral. "Petista vence por 48% a 37%. Em abril, taxas eram de 52% e 34%. João Doria e Ciro Gomes melhoraram seus números", informa. A pesquisa foi realizada no período de 2ª a 4ª feira desta semana pelo PoderData. Foram 2.500 entrevistas em 522 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em artigo no Estadão, Adriana Fernandes aponta: Por 2022, Bolsonaro quer Refis, IR e novo Bolsa Família. A colunista de economia avalia que Bolsonaro conta com plano econômico para fazer frente à covid e conseguir se reeleger. "Se de um lado a CPI expõe o desastre do presidente na condução da pandemia, os dados mais favoráveis da economia fazem o contraponto", observa. "As negociações políticas avançaram nos últimos dias no embalo da narrativa de que a economia está se recuperando mais rápido do que o previsto, num quadro também de menos aperto das contas públicas programado para 2022".

BRASIL NA GRINGA

El País repercute a infeliz declaração do presidente Alberto Fernández: "Os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros da selva, mas os argentinos dos navios". Diz o jornal que ele citou frase de Octavio Paz com erros e recebeu denúncias de racismo. O argentino Clarín dá manchete principal para a declaração de Fernández e aponta que houve forte reação no México e no Brasil, que o acusa de racismo. O jornal ainda diz que Bolsonaro reagiu com ironia ao argentino, postando nas redes sociais uma foto entre os índios na Amazônia. O Página 12 publica que o presidente da Argentina pediu desculpas. "Nossa diversidade é uma fonte de orgulho", disse.

A morte da jovem Kathlen Romeu, no Rio de Janeiro, "vítima de bala perdida" ganha cobertura do The Guardian, apontando a violação de direitos humanos e a onda de protestos na cidade. "Te deixa doente": fúria no Rio quando grávida de 24 anos é morta em batida policial. "A morte de Kathlen Romeu marca a última fatalidade entre os moradores negros da favela, em confronto da polícia com gangues de drogas", aponta a correspondente Flávia Milhorance.

Ainda no Guardian, o correspondente Tom Phillips escreve sobre a deputada Floredelis dos Santos de Sousa: A superestrela evangélica do Brasil mandou matar o marido? "Flordelis cresceu em uma favela do Rio, mas ganhou fama depois de adotar mais de 50 crianças, tornando-se uma cantora gospel de enorme sucesso e ganhando uma vaga no Congresso. E agora ela está sendo julgada por assassinato", pontua.

O mesmo assunto é tema de longa reportagem de Jon Lee Anderson na prestigiada revista estadunidense The New Yorker. O assassinato que escandaliza a Igreja Evangélica do Brasil. "Flordelis tornou-se famosa como cantora gospel, pastora e política. Então seu marido foi morto", aponta. "Os evangélicos têm sido um grande pilar de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Ex-capitão do Exército com severas visões de direita, Bolsonaro conquistou o cargo, em 2018, com uma agenda anticorrupção e a promessa de lutar contra a 'ideologia de gênero', um termo amplo que inclui o casamento entre pessoas do mesmo sexo e outras causas progressistas. Embora criado como católico, ele viajou para Israel em 2016 para ser batizado no rio Jordão", reporta.

O diário francês Le Monde noticia sobre a exitosa campanha de vacinação contra a Covid na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, que alcançou 98% de imunização da população. "Conosco, o medo do vírus se foi": em Serrana, Brasil, 98% dos adultos são vacinados contra Covid-19. "No Estado de São Paulo, a cidade de 45 mil habitantes serviu de cidade-piloto para o Instituto Butantan. Quase todos os adultos lá foram vacinados com Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, tornando-se um oásis em um país devastado pela epidemia", escreve o correspondente Bruno Meyerfeld.

O New York Times, Wall Street Journal, The Times, The Guardian e Frankfurter Allgemeine Zeitung informam que a JBS pagou US $ 11 milhões em resgate a hackers. A violação foi a mais recente em uma série de ataques direcionados a empresas essenciais para a infraestrutura americana. "A empresa JBS afirmou em nota que a decisão de pagar o resgate foi tomada para proteger os seus dados e evitar riscos para os seus clientes", reporta o NYT. "A empresa disse que a maioria de suas instalações estava funcionando novamente quando o pagamento foi feito". O FBI disse na semana passada que acreditava que o REvil, um grupo com sede na Rússia que é uma das organizações de ransomware mais prolíficas, era o responsável pelo ataque.

INTERNACIONAL

Financial Times reporta que Keiko Fujimori chora fraude enquanto as eleições estão em jogo no Peru. "Candidata da direita pede 200.000 votos para serem declarados nulos, potencialmente arrebatando a vitória do rival de esquerda Pedro Castillo", informa. O diário inglês diz que o resultado da eleição está em risco depois que a candidata acusou o partido do oponente de fraude, pedindo que 200 mil votos sejam declarados nulos e outros 300 mil sejam examinados. "Se seu pedido for atendido, a eleição provavelmente balançará a seu favor, arrebatando a vitória das mãos de seu rival de esquerda Pedro Castillo. Isso, por sua vez, quase certamente levaria a protestos de rua generalizados de seus apoiadores", escreve o correspondente Gideon Long, de Lima.

O francês Libération destaca que o pedido de revisão de Keiko vai atrasar a proclamação oficial do vencedor. O espanhol El País também destaca as declarações da candidata da direita. Keiko Fujimori insiste em acusações de fraude a caminho da derrota no Peru. "A política conservadora, perto de perder com 99% examinado, acusa mais uma vez seu oponente de alterar o resultado com evidências inconsistentes", registra. Em outra reportagem, o jornal aponta a longa espera de um país dividido. "Peru aguarda com paixão a contagem final do colégio eleitoral, onde Castillo aproveitou Fujimori e se prepara para a presidência", reporta.

O New York Times e o Washington Post destacam em manchete de primeira página o anúncio de Joe Biden hoje de que enviará 500 milhões de doses de vacina Pfizer para 100 países ao longo de um ano. "A mudança da Casa Branca é parte de uma campanha nascente para inocular o mundo, e ocorreu enquanto o presidente Biden enfrentava intensa pressão para fazer mais", destaca o diário novaiorquino. "As primeiras 200 milhões de doses serão distribuídas este ano, com as 300 milhões subsequentes compartilhadas no primeiro semestre do próximo ano. As doses serão distribuídas pela Covax, a iniciativa apoiada pela OMS para compartilhar doses em todo o mundo, e serão direcionadas a países de baixa e média renda", informa o Post.

"Sob pressão para abordar agressivamente a escassez global da vacina contra o coronavírus, Biden anunciará já na quinta-feira que seu governo comprará 500 milhões de doses da vacina Pfizer-BioNTech e as doará entre cerca de 100 países no próximo ano, de acordo com pessoas familiarizadas com o plano", diz a reportagem do NYT. "Precisamos acabar com a Covid-19, não apenas em casa, o que estamos fazendo, mas em todos os lugares", disse Biden às tropas americanas após pousar na RAF Mildenhall em Suffolk, Inglaterra. O assunto também ganha espaço no El País.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Brasileiros vieram da selva, diz presidente da Argentina

Estadão: Voto impresso tem maioria para passar em comissão na Câmara

O Globo: Inflação tem a maior alta para maio em 25 anos

Valor: Com pressões disseminadas, IPCA supera 8% em 12 meses

El País (Brasil): Jungmann: "Não punir Pazuello no Exército incentiva a anarquia. Não tem meio-termo"

BBC Brasil: Na contramão do PIB, renda do brasileiro cai 10% com inflação em alta e desemprego recorde

UOL: Rosa Weber autoriza governador do Amazonas a não ir à CPI da Covid

G1: Cármen Lúcia e Marco Aurélio votam por liberar Copa América no Brasil

R7: Caixa libera saque do auxílio emergencial para 2,4 milhões de beneficiários nascidos em julho

Luis Nassif: A inflação e a recuperação da economia global

Tijolaço: Peru elege o presidente dos invisíveis