segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Deu na Imprensa - 25/10

  

A semana começa com noticiário morno na política, mas quente na economia, com os principais jornais dando destaque para a piora da percepção da política econômica de Jair Bolsonaro. O Globo e Valor trazem a aversão do mercado à mudança na rota da economia comandada por Paulo Guedes, prevendo piora do crescimento em 2022, enquanto Folha fala do novo aceno do governo ao Centrão e o Estadão tratando dos processos na Justiça que envolvem a questão climática

Na imprensa internacional, atenção às reportagens nos principais jornais americanos e europeus para a nova rodada de denúncias contra o Facebook, mostrando a omissão da empresa na disseminação do discurso de ódio, mesmo alertada por técnicos da própria gigante para a falta de moderação nas redes sociais. Leia em Facebook Papers

Eis as manchetes dos jornalões nacionais. FolhaMEC quer universidades em redutos do CentrãoEstadãoDireito climático sustenta cada vez mais processos em tribunais do Brasil e do mundoO GloboInstabilidade política e juros em alta afastam empresas da BolsaValorPioram perspectivas para o PIB e investimentos em 2022. E El País (Brasil)Invisíveis, órfãos da covid-19 encaram a pandemia da dor e do desamparo.

Na política, vale a leitura na íntegra da entrevista de página inteira concedida por Gleisi Hoffmann à Folha, em que ela denuncia que Bolsonaro acha que compra votos com auxílio. A presidenta nacional do PT afirma que prioridade do partido em 2022 será eleger Lula ao Planalto e ampliar bancada de deputados na Câmara. Gleisi diz que Bolsonaro destruiu o Bolsa Família ao criar o Auxílio Brasil e que o mandatário erra ao pensar que a transferência de votos pelo aumento no valor do benefício será automática.

Já O Globo traz entrevista com o ex-senador gaúcho Pedro Simon, alertando que dificilmente haverá uma terceira via com unidade para 2022“Aposentado da carreira política, ex-senador se diz ‘angustiado’ com ‘radicalização’ e vê como improvável uma candidatura única do centro”, diz o jornal.

Ainda na política, reportagem da Folha diz que projeto que altera a composição do CNMP e amplia o poder do Congresso sobre o órgão divide o Supremo Tribunal Federal“Nos bastidores, ministros críticos aos métodos da Lava Jato demonstram apoio à PEC que aumenta o número de indicados por Câmara e Senado na composição do órgão”, diz. “Já outra ala do tribunal diz acreditar que as alterações são inconstitucionais”. Uma questão que tem sido discutida em conversas reservadas é até que ponto as alterações no CNMP podem impactar no Conselho Nacional de Justiça, chefiado pelo presidente do Supremo.

De volta à economia, Folha traz Marcos Mendes lamentando o furo do teto de gastos. “Brasil regrediu, e governo vai sair gastando”, lamenta o economista, apresentado como “um dos pais do teto de gastos”. Para Mendes, movimentações recentes de Bolsonaro e Guedes apontam uma mudança do regime fiscal. Trocou os balões de ensaio, em que mandava sinais ao mercado de abandono da prudência fiscal, pela simples ruptura, ao deixar claro o drible ao teto de gastos.

O enfraquecimento de Paulo Guedes, levou Bolsonaro neste final de semana a voltar a tentar proteger o ministro da Economia do processo de fritura. 'A gente vai sair junto', diz Bolsonaro ao lado de Guedes. Após uma semana tumultuada na área econômica em razão do drible no teto dos gastos, que resultou em uma debandada na equipe econômica, Bolsonaro afirmou que não vai interferir em preços e que vai buscar dar segurança ao mercado. A fala aconteceu ao lado do ministro, convidado a acompanhar o presidente em um evento nos arredores de Brasília. Ao final, os dois concederam entrevista a jornalistas para tratar das questões econômicas.

No EstadãoAdriana Fernandes alerta que o desmonte no teto de gastos cria armadilha fiscal para o próximo presidente. “Para especialistas, ao elevar o Auxílio Brasil para R$ 400 sem cortar outras despesas, governo cria uma bomba fiscal para quem for eleito no ano que vem”, resume. Quase metade do valor de ao menos R$ 400 a ser pago no Auxílio Brasil, novo programa social substituto do Bolsa Família, será em caráter temporário e acabará junto com a atual gestão, deixando famílias já em situação vulnerável expostas a um corte abrupto na renda domiciliar.

Especialistas apontam que dificilmente o próximo presidente conseguirá reduzir à metade o valor do benefício no início do governo, criando uma pressão para que o gasto se torne permanente. O governo e lideranças do Centrão, com aval do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, patrocinaram uma mudança na regra do teto para abrir um espaço de mais de R$ 80 bilhões no Orçamento. Mas esse espaço não deve ir apenas para o Auxílio Brasil — será tomado por outras despesas.

FACEBOOK PAPERS

Uma nova onda de denúncias contra o Facebook inundou os jornais neste final de semana. Os principais diários revelam as entranhas da empresa e sua atuação em campanhas eleitorais, inclusive na última disputa presidencial nos Estados Unidos. Wall Street Journal destaca nesta segunda os quadros de bate-papo interno do Facebook, que mostram a política frequentemente no centro da tomada de decisões.

“Em debates acalorados, funcionários e gerentes discutem sobre alegações de que as regras de conteúdo não são aplicadas para Breitbart e outras editoras de direita por medo de retaliações públicas”, diz o WSJ“Outros documentos internos mostram que a administração expressa cautela em parecer tendenciosa. Em resposta, o Facebook diz que impõe suas regras igualmente e não leva em consideração a política em suas decisões”.

No domingo, o New York Times noticiou que funcionários da gigante das redes sociais tinham alertado a direção da empresa sobre o seu papel nas campanhas eleitorais“Documentos da empresa mostram que os funcionários da rede social repetidamente levantaram bandeiras vermelhas sobre a disseminação de desinformação e conspirações antes e depois da contestada votação de novembro”, informa. 

“Os documentos da empresa mostram até que ponto o Facebook conhecia movimentos e grupos extremistas em seu site que tentavam polarizar os eleitores americanos antes da eleição”, diz a reportagem. “Os documentos também fornecem novos detalhes sobre o quão cientes os pesquisadores da empresa estavam após a eleição do fluxo de desinformação de que votos postulados haviam sido manipulados contra Trump”.

Na edição desta segunda, 25, o New York Times relata a luta do Facebook contra a desinformação, discurso de ódio e celebrações de violência está em alta na Índia, seu maior mercado, de acordo com documentos internos. A desinformação floresceu durante a pandemia. Robôs e contas falsas vinculadas ao partido governante do país e a figuras da oposição causaram estragos nas eleições nacionais. Postagens anti-muçulmanas também proliferaram.

O francês Le Monde noticia que, fora dos Estados Unidos, o Facebook tem muitos pontos fracos na moderação em dezenas de idiomas“Em países de alto risco, os sistemas de moderação da rede social em face do discurso de ódio e manipulação não são suficientes, revelam documentos internos da empresa”, diz o jornal. O Monde ainda traz perfil de Frances Haugen, a ex-gerente da empresa que virou uma denunciante com "abordagem muito estruturada".

New York Times e o The Guardian noticiam hoje que a denunciante do Facebook vai depor no Parlamento britânico. Os deputados ouvirão nesta segunda-feira o testemunho da ex-gerente do Facebook, que se tornou denunciante e compartilhou documentos internos para ajudar a construir um caso para supervisão mais rígida do gigante da mídia social. “Frances Haugen, a ex-funcionária, vai testemunhar perante o Parlamento como parte de sua campanha para revelar pesquisas internas do Facebook e discussões que pintam um retrato de uma empresa plenamente consciente de seus efeitos nocivos na sociedade”, reporta.

INSIDE INFORMATION

O escândalo do final de semana passou em brancas nuvens. Banqueiro revela como influi na Câmara e no Banco Central e recebe informações privilegiadas. À exceção do Poder 360, nenhum jornalão ou veículo da velha mídia comenta o áudio vazado — furo do Brasil 247 — em que André Esteves, dono do BTG e da Editora Abril, diz ser consultado por Roberto Campos Neto sobre piso de juros. Banqueiro diz ainda que Arthur Lira o consultou sobre demissões no Ministério da Economia. 

Na conversa com clientes do banco, que foi gravada e obtida pelo 247, Esteves ataca a ex-presidente Dilma Rousseff, elogia Michel Temer e diz que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o procurou no dia em que vários secretários de Paulo Guedes pediram demissão. O material foi publicado no canal do 247 no YouTube.

BRASIL NA GRINGA

Wall Street Journal destaca a crise no Palácio do Planalto, por conta do furo no teto de gastos: Mercados do Brasil atingidos por preocupações com os gastos do governo“O mercado de ações do país perdeu cerca de US$ 70 bilhões em valor esta semana, depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu financiar novas doações para os pobres, alterando um teto de gastos constitucional”, resume.

O argentino Página 12 também aborda a queda de assessores de Paulo Guedes e chama a atenção nesta segunda para a estranha política econômica de Jair Bolsonaro“Cinco altos funcionários da pasta de Economia renunciaram na última quinta-feira por suposto desentendimento com o ministro Paulo Guedes e sua política contundente de aumento dos gastos públicos”, resume. “As dúvidas do mercado sobre a política econômica do governo estão crescendo”.

Em ampla reportagem sobre mudanças climáticas e o encontro da Cop26, em Glasgow, na Escócia, o New York Times noticia que o mundo está dobrando a curva de emissões do clima. Mas que isso ainda não é o suficiente“Hoje, graças ao rápido crescimento da energia limpa, a humanidade começou a dobrar a curva de emissões. As políticas atuais nos colocam no ritmo de aquecimento de cerca de 3ºC até 2100 — um resultado melhor, mas ainda assim devastador”, relata. A reportagem cita o Brasil, lembrando que o país, sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro, aumentou o desmatamento: “Um retrocesso”.

Em editorial, o New York Times diz que em 1992, trata do sucesso ou não da Cop 26 em Glasgow. Mais de 150 países concordaram no Rio de Janeiro em estabilizar as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa. “A partir de 31 de outubro, em Glasgow, os agora 197 signatários do tratado do Rio tentarão mais uma vez criar um acordo internacional que possa realmente desacelerar e, em seguida, reduzir de forma confiável (e, espera-se, rapidamente) as emissões e, assim, evitar que o mundo caia em uma catástrofe em grande escala no final deste século”, aponta“Recentemente, Brasil e México apresentaram alvos mais fracos do que em Paris, cinco anos atrás”, lamenta.

O inglês The Guardian trouxe reportagem no sábado destacando que China, Índia e Brasil devem traçar planos de redução de emissões de gases de efeito estufa“Uma fonte disse que manter as temperaturas em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais cabe aos grandes países em desenvolvimento do G20”, noticia. “Alguns partidos do G20 fizeram os ajustes necessários e estão de acordo com 1,5ºC. O G20 é responsável por cerca de 80% das emissões globais, mas a maioria dos grandes países em desenvolvimento que são membros do G20 não enviou as metas”.

O francês Libération denuncia que países estão tentando minar o combate aos combustíveis fósseis“Documentos destinados ao IPCC obtidos pelo canal britânico BBC revelam que vários países, incluindo Arábia Saudita, Índia e Austrália, pedem a especialistas da ONU que minimizem a necessidade de reduzir rapidamente o uso de combustíveis fósseis”, relata.

O britânico Financial Times faz alarde sobre o envolvimento do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) na nova empresa de mídia de Donald Trump. O 'príncipe' e o populista: monarquista brasileiro apóia empresa Trump“Parlamentar de Brasília e executivo do Florida Spac estão atrás de acordo com a start-up Truth do ex-presidente”, destaca o jornal. A Digital World concluiu oferta pública inicial (IPO) no mês passado. Levantou US$ 293 milhões.

Em editorial, o Financial Times traz sua posição sobre os vazamentos dos Pandora Papers, apontando que são prejudiciais para a América Latina“Funcionários públicos da região estão sobre-representados em arquivos de paraísos fiscais”, opina. “A América Latina voltou às manchetes pelos motivos errados. Políticos e oficiais da região aparecem com destaque nos Pandora Papers , uma publicação de arquivos vazados sobre riquezas mantidas em paraísos offshore. Noventa dos 330 políticos e funcionários públicos mencionados no vazamento de dados são latino-americanos, incluindo três presidentes em exercício, um ministro das finanças e um governador de banco central”, reporta, sem mencionar o nome de Paulo Guedes. 

“A divulgação dos Pandora Papers suscita reflexões em todo o mundo sobre a injustiça de uma elite capaz de evitar a tributação e ocultar a propriedade transferindo ativos para o exterior”, observa. “Somente na América Latina, a Comissão Econômica da ONU estima que a evasão fiscal custa receita equivalente a 6,1% das economias da região”. E pontua: “Mas talvez o mais preocupante seja o que os Pandora Papers dizem sobre a relutância dos ricos da América Latina em investir em seus próprios países. A OCDE cita um valor de € 900 bilhões [R$ 6,3 trilhões] — em ativos latino-americanos mantidos no exterior”. 

Na edição de sábado, o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung diz fala da crescente perda de popularidade do presidente do Brasil. Bolsonaro perdeu sua magia“Conservadores e liberais no Brasil se afastam do presidente Jair Bolsonaro, desapontados. Em vez de um reformador, eles agora o consideram um protecionista. E estão procurando uma nova maneira de mudar”, escreve o correspondente Tjerk Brühwiller.

INTERNACIONAL

Washington Post destaca como manchete na capa a denúncia contra o Facebook mostrando que a gigante de tecnologia foi negligente, alimentando discurso de ódio e violência na Índia“Uma coleção de documentos internos mostra que o Facebook não investiu em protocolos de segurança importantes no maior mercado da empresa”, diz.

Na manchete principal, o New York Times trata da “guerra das sombras”, envolvendo um agente da CIA e um fabricante de bombas somali“A busca por um esquivo militante somali ilustra por que o Al Shabab, apesar de uma década de ação secreta americana, está no seu ponto mais forte em anos”, informa.

Wall Street Journal noticia Biden iguala os objetivos da política à medida que partido se aproxima de acordo“Com seu maior envolvimento em negociações sobre legislação abrangente de política social, o presidente Biden está tentando equilibrar a entrega de vitórias políticas tangíveis com a busca de políticas progressivas transformadoras de longo prazo”, relata.

 

AS MANCHETES DO DIA

JORNAIS

Folha: MEC quer universidades em redutos do Centrão

Estadão: Direito climático sustenta cada vez mais processos em tribunais do Brasil e do mundo

O Globo: Instabilidade política e juros em alta afastam empresas da Bolsa

Valor: Pioram perspectivas para o PIB e investimentos em 2022

El País (Brasil): Invisíveis, órfãos da covid-19 encaram a pandemia da dor e do desamparo

PORTAIS

BBC Brasil: Brasil deve reduzir desmatamento a nível de 10 anos atrás para atrair investidor, diz Joaquim Levy

UOL: STF julga limites da Justiça Militar e pode ter embate com Forças Armadas

G1:  Juiz fraudava decisões em esquema que causou prejuízo de R$ 18 milhões

R7: Em novembro, Auxílio Brasil não será no valor de R$ 400, mas de R$ 230

BLOGOSFERA

Luís Nassif: Brasil, um país sem expressão no comércio mundial

Tijolaço: E o “teto” da inflação?

Brasil 247: Gleisi diz que prioridade do PT em 2022 é eleger Lula presidente

DCM: ‘Chega’: Caminhoneiros rompem com Bolsonaro

Rede Brasil Atual: Semana termina com leve alta na média móvel de casos da covid e queda nas mortes

Brasil de Fato: Brasil completa 4 semanas sem alta de mortes por covid; na Europa, restrições são retomadas

Ópera Mundi: México busca paradeiro de bebês roubados durante "guerra suja" dos anos 1960-80 

Vi o Mundo: Tania Mandarino, sobre demissão do procurador do outdoor da Lava Jato: ‘Grande vitória da verdade; Dallagnol mentiu, notícias-crimes paradas na PGR precisam andar’

Fórum: Governo Bolsonaro desmarca reunião com caminhoneiros: “Encomendando a greve”

Poder 360: André Esteves diz ser consultado por Campos Neto sobre piso de juros

INTERNACIONAL

New York Times: Uma vacilante guerra das sombras contra os militantes somalis

Washington Post:  A falta de protocolos de segurança alimentou o ódio e a violência na Índia

WSJ: Biden iguala os objetivos da política à medida que partido se aproxima de um acordo

Financial Times: O primeiro-ministro da Polônia acusa UE de fazer exigências com 'arma na cabeça'

The Guardian: Chanceler acusado de 'fumaça e espelhos' sobre promessas de dinheiro no orçamento

The Times: Bilhões a mais para o NHS na tentativa de resolver o acúmulo de pedidos

Le Monde: Perante os migrantes, a Europa está cada vez mais dividida

Libération: Clima de vingança pelo átomo 

El País: Comunidades demitem pelo menos 21 mil médicos contratados na pandemia

El Mundo: Casado mantem a maioria e Sánchez estagnado por Díaz

Clarín: Com o dólar a preço recorde, Guzmán busca tranquilizar os mercados

Página 12: As contas pendentes

Granma: Díaz-Canel: Estamos preparados e prontos para tudo para defender o que é mais sagrado, o que nos une

Diário de Notícias: Governo negocia até o fim. Bloco e PCP não dão sinal de que vão ceder

Público: Ricciardi quer criar banco para recuperar o nome dos Espírito Santo

Frankfurter Allgemeine Zeitung: O SPD, os Verdes e o FDP querem se opor a Erdogan

Süddeutsche Zeitung: Visão interna de uma empresa global

Moskovskij Komsomolets: Descobriu-se onde a atriz Svetlichnaya tinha estado na véspera de seu desaparecimento

The Moscow Times: Enquanto Moscou se prepara para outro bloqueio, a frustração aumenta entre a minoria vacinada

Global Times: Xi reitera o papel da China na defesa do papel central da ONU nos assuntos internacionais

Diário do Povo: Xi elogia a restauração dos direitos da RPC na ONU há 50 anos como uma vitória

Nenhum comentário:

Postar um comentário