segunda-feira, 16 de março de 2020

Bolsonaro cumprimenta centenas em meio a pandemia


As ruas não encheram no Brasil, mas os atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro ocorreram em várias capitais. As faixas e placas elegeram como principal alvo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, embora as críticas tenham sobrado de forma indiscriminada tanto para o Congresso quanto para o Supremo. Em Brasília, Bolsonaro chegou a acompanhar parte da marcha pela Esplanada dos Ministérios e no Eixo Monumental, sempre dentro de um carro fechado. De volta à Praça dos Três Poderes, o presidente saltou, fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook e, abandonando a cautela dos últimos dias, cumprimentou vários participantes. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro partiu contra Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. “Gostaria que eles saíssem às ruas como eu”, disse. “Saiam às ruas e vejam como vocês serão recebidos.” Ele também se queixou das políticas dos governos estaduais para contenção da pandemia de coronavírus. “Quando você proíbe futebol e outras coisas, parte para uma histeria. Proibir isso ou aquilo não vai conter a expansão. Devemos tomar providências, pode se tornar uma questão bastante grave, a do vírus. Mas a economia tem que funcionar porque não podemos ter uma onda de desemprego.” (CNN Brasil)
Em 58 minutos de interação com seus apoiadores, Bolsonaro cumprimentou 272 pessoas. (Estadão)
Rodrigo Maia respondeu pelo Twitter. “O mundo está passando por uma crise sem precedentes. O Banco Central americano e o da Nova Zelândia acabam de baixar os juros; na Alemanha e na Espanha, os governos decretam o fechamento das fronteiras. Há um esforço global para conter o vírus e a crise. Por aqui, o Presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas.” (Twitter)
Pois é... As ruas estavam vazias mas, nas redes sociais, Bolsonaro ganhou a batalha virtual. Um estudo da consultoria Bites, encerrado às 18h de ontem, indicou que a hashtag #BolsonaroDay ficou 21 horas entre os assuntos mais comentados do Twitter brasileiro. Houve 1,3 milhão de posts na rede, bastante acima dos 237 mil da última manifestação pró-governo, em 26 de maio do ano passado. Segundo Guilherme Amado, Bolsonaro venceu em citações até o coronavírus. (Época)

Sérgio Abranches: “A presença do presidente da República em uma manifestação pública em meio a uma ameaça concreta de epidemia da Covid-19 tem muita gravidade. A atitude do presidente desfaz todo o cauteloso trabalho de seu ministro da Saúde, desobedece as recomendações das autoridades sanitárias, de epidemiologistas e da OMS. Há formalidades inerentes ao exercício da Presidência que são inescapáveis. Uma delas, está na Constituição, é respeitar o decoro do cargo. Ao violar publicamente medidas cautelares explícitas, durante a crise sanitária que se agravará nas próximas semanas, o presidente feriu o decoro. É o seu governo, junto com os governos estaduais, que recomendam evitar aglomerações e contatos físicos. O mau exemplo do presidente é uma ofensa ao cargo e um desrespeito às autoridades sanitárias e à população brasileira.” (Estadão)



O ex-ministro Gustavo Bebianno morreu após sofrer um infarto fulminante na manhã de sábado, em Teresópolis, região serrana do Rio. Ele tinha 56 anos e estava acompanhado do filho. A notícia foi confirmada pelo PSDB, sigla pela qual ele pretendia se candidatar a prefeito do Rio. Bebianno foi secretário-geral da Presidência por um mês e 18 dias, até cair por um conflito com o vereador Carlos Bolsonaro. A família Bolsonaro não se manifestou. (G1)


No domingo
, amigos divulgaram a carta que Bebianno escreveu ao presidente quando deixou o cargo. “Dediquei dois anos da minha vida para defender uma causa apelidada de Mito. E eu acreditei nesse Mito com todas as minhas forças, com todo o meu coração. Meu Capitão, o senhor precisa acordar e cair em si. O senhor está obsediado. Obsediado pelo próprio filho. Carlos precisa de ajuda e só o senhor tem esse poder. Não estou falando com rancor. Meu sentimento não é de raiva, acredite. Não tenho uma só gota de raiva do Carlos (a que tive, já passou, graças a Deus), porque ele precisa de ajuda. Isso é visível aos olhos de TODOS. Carlos vive em uma prisão mental e emocional. Minha missão chegou ao fim aqui. A sua, não. Reconheça seus erros (para si próprio). Faça um profundo exame de consciência. Limpe o seu coração. Recupere o Carlos pelo seu exemplo. Ele vai aprender. Ele é um bom garoto. Só precisa da sua ajuda.” (Estadão)


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