terça-feira, 19 de outubro de 2021

Oposição racha e CPI já tem dois relatórios

 Acusado de vazar trechos de seu relatório para a imprensa, o senador Renan Calheiros acabou isolado na CPI da Pandemia. O incomodo levou ao adiamento da leitura do relatório de hoje para amanhã. Nos bastidores, alguns colegas acusam Renan de ter vazado os trechos para emparedá-los e evitar mudanças. Se foi, o tiro saiu pela culatra. Os senadores pedem que ele retire vários pontos e ameaçam apresentar emendas. Já o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pagou para ver e disse que quer no relatório tudo o que foi vazado. Renan entregou textos preliminares aos demais integrantes da CPI. Ele propõe o indiciamento de 70 pessoas, inclusive do presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos mais velhos. (Folha)

Diante da polêmica, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou um relatório paralelo, mais conciso, pedindo o indiciamento de Bolsonaro e de três ministros — Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa) e Onyx Lorenzoni (Trabalho) — além de outras 12 pessoas. A acusação contra o presidente por genocídio, por exemplo, ficou de fora. (Globo)

Enquanto isso... A CPI teve ontem um dia de luto e dor, com os depoimentos de parentes de vítimas da Covid. “Acho que merecíamos um pedido de desculpas da maior autoridade ao país, porque não é questão política, se de partido ou de outro. Estamos falando de vidas”, disse Marco Antônio do Nascimento Silva, que perdeu o filho de 25 anos. Katia Shirlene Castilho dos Santos contou que a irmã teve de procurar os corpos dos pais, clientes da Prevent Senior tratados com o ‘kit covid’ num necrotério lotado. “Quando a gente vê um presidente da República imitando uma pessoa com falta de ar, isso para nós é muito doloroso”, disse. Num dos momentos mais dramáticos, Giovanna Gomes Mendes da Silva, 19 anos, falou da morte dos pais e de como assumiu a guarda da irmã de dez anos. Nem intérprete de libras da TV Senado conseguiu conter a emoção. (UOL)

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) criticou os depoimentos de ontem, que classificou como algo “macabro, triste e lamentável”. Segundo o Zero Um, as testemunhas foram “escolhidas a dedo” para responsabilizar seu pai. (Poder360)

A covid-19 já matou mais de 600 mil brasileiros. E ela teve ajuda do negacionismo e das fake news. Confira a reportagem especial sobre as vítimas da desinformação premeditada. (g1)




No dia 20 de março deste ano o capitão-de-corveta Jonathas Diniz Vieira Coelho, ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, recebeu uma mensagem do deputado Luís Miranda (DEM-DF) pedindo que avisasse ao chefe que havia um “esquema de corrupção pesado” na compra de vacinas. Bolsonaro recebeu o recado e pediu que Coelho marcasse para o mesmo dia um encontro com Miranda, que levou seu irmão, servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda. As informações são de depoimento do militar à PF no inquérito sobre possível prevaricação do presidente. Miranda afirma que ele e o irmão apresentaram a Bolsonaro provas de pressões indevidas para aprovação da compra da vacina indiana Covaxin e de outras irregularidades. (Globo)




Se o conflito na CPI agrada ao Planalto, há um outro flanco aberto: o Judiciário. Embora Bolsonaro tenha parado de atacar o STF e seus ministros desde 7 de setembro, ele não consegue retomar a relação com a Corte. Segundo fontes nos dois Poderes, faltam no momento interlocutores no primeiro escalão do Executivo com trânsito entre os ministros do Supremo. (Folha)




Meio em vídeo. Tanta coisa acontece na política que, muitas vezes, os acontecimentos passam com muita gritaria, muito comentário, muita hipérbole, e logo somem sem que a gente tenha tido certeza se algo importante aconteceu ou não. A briga entre Lula e Ciro Gomes não foi isso, pelo contrário. Demonstrou que Lula ainda não tem resposta para críticas mais contundentes ao seu governo e ao de Dilma. Confira o Ponto de Partida. (YouTube)

Aliás... Começa às 11h, e será transmitido ao vivo (assista), o debate promovido pelos jornais Valor Econômico e O Globo com pré-candidatos tucanos que disputam as prévias do PSDB. A jornalista Vera Magalhães ancora e estarão presentes Arthur Virgílio Neto, Eduardo Leite e João Doria.




Cresce na Câmara o incômodo com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, segundo deputados, atropela os ritos da casa e abusa dos pedidos de urgência para impor projetos de seu interesse. Segundo esses parlamentares, há projetos que são votados sem quem se conheça o texto final. Mas Lira foi forçado a adiar para amanhã a votação da PEC que aumenta a ingerência da Câmara no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). (Estadão)

E o Conselho do MP aprovou, por seis votos a cinco, a demissão do procurador Diogo Castor de Mattos. Ele contratou em 2019 um outdoor louvando a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, da qual fazia parte. Para o CNMP, o ato foi “promoção pessoal”, o que constitui improbidade administrativa. (g1)




Em viagem oficial a Dubai, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou furor ontem ao publicar uma foto posada com a mulher Heloísa e a filha do casal com roupas típicas. A oposição quer que o MP e o TCU investiguem os gastos do Zero Três na viagem. (g1)




O Cisne Branco, veleiro da Marinha Brasileira para “funções diplomáticas”, não conseguiu manobrar e bateu numa ponte na cidade equatoriana de Guayaquil. Veja as imagens. (g1)




Morreu ontem, aos 84 anos, o ex-secretário de Estado dos EUA Colin Powell, primeiro negro a ocupar o cargo e um dos arquitetos da polêmica invasão do Iraque com base em provas falsas. Powell lutava havia anos contra um câncer que enfraquecia seu sistema imunológico, e morreu em decorrência de complicações da covid-19, embora tivesse tomado duas doses de vacina. Em 1991, quando o ditador iraquiano Saddam Hussein invadiu o Kuait, Powell, então general, se tornou um rosto conhecido ao comandar o Estado-Maior da coalizão internacional que expulsou os invasores. Em 2001, foi nomeado pelo presidente George W. Bush para a Secretaria de Estado, o terceiro cargo em importância no Executivo. Naquele ano os EUA sofreram os atentados de 11 de setembro e lideraram uma nova coalizão que depôs o Talibã no Afeganistão.

Dois anos depois, incentivado por neoconservadores, Bush decidiu invadir o Iraque e depor Saddam. Powell era contra, mas foi convencido pela CIA de que Bagdá tinha armas de destruição em massa e que poderia cedê-las a terroristas. Apresentou o caso à ONU, que não se convenceu. A invasão aconteceu mesmo assim, as tais armas nunca foram encontradas e o Oriente Médio mergulhou num caos do qual não saiu até hoje. Foi um fim melancólico para a carreira de um militar notável. Quase vinte anos depois, Powell ainda cobrava respostas. (New York Time)

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