sexta-feira, 19 de março de 2021

Hospitais privados em "situação de guerra" em São Paulo

 


Em São Paulo, a cidade mais rica do país e com o mais robusto sistema de saúde, hospitais privados vivem uma “situação de guerra”, operando no limite das internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva. O setor —que já tinha dificuldades para expandir leitos— enfrenta a escassez de medicamentos para a intubação de pacientes com covid-19, um problema que também põe em alerta o SUS em todo o país. A repórter Beatriz Jucá conta que só há estoques suficientes para os próximos 20 dias. "Há medicamentos para intubar que aumentaram [o preço] em 400%. E tem outros para o bloqueio neuromuscular que aumentaram quase 900%. A reposição é complicada”, diz o presidente do Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios (Sindihosp), Francisco Balestrin. "Se o ritmo de contágio continuar, nem que a gente abra milhares de leitos todos os dias... Não há outra solução que não a conscientização da população”, diz o superintendente-executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde, Marcos Novais.

Diante da situação, a capital paulista, que confirmou a primeira morte por falta de vaga em uma UTI, anunciou a antecipação de cinco feriados para tentar conter a disseminação do novo coronavírus, mas descartou a imposição de um lockdown, por dificuldades na fiscalização. Em Brasília, a morte do senador Sérgio Olímpio Gomes, o Major Olímpio, gerou uma onda de indignação e consternação entre os parlamentares. Afonso Benites conta que, longe dos holofotes, a doença avança e afeta servidores na capital federal. Só na Câmara, 21 morreram.

Enquanto o Congresso ainda ensaia pressionar Bolsonaro, o negacionismo da pandemia incentivado pelo presidente tem passado das redes à vida real e provoca danos. Em Olímpia, no interior de São Paulo, os negacionistas promoveram uma caçada ao jornal local, que havia feito a cobertura dos protestos contra o isolamento social na cidade. O repórter Diogo Magri escreve sobre o ataque à redação da Folha da Região que ocorreram na madrugada da última quarta-feira e também conta o episódio de agressão a um fotógrafo em Belo Horizonte.

Também nesta edição, uma reflexão sobre a misoginia nos anos 2000. Britney Spears, Paris Hilton e Lindsay Lohan são algumas das celebridades que se sobressaíram em uma década de transição entre as ondas feministas. As três hoje seriam consideradas vítimas de uma imprensa nebulosa e generalista, um verdadeiro escândalo retrospectivo. Begoña Gómez Urzaiz escreve sobre alguns documentários e clipes que circulam nos dias atuais que evidenciam a mudança dos tempos da primeira década deste século até agora.


Cidade de São Paulo já vive “situação de guerra” sem remédio e sem leitos
Cidade de São Paulo já vive “situação de guerra” sem remédio e sem leitos
Estoques de sedativos e bloqueadores musculares só devem durar 20 dias, diz associação de planos de Saúde, ecoando situação nacional
Capital paulista antecipa feriados, mas descarta ‘lockdown’
Capital paulista antecipa feriados, mas descarta ‘lockdown’
Renan Cardoso foi o primeiro falecido na fila da UTI confirmado na cidade. Ele tinha 22 anos e morreu em um pronto-socorro da Zona Leste

Nenhum comentário:

Postar um comentário