quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Bolsonaro entre crime contra a humanidade e charlatanismo na CPI da Pandemia

EL PAÍS

O presidente Jair Bolsonaro cometeu crime contra a humanidade durante a pandemia da covid-19. Essa é a leitura do relator da CPI da Pandemia, que vai chegando ao fim após uma maratona de quase 70 reuniões percorridas para descobrir os responsáveis pelas 600.000 mortes provocadas pelo coronavírus no Brasil. O relatório produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e vazado antes de sua leitura oficial, que será feita nesta quarta-feira, desvela uma rede de falsas informações capitaneada pelo presidente com a conivência da classe médica, que levou o país ao sétimo lugar do mundo na relação de morte por habitantes, detalha Afonso Benites. As acusações mais graves contra Bolsonaro, de homicídio qualificado e genocídio de indígenas, foram retiradas após reunião na noite de terça-feira, e o relatório ainda pode mudar mais até o próximo dia 26, quando será votado. 

Mesmo criticados por suas conduções no campo ambiental,os presidentes do Brasil e da Colômbia, Iván Duque, prometem unir forças políticas pela preservação da Amazônia. Em Brasília nesta semana, Duque anunciou que estará ao lado de Bolsonaro na proposta de preservação da floresta durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP-26 de Glasgow, que começa no fim do mês. O líder colombiano também destacou que estão previstos investimentos na casa de 1,4 bilhão de dólares para o tema. Se na teoria os dois mandatários parecem mostrar compromisso com uma das causas em destaque no mundo hoje, na prática o brasileiro segue sendo o presidente que já conta com três denúncias no Tribunal Penal Internacional por destruir a maior área verde do país.

"A região [latina] não está no mapa da União Europeia, exceto em casos extremos" e "não existe uma política [do Governo Joe Biden] para a América Latina", critica José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch. Em entrevista a Amanda Mars, o líder da entidade fez duras críticas a uma série de organismos responsáveis por dividir a tarefa de zelar pelos direitos humanos na região o que, segundo Vivanco, não vem sendo feito. "Trabalho desde a década de oitenta na defesa dos direitos humanos e há 30 anos não vejo a região numa situação tão difícil e com tantas ameaças ao sistema democrático e aos direitos humanos", disse o diretor, em um balanço preocupante sobre os efeitos de meses de pandemia no continente.

A popularidade dos aplicativos de meditação e mindfulness (atenção plena, a prática derivada do budismo com foco em estar presente no momento) explodiu no último ano e meio por conta da pandemia, muito em função do aumento de casos de ansiedade e estresse. Essas plataformas, porém, podem ter efeitos colaterais, alertam especialistas. É o tal do "fast food espiritual". "Assim como antes da pandemia havia pessoas que visitavam três países em uma semana só para dizer que tinham estado ali, qualquer pessoa que pratica meditação sabe que os benefícios surgem depois de muitas horas. Com isso se promove o culto à velocidade". Para o pesquisador cultural Ronald Purser, a prática se tornou "um instrumento de controle e pacificação social almejado por exércitos, escolas e corporações, uma forma de espiritualidade perfeitamente ajustada ao sistema capitalista".


Bolsonaro, entre crime contra a humanidade e charlatanismo na CPI da Pandemia
Bolsonaro, entre crime contra a humanidade e charlatanismo na CPI da Pandemia
Vazamento do parecer do relator antecipa discussão que os senadores travarão até o dia 26 sobre o grau de gravidade da conduta do presidente

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