sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A realidade paralela em que Trump venceu as eleições

 

Brasil


A disputa política na corrida pela vacina contra o novo coronavírus ganhou um novo capítulo. O governador de São Paulo, João Doria, anunciou que pretende iniciar uma campanha estadual de vacinação já em janeiro, à frente do programa do Ministério da Saúde, previsto para começar em março. O Estado tem acordo para a fabricação da vacina Coronavac, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e promete encerrar os testes até 15 de dezembro, desatando a pressão para que a Anvisa libere a aplicação ao menos emergencial do fármaco. A questão, contam Naiara Galarraga Gortázar e Diogo Magri, é que toda a novela tem como pano de fundo a disputa pela "paternidade" do imunizante e a corrida de 2022. Nesta quinta, Doria não economizou nos ataques ao Planalto. “Quase 60.000 brasileiros podem morrer até março pela irresponsabilidade de um Governo ideológico, que não tem compaixão, que não tem respeito pela vida, que é negacionista na pandemia. Aqui, nós não esperamos sentados, nós trabalhamos”, disse.

O Brasil, que superou 175.000 mortos na pandemia nesta quinta-feira, conheceu também o resultado do PIB do terceiro trimestre: alta de 7,7% em relação aos três meses anteriores, uma cifra abaixo do patamar de mais de 8% esperado. Os números são insuficientes para salvar o país de uma retração em 2020 e não dissipam os temores sobre 2021, com a enorme incerteza pairando sobre os planos fiscais do Governo. 

Nos EUA, a ferocidade da pandemia também segue sendo notícia: três recordes alarmantes se somaram em um dia. Foram registrados mais de 200.000 novos casos de pessoas infectadas por coronavírus; 100.000 novos pacientes foram internados pela doença; e cerca de 3.000 doentes morreram na quarta-feira, superando todas as marcas após o início da pandemia. No plano político, Donald Trump tem alimentando uma perigosa narrativa compartilhada por seus seguidores na mídia e nas redes sociais questionando o resultado das eleições, levando ao inquietante dado de que metade do país considere que o próximo presidente será ilegítimo. “Ganharemos.” “Eleição manipulada.” “Esta eleição foi um escândalo (fraude!) maior do que qualquer um poderia ter imaginado.” Estes são fragmentos de tuítes disparados nos últimos dias por Trump, como relata de Washington o correspondente Pablo Guimón.

Para começar o fim de semana, uma reportagem sobre o documentário Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, selecionado para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar em 2021. O longa é um retrato da vida de Hector Babenco, que lidou com problemas de saúde por décadas e fez do cinema uma maneira de manter-se vivo. O registro da morte do argentino radicado no Brasil, em um processo lento e constante, com o câncer como condutor narrativo, se contrapõe ao afeto presente em toda a obra. A repórter Joana Oliveira conversou com a atriz e diretora Bárbara Paz, responsável pelo documentário daquele que foi seu marido. “Não sei o que vinha primeiro, se era o filmar ou estar vivo”, diz Babenco ante as lentes de Paz. “Eu já vivi minha morte, só falta fazer o filme da minha morte”, acrescenta em outro momento.


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