sexta-feira, 12 de março de 2021

Análise de Mídia - 12/03/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: Folha, O Globo e Estadão abordam em suas capas o aumento das restrições no Estados. O jornal O Globo chama atenção também para as ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. Depois da resposta imediata ao discurso do ex-presidente Lula, Jair Bolsonaro já voltou ao modo do negacionismo total. Os jornais mostram que a pressão de sua base fez com que o presidente se recusasse a utilizar máscaras novamente. A questão é que Jair Bolsonaro vai se colocando contra a parede e de uma forma em que a pressão só vai aumentar. A visão do seu eleitorado cativo já está muito distante da de grande parte dos empresários e investidores. Talvez não exista mais possibilidade de conciliar os dois grupos. Uma pesquisa eleitoral publicada hoje pelo Valor Econômico mostra que Jair Bolsonaro aparece à frente de Lula num possível primeiro turno, mas perde no 2º turno para Lula, Ciro, Haddad e Mandetta.
O forte discurso do ex-presidente Lula continua aparecendo nos jornais em repercussões ou textos de opinião. Um exemplo é a última live do presidente da República em que ele xingou Lula algumas vezes. Mas existe mais do que isso. A Folha publica uma entrevista com um mega investidor, considerado o “guru dos emergentes”, em que ele diz ver com bons olhos um possível novo governo de Lula. Nelson Barbosa e Tati Bernardi utilizam suas colunas para elogiar o ex-presidente. Outra colunista do jornal, a socióloga Angela Alonso, defende que a crítica que iguala Lula e Bolsonaro é absurda. Curioso é que o Estadão em seu editorial, mais uma vez, fez exatamente isso. E fez mais, se encaixando à crítica feita por Lula à imprensa sobre o poder que os editores têm sobre as reportagens, o Estadão publica reportagem (um pouco desesperada) sobre a necessidade de o centro se organizar para chegar forte nas eleições de 2022.
O noticiário econômico mostra que o aumento da inflação deve provocar um aumento da taxa Selic e, consequentemente, as perspectivas são cada vez menos animadoras. Além disso, alguns textos mostram que há uma descrença com relação ao poder da agenda econômica de Paulo Guedes. Até dentro do governo, o presidente do BC estaria sendo visto como mais influente do que Guedes.

 

CAPA – Manchete principal: *”Com estado perto do colapso, Doria endurece quarentena”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Alerta máximo”*: Os números da marcha da Covid-19 sobre o Brasil não deixam margem para dúvida, titubeio ou tergiversação: o país atravessa a pior fase da pandemia. Com o registro de mais de 2.000 mortes num único dia, as autoridades se veem forçadas a tomar medidas mais duras para conter a epidemia. Trata-se, sem dúvida, de sacrifícios para a população —necessários, no entanto, para que se evite uma catástrofe maior enquanto a vacinação não avança o suficiente para a superação da crise. A média móvel de mortes diárias (1.705) nos posiciona no epicentro da pandemia. Os EUA, que chegaram a ultrapassar o patamar de 3.000 óbitos diários, recuaram para 1.437 em média; convém lembrar que a população americana é pelo menos 50% maior que a brasileira.
A cifra de novos casos também nos dá a dianteira desonrosa, com 69,7 mil infecções diárias, contra 57,4 mil entre americanos. Mais grave, vacinamos na quarta-feira (10) meros 277 mil brasileiros, sendo que em campanhas de imunização contra a gripe o SUS conseguia marcas na casa de 1 milhão de injeções diárias. Para comparação, os EUA imunizaram na mesma data 2,17 milhões de cidadãos. Só o presidente Jair Bolsonaro ainda tenta minimizar as estatísticas trágicas, mesmo quando adere repentinamente ao uso de máscaras e posa de prócer da vacinação após um ano inteiro a sabotá-la. Governadores acossados pela onda de internações se adaptam como podem à balbúrdia capitaneada por Bolsonaro e seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.Como o atordoado militar a cada instante dá previsões díspares de fornecimento de vacinas, já se organizam em paralelo para tentar suprir as doses de imunizantes que o governo federal não cuidou de garantir no tempo devido. Em carta ao Congresso, governantes de 21 unidades da Federação pleiteiam que parlamentares preencham o vácuo deixado pela Presidência e liderem um pacto nacional pela vida e pela saúde. Pedem a criação de um comitê nacional com representação dos três Poderes e dos três níveis de administração, assessorado por especialistas, para prover a coordenação solapada pelo governo federal. Não haverá surpresa se tal iniciativa —louvável, em seu valor de face— estiolar-se em infindáveis disputas por verbas e protagonismo.
É lamentável que seis governadores não tenham aderido a ela, sintoma de que a gravidade do flagelo não se impôs a parte significativa da classe política, incluindo líderes do Congresso Nacional, de atuação demasiado tímida. Em Araraquara (SP), a prefeitura recorreu a um lockdown e conseguiu reverter a onda macabra de mortes. A maioria das cidades não necessitará chegar a tal extremo, mas só se as respectivas administrações não prevaricarem. O governador paulista, João Doria (PSDB), aquiesceu aos apelos dos epidemiologistas e reverteu exceções antes abertas para atividades como cultos e jogos de futebol. Reconheceu, felizmente, que um líder verdadeiro não pode temer a impopularidade quando se trata de salvar vidas. Até o presidente Bolsonaro, embora distante de uma guinada no comportamento criminoso diante da epidemia, por vezes parece entrever que poderá ser responsabilizado pela mortandade. Os brasileiros, se quiserem viver, precisam dar-lhe as costas e o exemplo para fazer o que se deve: recolher-se em casa, usar máscaras e exigir vacinas o quanto antes. As restrições são necessárias e bem-vindas neste momento, mas serão paliativo se a frente da vacinação não avançar. É preciso imunização já, para todos.

VÁRIOS AUTORES - *”Afirmar as conquistas democráticas”*: No artigo 5º da Constituição Federal, a ordem jurídica brasileira elencou um rol de direitos e garantias a todos os brasileiros. O dispositivo garante a inviolabilidade à liberdade, à honra e à imagem das pessoas, declara o direito ao devido processo legal, diz serem inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos e afirma, também, o princípio da presunção de inocência. Essas garantias são conquistas civilizatórias. Não se confundem com um ritual burocrático ou formalidade desprovida de eficácia concreta. Foram colocadas na Carta por simbolizarem parte do arcabouço jurídico de índole superior no processo da redemocratização do país. Nesse contexto, a Operação Lava Jato, criada há quase sete anos supostamente para investigar desvios de recursos públicos, pode ser vista sob diversos aspectos: jurídico, institucional, político. Desde março de 2014 o país lida com uma operação de investigação criminal como uma espécie de reality show. Sem qualquer rigor técnico-jurídico foram decretadas um sem-número de conduções coercitivas sem que fosse feita intimação prévia, como determina o artigo 218 do Código de Processo Penal brasileiro, vazamentos seletivos de dados sigilosos, prisões preventivas sem fundamentação legal. Foram realizadas coletivas para apresentar denúncias, assinados acordos de colaboração premiada com réus presos, utilizadas delações sem provas. Julgamentos foram realizados em tempo recorde, de acordo com o calendário político-eleitoral. Tudo isso em uma ensaiada espetacularização. A forma das divulgações fez com que a operação parecesse sempre transitar entre realidade e ficção, e seus membros, servidores públicos no exercício de suas funções, fossem tratados como heróis.
A partir de junho de 2019, por meio da ação de um grupo de hackers, o país teve acesso às conversas totalmente antirrepublicanas travadas entre procuradores da força-tarefa e outros atores, sobretudo com o juiz que conduzia os processos, Sergio Moro. A sociedade teve conhecimento de informações estarrecedoras da ação de agentes de outros países em território brasileiro, sem o aval das autoridades a quem caberia a autorização. Diálogos mostram que todas as ações eram combinadas entre os procuradores e o juiz, a quem chamavam de “Russo”, em evidente ultraje ao que é exigido pelo princípio da imparcialidade. O apelo ao discurso do combate à corrupção e críticas genéricas ao sistema político alimentou o senso comum da antipolítica, intimidando qualquer reação em favor da legalidade, e foi combustível para o crescimento de discursos radicais à direita. Nas democracias representativas, os partidos políticos são órgãos essenciais ao regime, com compromisso pela defesa da concretização dos ideais de paz e tolerância, legalidade e justiça social. O devido processo legal constitucional é uma conquista democrática. É papel de todas as instituições republicanas defenderem-no. O pacto fundamental que possibilitou a Constituição de 1988 não pode ser aviltado, cabendo à Suprema Corte do país tomar as providências para julgar os desvios de poder cometidos pelos membros da Operação Lava Jato e reafirmar o pleno respeito aos direitos e garantias inerentes à cidadania e à dignidade da pessoa humana. Todas as pessoas merecem do Estado um processo justo.
*Carlos Lupi - Presidente do PDT
*Carlos Siqueira - Presidente do PSB
*Gleisi Hoffmann - Presidente do PT
*Juliano Medeiros - Presidente do PSOL
*Luciana Santos - Presidente do PC do B

PAINEL – *”COB diz que não há dúvida de que Olimpíada será em 2021 e monitora efeitos de medidas restritivas sobre atletas”*:
PAINEL - *”Deputados paulistas, inclusive da oposição, vão manifestar apoio a medidas de restrição de Doria”*
PAINEL - *”IPrefeitura de SP vai apagar luzes pela cidade durante um minuto em sinal de luto por um ano de Covid-19”*
PAINEL - *”Ministério de Damares Alves tem surto de Covid-19 e vai passar por desinfecção”*

PAINEL - *”Policiais rodoviários federais fazem protesto contra Bolsonaro”*: Os policiais rodoviários federais dizem que não aceitam a proposta do governo federal de retirar na PEC Emergencial somente o impedimento de promoção e progressão na carreira. Na manhã desta quinta-feira (11), servidores fizeram um protesto em frente ao prédio do órgão. Eles dizem que a medida de Jair Bolsonaro significa um “lockdown policial”. A manifestação ocorre em reação ao presidente. Policiais dizem que foi feita promessa para deixar as carreiras da segurança pública de fora da PEC, o que não foi cumprido. Como mostrou o Painel, na quarta-feira (10), pressionado pelo discurso de Lula e sob pressão de associações, Bolsonaro atuou para evitar que fosse um destaque do PT que salvasse os pleitos dos policiais, sua principal base eleitoral. Diante disso, por meio de um acordo, o governo aceitou tirar da PEC a possibilidade de congelamento de promoção e progressão na carreira, mas manteve para aumento salarial. Para Dovercino Borges Neto, presidente da FenaPRF (Federação Nacional dos Policiais, o acordo que o governo diz ter sido feito é “fake news” porque só contentou os policiais militares e não as categorias da segurança civil, como a PRF, Polícia Federal e policiais civis. Sobre o “lockdown policial”, Neto afirma que a medida é uma resposta à ausência de acordo e a ideia é que os policiais só executem tarefas essenciais. “O governo disse: vocês pra mim não significam nada, vocês não existem. Então não tem porque o policial se expor, arriscar a vida seja em abordagens, em troca de tiros, podendo se contaminar”, diz ele.

PAINEL - *”Especialistas em segurança pública assinam carta em que Jungmann pede que STF barre flexibilização do acesso a armas”*
PAINEL - *”PSOL aciona Procuradoria do DF contra omissão de Pazuello na crise de oxigênio em Manaus”*

*”Sob influência de filho, Bolsonaro adapta discurso na Covid para evitar perda de apoio de empresários”* - A recente repaginação do discurso de Jair Bolsonaro e a adoção de uma retórica pró-vacina tiveram como um de seus principais idealizadores o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e foi motivada, entre outros pontos, pelo temor de uma perda de apoio empresarial ao governo. Bolsonaro vem recebendo nas últimas semanas conselhos de que é preciso se livrar da imagem de negacionista da pandemia, que já passou de 2.000 mortos por dia, e dar uma guinada em defesa da ampla imunização contra o coronavírus. O diagnóstico —também feito pelo ministro Fábio Farias (Comunicações) e pelo novo chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), almirante Flávio Rocha— foi reforçado diante da inesperada reabilitação dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), potencial nome para disputar as eleições de 2022 contra Bolsonaro. Auxiliares do presidente ressalvam, porém, que há limites para a mudança de retórica de Bolsonaro —e que ela não atinge as críticas ao isolamento social e às políticas adotadas por governadores. Exemplo claro foi a live do presidente na noite desta quinta-feira (11). Por mais de uma hora, ele atacou governadores e o ex-presidente Lula entre mentiras e menções às Forças Armadas.
Os danos que os recordes de mortes causadas pela Covid-19 e a falta de vacinas geram na popularidade do governo Bolsonaro foram apresentados ao presidente na semana passada. O diagnóstico foi aferido por uma pesquisa promovida por uma instituição financeira. O levantamento, levado ao Palácio do Planalto, mostra que a proporção de pessoas que consideram a gestão federal ótima e boa sofreu um abalo no início de março. Além disso, o bunker digital da Presidência identificou queda no número de postagens em defesa do governo nas redes sociais. Em paralelo, Flávio fez chegar a Bolsonaro uma preocupação específica colhida entre empresários e investidores: a de que os sucessivos atrasos na campanha de vacinação podem contratar um 2022 novamente agonizante para a economia brasileira. O recado é que só uma imunização em massa permitirá o amplo retorno da atividade econômica. Os ataques ao isolamento social e às políticas adotadas por governadores contra a Covid-19, no entanto, prosseguem, inclusive com a alegação dos impactos na economia.
Nesta quinta, Bolsonaro fez ataques a medidas de restrição definidas por Ibaneis Rocha (MDB-DF) e de João Doria (PSDB-SP) e disse que "lockdown não é remédio". "Até quando nossa economia vai resistir? Que se colapsar, vai ser uma desgraça. Que que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar?" Mais tarde, em sua live semanal, mentiu ao dizer que nunca se referiu à Covid-19 como uma "gripezinha" —já utilizou a expressão ao menos duas vezes em março de 2020— e afirmou que nunca foi contra vacina —apesar de seguidas declarações de desestímulo à imunização. Bolsonaro também chamou Lula de "jumento" e "canista". O risco de um ano eleitoral em 2022 sem sinais de reação da atividade econômica já era considerado um problema por assessores antes mesmo da decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que na segunda-feira (8) anulou as sentenças de Lula. A possível participação do petista no pleito fez o governo acelerar a tentativa de metamorfose de imagem, uma vez que ele é considerado o mais competitivo entre os adversários de Bolsonaro. Mesmo líderes do centrão próximos ao Planalto e que apostam numa vitória de Bolsonaro em 2022 opinam que Lula representa um oponente de maior porte do que os nomes que até então eram ventilados. "Só Lula pode vencer Bolsonaro e só Bolsonaro pode vencer Lula", diz o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).
O primeiro discurso de Lula após a decisão judicial, feito na quarta (10) em São Bernardo do Campo, também pesou na avaliação do Planalto de que é preciso estar atento ao empresariado. O petista fez acenos ao setor produtivo e defendeu a vacinação. Lula lembrou que não é um estranho do mercado financeiro, pediu que não tenham medo dele e pregou um crescimento econômico que ajude as empresas do país. A informação que chegou ao Palácio do Planalto foi a de que a fala de Lula —normalmente tratado com desconfiança pelo mercado— foi bem-vista por empresários e investidores. Além disso, o governo sofreu recentemente um abalo na confiança do mercado após a interferência na Petrobras, quando o presidente determinou a troca no comando da empresa por discordar da política de preços dos combustíveis. Para amarrar o apoio de empresário e investidores, Bolsonaro decidiu retomar o contato com o setor produtivo por meio de encontros periódicos. Segundo aliados no governo, as reuniões devem ser organizadas pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf. Na terça (9), dia seguinte à decisão de Fachin, Bolsonaro e Skaf se reuniram em audiência no Palácio do Planalto.
A ideia é tanto que o presidente se desloque a São Paulo para encontros com o setor empresarial como realize almoços no Palácio da Alvorada para representantes da​ indústria, da agropecuária e do comércio. Nas conversas com o PIB, Bolsonaro pretende utilizar a PEC Emergencial, aprovada nesta quinta (11) em segundo turno, como uma espécie de cartão de visita. A ideia é mostrar que seu governo é comprometido com a pauta de reformas, em uma tentativa de se contrapor a Lula. O presidente quer ainda bater na tecla de que a nova versão "paz e amor" de Lula é enganosa. Ele deve lembrar que o petista deixou claro, por exemplo, que não concorda com a flutuação do preços dos combustíveis com base no valor internacional do petróleo. Nas declarações públicas e privadas para se contrapor a Lula, Bolsonaro deve ainda argumentar que as penúrias atuais da economia brasileira têm como origem os governos petistas, lembrando especialmente a gestão Dilma Rousseff. A guinada de imagem no Planalto foi apelidada de “Plano Vacina”, conforme a Folha antecipou na segunda-feira (8). A estratégia é que Bolsonaro insista em uma versão de que nunca foi contrário a vacinas e que sempre disse que compraria qualquer imunizante autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A nova posição contrasta com seu histórico de declarações questionando vacinas, como quando ele disse que não se imunizaria e levantou dúvidas sobre possíveis efeitos colaterais para a população. Bolsonaro também chegou a determinar que o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) não comprasse as vacinas desenvolvidas pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Diante da pressão de governadores, a Coronavac, trunfo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acabou adquirida pelo governo federal e hoje é o principal imunizante utilizado no país. Na quarta, horas depois do discurso de Lula, veio o primeiro sinal do Planalto de que deve ser adotada uma nova postura em relação ao vírus. Bolsonaro participou de uma cerimônia no palácio usando máscara, item que ele questiona abertamente e costuma dispensar em aparições públicas.
Auxiliares do presidente dizem, porém, que o presidente não pretende voltar atrás na defesa do chamado atendimento precoce, que consiste no uso de remédios comprovadamente ineficazes no tratamento da Covid-19. Desde o início da crise sanitária o mandatário tem defendido o uso da hidroxicloroquina e da ivermectina, mesmo após diversos estudos terem ressaltado que eles não têm efeito para a doença. Outro pilar do discurso bolsonarista que deve ser preservado são as críticas ao isolamento social e às políticas adotadas por governadores para limitar a circulação de pessoas. Bolsonaro não só considera que o fechamento de comércios traz danos à economia como vê na oposição a lockdowns uma forma de responsabilizar governadores e prefeitos, muitos dos quais são seus adversários políticos. Nesta quinta (11), ele investiu novamente contra os governadores e criticou a determinação do Distrito Federal de estabelecer um toque de recolher durante a madrugada na capital. “Daqui a pouco vamos ter meia hora para sair na rua e nós continuamos ficando quieto”, queixou-se em audiência virtual com micro e pequenos empresários. “Até quando nós podemos aguentar essa irresponsabilidade do lockdown?”.

*”Em live com mentiras e menções a Forças Armadas, Bolsonaro ataca governadores e Lula”* - Em uma live que durou mais de uma hora, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mentiu, fez menção às Forças Armadas ao dizer que faz "o que o povo quiser" e atacou governadores e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dentre as mentiras ditas por Bolsonaro nesta quinta-feira (11), ele voltou a afirmar que nunca se referiu à Covid-19 como uma "gripezinha". Bolsonaro utilizou o termo gripezinha ao menos duas vezes. Em uma entrevista em 20 de março do ano passado, ele disse que "depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não". Quatro dias depois, desta vez em um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, usou o termo pela segunda vez. "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho", afirmou em 24 de março de 2020.
O presidente reafirmou que nunca foi contra vacina, o que também não procede. Há diversas manifestações do presidente contra a vacinação. "Ninguém vai tomar tua vacina na marra, não, tá ok? Procura outra. E eu, que sou governo, não vai comprar sua vacina também não. Procura outro pra pagar sua vacina", disse o presidente em uma live em 29 de outubro do ano passado. "Eu não vou tomar vacina e ponto final. Minha vida está em risco? O problema é meu", afirmou em entrevista à TV Bandeirantes em 15 de dezembro de 2020. O presidente estava acompanhado do secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales, que integrou a missão que foi a Israel para buscar um spray que ainda está em fase inicial de testes para tratamento de Covid-19. Bolsonaro deixou o médico em saia justa ao questioná-lo sobre a eficácia de lockdowns. "Cada caso é um caso e tem que ser analisado", esquivou-se o convidado diante da insistência do presidente. Bolsonaro também disse, sem provas, que o governador João Doria (PSDB-SP) promove pancadão em sua residência durante a pandemia.
Além de ser negada com veemência pelo tucano, a versão não foi sustentada pela vizinha que deu origem ao boato. O governo paulista afirmou que a gravação que circulou nas redes sociais foi feita da residência da vizinha Alessandra Maluf. O som mais alto viria de outra casa na mesma rua onde Doria mora, no Jardim Europa, mas não havia nem festa nem aglomeração no local. A assessoria do governador afirma ainda que o filho do governador nem sequer mora no local e não estava em São Paulo na data da gravação. Em depoimento à polícia, a vizinha que gravou o vídeo não sustentou que era, de fato, o filho de Doria quem estava na casa, como afirmou nas imagens que viralizaram na internet. Disse ainda que não tinha a intenção de ofender o governador e que, depois de fazer a filmagem, tomou conhecimento de que um outro vídeo, em que um dos filhos de Doria aparece em uma festa, é antigo e não tem qualquer relação com os que foram gravados por ela, no dia 5. ​Bolsonaro também voltou a fazer menção às Forças Armadas e ao período da ditadura militar no Brasil.
"Eu faço o que o povo quiser. Digo mais: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas acompanham o que está acontecendo. As críticas em cima de generais, não é o momento de fazer isso. Se um general errar, paciência. Vai pagar. Se errar, eu pago. Se alguém da Câmara dos Deputados errar, pague. Se alguém do Supremo errar, que pague. Agora, esta crítica de esculhambar todo mundo? Nós vivemos um momento de 1964 a 1985, você decida aí, pense, o que que tu achou daquele período. Não vou entrar em detalhe aqui", disse Bolsonaro. O presidente fez críticas aos governadores —em especial aos de São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul— por causa de medidas restritivas que estão sendo adotadas para tentar conter a disseminação do novo coronavírus. "O governador fala que não é, mas é estado de sítio", disse Bolsonaro ao comentar o toque de recolher noturno em vigor no Distrito Federal. Bolsonaro disse ter como "garantir a nossa liberdade" e que é o "garantidor da democracia", além de ser "a pessoa mais importante neste momento". "Usam o vírus para te oprimir, para te humilhar, para tentar quebrar a economia", afirmou. "Quanto mais atiram em mim, de forma covarde por parte de parte da sociedade, mais você está enfraquecendo quem pode resolver a situação" , afirmou. "Como é que eu posso resolver a situação? Eu tenho que ter apoio. Se eu levantar minha caneta BIC e falar 'shazam', vou ser ditador. Vou ficar sozinho nesta briga?", indagou Bolsonaro.
"O meu exército, que eu tenho falado do tempo todo, é o povo. Eu sempre digo que eu devo lealdade absoluta ao povo brasileiro. E este povo está toda a sociedade, inclusive o Exército fardado. A vocês eu devo lealdade. Eu faço o que vocês quiserem, porque esta é a minha missão de chefe de Estado", afirmou Bolsonaro, cobrando que as pessoas reconheçam o que ele diz estar fazendo. "O sacrifício que a gente faz para buscar solução tem que ter reconhecimento. Eu não quero ser tratado com mito, messias, herói nacional. Longe disso. Apenas respeito e entender o que que posso fazer para evitarmos um caos." Ao longo da live, ele também xingou o ex-presidente Lula, a quem chamou de jumento e carniça. Em discurso na quarta-feira (10), Lula disse que Bolsonaro era terraplanista. Para rebater o petista, o presidente fez a live com um globo terrestre na mesa. "O carniça ontem falou que eu deveria procurar o Marcos Pontes, que é o nosso ministro da Ciência e Tecnologia, que esteve no espaço, para ele dizer para mim que a Terra é redonda. Olha a qualidade do meu ministro da Ciência e Tecnologia e a qualidade dos ministros do presidiário para depois a gente começar a discutir", disse Bolsonaro. "Lá atrás, a especialidade era outra. Com cinco dedos. E nós sabemos para onde foi o Brasil", afirmou.

*”'Enfia no rabo', diz Eduardo Bolsonaro sobre uso de máscara contra Covid”*
*”Bolsonaro efetiva troca de empresário por militar no comando da Secretaria de Comunicação da Presidência”*
*”Relembre ataques de Bolsonaro contra vacinas e veja como ele agora tenta esconder essas investidas”*
*”Reviravoltas em decisões do Supremo levantam discussão sobre insegurança jurídica”*

OPINIÃO - *”República da impunidade interessa tanto ao lulopetismo quanto ao bolsonarismo”*
*Catarina Rochamonte - Doutora em Filosofia, professora do curso de Pós-Graduação em Escola Austríaca do Instituto Mises Brasil, presidente do Instituto Liberal do Nordeste e autora de 'Um Olhar Liberal-Conservador sobre os Dias Atuais' (ed.Chiado)

*”STF declara legal redução de prazos para veículos de comunicação em ações sobre direito de resposta”*

*”Ministros do STF batem boca, e Moraes rejeita pedido de liberdade do deputado Daniel Silveira”* - O ministro Alexandre de Moraes rejeitou um pedido da defesa do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) para liberar o parlamentar da prisão. O deputado foi preso em flagrante por Moraes em 16 de fevereiro por ter publicado um vídeo com ofensas e ataques a integrantes da corte. Na decisão, o magistrado afirmou que o pedido de soltura só será analisado quando o plenário da corte avaliar se aceita a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o deputado federal bolsonarista. A avaliação sobre o recebimento da denúncia estava pautada para esta quinta-feira, mas Moraes adiou o julgamento da matéria sob o argumento de que os advogados do parlamentar perderam o prazo para se manifestar no processo. Moraes deu mais 15 dias para a defesa se pronunciar e anunciou que, depois disso, levará o caso para análise do conjunto do tribunal. Ao afirmar no começo da sessão desta quinta-feira que havia adiado o julgamento, o ministro Marco Aurélio sugeriu que o plenário revisasse a prisão de Silveira, e a proposta deu início a um bate-boca entre os integrantes da corte.
Marco Aurélio afirmou que, “em homenagem ao Parlamento”, o STF deveria julgar a conversão da prisão em medidas cautelares menos gravosas, como o veto ao acesso à internet. Moraes, porém, disse que a sugestão era um desrespeito ao relator, uma vez que ele havia retirado o tema de julgamento. Marco Aurélio insistiu e pediu para o presidente, Luiz Fux, submeter seu pedido à análise do plenário. Fux, porém, disse que não teria como pautar o debate porque o relator tinha retirado o tema de julgamento. Marco Aurélio reagiu e chamou Moraes de “xerife” e Fux de “autoritário”. Silveira foi preso após publicar um vídeo de 19 minutos nas redes sociais em que ofendeu ministros do Supremo, além de ter defendido o AI-5, ato mais duro da ditadura militar. Moraes mandou prender o deputado em flagrante. A decisão foi de ofício, ou seja, sem provocação da PGR ou da Polícia Federal. O despacho foi criticado por parlamentares, mas, após ampla negociação entre o STF e a cúpula da Câmara, os deputados, que poderiam revogar a prisão, mantiveram a detenção por 364 votos a 130.
A gravação de Silveira foi uma resposta ao ministro Edson Fachin, que rebateu as declarações do general da reserva Eduardo Villas Bôas de que discutiu com o Alto Comando do Exército a publicação de um tuíte para pressionar o STF às vésperas do julgamento que levou à prisão do ex-presidente Lula (PT). O deputado foi preso por Moraes em 16 de fevereiro e a decisão foi ratificada por unanimidade pelo plenário da corte. Na ocasião, Moraes afirmou aos colegas que Silveira já era investigado no inquérito dos atos antidemocráticos e que reincidiu nas ofensas a integrantes da corte. "As manifestações não atingiram somente a honorabilidade, não configuraram somente ameaça ilegal à segurança e integridade física de diversos ministros, mas visaram principalmente impedir o exercício da judicatura, o exercício independente do Poder Judiciário e a própria manifestação do Estado democrático de Direito", afirmou. O magistrado disse que as declarações incentivaram a “tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos”. “A violência não se dirigiu somente a diversos ministros da corte chamados pelos mais absurdos nomes que não vou repetir aqui, muito mais do que isso, as manifestações dirigiram-se diretamente a corroer as estruturas do regime democráticos”, disse. O ministro também sustentou que as declarações não tiveram conexão com seu mandato e que, por isso, a defesa do deputado não pode suscitar a imunidade parlamentar.

*”Onyx paga multa de R$ 189 mil, e Supremo arquiva processo por caixa 2”*

REINALDO AZEVEDO - *”Lula elegível rompe inércia da morte e redesenha estratégias”*: A elegibilidade de Lula rompeu a inércia da morte no país. Uma espécie de nuvem de alienação, com seus miasmas de ignorância literalmente virulenta, parecia turvar as consciências. Estávamos, desgraçadamente, nos acostumando a noticiar sucessivos recordes de corpos, enquanto o Fanfarrão Minésio que ocupa o Palácio do Planalto se dedicava a seus discursos homicidas, com convite ao suicídio desassistido. Uma parte da classe política se dedicava às exclamações do horror, impotente para ir além. A outra está a serviço do Planalto, como ocorre sempre, em qualquer governo. Lula fez o seu discurso como potencial candidato em 2022 e operou de imediato uma mudança em Brasília: meteu uma máscara na cara de Bolsonaro e de seus ministros, já habituados ao ritual diário de genuflexão ao vírus. É importante que tenhamos isso claro —e vai entrar para a história: o presidente que aí está é o primeiro político que elegeu a doença e a morte como aliadas. Reconheça-se o prodígio: Bolsonaro conseguiu emprestar uma roupagem populista ao negacionismo, exercendo-o em nome dos supostos interesses da maioria. Afinal, medidas restritivas para tentar impedir uma tragédia de proporções bíblicas implicam perdas. Faz terrorismo econômico e empurra as pessoas para o túmulo, o sistema de saúde para o colapso, e o Brasil para o abismo. Muita coisa haverá ainda de ser escrita para demonstrar como chegamos aqui. Sim, é verdade: não estivesse a corrupção entranhada no país; não fossem rotineiros os caminhos paralelos para fazer negócios com entes do Estado; não estivesse o aparelho estatal infiltrado por interesses corporativos e de classe; não fossem as marcas, algumas quase atávicas, do nosso atraso, e não teria havido uma Operação Lava Jato.
Montar, no entanto, sob o pretexto de combater a corrupção, um estado paralelo para tomar o poder de assalto —corroendo de maneira consciente e determinada as bases do sistema de representação política e do devido processo legal— é tarefa que caracteriza mais uma organização criminosa do que uma Liga da Justiça, como foram caracterizados os bravos integrantes da Lava Jato, sob o óbvio e ilegal comando de um então juiz. O Brasil dispõe de uma Constituição, de um Código de Processo Penal, de uma Lei Orgânica da Magistratura. Ou bem se combatem os malfeitos segundo essas balizas, ou ficamos sujeitos a vocações messiânicas —e a palavra aqui, infelizmente, assume mais de um sentido por força dos desatinos em que mergulhamos. Não é sem alguma amargura que escrevo que o reconhecimento da suspeição de Sergio Moro e a constatação de que não era ele o juiz natural das ações penais que contra Lula corriam na 13ª Vara Federal de Curitiba são questões que não atinem apenas ao direito. Também dizem respeito ao caráter. Ou bem assentimentos com a "ilegalidade em nome da lei" ou bem reconhecemos o que está escancarado nos autos.
Volto ao começo. É evidente que a (re)emergência de Lula no cenário eleitoral desestruturou o antigo status. Bolsonaro se dedicava a manter unidos os seus extremistas com renovadas agressões à vida, à ciência e à lógica. A pletora de candidatos de centro e centro-direita estava aí, à espera de algum autor. À esquerda e centro-esquerda, havia uma certeza: Ciro Gomes e o ungido por Lula no PT não caminhariam juntos. O quadro mudou. Bolsonaro não tem saída a não ser moderar o seu discurso. A conversa de que Lula é seu antípoda ideal é tão verdadeira como a eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19. A postulação de Ciro Gomes terá de voltar os olhos, e isto já vinha acontecendo, para o centro e para a centro-direita. O interesse nessa conversa é mútuo. São efeitos virtuosos, e eles não me surpreendem. O desastre em curso —e isso inclui os quase 300 mil mortos— é consequência do assalto à política realizado pelo Papol, o Partido da Polícia, ente de razão criado por setores do MPF, do Judiciário, da PF e, infelizmente, da imprensa. Que triunfe a lei. Se isso implicar a elegibilidade de Lula, deixem a escolha para o eleitor. Ninguém será obrigado a votar nele.

*”Revisão de decisões da Lava Jato não ofusca trabalho, diz relator de ações contra Lula na 2ª instância”* - Relator da Lava Jato na segunda instância, o juiz João Pedro Gebran Neto, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) leu em sessão da corte um texto em desagravo à investigação após novas derrotas da operação no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana. Gebran, na sessão da corte regional na quarta-feira (10), disse que a operação desvelou o "maior escândalo de corrupção da história" do país e que os prejuízos à Petrobras são estimados em R$ 30 bilhões. As declarações ocorrem após a decisão do ministro Edson Fachin de anular, na segunda-feira (8), duas condenações do ex-presidente Lula que já tinham sido referendadas no TRF-4, o que devolveu ao petista os direitos políticos. Um dia depois, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram, em julgamento ainda não finalizado, pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro em um dos casos, o do tríplex de Guarujá. Na sessão de quarta, Gebran disse que se via na obrigação de reafirmar que ele e colegas sempre agiram em compromisso com as leis. "Por vezes decisões podem ser reformadas, porém, nenhuma revisão de decisões tem o apanágio de sombrear a qualidade e a retidão daquilo que foi desenvolvido nesta corte. Muito menos trazer conotações ou ofensas pessoais, mas tão somente indicar a interpretação diversa sobre o direito pleiteado", disse o juiz. Também lembrou que a operação completa sete anos neste mês e disse: "Não temos nada a comemorar, somente destacar o sentimento de termos dignamente cumprido a Constituição". Ele listou o trabalho realizado pela corte, com julgamento de 1.300 recursos relativos à Lava Jato, e disse que as muitas decisões confirmadas na instância seguinte, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), mostram que ele e colegas atuaram "com o mais elevado espírito de justiça". Gebran ainda afirmou que sempre escutou em gabinete acusação e defesa. Uma das maiores críticas a Moro era justamente o contato próximo com procuradores da República, como mostrado em mensagens hackeadas no aplicativo Telegram.
Disse que houve na corte "acurado exame das provas licitamente obtidas" e que o trabalho provocou "sacrifício e renúncias" pessoais. "Ouvimos em gabinete, e em reuniões virtuais, todos os advogados, nas milhares de vezes em que nos procuraram, bem como atendemos os procuradores da República quando igualmente vieram aos gabinetes despachar. E sempre houve mútuo, elevado e republicano respeito, cortesia e decoro." O TRF-4, com sede em Porto Alegre, julga desde 2014 apelações da vara da Lava Jato em Curitiba, incluindo pedidos de habeas corpus. Ao longo da operação, os juízes de segundo grau geralmente mostraram alinhamento com as decisões da primeira instância, embora também tenham, nos últimos anos, decidido enviar para outros estados casos sobre quais consideraram que não eram de atribuição da Vara Federal no Paraná. Nas duas condenações de Lula, os juízes da corte decidiram ampliar as penas que tinham sido fixadas em primeira instância. Nesta quinta-feira (11), a direção do TRF-4 divulgou uma nota para afirmar que, por conta da Lei Orgânica da Magistratura, tem o dever de "não manifestar opinião sobre processos pendentes, nem juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de quaisquer órgãos judiciais". Disse ainda que todos os julgamentos "seguem o devido processo legal e atendem o dever de fundamentação/motivação das decisões judiciais, assim como observam os princípios da colegialidade e da livre apreciação das provas e o predicado da independência da magistratura".

*”Base de Doria, tropa de choque de deputado que apalpou colega em SP é impulsionada por retaliação”*
*”Justiça Eleitoral aceita denúncia, e Kassab vira réu acusado de corrupção e caixa 2”*

ANGELA ALONSO - *”Ataque comparativo”*: Nem bem o lavajatista Fachin pronunciou seu voto, os impassíveis ante um governo que trabalha mais pelo vírus que pelos cidadãos desencadearam o ataque comparativo Lula/Bolsonaro. Passada uma hora, a CNN mandou contar, foram 450 mil postagens, a maioria celebrando o “Lula Livre”. Na leva pró, quase dobrada na hora seguinte, muito confete. Nos memes, um Lula sarado, sorridente, lacrador. Aturdidos na hora, os contra reagiram com meros 8% das publicações. Mas logo ativaram o método no qual são doutores, o zap-zap. No ambiente intragrupo em que a franqueza é segura, muito centrista abriu o peito, para soltar o rame-rame do tudo farinha do mesmo saco. Uma dessas mensagem reencaminhada N vezes ladeia presidentes risonhos. “Prós: não é o Lula. Contras: é o Bolsonaro” vem sob o nome do atual. Já para o ex, a legenda se inverte, “Prós: não é o Bolsonaro. Contras: é o Lula”.
Este jogo de equivalência encobre diferenças que todos conhecem ou deveriam conhecer. Os governos de um e outro não podiam ser mais díspares em composição, estilo e políticas, como tantos tantas vezes apontaram. As urnas aí estão para isso, para que os cidadãos escolham entre possibilidades distintas dentro das regras democráticas. Não é o governo dos melhores, é de quem logra convencer a maioria. Por isso a conversa é de dois níveis. No debate entre alternativas, é legítimo que partidários de um e de outro —e dos demais competidores que se espera cresçam e apareçam— defendam seus programas e líderes como os mais aptos ao governo e desconstruam argumentos dos adversários. Mas quando se trata dos fundamentos do jogo não se pode, nem na brincadeira, igualar os dois presidentes. Os memes bolsonaristas, assim como a derrubada da Bolsa e a inflada do dólar, empanam a diferença essencial de valores e método. Enquanto um compôs o movimento pela redemocratização do país e defendeu o Estado de Direito, o outro cogitou explodir quartel e se gaba de herdeiro da ditadura. Um investiu em partido, coalizões, compromissos com adversários, de que a Carta aos Brasileiros é emblema. O outro montou o exército internáutico que o catapultou do fundão do plenário ao Alvorada, sem partidos ou programa, no moto contínuo de troçar, desprezar, destruir tudo o que não é espelho.
Lula foi preso e tanto ele quanto seus seguidores contestaram, mas acataram, o veredicto da Justiça. Nenhum soldado com seu cabo invadiu a prisão de Curitiba, nenhum movimento social assaltou o Congresso. Já Bolsonaro jamais aceitou a lisura da própria eleição —a obsessão saudosista pela cédula impressa. O modelo de seus apoiadores, como não se cansam de esclarecer, é o da turba de Trump, a que se insurgiu contra o resultado eleitoral e tomou o Parlamento, deixando rastro patético, sanguinolento e indelével na história norte-americana. Criar a ilusão da semelhança é eludir o fosso entre os dois no básico dos básicos: um é democrata, o outro, aspirante a déspota nada esclarecido. Se isso não era óbvio, o discurso desta quarta no ABC o escancarou. Como resumiu Rodrigo Maia: “Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro”. Interessa apenas a competidores com menos apelo popular —não há dorismo, nem huckismo— a equivalência de “ismos”, como se houvesse dois movimentos de sectários de igual quilate. Não há. Muitos democratas usaram esta equivalência forçada para justificar o voto nulo em 2018. E assim ajudaram a eleger o antidemocrata que nos governa.

*”Série de encontros virtuais debate participação feminina na política brasileira”*
*”Liberdade de expressão não autoriza discurso de ódio, diz professora especialista em Lei de Segurança Nacional”*

*”Covid-19 dribla confinamento e vacinação e leva hospitais ao colapso na Hungria”*
*”Sistema de vacinação nos EUA faz pessoas com problemas de saúde lutarem por lugar na fila”*
*”Obama, Bush, Clinton e Carter protagonizam campanha que incentiva vacinação nos EUA”*
*”Netanyahu disse a Ernesto que sucesso de vacina em Israel ocorreu por aposta antecipada na Pfizer”*

*”Portugal anuncia reabertura 'a conta-gotas' até 3 de maio”*
*”Argentina vira alvo de bolsonaristas com campanha sobre fim do país 'comunista'”*
TODA MÍDIA - *”Europeus questionam Biden por não liberar vacinas dos EUA”*
*”Repressão deixa mais 12 mortos em Mianmar, enquanto militares falam em 'democracia autêntica'”*

*”Príncipe William reage à entrevista de Harry e Meghan e nega que família real seja racista”*
TATIANA PRAZERES - *”Mandarim preserva estereótipos enquanto sociedade chinesa evolui”*
*”Dez anos após Fukushima, energia nuclear cresce com China e crise climática”*
ANÁLISE - *”China apresenta seus termos para retomar relação com os Estados Unidos”*

*”Mercado avalia como inevitável primeira alta dos juros em quase seis anos *
PAINEL S.A. - *”Nem a febre do robô aspirador salvou a indústria de eletroeletrônicos em 2020”*
PAINEL S.A. - *”Bruno Covas abre exceção na pandemia e libera carro de táxi e Uber mais velho na cidade”*
PAINEL S.A. - *”Restaurantes enfrentam dificuldade para pagar salário, diz associação do setor”*
PAINEL S.A. - *”Cortado da lista de atividade essencial, varejo de material de construção diz que momento requer medida drástica”*

PAINEL S.A. - *”Luciano Huck critica Bolsonaro e cita retorno de Lula em artigo ao Financial Times”*: Luciano Huck publicou um artigo no Financial Times nesta quinta (11) criticando a gestão de Bolsonaro na crise sanitária e na proteção do meio ambiente. Ele também menciona o episódio da interferência de Bolsonaro na Petrobras no mês passado e o impacto do retorno político de Lula na confiança do mercado. O apresentador, cotado para ser candidato a presidente em 2022 com apoio de parte do empresariado, escreve também que, caso o governo Bolsonaro insista no negacionismo climático, o país pode piorar sua imagem e ser visto ainda mais como um pária no mundo. O texto foi lido entre empresários brasileiros como uma exposição internacional no momento em que o ex-presidente Lula volta a ter condições de disputar a eleição de 2022. O jornal britânico Financial Times é uma das principais publicações econômicas globalmente. ​​Ao longo do texto, Huck informa o leitor que seu nome circulou como potencial presidenciável na eleição passada, mas diz que sua meta é ajudar a construir lideranças para o país.

*”Dólar cai 2% com nova intervenção do Banco Central; Ibovespa sobe 1,95%”*
*”Economia está começando a decolar de novo, diz Guedes em meio a avanço da pandemia”*
*”Em um ano de pandemia, alta em preço de alimentos é quase o triplo da inflação”*
*”Petrobras convoca assembleia para 12 de abril para eleger conselheiros”*

*”Moradores de cidade do Acre pagam R$ 8,20 pelo litro da gasolina”*
*”EUA encerram investigação de subsídios sobre exportação brasileira de alumínio”*
*”Câmara conclui votação da PEC que destrava auxílio emergencial”*
*”Congresso não marca promulgação de PEC, e MP do auxílio deve ficar para próxima semana”*

*”Governo planeja publicar MP do novo auxílio emergencial nesta sexta”*
OPINIÃO - *”Entre o ego político e a tropa: o perigoso canto da sereia em movimentos paredistas nas polícias no Brasil”*
*”Campos Neto atua para influenciar política, e equipe de Guedes considera ajuda bem-vinda”*

*”'Um governo liderado por Lula não nos assusta', diz Mark Mobius, megainvestidor 'guru dos emergentes'”* - O megainvestidor alemão-americano Mark Mobius foi na contramão de muitos de seus pares ao decretar, em entrevista recente, que um eventual retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, caso concorra e vença o pleito do ano que vem, não seria "necessariamente ruim para os mercados". Agora, falando à BBC News Brasil, ele vai além: "Um governo liderado por Lula não nos assusta e se seu populismo resultar em um surto de crescimento, tanto melhor". Mobius, que em maio de 2018 lançou sua própria gestora de investimentos, a Mobius Capital Partners LLP, antes trabalhou na Franklin Templeton Investments por mais de 30 anos, mais recentemente como CEO do Templeton Emerging Markets Group. Durante seu comando, o grupo expandiu os ativos sob gestão de US$ 100 milhões para mais de US$ 50 bilhões. Considerado um "guru dos mercados emergentes", por ter colocado as nações em desenvolvimento no radar dos investidores globais, Mobius concedeu, por e-mail, a seguinte entrevista à BBC News Brasil.
- Em entrevista à agência de notícias financeira Bloomberg, o sr. disse que a volta de Lula "não é necessariamente ruim para os mercados". Por quê?
- A principal preocupação em relação a Lula era a corrupção. Se ele voltar, as preocupações com a corrupção não serão tão prevalentes simplesmente porque os escândalos da Lavo Jato resultaram em uma vigilância muito maior e preocupação com algo assim acontecendo novamente. Mais importante, seu programa Bolsa Família para promover a educação de crianças em famílias de baixa renda foi um passo importante para o país e esperamos que seu retorno resulte em mais iniciativas desse tipo. Finalmente, sua imensa popularidade poderia resultar em um movimento para uma maior participação do governo pelas massas.

- A notícia do retorno de Lula fez com que a bolsa e o real brasileiro caíssem. Por que o sr. acha que isso aconteceu? Quão arriscado o sr. acha que Lula é para o Brasil?
- A impressão agora é que o atual governo é favorável aos negócios, mas é duvidoso que um retorno de Lula resultaria em um governo marcadamente hostil aos negócios.

- O Lula de hoje será o mesmo Lula de 2002, com uma mensagem "de paz e amor amigável ao mercado"?
- Lula certamente aprendeu muitas lições nos últimos anos. Mais importante ainda, muitas condenações e sentenças foram proferidas, então a corrupção no Brasil será muito diferente no futuro.

- Há quem diga que, se Lula puder concorrer novamente, a agenda de reformas provavelmente estaria fora da mesa e as perspectivas de disciplina fiscal se deteriorariam. Mas outros falam que as preocupações com a reeleição em meio à covid-19 já minaram o apoio de Bolsonaro à prudência fiscal e à reforma, e há uma perspectiva de que ele poderia implementar medidas mais populistas. Qual lado está certo?
- Certamente Lula representa populismo, mas isso não significa necessariamente irresponsabilidade fiscal, uma vez que existem mecanismos no Brasil que jogam contra a falta de prudência fiscal. No entanto, podemos esperar que, como no passado, ele se envolverá em grandes repasses do governo aos pobres e em grandes projetos de infraestrutura agora que os preços das commodities estão se recuperando. Isso poderia dar um grande impulso à economia. Neste mundo, como vemos no programa de gastos de Biden (Joe Biden, presidente dos EUA), grandes gastos do governo estão em voga, então Lula não será culpado por isso. Isso, é claro, levará a um crescimento que será bom para os negócios em geral. Alguns dirão que também levará à inflação e à desvalorização da moeda. Como aponto em meu livro The Inflation Myth and the Wonderful World of Deflation ("O Mito da Inflação e o Mundo Maravilhoso da Deflação", em tradução livre para o português), a revolução tecnológica que o mundo está passando agora está resultando em preços de produtos e serviços mais baixos e melhores em relação ao poder de renda das pessoas. Isso certamente está ocorrendo no Brasil como em outros países. Com relação à reforma, algumas delas já foram realizadas, mas nunca temos muitas esperanças de uma mudança dramática no contencioso ambiente democrático do Brasil.

- Quem representa uma ameaça maior à economia do Brasil? Lula ou Bolsonaro?
- Nenhum dos dois. Não acho que nenhum deles pode representar uma ameaça para a economia.

- Melhor investir no Brasil com Lula ou Bolsonaro (ou não investir de jeito nenhum)?
- Eu investiria no Brasil com qualquer um deles. Já estamos investidos no Brasil e estamos satisfeitos com nossos investimentos com bons resultados enquanto Bolsonaro estiver na Presidência. Porém, um regime liderado por Lula não nos assusta e se seu populismo resultar em um surto de crescimento, tanto melhor. Provavelmente, a coisa mais legal que você pode dizer sobre Lula é que ele é "um homem do povo" –uma representação dos segmentos de renda média e baixa da sociedade mais do que Bolsonaro. Essa popularidade entre os grupos de renda média e baixa pode resultar no aproveitamento de mais crescimento por meio de políticas que os favoreçam.

VINICIUS TORRES FREIRE - *”Maior onda de alta do preço da comida em 18 anos não vai ter refresco tão cedo”*

*”Ambiente econômico deve ser mais desafiador do que o esperado em 2021, diz Fitch”* - A segunda onda de contágio do coronavírus somada aos baixos níveis de vacinação, o alto desemprego e a lenta decisão em relação a um novo auxílio emergencial ameaçam a recuperação econômica brasileira e podem trazer um ambiente mais desafiador do que o esperado em 2021, afirmou a Fitch Ratings em relatório divulgado nesta quinta-feira (11). Segundo a agência de classificação de risco, a economia perdeu a força com o fim do auxílio emergencial em dezembro. Além disso, foi apenas recentemente que as discussões sobre um novo benefício –agora de valor menor– caminhou no governo. “A frustração com o ritmo da atividade econômica se traduziu em baixos indicadores de confiança de empresários e consumidores. Os desafios fiscais sugerem que o novo auxílio [...] terá efeito muito mais limitado na economia”, afirmou a Fitch em relatório. Apesar do momento mais difícil, no entanto, a agência de classificação de risco projeta que as taxas de juros em patamares ainda baixos devam continuar a favorecer as empresas brasileiras, principalmente em um cenário onde os vencimentos de dívidas relevantes já foram refinanciados, com prazos e custos mais atrativos. Além disso, segundo a Fitch, o apetite dos investidores permitiu com que alguns emissores brasileiros acessassem os mercados internacionais pela primeira vez, e as empresas brasileiras devem retomar os investimentos neste ano. Na visão por setor, apenas os segmentos de varejo e construção têm perspectivas negativas.
Do lado da construção, a Fitch afirma que apesar de as empreiteiras terem retomado os projetos em ritmo ainda lento, é esperada uma recuperação gradual do segmento em 2021, sustentada pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). “A pandemia adiou a conclusão de licitações, levando a atrasos em 2020. As empresas têm o desafio de retomar o crescimento em 2021. A maioria tem liquidez limitada e precisa refinanciar dívidas em um cenário de linhas de crédito restritas”, disse a agência em relatório. Sobre o segmento do varejo, a Fitch projeta um ambiente ainda desafiador, tendo em vista que a recuperação observada no segundo semestre do ano passado começou a desacelerar depois do fim do auxílio emergencial. “Embora a atividade tenha sido retomada com menos restrições, o desemprego é persistentemente elevado, sugerindo um ambiente de consumo moderado em 2021. A agência prevê recuperação econômica moderada e lenta melhora do mercado de trabalho ao longo do ano. Os setores mais vulneráveis às medidas de distanciamento social são os de vestuário, academias de ginástica e restaurantes”, disse. Na outra ponta, apenas os setores de petróleo e gás e de açúcar e etanol apresentam perspectivas positivas para este ano.
Em relação ao segmento de petróleo e gás, a expectativa da Fitch é que as receitas e geração de fluxo de caixa dos emissores da América Latina podem começar a se recuperar diante da melhora dos preços dessas commodities. “O acordo OPEP+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], para controle do abastecimento, continua sustentando os preços. A Fitch acredita que os indicadores de crédito começarão a se recuperar em 2021, após o pico de 2020. Os indicadores atingirão os níveis anteriores à pandemia em 2023 ou depois”, afirmou a agência de classificação de risco. Ainda segundo a Fitch, uma taxa de câmbio favorável a exportadores e volumes e spreads melhores do que os esperados também serão benéficos ao segmento. Já em relação a açúcar e etanol, a recente alta dos preços do açúcar, aliada ao aumento sustentado dos preços do petróleo –os quais elevaram a competitividade do etanol hidratado em relação à gasolina– sustentam a perspectiva positiva para o setor. Os demais setores –como educação, energia elétrica, alimentos e bebidas e saúde– permanecem com perspectiva estável para 2021.

NELSON BARBOSA - *”Chega de perseguição a Lula!”*: Os eventos desta semana comprovaram que o ex-presidente Lula foi vítima de perseguição política, com o objetivo de retirá-lo da corrida presidencial de 2018. A decisão do ministro Fachin, invalidando todos os processos da Lava Jato contra Lula, atendeu a uma demanda da defesa... com três anos de atraso! Nestes três anos, Lula foi preso injustamente, por 580 dias, tivemos uma eleição censurada e sofremos sob o atual desgoverno. Nada que o STF decida agora será capaz de reparar o dano sofrido por Lula e todos nós, mas vamos em frente. Parte da atual crise humana e econômica era inevitável. A Covid-19 é doença grave e derrubou vários países. Por aqui não foi diferente, mas uma comparação internacional indica que poderíamos estar bem melhor. Na economia, por pressão do Congresso, o governo até foi bem em 2020, com injeção fiscal de R$ 524 bilhões (7% do PIB) na economia. Devido a esse estímulo, a recessão foi bem menor do que a maioria de nós, economistas, previa em maio. O déficit público subiu menos do que se esperava, e a dívida pública terminou o ano passado bem abaixo das expectativas do próprio governo.
Diante de tamanho sucesso fiscal keynesiano, o que fez nossa equipe de ideologia econômica? Resolveu que a crise tinha acabado e cortou o “oxigênio” da economia. Houve parada súbita do auxílio emergencial e de outras medidas de transferência de renda, com retorno prematuro à consolidação fiscal. O resultado é a queda provável do PIB no primeiro trimestre, com risco de recessão técnica no primeiro semestre. O fracasso da política econômica no início deste ano é grave, mas parece brincadeira de criança comparado ao que aconteceu na saúde pública. O atraso da vacinação já custou milhares de vidas, sem sinal de arrefecimento no ritmo de novos casos e mortes a curto prazo. O descaso federal com medidas básicas de proteção (usar máscara para todos e distanciamento social para quem pode fazer distanciamento social) provavelmente contribuiu para outros milhares de mortes adicionais. Diante de mortes em alta e PIB em baixa, o que alguns colegas economistas resolveram enfatizar nesta semana? Que a justiça feita à Lula seria ruim ao país, pois isso aumentaria a incerteza econômica e, pasmem, restringiria a escolha dos eleitores em 2022!
Esse tipo de análise me desperta sentimentos não cordiais, mas é preciso ter serenidade, mesmo diante de boçalidades. A incerteza econômica atual tem nome e endereço. Ela está nos terraplanistas do Palácio do Planalto e nos austríacos de circo do Ministério da Economia. O PT já não é governo há cinco anos, logo sugiro que a Faria Lima pare de criar espantalhos para cobrir a incompetência do governo que apoia. A estratégia econômica de Guedes tem problemas devido às suas próprias fragilidades e inconsistências. Segundo, Lula, como qualquer um de nós, tem direito a um julgamento justo independentemente de ser ou não candidato em 2022. Misturar uma coisa com a outra só comprova o Estado de exceção sob o qual parte de nós vive desde 2016. Por fim, sobre “polarização”, Lula já demonstrou ser um líder de centro, que preza pela democracia e governa para todos. Mesmo que não fosse assim, apresentar candidatura de “A” ou “B” não impede a candidatura de “C”. Se “C” acha que pode ser eleito, que ele ou ela faça sua campanha e deixe os eleitores decidirem. Choramingar que outro potencial candidato deve desistir ou ser impedido de concorrer para que seu nome preferido seja eleito é coisa de gente mimada, ou de quem deseja cercear a escolha dos eleitores

*”Associações recebem restrições de Doria com resistência e querem negociação”*
*”Falta de peças no setor automotivo se arrastará por meses, diz presidente da Stellantis”*

*”SP terá toque de recolher e suspensão de cultos e futebol de 15 a 30 de março; escolas estaduais fecharão”*
*”Brasil tem mais de 2.200 mortes por Covid e completa 50 dias de média móvel acima de 1.000”*

*”Bolsonaro sugere que lockdown leve a invasão de supermercado”* - (...)
Em audiência virtual com pequenos e micro empresários, ao lado do ministro Paulo Guedes (Economia), nesta quinta-feira (11), o presidente disse que "lockdown não é remédio" e que governadores que restringem serviços em seus estados estão encampando uma luta pelo poder. "Até quando nós podemos aguentar esta irresponsabilidade do lockdown? Estou preocupado com vida, sim ", questionou Bolsonaro. "Até quando nossa economia vai resistir? Que se colapsar, vai ser uma desgraça. Que que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar?"
(...)

*”Com UTIs totalmente ocupadas, Einstein estuda reativar hospital de campanha em SP”*
*”Ao menos 44 pessoas morreram à espera de vaga de UTI para Covid em SP”*

TATI BERNARDI - *”O lulismo é uma doença”*: Ela sabe que não está bem quando a testa começa a pegar fogo. Vontade de meter um L vermelho bem grande na fronte e gritar “Lula livre” na janela. Berra tanto que depois acaba tendo que chupar uma cartela inteira de Benalet. Um cara do prédio ao lado clama em resposta: “Lula livre, porra!!!”, e ela se apaixona instantaneamente. Pode ser um senhor de 98 anos ou um garoto de 18, mas ela se sente viva. Vem, vacina, que eu quero abraçar todo mundo. Extasiada, pensa o seguinte: a mão fazendo a arminha deixa de apontar para a cabeça do brasileiro, o indicador passa a mirar o céu, a arma vira um L e transformamos o ultraje em esperança.
Em seus grupos de WhatsApp, os colegas ex-petistas, que assistem à Globonews caçando migalhas progressistas (migalhas que em tempos de fascismo viraram fartos e duradouros banquetes), começam suas ladainhas-clichês que jamais escapam da palavra “autocrítica” e da frase “Bolsonaro só existe porque o Lula o criou”. Ela fica enfurecida: “Ai, gente, vocês não ouviram o Retrato Narrado, o podcast da Carol Pires, não? Quem criou o Bolsonaro foram a falta de afeto, de sonho, de educação. Quem criou os milhares de brasileiros que o elegeram também foi essa trinca macabra. Quem cresce no ódio aprende que destruição é império”. Ela se escuta e sabe que é uma tonta, uma iludida, uma péssima poeta, um ectoplasma da própria juventude que já julgava morta, um eco perdido de diretório acadêmico. Mas que saudade de ser tudo isso. Acreditar é para os inexperientes, e ela está bem tranquila em abrir mão dessa sabedoria sorumbática que vem com a falta de expectativa. O lulismo é uma doença, porque ela coloca até sombra colorida nos olhos. Ela flerta com o salvador, se arrepia com homens que têm sangue nos olhos e não suporta mais a voz do genocida com sangue nas mãos. Desejo de assistir a ele de pé, ereta, espalmando o coração, de cantar o hino, de se empolgar com Copa do Mundo, de comer picanha, de achar que a bandeira é de todos e não um reles símbolo de gente tosca e fascista nas redes sociais.
Vai começar a coisa doida remexendo no peito. É burrice, é ingenuidade, é ignorância. O lulismo é uma doença séria, mas é também uma saudade enorme de pobre na faculdade, de empregada doméstica com carteira assinada, de ministro artista, de chanceler intelectual, do Obama dizendo “esse é o cara”, de cinema, teatro, literatura, música. Do futuro, do país decolando em capa de revista e não sendo a escória, a vergonha, a piada, a pena e o pânico internacional. Tentam dissuadi-la: “Vai ser pior, vai ter golpe, vai ter guerra, vai morrer gente”. Pior? Golpe? Guerra? Morrer gente? Ela pensa: “Francamente, o que as pessoas acham que estão vivendo exatamente agora?”. O lulismo é uma doença que ataca a memória. Mas e o… e o… e o que mesmo? Coitada. Fica arrepiada quando ele fala da vacina, quando ele fala do respeito às mulheres, quando ele fala em democracia, quando ele fala de caminhar pelas ruas sem ser morto, quando ele fala contra o preconceito. Palavras óbvias e de decência depois de infinitos dias sendo soterrada pela infâmia descabida, pelo descaso inimaginável e pela psicopatia no poder. Ela é burra de dar dó, mas faz tempo não dançava escovando os dentes. Antes de dormir, ela pede: “Deus, se você existe, se você é brasileiro, dá mais uma chance pra ele, pra mim, pra todo mundo...”. Parece bilhete de criança, mas, vai ver, só assim tem força suficiente pra tirar a gente dessa.

*”Com maior fila por leitos para Covid do país, Paraná reabre comércio e escolas”*
*”Com recorde de mortes por Covid e fila nas UTIs, SC mantém restrições apenas no fim de semana”*
*”Rio libera comércio na praia e amplia horário de bares e restaurantes”*
*”Mortes por Covid-19 cresceram 190% no sistema prisional em 2021, aponta CNJ”*

*”Máscaras profissionais como a PFF2 podem ser indicadas para situações de maior risco; veja como usar”*
*”Anvisa aprova regras mais rígidas para uso de máscaras em aviões e aeroportos; veja quais serão vetadas”*

*”Nove países europeus suspendem uso de vacina de Oxford”* - Nove países europeus —Itália, Dinamarca, Noruega, Islândia, Áustria, Estônia, Lituânia, Letônia e Luxemburgo— suspenderam temporariamente a aplicação de vacinas contra Covid-19 fabricadas pela AstraZeneca para se certificarem de que elas não têm ligação com efeitos colaterais mais graves. No caso da Dinamarca, a suspensão por duas semanas vale para imunizantes da AstraZeneca em geral e foi determinada depois que coágulos sanguíneos provocaram a morte de uma pessoa vacinada. Nos outros países, foi interrompido o uso de um lote específico, também após óbito por trombose de uma mulher imunizada na Áustria e de dois homens na Sicília. Segundo a autoridade de saúde dinamarquesa, não se pode concluir ainda se existe ligação entre a vacina e os coágulos. Mas, por causa do alerta do sistema de saúde, o órgão e a agência regulatória de medicamentos farão uma reavaliação do imunizante, ao lado da agência regulatória da UE (EMA). A agência europeia afirmou que, desde o início da vacinação, foram registrados 22 casos de trombose em mais de 3 milhões de pessoas vacinadas nos 30 países do Espaço Econômico Europeu (que compreende a UE, a Noruega, a Islândia e Lichtenstein). O número de "eventos tromboembólicos em pessoas vacinadas não é superior ao observado na população em geral", acrescentou.
A AstraZeneca afirmou que segurança é prioridade da empresa e que os ensaios clínicos não revelaram efeitos colaterais graves: "Os reguladores têm padrões claros e rigorosos de eficácia e segurança para a aprovação de qualquer novo medicamento, e isso inclui a vacina contra Covid-19”. Peter English, presidente do comitê de medicina de saúde pública da Associação Britânica de Medicina, afirmou que não é incomum que a introdução de uma nova vacina seja interrompida por relatos de eventos adversos. "É um sinal de que os sistemas de monitoramento de reações adversas estão funcionando; mas, em geral, não indica que as reações estejam sendo causadas pelas vacinas", afirmou. Segundo ele, além de estudos que tentem entender uma relação causal, um dos aspectos mais importantes é comparar a incidência de casos com a que ocorre na população em geral. Embora os especialistas e os próprios governos afirmem não ter evidência de que as mortes tenham sido causadas pelo imunizante, as suspensões são mais um obstáculo na campanha de vacinação europeia, afetada por quebra no fornecimento dos três produtos já aprovados até agora —AstraZeneca, Pfizer/BioNtech e Moderna— e pela decisão inicial de mais de dez membros da UE de não recomendar o imunizante da AstraZeneca para idosos.
Parte deles já reverteu essa restrição, mas a insegurança criada também reduziu a velocidade da imunização em vários países. A Dinamarca era um dos países mais avançados da UE na vacinação, com cerca de 15 doses aplicadas por 100 habitantes. A vacina da AstraZeneca responde por 18% das 768.890 doses recebidas pelo país até esta quinta e, das 139 mil doses desse fabricante, 132 mil (95%) já haviam sido aplicadas. A suspensão desta quinta deve atrasar o calendário: segundo cálculos iniciais, no pior dos cenários, a população adulta deve estar imunizada em meados de agosto e não mais no começo de julho. Quem tinha vacinação marcada com o produto da AstraZeneca, para primeira ou segunda dose, terá que aguardar ao menos duas semanas. Na Áustria, a interrupção atingiu o lote específico do qual foram extraídas doses aplicadas em duas pessoas que desenvolveram coágulos. Uma enfermeira de 49 anos morreu dez dias após tomar a primeira dose —de acordo com o governo austríaco, não é possível afirmar que o imunizante tenha causado a morte.
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*”Europa aprova vacina anti-Covid da Janssen, que precisa de apenas uma dose”*
*”Mais de 70% dos dados do Ministério da Saúde sobre vacinas não são transparentes, diz pesquisa”*
*”Clínicas privadas querem mudança na lei de vacina para não doar doses ao SUS”*
JULIO ABRAMCZYK - *”A pandemia descontrolada”*

*”STF forma maioria para determinar anulação de julgamentos com tese da legítima defesa da honra”*
*”Senado aprova projeto que prevê criação de delegacias especializadas para mulheres, mas sem prazos”*

MÔNICA BERGAMO - *”Bolsonaro quer distância e vê suspeição de Moro como 'escada' para juiz posar de vítima”*: Jair Bolsonaro quer distância do julgamento da suspeição de Sergio Moro no STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente acredita que o ex-juiz já está fora do circuito eleitoral. E que qualquer movimento por parte do Palácio do Planalto serviria apenas para dar a ele pretexto para posar de vítima de uma perseguição. O distanciamento do presidente frustrou os que imaginavam que ele poderia influir no voto do ministro Kassio Nunes, do STF —que pode selar o destino de Moro. Bolsonaro chegou a se interessar pelo assunto quando a declaração de suspeição de Moro poderia restituir os direitos políticos de Lula. Como isso ocorreu antes do veredicto sobre o ex-juiz, no momento em que o ministro Edson Fachin anulou as condenações do petista, o assunto saiu de seu radar. O presidente acredita que o ex-magistrado, hoje carimbado como traidor pelo bolsonarismo, detestado pela esquerda e sem trânsito na política, pode dar a volta por cima caso pareça que está sofrendo uma caçada por parte do STF, do governo federal e de parlamentares —num clima de todos contra apenas um. O presidente, segundo interlocutores dele, não quer “dar escada” para Moro aparecendo como a pessoa que ajudou a puni-lo.

MÔNICA BERGAMO - *”Ministro do TCU cancela participação em evento patrocinado por empresa que contratou Moro”*
MÔNICA BERGAMO - *”Luiza Trajano vai integrar conselho consultivo da Ouvidoria da Polícia de SP”*
MÔNICA BERGAMO - *”Joice Hasselmann incinerou macacão que emprestou a Carla Zambelli”*

MÔNICA BERGAMO - *”Comitê Lula Livre lança documentário sobre a Lava Jato”*: O Comitê Lula Livre na segunda (15) o documentário “Submundo – A Conspiração da Lava Jato contra Lula”. “O filme mostra as distorções e as farsas que procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro produziram com o objetivo de ludibriar a opinião pública e destruir a reputação e a biografia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirma a entidade. A produção de 26 minutos é apresentada pelo rapper Thaíde e pela atriz Raquel Ferreira e será transmitida às 19h pelo site da instituição e canais parceiros nas redes sociais.

MÔNICA BERGAMO - *”Secretaria da Cultura do governo Bolsonaro quer rever distribuição de direitos autorais”*
MÔNICA BERGAMO - *”Sindicato de músicos lança campanha de arrecadação de cestas básicas”*

CAPA – Manchete principal: *”Estados apertam cerco ao vírus, e Bolsonaro reage com ameaças”*

BERNARDO MELLO FRANCO - *”Lula no palanque”*: De volta ao palanque, o ex-presidente Lula disse não ter tempo para pensar numa candidatura em 2022. Conversa de político. O petista é mais candidato do que nunca. E já deixou claro que pretende montar uma aliança ampla para enfrentar Jair Bolsonaro. Em tom conciliador, o ex-presidente estendeu a bandeira branca a empresários e congressistas que se uniram há cinco anos para despejar o PT do poder. “O povo elegeu quem ele quis eleger. Nós temos que conversar com quem está lá para ver se a gente conserta este país”, afirmou. Lula rebateu o discurso, reciclado desde 1989, de que sua candidatura causaria fuga de capitais e disparada do dólar. Disse que só é radical porque “quer ir à raiz dos problemas” e pediu: “Não tenham medo de mim”. Ele criticou os devotos do “Deus mercado”, mas prometeu investimento em infraestrutura, apoio a pequenos empresários e transferência de renda aos mais pobres. “Enquanto o governo não cuida de emprego, não cuida de salário, não cuida de renda, você tem que ter um salário emergencial para que as pessoas não morram de fome. Isso não precisa ler Marx pra entender, não precisa ler artigo do Delfim Netto”, ironizou.
O petista apelou ao pragmatismo das elites desiludidas com o capitão. Detonou o descaso com a pandemia e descreveu o Brasil como um país sem governo, refém de milicianos e terraplanistas. Lembrou que, em sua gestão, o país se tornou a sexta maior economia do mundo. Hoje é a 12ª, depois da recessão de Dilma, dos pibinhos de Temer e do novo tombo com Bolsonaro. Quem se eleger em 2022 deverá encontrar condições mais difíceis do que ele encontrou, mas a comparação com o passado de prosperidade é um trunfo difícil de tirar do ex-presidente. Numa pista do seu plano de voo, Lula relembrou a chapa com o empresário José Alencar que o levou ao Planalto em 2002. “Foi a primeira vez neste país que nós fizemos uma aliança entre o capital e o trabalho”, disse. O petista indicou que tentará arrancar parte do Centrão do colo de Bolsonaro. Desautorizou aliados que falam em “frente ampla”, mas se recusam a conversar com “determinados políticos”. “Frente ampla é se a gente tiver capacidade de conversar com outras forças políticas que não estão no espectro da esquerda. É possível? É”, garantiu.

*”Reforço das bases – Com pico de mortes e volta de Lula, Bolsonaro faz acenos a aliados já de olho em 2022”* - Pressionado pelo agravamento da pandemia da Covid-19 e pela repercussão da volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jogo político, o presidente Jair Bolsonaro faz movimentos para consolidar grupos que apoiam o governo. Ele forçou alterações na chamada PEC Emergencial para permitir a promoção de servidores, incluindo policiais; adotou a defesa da vacinação em massa, prioridade estabelecida pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao assumirem as casas; e oficializou a demissão de Fabio Wajngarten da Secretaria de Comunicação, que tinha entrado em rota de colisão com militares e com o ministro Fábio Faria. Seu substituto será o almirante Flávio Rocha. Já de olho em 2022, o presidente confirmou ontem em sua live semanal que abriu conversas para uma volta ao PSL. Como O GLOBO mostrou, Bolsonaro, que também cogitava ingressar e assumir o comando de uma sigla nanica, passou a considerar que precisa de um partido com mais recursos financeiros. O PSL, junto do PT, tem a maior fatia do fundo eleitoral, por serem as maiores bancadas da Câmara.
Auxiliares do Planalto afirmam que a mudança de postura sobre vacina já vinha sendo discutida antes mesmo da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu de volta a Lula os seus direitos políticos, mas reconhecem que uma defesa enfática da imunização é um antídoto ideal para conter o desgaste e diminuir o impacto das críticas da oposição ao enfrentamento da pandemia. Um integrante do alto escalão do Planalto relatou ao GLOBO que, antes de dar o aval para colocar em prática a “operação vacina”, Bolsonaro recebeu uma avaliação do monitoramento de suas redes sociais que indicavam que os seguidores, neste momento, clamavam mais por vacina do que por emprego. O presidente também passou a reforçar que a nova variante é mais letal e, portanto, concordou a adotar um “meio-termo”, dizendo que o investimento na imunização é o suficiente para manter a economia funcionando. Com a aprovação da PEC que autoriza a retomada do pagamento do auxílio emergencial, Bolsonaro aposta que sua popularidade crescerá entre eleitores de renda mais baixa e em regiões mais pobres do país, onde historicamente Lula tem melhor desempenho. O esforço para manter a promoção de servidores, incluindo policiais e militares, é outro movimento para evitar uma debandada de sua base de apoio. Bolsonaro minimizou as modificações no texto.
— Estamos olhando on-line a votação da Câmara. Parece que algumas emendas foram acolhidas. Eu fiquei 28 anos dentro da Câmara, sei como funciona lá. Então, nós temos que ter vitórias e, às vezes, a gente não pode ganhar de três a zero, quatro a zero, cinco a zero... Se ganhar de dois a um é uma vitória — declarou Bolsonaro durante encontro virtual da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa de 2021.
O presidente oficializou, com publicação no Diário Oficial da União de ontem, a demissão do secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten. Definida há duas semanas, a troca agrada ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, e aos militares que colecionavam atritos com o então secretário, considerado de perfil mais “explosivo”. Wajngarten recusou a oferta de três postos no governo, incluindo o de assessor do Ministério do Meio Ambiente. Antes de sair, o ex-secretário integrou a comitiva que esteve em Israel para firmar acordos para testes do spray nasal contra Covid-19 no Brasil. A Secom será comandada interinamente pelo secretário de Assuntos Estratégicos, o almirante Flávio Rocha, apontado como um conciliador no governo. A substituição é vista internamente com otimismo para buscar uma comunicação menos conflituosa do que na gestão de Wajngarten. Um ano antes da eleição e com a polarização antecipada com Lula, há um consenso interno que é preciso escolher as brigas e apostar mais na divulgação das ações do Executivo.
Diálogo com o PSL
Em transmissão ao vivo em suas redes sociais, o presidente admitiu que retomou as conversas com o PSL, seu antigo partido, para discutir uma possível filiação até o fim do mês. O chefe do Executivo destacou que só vai decidir após ouvir parte dos integrantes do PSL. Segundo ele, há uma “meia dúzia” de pessoas na legenda com quem ele não quer conversar porque “destruíram todas as pontes” de diálogo:
— E eu quero tomar a decisão depois de ouvir vocês (apoiadores), ou melhor, a grande maioria de vocês, porque tem meia dúzia lá que não dá para conversar, que destruíram todas as pontes ao longo dos últimos anos em causa própria, mas tudo bem. Então, eu espero brevemente decidir essa questão partidária.
Como mostrou O GLOBO, após o ministro Fachin anular as condenações de Lula, o que o tornou elegível em 2022, o presidente retomou negociação para se filiar ao PSL, partido pelo qual disputou o pleito em 2018, mas do qual saiu brigado um ano depois. A avaliação é que a entrada de Lula no páreo tornará mais acirrada a disputa no primeiro turno e, nessas circunstâncias, tempo de televisão e fundo partidário ganham mais relevância.

*”Volta de Lula abala apoio a presidente no ‘baixo clero’”* - Enquanto dirigentes partidários aliados a Jair Bolsonaro avaliam que a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser encarada como uma boa notícia com uma polarização entre os dois em 2022, com vantagem para o atual titular do Palácio do Planalto, o sentimento que predomina no “baixo clero” do Congresso, especialmente nas bancadas do Nordeste, é oposto. Deputados ouvidos pelo GLOBO temem que ficar contra Lula seja um suicídio eleitoral no ano que vem. Mesmo se o petista não conseguir se eleger presidente, deputados preveem que seu apoio será definidor nas eleições para o Congresso Nacional, como um relevante cabo eleitoral. O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) disse que teve acesso a pesquisas recentes em que Lula ultrapassa 70% de preferência do eleitorado no Maranhão, estado do parlamentar. Para ele, a partir de julho do ano que vem, Bolsonaro terá muito menos apelo eleitoral para os deputados do que Lula, que deve articular alianças com prefeitos e candidatos nos estados.
— Sendo candidato, Lula consegue neutralizar alguns deputados, sem dúvida nenhuma, no Maranhão. Inclusive aliados do Bolsonaro.
O discurso de Lula nesta quarta-feira, em que fez duras críticas ao governo, foi interpretado como impactante até entre líderes do Centrão. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, disse ter ficado “surpreendido”. Para ele, Lula está “em forma”. A expectativa dos deputados das bancadas do Nordeste é que o Centrão sigana base do governo, demonstrando fidelidade em votações. À medida que a eleição se aproximar, porém, colar a imagem à de Bolsonaro pode se tornar cada vez menos desejável para quem quer se reeleger. As composições políticas com o PT voltam a ganhar força, dizem os parlamentares, e o próprio partido pode crescer. A volta de Lula ao páreo eleitoral deve aumentar a pressão para que Bolsonaro crie um programa para substituir o Bolsa Família, medida que pode aumentar sua popularidade em estados do Nordeste, onde Lula ainda tem força relevante.
— Criando um programa de transferência de renda para chamar de seu, Bolsonaro vai disputar de igual para igual — avalia o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE).
No Ceará, a avaliação é que Camilo Santana, governador petista, não conseguirá ficar “em cima do muro” entre o PT e Ciro Gomes, como fez na eleição de 2018. Deputados bolsonaristas devem ficar neutros no primeiro turno para não desagradar o clã Ferreira Gomes, que tem força no estado, e também não se desgastarem com a associação a Bolsonaro. Ressoaram entre os cearenses as críticas feitas por Lula a Ciro Gomes em seu discurso. Disse que o pedetista se enxerga como “professor de Deus”. “Não é possível alguém passar a ideia de que é tão inteligente, de que lê tanto, e ter as atitudes ignorantes que ele tem”, afirmou. No estado, a polarização deve ser entre Ciro e Lula em 2022. O deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) diz que, na Paraíba, a decisão que tornou Lula elegível diminui muito a chance de terceira via:
— Eu conversei com alguns prefeitos do sertão, e nesses municípios não tem nem graça. Lula vai tomar conta de tudo. Ele é muito forte, e sobretudo com esse cenário do fim do auxílio, Lula traz muita força. E me deixou até atordoado, porque pra quem quer construir uma terceira via, praticamente não tem mais espaço — comenta o deputado.
Para ele, a única esperança do centro é se unir em torno de um único nome, mostrando um projeto político unificado. Ele integra uma ala do PSDB que defende que não necessariamente seja lançado um tucano à Presidência, ainda que defenda o nome de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. Embora uma aliança com siglas de centro-direita não esteja no horizonte, petistas esperam que em 2022 possam angariar apoio de lideranças regionais no Nordeste. Os governadores de Alagoas, Renan Filho (MDB), e do Pará, Helder Barbalho (MDB), são citados como nomes com quem o PT tem bom diálogo.

*”Nas redes, contra-ataque e hesitação bolsonarista”*
*”Com bate-boca, STF adia decisão sobre Silveira”*
*”Gilmar poderá se tornar relator de pedidos de suspeição contra Moro”*
*”Caso de Moro reabre debate sobre mensagens hackeadas”*

*”Guerra aberta – Bolsonaro volta a atacar governadores: ‘teremos problemas sérios pela frente’”*
*”Em 22% das cidades, Anvisa já matou mais em 2021”*
*”Falta de isolamento e novas variantes levaram caos ao Sul”*

*”Pressão a mais para o BC – Inflação chega a 5,2% no acumulado em 12 meses e se aproxima do teto da meta”*
*”Aumento do aço e falta de chips pressionam setor automotivo”*
*”Equipe de Guedes não descarta mais de quatro parcelas do auxílio”*
*”Guedes: redução da jornada será ‘seguro-emprego’”*

 

CAPA – Manchete principal: *”SP amplia restrições a escolas e comércio; cultos são vetados”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Acredite quem quiser”*: O ex-presidente Lula da Silva, que fez da polarização do “nós” contra “eles” a força motriz de sua seita, agora se apresenta disposto ao “diálogo”. O presidente Jair Bolsonaro, que passou toda a pandemia de covid-19 a maldizer vacinas e máscaras, quer ser reconhecido como campeão da imunização dos brasileiros. Formidáveis metamorfoses, nas quais acredita quem quer. Que ninguém se engane: a única motivação de ambos, como sempre foi, é eleitoral. Nenhum deles sequer acorda pela manhã se não for por cálculo político. Os interesses nacionais e as aflições dos eleitores são sempre secundários, ou meramente instrumentais, em seus projetos de poder. O presidente Bolsonaro, de uma hora para outra, protagonizou uma solenidade oficial usando máscara, bem como seus assessores. A imagem exótica espantou os brasileiros em geral, acostumados a ver Bolsonaro não somente sem máscara, mas promovendo aglomerações País afora e estimulando comportamento irresponsável da população em meio a uma pandemia mortal. Mais do que isso: a solenidade se prestava à assinatura de leis que facilitam a compra de vacinas contra a covid-19. O presidente prometeu que, “até o final do ano, teremos mais de 400 milhões de doses (de imunizantes) disponíveis aos brasileiros”. Não se sabe de onde o presidente tirou esse número, uma vez que o Ministério da Saúde tem sido incapaz de determinar quantas vacinas estarão disponíveis para os brasileiros neste mês, que dirá no resto do ano. Seja como for, trata-se de uma mudança drástica de atitude, que, se mantida, aliviará um País agoniado com a sabotagem promovida por Bolsonaro e seus camisas pardas contra a vacinação e as medidas de restrição para enfrentar o vírus, em meio à escalada de mortes e o colapso do sistema de saúde. Já não seria sem tempo.
Mas não se pense que Bolsonaro de repente se conscientizou de que não é possível superar a pandemia sem imunização em massa e sem adotar ações preventivas. Ainda está fresco, na memória dos brasileiros que prezam os valores morais, o horror provocado pelas reações grosseiras e desumanas de Bolsonaro sempre que cobrado a assumir suas responsabilidades como presidente. Na mais recente delas, apenas uma semana atrás, mandou o “idiota” que lhe pedia vacinas comprá-las “na casa da tua mãe”. É evidente que esse é o verdadeiro Bolsonaro, e não o personagem contrito que agora prega a necessidade urgente de uma vacinação nacional. O verdadeiro Bolsonaro só se preocupa com sua reeleição – agora ameaçada pela escalada da crise causada pela pandemia e, principalmente, pela ressurreição de Lula da Silva. Não parece ter sido um mero acaso o fato de o “novo” Bolsonaro se apresentar aos brasileiros momentos depois que o chefão petista fez seu primeiro pronunciamento após o restabelecimento de seus direitos políticos por decisão judicial. No discurso, Lula da Silva, que apareceu de máscara, atacou vigorosamente a irresponsabilidade do presidente diante da pandemia.
Para fazer o contraponto a Bolsonaro, Lula da Silva vestiu o figurino de estadista. Além de fazer uma defesa enfática da vacinação e das medidas de isolamento, o ex-presidente anunciou sua disposição de “dialogar com todos”, inclusive fora da esquerda, contrastando com a dificuldade de articulação política do presidente. “Não tenham medo de mim”, disse Lula. Ninguém tem medo de Lula; o que se tem é enfado. O demiurgo de Garanhuns tornou-se previsível. O Lula que mais uma vez promete um amplo diálogo político é o mesmo que construiu sua base parlamentar na base do talão de cheques e é o mesmo que até na esquerda é visto como autoritário. Ademais, a receita de Lula para a retomada do crescimento – fim das privatizações, freio nas reformas e aumento dos gastos públicos – é a mesma que foi responsável pela profunda crise produzida no governo de Dilma Rousseff, da qual o País ainda não saiu. Não por acaso, Lula esqueceu-se de citar sua criatura no discurso, talvez na expectativa de que os brasileiros não se lembrassem. Mas os brasileiros lembram bem.

*”Pressão por alternativa a extremos cresce com Lula”* - A entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no páreo eleitoral de 2022 pressionou partidos que tentavam construir uma alternativa de centro ao presidente Jair Bolsonaro a apressar a escolha de um candidato ao Palácio do Planalto. Na avaliação de líderes políticos, a anulação das condenações criminais da Lava Jato, que impediam Lula de concorrer, vai precipitar conversas para definir um nome de baixa rejeição, avesso aos extremos, e evitar o fracasso dos esforços para pôr de pé uma frente ampla. Dirigentes partidários de centro dizem que a redução da campanha presidencial à polarização entre Lula e Bolsonaro reforça a necessidade da apresentação de uma terceira via. Na avaliação da cúpula do DEM, por exemplo, se os partidos de centro-direita e centro-esquerda não conseguirem se unificar para salvar essa frente, a pulverização vai empurrá-los para fora do segundo turno e a disputa se transformará em uma guerra de rejeições.
O DEM, que testa a popularidade do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (mais informações na pág. A8), o PSB, o Podemos, o PDT, o Cidadania, o PV e a Rede Sustentabilidade têm mantido conversas frequentes sobre a possibilidade de montar uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. Embora não participe desse movimento, o PSD é visto como um partido com chances de integrá-lo, apesar de compor o Centrão e ter até um ministro no governo – Fábio Faria, das Comunicações. O PSDB já marcou prévias para 17 de outubro, com quase um ano de antecedência em relação às eleições, com o objetivo de escolher um pré-candidato ao Planalto. Até o momento, dois nomes são cotados: os dos governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Sem apoio suficiente para ser aclamado como presidenciável tucano, Doria não teve outra opção a não ser apoiar as prévias. O processo é inédito para uma candidatura presidencial no PSDB – o governador já enfrentou disputa interna, mas para a Prefeitura e o Palácio dos Bandeirantes – e nunca foi realizado tão cedo. O apresentador de TV Luciano Huck também se movimenta. Ainda sem partido, Huck agendou novas conversas para discutir o cenário eleitoral, que mudou com a possibilidade de Lula concorrer ao Planalto. Huck vai se reunir novamente, nos próximos dias, com o presidente do DEM, ACM Neto.
Em seu único comentário sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que anulou as condenações proferidas contra Lula pela 13.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Huck afirmou que “figurinha repetida não completa álbum”. A publicação do apresentador no Twitter lançou dúvidas sobre a aderência popular de uma nova candidatura de Lula e foi interpretada como um sinal de que ele deseja se manter como opção. Lula ironizou: “Ele não sabe que figurinha repetida carimbada vale pelo álbum inteiro”. Sérgio Moro, por sua vez, tem se distanciado cada vez mais de uma candidatura presidencial. Atualmente na iniciativa privada, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça não quis se pronunciar sobre os recursos vencidos por Lula. Mantém apoio reduzido no Congresso, em setores do Podemos, mas ainda conta com a simpatia de movimentos anticorrupção e de militares das Forças Armadas, principalmente os desiludidos com Bolsonaro. Moro perdeu fôlego político ao sair do governo em litígio com Bolsonaro, a quem acusou de interferir em órgãos como a Polícia Federal, e se desgastou com a revelação de mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato, hackeadas e apreendidas na Operação Spoofing.
Suspeição. A imagem do exjuiz pode ficar mais deteriorada com o julgamento de sua alegada parcialidade nos casos de Lula. O placar na Segunda Turma do Supremo está empatado em 2 a 2 e o voto decisivo será do ministro Kassio Nunes Marques, indicado à Corte por Bolsonaro. Marques interrompeu o julgamento, na terça-feira, para analisar o processo. O pedido de vista não tem prazo para terminar. Antes de Lula se apresentar anteontem como contraponto a Bolsonaro, em discurso de uma hora e meia na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, partidos de esquerda, de centro e de centro-direita já tentavam formar uma frente ampla que simbolizasse a oposição ao presidente. Lula sempre chamou essa frente de “ilusão”, mas quer atrair apoios de setores mais ao centro e até de desgarrados do Centrão, bloco que hoje sustenta Bolsonaro no Congresso. Em sua primeira manifestação após ter as condenações da Lava Jato anuladas, o ex-presidente citou a aliança “capital e trabalho” que o elegeu em 2002 como exemplo do que está no seu radar. Não tenham medo de mim”, afirmou. Com o restabelecimento dos direitos políticos de Lula, a expectativa do PT é a de que ele consiga conquistar apoios à esquerda, reduzindo o espaço de nomes do mesmo campo político, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSOL. Mesmo “sufocado” no espectro de esquerda, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, do PDT – que ficou em terceiro lugar na disputa de 2018 –, promete manter a candidatura.
O resultado da eleição que escolheu Arthur Lira (Progressistas-AL) para comandar a Câmara, por outro lado, ainda fragiliza a continuidade das conversas com o MDB, o mais provável destino do ex-presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foi justamente Maia quem iniciou o movimento em direção a uma possível frente com a participação de Lula. O deputado disse que ninguém precisa gostar do petista para entender a diferença entre ele e Bolsonaro. “Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo”, escreveu Maia no Twitter. A postagem representa a tentativa de uma ala do centro de atrair o PT para a campanha de 2022. Questionado sobre o elogio de Maia, que participou das articulações para o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Lula afirmou estar aberto ao diálogo. Na prática, a recente implosão da aliança na Câmara, com traições no DEM, PSDB, PSB e PDT, esfriou os diálogos para a construção de uma terceira via, sobretudo porque o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), foi derrotado. Baleia disse, porém, que não adianta ter “agonia”. “Vamos ouvir todos os parlamentares, governadores e presidentes de diretórios”, afirmou. “O MDB é um partido de centro, e queremos um caminho para 2022 fora dos extremos.”
+++ O Estadão parece estar um tanto desesperado diante do vigoroso “retorno” do ex-presidente Lula.

ENTREVISTA: LUIZ HENRIQUE MANDETTA, ex-ministro da Saúde – *”DEM pode abrir mão da cabeça de chapa”*

*”Reação de aliados faz Bolsonaro recuar no uso de máscaras”* - Não durou 24 horas a nova postura de Jair Bolsonaro usando máscara em eventos públicos e apoiando a vacinação contra o coronavírus. Depois de adotar o comportamento como uma reação às críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução do governo no combate à pandemia, Bolsonaro constatou que seu movimento foi visto como um gesto de temor da força política do adversário. Ontem, ele participou sem máscara da reunião virtual da frente parlamentar da Micro e Pequena Empresa e criticou duramente as medidas restritivas adotadas pelos governadores de São Paulo, João Doria, e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
O vai e vem de Bolsonaro faz parte da confusão que se formou entre aliados do presidente desde que Lula ficou elegível para a disputa de 2022. Surpreendidos, Bolsonaro e aliados próximos, incluindo integrantes da ala militar, avaliaram que seria importante rebater as críticas de Lula. No dia em que as mortes pela doença chegaram ao recorde de 2.349, o plano era mostrar que o presidente estava engajado no combate à doença, buscando vacinação e usando máscara – algo que quase nunca fez. Mas a estratégia causou efeito inesperado. A esquerda carimbou o movimento como uma mudança de Bolsonaro causada por Lula. Irritados com o carnaval feito pelos petistas nas redes sociais, influentes seguidores do presidente reclamaram que ele parecia estar demonstrando medo do adversário publicamente, ao mudar de postura justamente no dia em que Lula fez sua reentrada no cenário político. Essa pressão foi tão forte que explica a reação destemperada do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em transmissão ao vivo para seguidores no Instagram. Ele mandou “enfiar a máscara no rabo”, mostrando que a nova postura de Bolsonaro já tinha sido jogada no lixo. Apesar do recuo do recuo, Bolsonaro e aliados mantiveram a orientação para que o fogo contra Lula seja cada vez mais forte nas redes e nos canais de comunicação. Sistematicamente, o ex-presidente foi chamado de “ladrão” e “bêbado” – um vídeo com uma declaração do petista chegou a ser desacelerado para induzir que ele estaria alcoolizado. Além disso, os desvios na construção de estádios e nas obras da Copa de 2014 deveriam ser relembrados. Outro fator que pesou na volta do antigo Bolsonaro foi o aumento de medidas restritivas em SP e DF – onde o presidente mora. Bolsonaro é totalmente contrário a elas e vive repetindo que elas quebrarão a economia.

*”Investigações sobre ‘rachadinha’ travam em oito Estados”* - Em pelo menos oito Assembleias Legislativas do País, 43 deputados e ex-deputados são investigados por suspeita de fazerem parte de esquemas de “rachadinhas” – apropriação de parte dos salários de funcionários – em seus gabinetes. Ao todo, as fraudes teriam causado prejuízo de R$ 474 milhões aos cofres públicos. As suspeitas envolvem os parlamentos de Acre, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio, Rondônia e São Paulo. Algumas dessas investigações se arrastam há uma década sem que nenhum deputado tenha sido punido. Ao todo, há nove casos em andamento, sem uma única sentença com trânsito em julgado. Outros dois foram arquivados por falta de provas envolvendo dois deputados do PSL paulista e dois do PT e do PSB do Rio.
O Estado com mais políticos investigados é o Rio, com 19. Logo atrás vem Alagoas, com 12 – casos em que os acusados, entre eles o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), foram absolvidos, mas tramita recurso do MP. Ao todo o esquema teria desviado R$ 254 milhões. Lira se livrou do processo quando a Justiça considerou ilegais as provas obtidas pelo Ministério Público, a exemplo da decisão do Superior Tribunal de Justiça no caso do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando ele era deputado estadual na Assembleia do Rio (Alerj). Segundo o promotor de Justiça Paulo Destro, um dos principais obstáculos para a investigação das rachadinhas é o pacto de silêncio entre quem paga – o político – e quem é contratado. Isso porque o funcionário “fantasma” sempre tem alguma vantagem, ainda que repasse a maior parte do salário ao político. Destro trabalha na Promotoria de Defesa do Patrimônio de São Paulo e instaurou inquérito há um mês contra a deputada estadual Letícia Aguiar (PSL). A parlamentar diz ser alvo de perseguição política do PSDB. Na maioria das vezes, disse o promotor, os funcionários nem aparecem nos gabinetes. “Temos fotos que mostram, segundo o denunciante, funcionários que deveriam estar no gabinete, fazendo campanha para aliados políticos em São José dos Campos.” Em São Paulo, a maioria das suspeitas de rachadinhas foi apurada como improbidade administrativa. Um dos casos investiga suspeita envolvendo o deputado Edmir Chedid (DEM) – que afirmou, via assessoria, não ser alvo do inquérito.
Crimes. Na esfera penal, segundo o criminalista Francisco Monteiro Rocha Júnior, há nos casos duas formas de punição. “Uma é o peculato, a apropriação indébita de valores e bens. A depender da situação, pode-se enquadrar como concussão, mas aí é preciso comprovar a exigência dos repasses”, afirmou o advogado, que é professor de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foi a acusação de peculato que o MP resolveu apresentar contra o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PSD). O crime teria acontecido quando ele era presidente da Assembleia local, entre 2008 e 2010. Os desvios nesse período somam R$ 3,7 milhões, obtidos, conforme a investigação, com a inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento. Eles repassavam a maior parte dos salários para Robinson, que é pai do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Em outro caso, ele e o deputado Ricardo Motta são acusados de desviar R$ 1,1 milhão. As defesas dos dois não se manifestaram. Além desses casos, o Supremo analisa mais dois. O primeiro envolve o ex-deputado Lúcio Vieira Lima e o ex-ministro Geddel Vieira Lima; o segundo, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM). Ao Estadão, Câmara negou as acusações. “Não existe uma só testemunha contra mim. Confio que serei absolvido.” A reportagem procurou o advogado dos irmãos Vieira, Gamil Föppel, mas ele não se manifestou. Lira foi absolvido, mas o MPF recorreu da decisão. Tanto ele quanto Flávio alegam inocência.

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*”Casa Branca avalia se deve enviar vacinas a outros países”*
ENTREVISTA: EFRAÍN ALEGRE, líder opositor do Paraguai - *”Congresso terá de escutar o clamor dos paraguaios”*

*”Sob pressão, SP amplia fechamento do comércio, veta cultos e restringe escolas”*
*”Férias em colégios privados agora são inviáveis, diz diretor”*
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*”Particular recusa pacientes; em 80%, ocupação de UTI supera 90%”*

*”Covid mata 2.207 e cresce entre jovens”*

*”Seguro-desemprego será usado em novo programa de corte de salário, diz Guedes”* - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que o governo vai retomar o programa que permitiu às empresas cortarem salários e jornada dos funcionários ou suspenderem contratos. Ele sinalizou que parte do benefício de complementação de renda paga pelo governo aos trabalhadores nessas condições virá da antecipação do seguro-desemprego. De acordo com o ministro, o Benefício Emergencial (BEm), programa que permitiu a suspensão dos contratos e a redução dos salários no ano passado, ajudou a preservar 11 milhões de empregos.
Ontem, Guedes falou da criação de um “seguro-emprego”. Segundo ele, em vez de dar R$ 1 mil para pessoas que ficaram desempregadas no seguro-desemprego por quatro meses, o governo pode dar R$ 500 para segurar o emprego por até 11 meses. “O presidente (Jair Bolsonaro) deve anunciar novas medidas para frente”, afirmou Guedes, em participação em audiência na Frente Parlamentar da Micro e Pequena empresa. Segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, o novo programa será lançado “nos próximos dias”. Como mostrou o Estadão,o governo quer permitir um novo período de até quatro meses de redução de jornada e salário ou suspensão de contrato de trabalhadores para evitar alta no desemprego em meio às medidas restritivas contra a covid-19, mas o pagamento do benefício que compensa a perda salarial deve ter um desenho distinto. A intenção é garantir dois meses do BEm, pago pelo governo, e outros dois meses seriam de antecipação do seguro-desemprego a que teria direito se demitido. O novo modelo ainda está sendo fechado pelos técnicos, que também buscam uma fonte de financiamento para a parte do BEm que será bancada pelo governo. Há discussões internas no sentido de empregar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que hoje já banca o abono salarial e o próprio seguro-desemprego. O principal desafio, porém, é que esse fundo já gasta mais do que arrecada e precisa de aportes do Tesouro Nacional para operar.
Porcentuais. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o novo desenho do Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda deve manter os mesmos porcentuais de redução de jornada e salário (25%, 50% e 70%), além da suspensão de contrato. A mudança mais substancial deve ser mesmo a forma de pagamento do benefício. Após os meses do acordo, o trabalhador tem por igual período (até quatro meses) uma estabilidade temporária, em que ele até pode ser demitido, mas recebe uma indenização adicional por isso. Em caso de dispensa, ele continua a receber o segurodesemprego, embora o número final de parcelas fique reduzido pela antecipação.
Em seu formato original, o seguro-desemprego paga de 3 a 5 prestações, a depender do tempo que o trabalhador está na ativa. É daí que serão descontadas as parcelas antecipadas por meio do programa emergencial. Na prática, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, o trabalhador que fizer o acordo poderá ainda ter entre uma e três parcelas. Nas estimativas do governo, contabilizados os quatro meses de acordo, os quatro meses de garantia provisória e o período do seguro-desemprego normal, o trabalhador poderá ter uma “proteção” de 9 meses a 11 meses. Segundo apurou a reportagem, mesmo na fase de antecipação do seguro-desemprego, o trabalhador deve receber apenas a fatia correspondente ao seu acordo (ou seja, 25% do seguro em caso de redução da jornada nessa proporção, ou 50%, ou 70%, ou 100% na suspensão de contrato). O saldo restante dessas antecipações seria pago depois, em caso de demissão do funcionário. Caso a duração do acordo seja menor que quatro meses, a ordem do pagamento é a mesma. Ou seja, caso as reduções valham apenas por dois meses, apenas o benefício a cargo do governo será pago. O governo ainda pretende estabelecer regras para prever quando um trabalhador que faça o acordo e permaneça com vínculo formal retomará o direito a obter todas as parcelas do seguro-desemprego, a despeito da “antecipação” durante a pandemia. Esses detalhes ainda estão em finalização.
No momento em que há um agravamento da pandemia do novo coronavírus, com novas medidas de restrição de circulação impostas por prefeitos e governadores, Guedes disse que “a economia está de novo decolando”. "A economia voltou em ‘V’ e está começando a decolar de novo", disse o ministro. A volta em ‘V’ significa retorno da atividade no mesmo ritmo da queda. Segundo ele, a arrecadação do governo com impostos em fevereiro foi recorde para o mês. Os números devem ser anunciados até a semana que vem. No primeiro bimestre, de acordo com Guedes, o crescimento foi de 3% a 3,5% na comparação com os dois primeiros meses de 2020, antes da pandemia. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Guedes disse, durante seu pronunciamento online, que o chefe está dando todo o apoio a seu programa de governo. Guedes defendeu o ajuste fiscal – apesar de, em dado momento, ter esquecido o nome da regra de ouro, que prevê que o governo não pode emitir dívida para custear gastos correntes. "Quando uma geração faz guerra, ela paga, não empurra para filhos e netos”, disse. Guedes disse ainda que os “negacionistas” não poderão negar o que chamou de bom desempenho da economia em 2020. “Tivemos, do ponto de vista econômico, muito sucesso no combate à crise. Previam que ia cair acima de 10%, quem caiu 10% foi a Inglaterra. O Brasil caiu 4%.”, afirmou o ministro. De acordo com o IBGE, o PIB caiu 4,4% em 2020, o terceiro pior resultado da história.

*”Guedes indica que Pronampe pode ser permanente”*
*”PEC do auxílio emergencial é aprovada”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Decisão de Fachin encoraja outros réus da Lava-Jato”*

*”Delfim vê Lula como próximo presidente”* - Área econômica avalia que no fim do primeiro semestre o país terá vacinado boa parte da população, e o segundo semestre seria o da retomada

*”IPCA surpreende em fevereiro, sobe 0,86% e já pressiona a meta do ano”* - Economistas revisam projeções e algumas estimativas rondam os 5%

*”STF valida lei que regulamenta direito de resposta”* - Placar foi 10 a 1, sendo voto vencido o do ministro Marco Aurélio Mello

*”Após recuo, Doria decide apertar restrições no Estado”* - Fechamento a partir do dia 15 inclui cultos religiosos e atividade esportiva

*”Hospitais privados já operam perto do limite em SP”* - Pesquisa mostra que 82% têm ocupação de UTIs entre 91% e 100%

*”Média de mortes no país é recorde pelo 13º dia seguido”* - Variação de casos na semana também é a maior desde a chegada da pandemia ao país

*”Óbitos correspondem a 10,3% do total global”* - Segundo Fiocruz, apenas sete Estados não estão em condição considerada crítica

*”Bolsonaro questiona dados e ataca governadores”* - Presidente insinua que informações sobre mortes estão sendo infladas para prejudicá-lo

*”Laboratórios estão sob pressão para licenciamento de vacinas”* - Produção do ano deve ser de 9,5 bilhões de doses e demanda, de 11,5 bilhões

*”Imunização lenta custa milhares de vidas, dizem estudos”* - Sem vacinação nenhuma, país poderia terminar o ano com 353 mil mortes, estimam cientistas

*”Avanço de variante está no início, afirma Ester Sabino”* - No futuro, vacinas podem ser desenvolvidas para frear a transmissão, diz pesquisadora

*”CEOs veem retomada global e desafios no Brasil, indica PwC”* - Pesquisa com 5.050 executivos em cem países sinaliza melhora de ambiente

*”Governo prepara novo programa de crédito”* - Programa vai priorizar micro e pequenas empresas de setores mais afetados pela crise econômica

*”Guedes diz que arrecadação será recorde em fevereiro”* - Guedes diz que medidas para ajudar empresas e empregos serão renovadas

*”PEC emergencial é aprovada em 2º turno na Câmara”* - Promulgação viabilizará edição da MP do auxílio emergencial

*”’É muito barulho por quase nada’”*Diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) diz que até aumentos estão permitidos no ano eleitoral

*”Campos Neto é visto no Palácio como mais influente que Guedes”* - Pessoas ligadas ao presidente do BC garantem que ele não almeja o Ministério da Economia

*”Pacheco pauta análise de 36 vetos para a próxima semana”* - Presidente do Senado pretende convocar duas sessões

*”Senadores acionam STF para instalar CPI da Pandemia”* - Rodrigo Pacheco segura abertura da investigação parlamentar

*”Pesquisa mostra Bolsonaro cinco pontos à frente de Lula”* - O presidente Jair Bolsonaro aparece como líder isolado nas simulações de primeiro turno da eleição presidencial em pesquisa da consultoria Atlas feita entre 8 e 10 de março. O mesmo levantamento, porém, mostra o presidente atrás de alguns rivais nos testes de segundo turno, resultados que combinam com a tendência declinante de aprovação de seu governo. No cenário de primeiro turno em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apresentado como o candidato do PT, Bolsonaro marca 32,7% ante 27,4% do petista. Uma diferença acima da margem de erro, de dois pontos. Nessa simulação, nenhum dos outros dez nomes testados alcança 10%. O ex-juiz Sergio Moro (sem partido) tem 9,7%, uma situação de empate técnico com os 7,5% de Ciro Gomes (PDT). O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) alcança 4,3%, a mesma taxa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Luciano Huck (sem partido), João Amoêdo (Novo), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (Psol), Flávio Dino (PCdoB) e Alexandre Kalil (PSD) somam 8,1%.
O Atlas também simulou primeiro turno com o ex-prefeito Fernando Haddad como candidato do PT. Neste caso, Bolsonaro recua 0,4 ponto (fica com 32,3%), mas sua vantagem em relação ao segundo colocado, Haddad, aumenta, pois o petista marca 15,7%, bem menos que Lula. Nesse segundo cenário, crescem as taxas de todos os demais concorrentes, exceto Marina, que continua com 1,3%. Ciro aparece em terceiro lugar, com 11,6%; seguido de Moro, 10,4%; Doria, 5,3%; e Mandetta, 5,2%. Os outros na sequência somam 12,6%. Nas oito simulações de segundo turno feitas pela consultoria, Bolsonaro perde para três adversários: Lula, Ciro e Mandetta. Além disso, fica numericamente atrás de Haddad, numa situação de empate técnico. Numa disputa final Bolsonaro versus Lula, o petista marca 44,9% ante 38,8% do atual presidente. Contra Ciro, Bolsonaro perde por 44,7% a 37,5%. Contra Mandetta, a diferença é ainda mais ampla, 46,6% a 36,9%. Haddad, que perdeu segundo turno para Bolsonaro em 2018, marca agora mais pontos que Bolsonaro na simulação que repete aquele embate. A diferença, nesse caso, ocorre dentro dos limites da margem de erro: 43% a 39,4% a favor do petista.
A mesma pesquisa detectou queda na avaliação do governo Bolsonaro. O percentual de brasileiros que classificam o trabalho do presidente como ruim ou péssimo avançou para 57%. É o pico de uma escalada que começou em novembro do ano passado, quando a taxa era de 46%. Em janeiro, a marca apurada foi 53%. A atual taxa de avaliação negativa do governo Bolsonaro é apenas um ponto inferior à pior marca obtida por ele na série de levantamentos da empresa. A pior marca foi em maio do ano passado, com 58% de avaliação ruim ou péssima. A avaliação positiva (soma dos que classificam o governo como bom ou ótimo) vai na contramão. Desde novembro, apresenta trajetória declinante: 31% na última pesquisa de 2020, 28% em janeiro, 25% agora. Outros 18% julgam a gestão como regular.Realizada com coleta de dados via sistema on-line, a Atlas reuniu opiniões de 3.721 pessoas.

*”Decisão que anulou sentenças contra Lula favorece Emílio Odebrecht”* - A decisão do ministro Edson Fachin de retirar quatro ações penais contra o ex-presidente Lula da 13ª Vara Federal de Curitiba tem repercussões maiores para o futuro da Lava-Jato do que a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, em análise pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda assim, especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que o entendimento do relator da Lava-Jato no STF não tem potencial de esvaziar os resultados da operação, que resultou na condenação de 174 pessoas apenas na Justiça Federal do Paraná. “A Lava-Jato está incólume. A operação não foi completamente atingida por essa decisão”, afirma o ministro aposentado do STF, Carlos Velloso. Segundo advogados, réus que foram condenados nos casos do sítio de Atibaia, do tríplex do Guarujá, da sede e das doações Instituto Lula tendem a ser beneficiados automaticamente pela decisão de Edson Fachin, caso ela seja confirmada pela 2ª Turma ou pelo plenário do STF. “A declaração de incompetência tem natureza objetiva e atinge o processo como um todo”, afirma o advogado Alberto Zacarias Toron, que representa Fernando Bittar, apontado como proprietário do sítio de Atibaia.
Lula, Bittar, Emilio Odebrecht, Léo Bittar e outras seis pessoas foram condenadas no caso do sítio. Confirmada a decisão de Fachin, as acusações contra esses réus também devem ser retiradas de Curitiba. Caso diferente é de réus condenados em outras ações penais e cujos fatos ilícitos não tenham relação direta com a Petrobras. A decisão de Fachin pode ser utilizada por eles como argumentação para terem seus processos analisados em outros Estados e, assim, esvaziar os trabalhos da 13ª Vara Federal de Curitiba. “O efeito não é automático, mas é possível utilizar a decisão para pedir o deslocamento da competência. Não precisa esperar confirmar [a decisão monocrática de Fachin] na 2ª Turma ou pelo plenário”, explica o advogado criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, que defendeu réus na Lava-Jato. De acordo com advogados, pessoas acusadas pelo Ministério Público do Paraná por crimes sem ligação direta com a estatal já levantaram a tese da incompetência como argumento de defesa. “Réus nessa situação com habeas corpus pendente serão beneficiados”, afirma o advogado criminalista Davi Tangerino. A tese da incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba não foi inaugurada por Fachin na decisão que beneficiou o ex-presidente Lula. Desde 2017, o STF afirma que a Vara Federal de Curitiba só pode julgar crimes cometidos direta e exclusivamente contra a Petrobras.
A Corte já havia determinado, por exemplo, que apurações de atos ilícitos na refinaria Abreu e Lima e na Transpetro fossem remetidas para julgamento em Recife e Brasília, respectivamente. A novidade é que Fachin, antes vencido nessa tese, se rendeu à posição da maioria dos ministros do STF. Agora, é unânime na Corte o entendimento de que a 13ª Vara Federal de Curitiba deve julgar apenas denúncias relacionadas com a Petrobras. Ambos previstos na legislação brasileira, as exceções de incompetência e suspeição são garantias do cumprimento de devido processo legal, ou seja, o direito de qualquer acusado ser julgado no local competente e por um magistrado imparcial. Mas possuem efeitos diferentes. A declaração de incompetência é voltada contra o lugar onde ocorreu o julgamento - no caso, a 13ª Vara Federal de Curitiba -, atinge processos como um todo, e não réus em específico. Além disso, gera a anulação de decisões, mas as provas produzidas são conservadas. Ou seja, uma vez redistribuído o caso para outro Estado, o juízo poderá aproveitar as provas feitas e produzir novas. A declaração de suspeição de Moro, por outro lado, terá pouca valia para outros réus porque, se confirmada pela 2ª Turma com o voto de desempate do ministro Nunes Marques, beneficiará somente Lula e em apenas uma das quatro ações penais em que ele figura como réu, a do triplex do Guarujá.
Isso porque, na suspeição, se reconhece um vício, a parcialidade do juiz em relação ao réu ou no desenrolar do julgamento. O reconhecimento da suspeição, porém, tem o efeito de anular decisões e provas produzidas, como depoimentos. “O juiz suspeito contamina qualquer ato, os decisórios e qualquer prova. Começa tudo do zero”, explica Botelho. No voto proferido na terça-feira, o ministro Gilmar Mendes determinou a anulação, inclusive, de provas pré-processuais o que, para criminalistas, poderia envolver acordos de delação homologados por Sergio Moro que serviram de base para a denúncia contra Lula no caso do triplex do Guarujá.

*”Leniências não devem ser afetadas”* - De acordo com especialistas, a homologação judicial não é prevista em lei como condição de validade do acordo

*”Marco Aurélio e Moraes divergem sobre Silveira”* - Deputado teve pedido de liberdade negado

*”Huck se diz ‘focado em reconstruir lideranças’”* - Apresentador fez críticas à condução do governo federal no combate à pandemia de covid-19 e na agenda ambiental

“Live” do Valor: TASSO JEREISSATI, senador - *”’Bolsonaro está queimado; centro enfrentará Lula’”* - Senador diz que pandemia tirou presidente do jogo e que país não deve temer petista

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