O presidente Jair Bolsonaro espera, para hoje, o resultado de seu exame para saber se foi infectado com a nova cepa de coronavírus. Seu secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, contraiu o vírus e está em isolamento. Em pronunciamento à nação, Bolsonaro sugeriu que a população não vá às ruas no próximo domingo, como havia conclamado. “Os movimentos espontâneos marcados para o dia 15 atendem aos interesses da nação”, disse. “Demonstram o amadurecimento de nossa democracia presidencialista. Precisam, diante dos fatos recentes, ser repensados.” Nas horas anteriores, o presidente falou em sua tradicional live de quinta-feira. Lá, vestia máscara — como também vestiram máscaras a seu lado o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, e a intérprete de libras. É o procedimento correto indicado para quem tem suspeita de infecção. (G1)
No Twitter, porém, logo após o pronunciamento, um grupo de militantes levou ao ar a hashtag #DesculpeJairMasEuVou.
Bernardo Mello Franco: “Dois dias depois de chamar a epidemia do coronavírus de ‘fantasia’, Bolsonaro apareceu de máscara. Só passou a levar a ameaça a sério quando a doença bateu à sua porta. O caso de Fabio Wajngarten ilustra os riscos de travar uma guerra permanente com os fatos. Na quarta, a colunista Mônica Bergamo informou que o secretário havia se submetido ao teste do vírus. Ele preferiu iludir a opinião pública e atacar o jornalismo profissional. ‘Agora falam da minha saúde. Estou bem, não precisarei de abraços do Drauzio Varella’, escreveu. Horas depois do tuíte, confirmou-se que está mesmo com o coronavírus. Ele ainda pode ter transmitido a doença a dois chefes de Estado. Além de viajar com Bolsonaro, participou de jantar com o presidente Donald Trump.” (Globo)
A economia preocupa. Muito. O Ibovespa fechou em queda de 14,78%, a maior desde 1998. Foi acionado duas vezes o circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações em caso de queda acentuada. Duas paradas no mesmo dia não aconteciam desde a crise financeira global em 2008. O dólar passou de R$ 5, mas fechou em R$ 4,79. A agitação só foi diminuir o ritmo após o Banco Central americano anunciar um programa de injeção de liquidez no mercado americano de US$ 1,5 trilhão. O pessimismo não só é causado pelo coronavírus, mas também pela crise nos preços do petróleo e os impasses políticos entre Executivo e Legislativo. Neste mês, a bolsa já se desvalorizou 30,86%. (Globo)
No Congresso, a vendetta dos parlamentares contra o Planalto, que na quarta forçaram o aumento do Benefício de Prestação Continuada em um momento de caixa baixo, preocupa. Ontem, conta a Coluna do Estadão, líderes das duas Casas partiram para discutir a relação com deputados e senadores. Sua preocupação é que o Legislativo não entre de sócio num possível fracasso econômico do governo Bolsonaro. (Estadão)
Não quer dizer que a relação de Parlamento e Executivo esteja boa. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se queixava do ministro da Economia, Paulo Guedes. O governo não tem ainda qualquer plano para lidar com a crise do coronavírus. ““Guedes não tinha uma coisa organizada”, afirmou em entrevista. “O que preocupou os parlamentares é que certamente teremos impacto de curto prazo e que essas reformas de médio e longo prazo não vão resolver. São dois eixos: como impacta a saúde dos brasileiros e como impacta a vida econômica e social. São duas urgências. Essa primeira está bem organizada. Por outro lado, como o governo vai reagir em relação à queda da atividade e a algum risco de perda de emprego?” (Folha)
O Congresso aceitou pedido do governo e irá ceder R$ 5 bilhões de suas emendas para combater a disseminação. O valor será liberado por MP como garantia independente da disputa entre Executivo e Legislativo sobre o orçamento. (Congresso e Foco)
Pois é... As primeiras medidas, ainda tímidas, começam a surgir. O governo vai antecipar metade do 13º dos aposentados para abril, diminuir tarifas de importação de produtos médicos específicos e reduzir os juros máximos de empréstimos para beneficiários do INSS. (G1)
Míriam Leitão: “O mais preocupante da pandemia é o risco à vida. Mas também há o risco econômico. Os cancelamentos de eventos se acumulam. O setor de serviços, que concentra mais de 60% do PIB, é atingido fortemente. Sem o evento cancelado, não tem a viagem de avião, não tem a corrida do taxi nem o jantar no restaurante. Os diferentes segmentos deixam de faturar. A sucessão de eventos é o que mais preocupa na economia. A recessão vai atingir vários países da Ásia. A economia americana vai desacelerar. O pior nesse cenário é o setor produtivo deixar de pagar dívidas. Nos EUA, as empresas estão muito alavancadas. Uma onda de calotes, se ocorrer, vai atingir os bancos. O real é a segunda moeda que mais perde valor no ano, mais de 20%. A resposta do governo na questão econômica ainda é vaga. Não há projeto para melhorar a atividade, a sugestão é acelerar as reformas. Mas o diálogo com o Congresso é fraco.” (Globo)
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário