sábado, 16 de janeiro de 2021

Análise de Mídia - 16/01/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: O descontrole da pandemia no Brasil é o destaque das capas dos jornais de hoje. O Globo chamou atenção para a vida dos 61 bebês que foi colocada em risco por causa da falta de oxigênio. Já a Folha de S. Paulo vai para cima de Jair Bolsonaro e anuncia que “após o fracasso de Bolsonaro, país depende da Coronavac”. O Estadão abordou a mesma questão, mas sem o mesmo tom. O jornal destacou que “sem a vacina da Índia, Planalto acelera busca por Coronavac. A crise no Amazonas é o principal assunto dos noticiários e isso envolve algumas investigações sobre as causas, mas também o posicionamento adotado pelo governo e declarações sobre a avaliação de um impeachment de Jair Bolsonaro. Entretanto, nesse momento de crise e de alguma revolta da população que realizou panelaços das suas janelas, os jornais deixam as esquerdas completamente de fora das suas páginas.
A Folha mostra na Coluna Painel que o ministro da Saúde montou uma força-tarefa de médicos que foi a Manaus para defender e convencer população e colegas a utilizarem o chamado tratamento precoce contra a covid que não tem qualquer comprovação de eficácia. O jornal informa também que o Instituto Butantan está questionando o governo federal sobre quantas doses da vacina vão ficar no Estado de SP. Sem a resposta, o instituto pode não liberar as 6 milhões de doses já estocadas. Já o jornal carioca O Globo publica reportagem fazendo oalerta de que a falta de oxigênio pode se alastrar por outros estados do país. E o Estadão informa que o governo do Amazonas já sabia desde novembro que a quantidade de oxigênio nos hospitais era insuficiente.
Além da crise brasileira da covid, a Folha mostra que um delegado da Receita Federal que era desafeto de Jair Bolsonaro perdeu o cargo de direção que ocupava. O jornal informa também sobre as consequência do fim do auxílio emergencial para a economia. O Globo informa que o deputado relator do Orçamento está aproveitando seu poder para privilegiar sua própria base eleitoral. O Estadão, por sua vez, informa que Jair Bolsonaro não vai mais barrar a Huawei do leilão 5G do Brasil.

 

CAPA – Manchete principal: *”Após fracasso de Bolsonaro, país depende da Coronavac”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Manaus, Brasil”*: Difícil manter a racionalidade e evitar o desalento, quando não a revolta, diante dos relatos da nova tragédia da Covid-19 em Manaus. Pacientes morrem sem oxigênio, médicos revezam-se na ventilação manual e precisam escolher quem receberá atendimento, bebês prematuros ficam a um passo de serem transferidos para outros estados. A capital amazonense já havia sido devastada nos meses iniciais da chegada do coronavírus ao Brasil. Em abril e maio do ano passado, a cidade enterrava mortos em covas coletivas, tamanha era a multiplicação dos casos e a precariedade dos serviços hospitalares.
Passado o pior da primeira vaga de infecções, as atividades foram gradualmente retomadas, a despeito de dúvidas quanto à segurança dos procedimentos. Levantamento do Instituto Votorantim aponta que o estado já desativou 85% dos leitos de UTI criados entre fevereiro e julho de 2020 para o enfrentamento da pandemia. Em dezembro, diante do recrudescimento do contágio, o governador Wilson Lima (PSC) editou decreto que voltava a paralisar atividades não essenciais no estado, mas recuou após as manifestações lideradas por comerciantes e trabalhadores dos setores afetados. Com impactos mais sinistros, devido a deficiências sanitárias históricas, Manaus reproduz a desídia brasileira na gestão da pandemia —que começa obviamente pelo negacionismo mortal de Jair Bolsonaro, ainda que não se limite a ele. Com atraso criminoso na vacinação, o país assiste desde o final do ano passado a uma nova escalada de infecções e mortes, sem nunca ter de fato controlado a epidemia. A adesão às medidas de distanciamento social caiu continuamente, como tem mostrado o Datafolha, e os governos locais operam na base do cada um por si.
Nada de proveitoso se espera mais do ocupante do Palácio do Planalto, mas ele ainda é capaz de chocar com seu cinismo e sua indiferença ao sofrimento alheio. “Fizemos a nossa parte”, disse sobre Manaus, como se tratasse de alguma barganha de cargos e votos com os aliados do centrão. A tal parte consistiu, ao que parece, na recomendação de remédios e tratamentos fajutos —papel ao qual se prestou, em texto oficial, o general sabujo que desmoraliza o Ministério da Saúde. Ou quem sabe ainda inclua tentativas atabalhoadas de conseguir vacinas de última hora, da Índia ou de São Paulo, para alguma foto nos próximos dias.

CRISTINA SERRA - *”Bolsonaro merece um tribunal de Nuremberg”*: Depoimentos de médicos e enfermeiros em redes sociais, imagens de desespero nos hospitais, documentos, ordens para aplicar cloroquina ou "tratamento precoce" contra o vírus, testemunhos de parentes das vítimas. Tudo o que puder ser usado como prova de crime contra a saúde pública deve ser guardado pelos cidadãos. Há de chegar o dia em que os responsáveis por essa tragédia brasileira irão sentar-se no banco dos réus. Se as nossas instituições parecem sedadas, quem sabe organismos multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional (que já examina uma ação contra Bolsonaro anterior à pandemia) ou o Conselho de Direitos Humanos da ONU, atentem para a gravidade do que acontece aqui. Bolsonaro e sua gangue precisam ser levados a um tribunal de Nuremberg da pandemia. Só uma investigação com a mesma amplitude será capaz de explicar o mal em grande escala praticado contra a população brasileira. Isso terá que ser exposto, em caráter pedagógico, para ser conhecido pelas próximas gerações e evitar que se repita. Como Nuremberg fez com os crimes de guerra dos nazistas.
Há vários níveis de responsabilidade no morticínio brasileiro. É preciso assinalar que, no caso do Amazonas, o governador Wilson Lima também terá que responder pelas mortes por falta de oxigênio em Manaus. Eleito na carona do bolsonarismo, revelou-se incompetente e covarde ao ceder às pressões contra o lock down, mesmo com inúmeros alertas de cientistas sobre uma segunda onda. No meio do ano, Lima chegou a ser alvo de buscas da PF, em investigação de desvios na compra de respiradores. Outras cidades estão na rota do colapso. O Brasil governado por criminosos não é um perigo mortal apenas para os brasileiros. Países já nos fecham as portas. O Brasil tornou-se um pária sanitário. Quem permite que essa situação continue por tempo indefinido também tem as mãos sujas de sangue. Seremos julgados, no futuro, por nossas ações e omissões.

PAINEL - *”Com Manaus sem oxigênio, Pazuello montou e financiou força-tarefa para disseminar cloroquina em UBSs”*: Em meio à falta de leitos e de oxigênio para pacientes com Covid-19 em Manaus, o Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro montou e financiou força-tarefa de médicos defensores do que chamam de “tratamento precoce” da Covid-19 para visitarem Unidades Básicas de Saúde na capital amazônica. Essa abordagem prega o uso de remédios incensados pelo governo federal, mas que estudos científicos dizem não ter eficácia contra o coronavírus, como cloroquina e ivermectina. Segundo alguns dos envolvidos, eles não receberam pela participação, mas tiveram diárias de hotel e alimentação pagas pelo governo federal. O Painel enviou três e-mails sobre o tema para o Ministério da Saúde ao longo de três dias, mas não obteve qualquer resposta. Entre outras questões, a coluna perguntou sobre o critério de escolha dos médicos, o valor gasto para realizar a empreitada e se há outras similares previstas. A força-tarefa agiu na segunda-feira (11), um dia após o governador Wilson Lima (PSC) pedir socorro ao governo federal e a outros estados devido à falta de oxigênio no estado. Nesse dia, os médicos estavam na plateia quando Eduardo Pazuello (Saúde) subiu o tom na defesa desses medicamentos e disse não existir “outra saída”.
Os médicos também deram palestras em defesa do tratamento precoce da Covid-19, que cientistas dizem não existir. Na audiência estavam membros do Ministério da Saúde, entre eles Mayra Pinheiro, secretária da pasta que assinou ofício que pressionava a Prefeitura de Manaus a distribuir essas medicações sem eficácia aos seus pacientes. Ela é a principal ponte da pasta de Pazuello com os defensores da hidroxicloroquina e da ivermectina. Mayra foi alçada aos holofotes em 2013 ao hostilizar em aeroporto os médicos cubanos que participavam de curso do programa Mais Médicos. Esse ofício do Ministério da Saúde, revelado pelo Painel, classificava como “inadmissível” a não-utilização de medicações como o antimalárico cloroquina e o antiparasitário ivermectina para controlar a pandemia em Manaus.
O grupo da força-tarefa envolve aproximadamente dez médicos de diferentes especialidades (infectologistas, oncologista, dermatologista) e recebeu o apelido de “Missão Manaus”. Eles passaram em Unidades Básicas de Saúde e falaram com profissionais da área, para os quais defenderam o uso de ivermectina e hidroxicloroquina, medicamento que já foi associado à arritmia cardíaca. O ofício do Ministério da Saúde pedia permissão à prefeitura para que esses profissionais fizessem essa ronda pelas UBSs para que fosse “difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença". O Painel obteve vídeo de uma dessas visitas (veja abaixo). Nele, a médica dermatologista Helen Brandão, de Goiás, exalta o exemplo de Porto Feliz (SP), onde o prefeito, Dr. Cássio (PTB), optou por adotar o uso de hidroxicloroquina e ivermectina.
A cidade desde então virou objeto da produção de fake news diversas, como as que dizem que 100% da população tomou hidroxicloroquina e que nenhuma pessoa morreu de Covid-19 na cidade depois de tomar a medicação. “Ivermectina. O tratamento precoce era azitromicina, hidroxicloroquina, zinco, vitamina D. Lá eles davam até enoxaparina. Até enoxaparina tinha na unidade. Fizeram um trabalho muito bonito. E corticóide, dose alta. Só de fazer isso... A cidade tem 50 mil habitantes e até agora, do começo do Covid até agora, eles tem 20 óbitos, sendo que apenas um fez tratamento precoce, os outros 19 não fizeram. E esse paciente tinha muitas comorbidades. É um case de sucesso ou não é?”, diz Brandão a profissionais da UBS. Procurada pela Folha, Brandão não comentou a missão, sugeriu que a reportagem contactasse o Ministério da Saúde, disse que a Folha não é um jornal sério e que não deveria ousar citar seu nome.
Ela escreveu em suas redes sociais que Raphael Câmara, secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, mostrou em evento do qual participaram em Manaus que “deixar de atender o doente precocemente já virou caso de polícia e [de] punição ética aos médicos”. Procurada, a pasta não comentou a fala de Câmara. Ela também publicou nas suas redes sociais um levantamento da quantidade de remédios que distribuíram em Manaus: 20 caixas de ivermectina com sessenta comprimidos, 40 caixas de hidroxicloroquina, 36 caixas de reuquinol (sulfato de hidroxicloroquina), 50 caixas de Clexane (anticoagulante), 63 caixas de enoxaparina (anticoagulante). Ela também compartilhou mensagem que diz que em vez de se perguntarem sobre a falta de oxigênio para pacientes em Manaus, as pessoas deveriam questionar “quantos pacientes tiveram negado o acesso ao tratamento precoce, agravando a doença e obrigando suas internações”. Esses médicos foram chamados a participar de evento com Eduardo Pazuello em Manaus também na segunda-feira (11). Foi nessa ocasião que o ministro disse que “não existe outra saída” para além dos remédios sem eficácia comprovada. “Nós não estamos mais discutindo se esse profissional ou aquele concorda. Os conselhos federais e regionais já se posicionaram, são a favor do tratamento precoce, do diagnóstico clínico", afirmou.
Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e professor da USP, diz ao Painel que a ação terá de ser usada no futuro “para demonstrar cabalmente que o Ministério da Saúde abandonou sua tarefa de salvar vidas e passou a espalhar crenças”. “O uso dessas medicações só se justifica pela crença. Podiam levar também os feijõezinhos do pastor Valdemiro [Santiago]. Devem fazer o mesmo efeito”, completa. Na terça-feira (12), Bolsonaro disse que havia enviado Pazuello a Manaus porque a cidade estava “um caos” e não fazia tratamento precoce. Ele disse que teve que “interferir”. O médico Ricardo Ariel Zimerman, do Rio Grande do Sul, foi um dos chamados a participar da chamada “Missão Manaus” e foi convidado a dar uma palestra no mesmo evento, quando defendeu o “tratamento precoce”, assim como faria ao participar da ronda pelas UBSs. Ele não quis falar com o Painel. Ao site da Prefeitura de Manaus, disse que reforçaram “o uso precoce, principalmente nos primeiros dias de sintomas, de medicações antivirais, de preferência em combinação, com várias alternativas que podem ser escolhidas para a prescrição”.
Outro dos membros do grupo, Gustavo Pasquarelli é diretor técnico da unidade da Baixada Santista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, do governo de São Paulo. Em suas redes sociais, ele compartilhou mensagem que diz: “ser contra Bolsonaro é um direito democrático seu. Ser contra a cloroquina é uma monstruosidade ideopata de quem acha moral politizar pandemias e capitalizar mortes”. A secretaria de Saúde do governo João Doria (PSDB-SP) disse ao Painel, por telefone, que o Emilio Ribas não teve participação na viagem do médico, que foi custeada pelo Ministério da Saúde no período de férias do profissional. A anestesiologista Luciana Cruz, de São Paulo, tem 50 mil seguidores nas redes sociais e é a mais conhecida do grupo de defensores do tratamento precoce. Ela diz ao Painel que os médicos não receberam nada do Ministério da Saúde pela viagem a não ser as estadias e o valor de alimentação. Ela afirma que eles brincavam que estavam pagando para estar lá, pois deixaram seus consultórios para participarem da força-tarefa. Cruz conta que o grupo foi pego de surpresa pelo convite e teve menos de 24h para se organizar e partir para Manaus. Nas malas, afirma, levou hidroxicloroquina e ivermectina. “Dizer que o tratamento precoce é controverso é apenas uma narrativa. A gente já tem mais do que as evidências científicas e as experiências práticas. Para quem quiser, é muito claro. Muitos médicos nos procuram e quando têm acesso a essas informações eles ficam em choque”, afirma. “Uma coisa era questionar o tratamento precoce no início do ano passado. Hoje em dia, não é mais questionável. Não tem mais por que ser questionável”, completa Cruz. Ela diz ter receitado os medicamentos para sua família e para ela mesma. “Não perdi ninguém. Não acho que tenha sido coincidência todos os obesos e diabéticos que a gente tratou [não morreram]”. “Não recebi um real para fazer o que fiz lá, que foi ir para as UBSs e expor… Eu sabia que estava indo para as UBSs e que havia suspeita de uma cepa mutante, confirmada no dia que fomos. Como confio no que eu defendo, fui com a profilaxia. Acredito no poder preventivo dessas medicações. Não sou nenhuma camicase, prezo muito pela minha vida, pela minha profissão, sou muito ética. Tomei as medicações e fui confiando nisso. Tanto a ivermectina quanto a hidroxicloroquina, fui tomando ambas as medicações”, conclui.

PAINEL - *”Podiam levar os feijões do pastor Valdemiro, diz sanitarista sobre força-tarefa da cloroquina montada por Pazuello”*:

PAINEL - *”Transporte de vacinas pode ter que ser feito por terra em ao menos sete estados”*: Em reunião nesta sexta (15), o Ministério da Justiça informou secretários de Segurança que o transporte de vacinas contra Covid-19 pode ter que ser feito via terrestre e não por aviões, para pelo menos sete estados.

PAINEL - *”PT e PSOL querem interromper recesso na Câmara de SP para debater agravamento da pandemia”*: As bancadas do PSOL e do PT querem a interrupção de recesso na Câmara de SP para debater o agravamento da pandemia. As duas bancadas de oposição solicitaram nesta sexta (15) reunião com a vice-presidente da Câmara, Rute Costa (PSDB), já que o presidente Milton Leite (DEM) está afastado para tratar coronavírus.

PAINEL - *”Diretório de SP do PSDB critica tucanos do Senado por não escolherem candidato”*: O diretório de São Paulo do PSDB repudiou a decisão da bancada da sigla no Senado em não apoiar nenhum candidato à presidência na Casa, deixando que cada parlamentar vote conforme sua preferência. "O Brasil passa por tempos sombrios de ataques à democracia, de omissão de nossas lideranças", afirma Luiz Fernando Alfredo, presidente municipal do partido.

*”Na pandemia, Assembleia de SP vira canteiro de obras e prevê gastos de R$ 30 mi”*
DEMÉTRIO MAGNOLI - *”Progressistas que celebram cancelamento da conta de Trump buscam pacto com plutocratas da internet”*

*”Maia diz que discussão sobre impeachment de Bolsonaro será inevitável 'no futuro'”* - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (15) que a discussão sobre o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será “inevitável” no futuro. “Acho que esse tema é um tema que, de forma inevitável, certamente será debatido no futuro”, afirmou em entrevista à imprensa no Palácio dos Bandeirantes, ao lado do governador João Doria (PSDB) e do candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP). A entrevista foi concedida após um almoço em apoio a Baleia que reuniu, além do governador e de Maia, cerca de 20 deputados de diferentes partidos. Diante do colapso da saúde em Manaus e da pressão pelo impeachment, Maia voltou a justificar o fato de não ter dado andamento a nenhum pedido até hoje. “Não foi avaliar ou deixar de avaliar o impeachment. Foi compreender que o enfrentamento à pandemia é a prioridade de todos nós. […] Qualquer decisão sobre impedimento hoje, com perdas de vidas, é nós tirarmos o foco daquilo que é fundamental, que é tentar salvar o maior número de vidas”, disse. Doria voltou a cobrar uma reação do país a Bolsonaro, como fez em entrevista anterior à imprensa nesta sexta sobre o combate ao coronavírus –conclamando também uma reação do Congresso.
Questionado sobre ter se referido ao impeachment, porém, o governador não usou essa palavra e falou em manifestações. Doria afirmou que, se não houver reação, o país estará destruído em dois anos. “Será que o Brasil que já se mobilizou nas ruas pela mudança, pelas diretas já, por movimentos cívicos importantes de ordem popular, vai continuar quieto e não vai reagir? Reaja, Brasil. Reaja o Congresso Nacional. Cumpra seu papel sim, a Câmara e o Senado, aquele que lhe cabe. E cada parlamentar sabe seu papel e a sua representatividade”, afirmou. ​“Tenho certeza de que muitas vozes vão se levantar em defesa do Brasil. Se não fizermos isso, em dois anos, o Brasil estará destruído pela incompetência, pela inépcia, pela incapacidade, pela mortalidade e pela insanidade”, completou. Mais cedo, ao anunciar a nova fase do Plano São Paulo contra a pandemia, Doria havia afirmado: "Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiros, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionismo é aceitável?". ​
O governador, porém, afirmou que manifestações contra Bolsonaro não podem envolver aglomeração. “Por mais amor que eu tenha pelo meu país, eu tenho amor pela vida. Não é o momento para aglomerações. […] As pessoas podem se manifestar das janelas, com panelaço”, disse. Maia, por sua vez, defendeu que o Congresso trabalhe durante o recesso e afirmou que propôs a convocação na próxima semana ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O presidente da Câmara afirmou que, entre as medidas urgentes, está a convocação do ministro da Saúde e da Anvisa para prestar esclarecimentos. Questionado sobre sua posição em relação a impeachment, caso seja eleito presidente da Câmara, Baleia evitou se comprometer. “Uma candidatura não pode ter como bandeira o impedimento de um presidente. [...] Todos os pedidos colocados vão ser analisados por mim dentro do que diz a Constituição”, disse. O deputado afirmou ainda que sua candidatura não é de oposição, mas de independência da Câmara e a favor da democracia, da ciência e da vacina.
Segundo Baleia, a candidatura de seu adversário, Arthur Lira (PP-AL), apoiada por Bolsonaro, é “submissa ao Palácio, flerta com grupos radicais que até pouco tempo queriam o fechamento do Congresso nacional, recebe o apoio de radicais na rede que não querem a vacina”. “Se preciso for, a Câmara precisa ser o contraponto dos exageros do governo federal, assim como Maia tem feito nos últimos anos”, disse. Já Doria, que negou usar a aliança construída em torno de Baleia como palanque para sua eventual candidatura ao Planalto em 2022, afirmou que a escolha entre o emedebista e Lira “é a disputa entre a defesa democrática e a ameaça a democracia”.
+++ A reportagem sobre a possibilidade de um impeachment de Jair Bolsonaro ouve apenas Rodrigo Maia, João Doria e Baleia Rossi. Enquanto isso, as forças e lideranças políticas que vem defendendo o impeachment desde as barbáries iniciais do presidente não aparecem no texto.

*”Crise da Covid em Manaus eleva pressão por volta do Congresso no recesso, e centrão resiste”* - A crise de saúde em Manaus deflagrou uma nova queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Com a falta de oxigênio para pacientes em tratamento contra o coronavírus, Maia pressionou nesta sexta-feira (15) pela convocação do Poder Legislativo durante o período de recesso. O bloco do centrão, alinhado ao Palácio do Planalto, no entanto, é contra a iniciativa e considera se tratar de proselitismo político. O argumento de líderes das siglas que apoiam o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro ao comando da Câmara, é de que não há projetos a serem votados no momento que possam amenizar a crise sanitária em Manaus. Eles lembra que o governo federal não enviou nenhuma matéria para análise e que o governo estadual também não solicitou a apresentação de nenhum pedido. Além disso, lembram que não há recursos disponíveis, já que o orçamento ainda não foi votado.
"Está na hora de todas as forças se unirem para salvar vidas. É fundamental —como defendi em dezembro com outros parlamentares— que o Congresso retome suas atividades na semana que vem", escreveu Maia nas redes sociais na manhã desta sexta. A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações por Covid-19 e falta de oxigênio nos hospitais. Diversas unidades da rede pública não tinham o insumo na quinta-feira (14), o que resultou na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos. "A falta de oxigênio em Manaus, o atraso na vacina, a falta de coordenação com estados e municípios são resultados da agenda negacionista que muitas lideranças promovem", afirmou Maia, em uma crítica indireta a Bolsonaro. Os líderes do centrão dizem que um retorno seria justificável apenas se Maia apresentasse uma solução orçamentária. Eles lembram que não há como aprovar, neste momento, o orçamento para este ano sem que a CMO (Comissão Mista do Orçamento) seja instalada —não há acordo para que isso ocorra. E ressaltam que votar uma matéria em plenário exigiria consenso entre deputados e senadores, o que, acreditam, dificilmente seria viabilizado. Nas palavras de um aliado de Lira, não há como fazer uma intervenção em Manaus se não há recursos disponíveis.
Em linha semelhante a de Maia, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG), candidato avulso ao comando da Câmara, também defende uma convocação. Ele enviou ofício ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), solicitando a medida. "Apelo ao senso humanitário de Vossa Excelência para que o Poder Legislativo possa buscar soluções no enfrentamento dessa verdadeira tragédia vivida pelo nosso povo", escreveu. Nas redes sociais, o deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) anunciou que ingressou com pedido na Câmara de intervenção federal em Manaus. "O Parlamento deveria estar funcionando para discutir a crise no Amazonas e a questão da vacina." Para integrantes do bloco de Lira, no entanto, a ofensiva de convocação tem como motivação uma tentativa de Maia retomar protagonismo no comando do Legislativo, um esforço para atrair votos para seu candidato na disputa pelo comanda da Casa, o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP). ​ Maia tem defendido a convocação do Congresso desde o final do ano passado. Para ele, os trabalhos devem ser retomados para aprovar medidas econômicas que ajudariam a população a enfrentar a pandemia do coronavírus.
+++ Na reportagem sobre a necessidade da volta dos trabalhos do Congresso quem recebe espaço para defender suas ideias é, mais uma vez, Rodrigo Maia, o deputado Fábio Ramalho do MDB e o deputado Delegado Pablo do PSL. Como se outras forças não tivessem se pronunciado durante o dia.

*”Com panelaços, brasileiros criticam falta de vacina e oxigênio, e pedem impeachment de Bolsonaro”* - Em dia de derrotas do governo Jair Bolsonaro na tentativa de receber vacinas contra a Covid-19 e de relatos de pacientes morrendo sem oxigêncio em Manaus, o presidente foi alvo de panelaço em várias cidades das cinco regiões do país na noite desta sexta-feira (15). Com gritos de “fora, Bolsonaro” e “assassino”, brasileiros criticam a demora para o início da imunização e para o envio de mais insumos para evitar o colapso do sistema de saúde amazonense. Manifestantes também pedem o impeachment do presidente. Ao menos 19 estados e no Distrito Federal registraram protestos. Entre as cidades, estão Ribeirão Preto, no interior paulista, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Aracaju, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Curitiba, Cuiabá, Maceió e João Pessoa. Na capital paulista, as panelas foram ouvidas em bairros de todas as zonas da cidade. Do centro, como na Consolação, Santa Cecília, Barra Funda e Bela Vista, da zona oeste como Pinheiros e Jardins, da zona norte como Santana, Pirituba e Casa Verde e da zona sul, na Saúde e Vila Mariana, além de Anália Franco, na zona leste. O panelaço começou por volta das 20h, antes do horário divulgado para o início da manifestação nas redes sociais, às 20h30. Postagens anunciavam: "Sem oxigênio, sem vacina, sem governo. Panelaço sexta, 20h30. #BrasilSufocado."
O coronavírus já matou mais de 208 mil pessoas no Brasil e os casos vem aumentando após as festas de fim de ano. Só nas últimas 24h, foram 1.131 mortes e 68.138 casos da doença. Enquanto os sistemas de saúde são pressionados pela explosão de infectados, o governo Bolsonaro vem acumulando derrotas na tentativa de começar a imunização —ao menos 42 países já iniciaram a vacinação no mundo. Nenhuma das duas vacinas esperadas para o início da campanha nacional brasileira, no entanto, foram entregues ao Ministério da Saúde. Uma delas, a da AstraZeneca/Oxford, viria da Índia e tinha previsão de chegar neste sábado (16). Nesta sexta, porém, o governo indiano negou a entrega imediata do lote de dois milhões de doses do imunizantes, o que frustrou uma operação montada para buscar o material no país asiático. O avião está parado no Recife. Com o veto indiano, o presidente Bolsonaro corre o risco de assistir o início da vacinação com a Coronavac, que tem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A pasta da Saúde deu um ultimato ao Instituto Butantan nesta sexta pedindo que fossem entregues os 6 milhões de doses da Coronavac, mas o órgão respondeu que não vai enviar o imunizante ao governo federal porque não há um plano para distribuí-las entre os estados. Além disso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não autorizou a aplicação de nenhuma vacina contra o coronavírus no país. A decisão deve ser tomada neste domingo (17). É Manaus que, novamente, registra o primeiro maior colapso na segunda onda da doença no país. A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações pelo coronavírus e falta de oxigênio nos hospitais. O insumo tem faltado em unidades de saúde desde quinta (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos.​ Ainda assim, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tem feito um "excelente trabalho" e que ninguém administraria a atual crise sanitária melhor do que a atual gestão.
O presidente também minimizou os pedidos de impeachment ingressados contra ele na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que não existe "nada de concreto contra ele" e que não vão tirá-lo do cargo na "mão grande". Em entrevista à TV Bandeirantes, o presidente reconheceu que Manaus passa por uma situação crítica. Ele disse, contudo, que não pode "fazer nada", já que, segundo ele, o STF (Supremo Tribunal federal) definiu que as iniciativas cabem a estados e municípios. A Corte, no entanto, só decidiu que os estados e municípios tinham automonia para determinar isolamento e adotar providências a fim de proteger a saúde da população, mas não impediu de o governo federal cumprir sua função para frear os efeitos da pandemia. Nesta sexta, o ministro do STF Ricardo Lewandowski determinou, ao contrário, que o governo federal promova, imediatamente, todas as ações ao seu alcance para debelar a "seríssima crise sanitária" instalada em Manaus, em especial suprindo os estabelecimentos de saúde locais de oxigênio medicinal. A administração do presidente também terá que apresentar ao Supremo, no prazo de 48 horas, um plano detalhado sobre as estratégias que está colocando em prática ou pretende desenvolver para o enfrentamento da situação de emergência.

*”Aliados de Tebet põem em dúvida sua força e dão prazo para candidatura ao comando do Senado decolar”*
*”PSOL decide lançar Erundina para presidência da Câmara, e nanicos entram na disputa”*

*”Alvo de tentativa de interferência de Bolsonaro, delegado da Receita perde poderes e pede demissão”* - Responsável pelo significativo aumento de apreensões numa área de forte atuação de milícias, José Alex Nóbrega de Oliveira pediu demissão do cargo de delegado da alfândega do porto de Itaguaí (RJ). Em meados de 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, a Receita Federal foi pressionada a substituir Oliveira. A tentativa de interferência política partiu do Palácio do Planalto e gerou uma crise na época. O então número 2 da Receita, o ex-subsecretário-geral João Paulo Ramos Fachada, foi demitido por rejeitar as trocas na unidade do Rio de Janeiro e passar a imagem de que Bolsonaro tinha controle do órgão.
Mesmo após a notoriedade do caso, Oliveira continuou sofrendo pressões no cargo, ameaças e chegou a ser escoltado. Até que, no ano passado, ele perdeu poderes sobre a fiscalização no porto. Em outubro e novembro, portarias da Receita tiraram parte de suas tarefas. Algumas atribuições, como decidir quais importações serão inspecionadas fisicamente, passaram a ser compartilhadas com a alfândega do porto de Vitória. Além disso, a equipe do fisco em Itaguaí ficou mais enxuta nos três anos em que Oliveira esteve à frente da delegacia do porto. O número de auditores fiscais, por exemplo, recuou um terço —de 21 para 14 entre o início de 2018 (quando ele assumiu a função) e hoje. Oliveira, então, pediu demissão —um ano antes do período previsto para o cargo. Oficialmente, a explicação para o pedido é breve: por motivos de saúde. Procurada, a superintendência da Receita da 7ª Região Fiscal (Rio de Janeiro e Espírito Santo) disse que há dificuldade de reposição do quadro de funcionários em todas as unidades, principalmente em razão do crescente número de aposentadorias. O órgão diz que o compartilhamento de tarefas foi feito também entre outras alfândegas, visando a distribuição equitativa dos trabalhos aos funcionários da região fiscal. A Receita informou que “decidiu deixar de tratar a demanda com foco na localização geográfica da carga e fazê-lo de forma regional”. A divisão das tarefas depende da carga de trabalho de cada um. Com o quadro de funcionários reduzido, a alfândega de Itaguaí passou a avaliar que perdeu o controle da importação e exportação de mercadorias pelo porto.
De 2015 para 2018 (primeiro ano da gestão de Oliveira), as apreensões no local subiram 6.712%, saltando de R$ 7,1 milhões para R$ 483,7 milhões. O porto era usado, por exemplo, como portal de entrada de produtos piratas e TV Box (aplicativos de reprodução ilegal de sinais de TV fechada e de filme) —mercados em que milícias costumam operar. Itaguaí está entre os dez portos com maior movimento de cargas no país. Como é impossível abrir todos os contêineres, os fiscais da aduana cumprem um protocolo: é o chamado gerenciamento de risco. Esse processo divide as mercadorias entre os canais verde (risco baixo), amarelo (conferência documental) e vermelho (conferência documental e física, inclusive com a abertura do contêiner). O gerenciamento de risco em Itaguaí passou a ser feito também em Vitória, após uma portaria da Receita publicada no ano passado. Oliveira pediu demissão ainda em 2020 e esperou a conclusão do processo seletivo interno da Receita para seu substituto. A saída dele foi publicada no Diário Oficial da União há cerca de dez dias. O porto na região metropolitana do Rio de Janeiro está na rota de navios da China e despertou interesse de contrabandistas. A Justiça Federal do Rio investiga um esquema de corrupção que envolveu auditores da Receita Federal.
Numa tentativa de interferência na Receita, o governo Bolsonaro pediu a troca de Oliveira, em 2019, por um apadrinhado político. O indicado seria o auditor fiscal Gilson Rodrigues de Souza, que tem mais de 35 anos de experiência de fiscalização em Manaus, mas sem atuação na área de alfândega. Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre a articulação do presidente, em 2019, para fazer substituições em cargos no Rio de Janeiro. No primeiro ano de governo, Bolsonaro também pressionava por trocas na Polícia Federal. Ao comentar o assunto, ele chegou a dizer que foi eleito justamente para tomar decisões e que não será um "banana". "Houve uma explosão junto à mídia no Brasil, uma explosão. Está interferindo? Ora, eu fui [eleito] presidente para interferir mesmo, se é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora", afirmou em agosto de 2019.
Sob pressão, Oliveira expôs a colegas, na época, o embate por posições estratégicas na região metropolitana do Rio de Janeiro e que já apresentou histórico de corrupção. Por meio de mensagens, disse que existiam "forças externas que não coadunam com os objetivos de fiscalização da RFB [Receita Federal do Brasil], pautados pelo interesse público e defesa dos interesses nacionais.” Ele havia sido informado pelo ex-superintendente da Receita no Rio de Janeiro, Mario Dehon, que havia uma indicação política para assumir a alfândega do porto. Dehon não aceitou e também teve o cargo ameaçado. ​Em reação à tentativa de interferência no órgão, auditores da Receita ameaçaram uma rebelião e uma demissão em massa dos postos de chefia. O governo exonerou Fachada, então o número 2 do fisco. Depois, a crise se conteve com a desistência do Planalto em impor as trocas. De 2019 para cá, Dehon acabou voltando a assumir a superintendência em Minas Gerais. A mudança foi pedida por ele mesmo. No lugar, assumiu Flávio José Passos Coelho, em janeiro do ano passado. Com o pedido de demissão de Oliveira, o auditor Élcio Ferretto da Silva, que atuava como inspetor-chefe da Receita em Quaraí (RS), município com menos de 25 mil habitantes na fronteira com o Uruguai, assumiu. A Receita Federal nega que as trocas nos cargos de Dehon e de Oliveira tenham sido motivadas por questões políticas. Porém, a insatisfação com as mudanças no porto de Itaguaí e a pressão sobre o cargo levaram à saída antecipada de Oliveira, que agora não deve mais assumir posto de chefia ou mesmo em alfândega.

*”Novo chefe do MP-RJ não garante manter questionamento ao foro de Flávio Bolsonaro”* - O novo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, não garantiu manter o questionamento feito por seu antecessor no cargo, Eduardo Gussem, sobre o foro especial concedido ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em entrevista coletiva após a cerimônia de posse, o PGJ afirmou que ainda precisa estudar a matéria para se posicionar sobre o tema. O MP-RJ tem recurso no STF contra a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que concedeu foro a Flávio. O debate sobre o foro especial de Flávio é chave para a sobrevivência das investigações feitas contra o filho do presidente Jair Bolsonaro. O fato de as provas do caso terem sido colhidas com autorização de juiz de primeira instância pode levar à anulação das evidências, tema em debate no STJ (Superior Tribunal de Justiça) em recurso da defesa do senador. “Sobre as teses jurídicas, me reservo a me manifestar processualmente. Preciso me inteirar melhor”, disse Mattos.
Flávio foi denunciado pelo MP-RJ no ano passado sob acusação de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. Segundo os investigadores, o senador liderava uma quadrilha para recolher salários de ex-funcionários de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa para benefício pessoal. Desde fevereiro de 2019, quando Flávio encerrou o mandato como deputado estadual e iniciou o de senador, a investigação é conduzida por promotores de primeira instância. As quebras de sigilo bancário e fiscal, bem como buscas e apreensões, foram autorizadas pelo juiz Flávio Itabaiana.
A 3ª Câmara Criminal decidiu, porém, que o senador tinha direito a manter o foro especial de deputado estadual, cargo ocupado na época dos supostos crimes. A decisão do colegiado, contudo, manteve a validade das provas, ponto alvo de recurso da defesa do senador ao STJ. O gabinete de Gussem fez uma reclamação ao STF, apontando que a decisão do TJ-RJ contrariava determinações anteriores do Supremo. Contudo, o posicionamento nunca foi unânime dentro da própria instituição: a procuradora natural do MP-RJ na 3ª Câmara defendeu a tese de que Flávio tinha direito ao foro na segunda instância. O debate do foro dentro do MP-RJ também provocou uma crise institucional. O órgão perdeu o prazo para recorrer da decisão do TJ-RJ, algo inusual, e agora depende da reclamação, via extraordinária de reversão da decisão que a PGR (Procuradoria-Geral da República) já disse ser contrária. Reservadamente, uma ala do Supremo demonstra simpatia à tese que pode beneficiar Flávio e lembra que o tribunal até já tomou decisão parecida com o pedido do parlamentar. O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes. Mattos também não deixou claro se manterá os integrantes dos grupos especializados que atuam nas investigações sobre o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes.
“Não tenho definição sobre isso. Todos os grupos serão avaliados nessa formatação que a gente pretende fazer. Vamos fazer uma qualificação”, disse ele. O procurador-geral prometeu atuar com rigor na fiscalização de autoridades públicas e no combate à corrupção. Mas afirmou que está aberto ao diálogo. “Iremos dialogar. Não criminalizaremos a política. Temos que qualificar a política”, disse ele. Mattos assume o cargo oficialmente no domingo (17), quando se encerra o mandato do atual PGJ, Eduardo Gussem. Ele foi escolhido pelo governador interino Cláudio Castro (PSC) após uma intensa articulação política para reduzir a rejeição ao seu nome no entorno da família Bolsonaro. “Nesse segundo turno [após a entrega da lista tríplice ao governador], precisei me apresentar em conversas republicanas tudo o que apresentei aos colegas do MP:, diálogo, combatividade e eficiência. [..] Não me senti pressionado em nenhum momento. Talvez a pressão venha agora no cargo”, disse o novo PGJ.
Em seu discurso de posse, também defendeu a combinação de combatividade com moderação e diálogo. "A combatividade é uma característica indissociável do Ministério Público. Negá-la é negar a nossa essência. Ser combativo, no entanto, não é o mesmo que ser irracional, refratário à realidade, perseguidor de indivíduos ou ideologias", disse. A posse de Mattos foi acompanhada por uma série de autoridade afetadas por investigações do órgão: o presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), o prefeito Eduardo Paes (DEM) e o governador interino Cláudio Castro (PSC). O novo PGJ afirmou que vai acompanhar mais de perto as investigações de pessoas com foro especial, atribuição de seu cargo. A medida é uma mudança em relação a Gussem, que delegava os atos de investigações ao procurador Ricardo Martins. Mattos não era o preferido da família presidencial e sofria, inicialmente, resistência de alguns dos interlocutores do senador por ter um histórico de atuação na Tutela Coletiva, área de parte dos membros do Gaecc, grupo responsável pelas investigações contra Flávio. A vinculação funcional era vista com maus olhos pelo grupo do filho do presidente. Com 25 anos no Ministério Público, Mattos tem seu histórico marcado por ações civis públicas em Niterói contra ex-secretários, vereadores e o ex-prefeito Jorge Roberto da Silveira (PDT). Também atuou em investigação de tortura no presídio Ary Franco.
O futuro procurador-geral de Justiça conseguiu contornar as resistências por meio dos contatos políticos construídos nos seis anos em que comandou a Amperj, associação dos membros do MP-RJ. Castro foi aconselhado por aliados a evitar uma crise, manter a tradição de optar pelo mais votado, e escolher Mattos, que tem um perfil de diálogo com o mundo político. A interlocutores, Flávio afirmou que não iria atuar para vetar a escolha de Luciano pelo governador interino. O cargo de procurador-geral ganhou mais importância para as investigações sobre Flávio após o Tribunal de Justiça definir que o senador tem direito ao foro especial. Neste caso, é o próprio chefe do MP-RJ quem tem atribuição para conduzir as apurações e oferecer eventual denúncia contra o senador. O MP-RJ também defende junto ao STF a revogação da decisão do tribunal, tese que poderá ser reavaliada pelo novo procurador-geral de Justiça. Carlos, por sua vez, perdeu foro especial após o STF (Supremo Tribunal Federal) considerar suspenso o dispositivo que previa este benefício a vereadores do Rio de Janeiro. O chefe do MP-RJ não tem poder para interferir nas investigações de promotores que atuam na primeira instância. Mas pode desfazer estruturas especializadas criada na atual gestão. O Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) é o responsável por prestar auxílio aos promotores em investigações consideradas complexas. Ele conta com equipe própria para a realização de diligências.

*”Investigação contra ex-ministro em caso das 'rachadinhas' na Assembleia do RJ é arquivada”* - A investigação contra o deputado estadual Carlos Minc (PSB) no caso das “rachadinhas” da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi arquivada nesta terça-feira (12) pelo Ministério Público estadual. O Gaocrim (Grupo de Atuação Originária Criminal), vinculado ao gabinete do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, entendeu não haver indícios de crimes após aprofundar a apuração sobre os dados do Coaf relacionados ao gabinete de Minc, ex-ministro do Meio Ambiente no governo Lula. A apuração contra o presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), outro alvo do caso, também se distanciou das suspeitas de “rachadinha”. Por determinação da Justiça, as diligências da investigação foram enviadas para a primeira instância para que as apurações sejam aprofundadas —o que, na prática, tira momentaneamente o foco do petista. Ceciliano e Minc foram 2 dos 21 deputados estaduais citados no relatório do Coaf, órgão de inteligência financeira, produzido em janeiro de 2018 que levou à apuração contra membros da Assembleia, entre eles o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que integrou o Legislativo fluminense entre 2003 e 2019.
A investigação iniciada pelo relatório contra o filho do presidente Jair Bolsonaro culminou na denúncia apresentada ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio sob acusação de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. De acordo com o MP-RJ, Flávio desviou R$ 6 milhões dos cofres da Assembleia por meio de 12 ex-funcionários, sendo que ao menos R$ 2 milhões foram repassados ao seu ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como operador financeiro do esquema. Os mesmos funcionários sacaram outros R$ 2 milhões que os investigadores suspeitam terem sido entregues a Queiroz. O primeiro denunciado citado no relatório do Coaf foi o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC), acusado de desviar cerca de R$ 1 milhão em esquema semelhante ao atribuído a Flávio. Há ainda outros cinco deputados sob investigação, cuja conclusão ficará a cargo do gabinete do futuro procurador-geral, Luciano Mattos, que toma posse nesta sexta-feira (15). Ex-deputados também são alvos de promotores que atuam na primeira instância, sem foro especial. O gabinete de Minc aparecia no relatório com R$ 16 milhões de movimentação considerada atípica. A principal suspeita do MP-RJ recaía sobre o chefe de gabinete do deputado, Antônio Lisboa. Os sigilos bancário e fiscal de Minc, Lisboa e outros quatro funcionários do deputado foram quebrados com autorização da Justiça. Após dois anos de investigação, o Gaocrim concluiu não haver indícios de crimes. Minc, que ainda não foi notificado da decisão do MP-RJ, afirmou que já esperava o arquivamento. "Eles vasculharam tudo dos meus assessores e não tem nada para os meus familiares. Encontraram seis depósitos meus para meus funcionários, para ressarcir gastos do gabinete. Não tem loja de chocolate, carro, apartamento. O meu patrimônio é o mesmo há dez anos", disse o deputado. O ex-ministro afirmou não ter queixas do Ministério Público. "Tenho um mandato marcado por realizar investigações. Não me queixo do MP-RJ. Sempre fui parceiro do MP. Sendo esse o resultado, só confirma essa confiança que tenho. Ao contrário de outros. Mas fiquei por dois anos numa lista ao lado do Bolsonaro. Não sabia onde me meter", disse Minc. A apuração contra Ceciliano passou a ter como foco a relação do presidente da Assembleia com um suposto agiota de Paracambi, sua base eleitoral, cujos parentes foram empregados em seu gabinete.
Ao menos quatro pessoas ligadas ao empresário Carlos Alberto Dolavale, conhecido como Betinho, foram nomeadas no gabinete do petista num período em que ele dizia ser credor em cerca de R$ 170 mil do deputado. Após a Folha revelar o rumo da apuração contra Ceciliano, Dolavale procurou a Justiça para informar que a dívida atribuída ao petista fora, na verdade, contraída por um vereador da cidade que usou o nome do deputado como “garantia”. O MP-RJ pediu novas diligências, mas o desembargador Rogério Oliveira de Souza, relator do caso, decidiu que as medidas não tinham mais relação direta com Ceciliano, enviando o caso à Justiça em Paracambi, na primeira instância. O gabinete de Ceciliano liderava em volume de movimentações financeiras suspeitas indicadas no relatório, somando R$ 49 milhões entre 2011 e 2017. Boa parte (R$ 26 milhões) estava vinculada a Elisângela Barbieri, assessora do presidente da Assembleia entre 2011 e 2019 e mulher de Betinho. O relatório do Coaf foi produzido no âmbito da Operação Furna da Onça, que prendeu em 2018 dez deputados estaduais. Ele foi elaborado a pedido do Ministério Público Federal, que solicitou todas as comunicações de movimentações atípicas envolvendo pessoas nomeadas na Assembleia. A menção no relatório não significa a prática de algum ilícito. O volume da movimentação, por sua vez, não é medida para a suspeita que eventualmente recaia sobre os deputados.

*”Alemanha começa neste sábado disputa por sucessão de Merkel”*
*”Governo da Holanda renuncia após escândalo em programa de subsídios”*
*”Biden planeja uma blitz de vacinação contra Covid, mas suprimentos estão escassos”*
*”Rússia pressiona Biden e deixa acordo militar abandonado por Trump”*

MUNDO LEU - *”Biografia detalha trajetória de Hamilton, jovem do Caribe que ajudou a fundar os EUA”*
*”Principal lobby das armas nos EUA, Associação Nacional do Rifle decreta falência”*
*”Terremoto deixa ao menos 42 mortos e 15 mil desabrigados na Indonésia”*
*”Apuração em Uganda indica vitória de ditador em meio a censura e acusações de fraude”*

*”Fim do auxílio e redução de empregos afetam consumo e produção”* - Dados sobre os principais setores da economia em novembro mostram que a dinâmica da pandemia do novo coronavírus segue interferindo na retomada, com alto risco de comprometer os primeiros meses deste ano. O comércio registrou queda pela primeira vez em seis meses, com -0,1%. A indústria vem em processo de desaceleração e cresceu 1,2%, semelhante aos 1,1% de outubro. Os serviços ainda seguiam em alta, com avanço de 2,6%, mas sem recuperar as perdas pós-pandemia e já ameaçados pelo novo avanço da Covid-19. Para os analistas, o mês sinalizou que a bolha de consumo criada pelo auxílio emergencial começou a perder força, quando o benefício já havia caído de R$ 600 para R$ 300. A taxa de desemprego de novembro ainda não foi divulgada, mas a taxa de outubro ficou em 14,3%, a maior para o período desde o início da pesquisa, em 2012. A flexibilização no isolamento social, que permitiu a reabertura em tempo parcial de bares, restaurantes e hotéis vinham contribuindo para uma melhora. Mas novo repique nos casos, bem como o surgimento de uma variante mais contagiosa compromete o trânsito e o contato pessoal.
Para economistas, está cada vez mais claro que uma recuperação mais consistente da economia em 2021 vai depender de ações do governo e da distribuição de vacina para a população. Para o professor Écio Costa, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), dados de novembro já retratavam a redução do auxílio emergencial. Nos meses anteriores, o benefício havia sido fundamental para estimular o consumo e sustentar a recuperação da produção industrial. Neste início do ano, porém, Costa avalia que o fator decisivo, que vai definir os rumos da economia neste ano, é a pandemia da Covid-19. “Se a gente não tiver vacinação em massa para deter o avanço do contágio, as medidas de restrição social voltam e veremos a economia afundar", diz o professor da Universidade de Pernambuco . Segundo Costa, o estado é um exemplo dessa tendência. O governo estadual já proibiu música em bares e ameaça o acesso a praias, medidas importantes para conter o contágio, mas que vão prejudicar a já lenta recuperação do setor de serviços. “A vacinação é a saída mais importante para a economia em 2021", afirma. "Precisamos iniciar o ano com um programa de vacinação amplo."
O economista Otto Nogami, do Insper, avalia que, dado o cenário atual, que o primeiro semestre deste ano será semelhante ao mesmo período de 2019, com baixa atividade e muita preocupação com a questão sanitária. A recuperação poderia ser mais robusta se o governo lançasse novas medidas para socorrer empresas e trabalhadores, diz o pesquisador. Para Nogami, o governo foi precipitado ao extinguir o auxílio emergencial sem levar em consideração o risco de nova onda da doença, nem adotar medidas alternativas para promover a geração de emprego. "Não fizeram nada para diminuir o volume de dependência [nos beneficiários]". Agora, segundo ele, uma solução para garantir o crescimento seria uma política fiscal expansionista, com redução de carga tributária e investimentos públicos em obras. No entanto, não há espaço para esse tipo de medida emergencial, diante de um déficit fiscal gigante, que deve fechar 2020 em acima de R$ 800 bilhões, e engessamento da máquina pública. Mais de 90% das despesas são obrigatórios. "O governo teria como alternativa sinalizar à sociedade que tem boas intenções e, por exemplo, levar à frente a reforma tributária, a reforma administrativa, quem sabe até a própria reforma da reforma previdenciária", afirma Nogami.
Segundo ele, essas medidas permitiriam a contenção de gastos, reduziria déficit público e liberaria recursos para investimentos, inclusive investimentos em saúde, tão vitais no momento. "Essas medidas também trariam mais previsibilidade para os empresários e melhorariam o ambiente de negócios, incentivando o investimento privado", diz o economista do Insper. "Abriria espaço para uma retomada mais firme." O setor que mais atrai atenções é o de serviços, que ainda não recuperou as perdas na pandemia. Ele teve um crescimento mais acelerado em novembro, de 2,6%. No entanto, está 3,2% abaixo de fevereiro. Os ramos de restaurantes, hotéis e transportes, que exigem presença das pessoas, são os que têm mais dificuldades. Os serviços prestados às famílias tiveram alta de 98,8% desde maio, mas seguem 34,2% abaixo do nível anterior à chegada da Covid-19. O setor de transportes ainda está 5,4% abaixo do patamar de fevereiro, apesar do ganho de 26,7% no mesmo período. “Atividades como restaurantes, hotéis, serviços prestados à família de uma maneira geral, e transporte de passageiros, seja o aéreo, o rodoviário e ou o metroviário, até tiveram alguma recuperação, mas o distanciamento social ainda não permite que o setor volte ao patamar pré-pandemia”, afirmou Rodrigo Lobo, do IBGE.
De acordo com Thiago de Moraes Moreira, do Ibmec, esses são setores que normalmente são utilizados por famílias de maior renda, portanto, não são afetados por benefícios governamentais como o auxílio emergencial. Moreira também acredita que esse será a principal variável de 2021: o controle da pandemia. "A sustentabilidade da recuperação depende mais da vacina e menos de política de transferência de renda, taxas de juro e câmbio", diz Thiago. Na sua avaliação, o crescimento no número de óbitos - o país voltou a ter 1,2 mil por dia nesta semana - ameaça a retomada. "Isso vai, de novo, quebrar a trajetória de recuperação dos serviços, e aí estaremos no pior dos mundos", diz ele. "Indústria e comércio sofrendo em função do desemprego e os serviços parando outra vez por causa da pandemia é cenário muito complicado", afirma Moreira.
A incerteza no mercado de trabalho é outro tema sensível do ano passado que já contamina as perspectivas neste início de 2021. Segundo o IBGE, o Brasil tinha 14,1 milhões de desempregados no trimestre encerrado em outubro, 931 mil a mais do que no trimestre móvel anterior, encerrado em julho. Apesar de dados positivos, como o aumento de brasileiros com algum tipo de trabalho em 2,8%, ou 2,2 milhões de pessoas - sendo 2 milhões de informais -, e o crescimento de 1,3% no número de trabalhadores com carteira assinada, a elevação da taxa de desemprego indica que o mercado ainda não tem condições de absorver todos que buscam uma vaga. O professor Luiz Roberto Coelho Nascimento, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), afirmou que, ainda que se controle a pandemia e minimize o distanciamento social, o aumento da ocupação terá pela frente grandes desafios. "A contratação de trabalho está associada ao movimento para frente do consumo das famílias, dos investimentos privados, política de crédito e controle fiscal, ou seja, estabilização das despesas públicas", afirmou. O professor acredita que a informalidade poderá sair na frente contratando, por ser mais flexível do que o setor formal, que deve se reerguer de maneira lenta e gradual.

PAINEL S. A. - *”Colapso em Manaus mobiliza empresas por transporte de oxigênio e doações”*
PAINEL S. A. - *”Ford acumula mais de 3.500 processos trabalhistas no Brasil”*
PAINEL S. A. - *”Instituto responsável por fundo de R$ 40 mi contra Covid-19 busca doações para Manaus”*
PAINEL S. A. - *”Ambev envia 500 cilindros de oxigênio para o Amazonas”*

PAINEL S. A. - *”Assessor de Guedes aparece em reunião do setor automotivo com secretariado de Doria”*: Representantes de revendedores de veículos que se reuniram com secretários do governo Doria na quinta (14), para tentar barrar o aumento de ICMS, contaram com a participação online de Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministro da Economia Paulo Guedes. Domingos se apresentou como ex-ministro da Micro e Pequena Empresa. Ele apareceu rapidamente no início da reunião virtual, em apoio às demandas do setor, e afirma que foi convidado pelas entidades. “Não é uma intromissão do Ministério da Economia em ações do governo estadual. Sempre sou chamado para assuntos de pequenas empresas”, disse à coluna. Afif afirma que o fim do benefício fiscal pode impedir o processo de formalização das vendas de carros usados. “Fui para explicar que criação do Renave [Registro Nacional de Veículos em Estoque] está para formalizar a atividade para que todos paguem menos e o governo arrecade mais”, disse Domingos, um dos criadores do sistema que gerencia e controla veículos em estoque.

PAINEL S. A. - *”Indústria do Amazonas se mobiliza para arrecadar cilindros e itens hospitalares”*

PAINEL S. A. - *”Empresas do Amazonas criam força-tarefa logística para atuar em Manaus”*: Empresas com atuação logística no Amazonas criaram uma uma força-tarefa para auxiliar o transporte de oxigênio a Manaus, que entrou em colapso nos últimos dias, com recordes de enterros pelo coronavírus. A Lothar Logística, que é de São Paulo mas faz entregas do varejo no Amazonas, está trabalhando com outras três companhias, entre elas a Bemol, uma das maiores redes de loja de departamento da região. Elas convocaram os parceiros distribuidores com acesso a Manaus a entregarem oxigênio ao governo. "O setor privado de logística precisa de forma unificada atuar com as Forças Armadas", diz Ricardo Lothar, presidente da empresa. "Manaus produz 30 mil metros cúbicos de oxigênio por dia. A demanda chegou a 78 mil. A cidade é isolada porque apenas uma única estrada faz ponte com Amazonas, a BR-319, então ficamos à mercê do transporte rodofluvial. O lugar mais perto de Manaus está a cinco dias." A coluna entrou em contato com outra grande empresa do setor, citada pela Lothar, que realiza o transporte gratuito de oxigênio. A companhia prefere não ter o nome divulgado por não se tratar de uma ação de marketing, como alega. Nos últimos dias, os pacientes locais passaram a ser enviados a outros estados e o governo vai transferir 60 recém-nascidos a outras localidades. A Lothar também está mapeando com a Secretaria da Fazenda estadual o processo documental das doações feitas pelo setor privado.

PAINEL S. A. - *”Distribuidora vai doar 600 mil seringas para o Rio”*
CIFRAS & FILMES - *”Confira oito documentários disponíveis no streaming que falam sobre economia”*
*”Doria mantém ICMS menor apenas para carne vendida a grandes redes”*

*”Governo Doria mantém aumento do ICMS para revendedores de carros e motos”* - O governo de São Paulo não aceitou os argumentos dos revendedores de veículos e manteve o reajuste no valor do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). A decisão foi tomada nesta quinta (14), após uma longa reunião dos empresários com os secretários Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento) e Mauro Ricardo (Projetos, Orçamento e Gestão). Gustavo Ley, coordenador do CAT (Coordenadoria da Administração Tributária), também participou. A partir desta sexta (15), a alíquota que incide sobre as negociações de carros, motos e caminhões usados passa de 1,8% para 5,53% e depois cai para 3,9% em abril. Os carros zero-quilômetro também passam por reajuste do ICMS. No caso dos modelos novos, o tributo passará de 12% para 13,3% na sexta e sofrerá novo reajuste em abril, para 14,5%. A confirmação do aumento abre uma disputa jurídica. Em nota conjunta, as entidades que representam os revendedores de carros e de motocicletas dizem que “tomarão todas as medidas judiciais cabíveis para reverter essa decisão arbitrária e que transforma, na prática, o ICMS em um tributo com efeito de confisco, o que é vedado expressamente pela Constituição Brasileira.” A reunião online durou cerca de duas horas. Os empresários apresentaram dados sobre vendas, tarifas e margem de lucro, na tentativa de mostrar que a nova alíquota comprometeria a rentabilidade das empresas. Os secretários não cederam aos apelos e mantiveram a posição de que o ajuste é necessário para levantar R$ 7 bilhões em recursos e fazer frente às perdas causadas pela pandemia, sem comprometer os serviços em áreas essenciais, como saúde e segurança.
“Não teve jeito para nós, mas teve jeito para outros segmentos. E não conheço outro bem usado no Brasil que pague imposto, além de carro e moto, e pagamos seja em um carro com um ano de uso ou com 20 anos”, diz Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto (entidade que reúne associações de revendedores de veículos). Ele afirma que haverá intensificação das manifestações de revendedores, e que essas terão o apoio da associação, desde que ocorram de forma ordenada, seguindo regras sanitárias e sem prejuízo à sociedade. Marcelo Franciulli, diretor-executivo da Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos, diz que a margem de lucro de veículos usados fica entre 8% e 10%, na média. Ele explica que a nova alíquota do ICMS pode abocanhar 55% da rentabilidade. “E devemos lembrar que há outros custos, como folha de pagamento, despesas gerais e impostos federais para manter o comércio aberto”, afirma Franciulli. Os revendedores sonhavam com o retorno da antiga alíquota de 0,9% que vigorou de 1993 a 2017. Até tentaram levar essa proposta para a Secretaria de Fazenda no início de 2020, mas a pandemia interrompeu as negociações. ​Naquele período, segundo a Fenauto, um carro de R$ 50 mil pagava R$ 450 de ICMS. Agora o valor passa a ser de, aproximadamente, R$ 2.700.

*”França emite não 'claro e definitivo' sobre aquisição do Carrefour”*
*”Industriais vão doar usina que fabrica oxigênio para Manaus”*
*”É cedo para dizer se haverá depreciação de carros da Ford após fechamento de fábricas”*
*”Ford deixa o país agora, mas antes abandonou toda uma cidade no meio da Amazônia”*

MARCOS MENDES - *”Ralos”*
ANÁLISE - *”Estímulo de Biden é um ataque em frente dupla contra a desigualdade de renda”*
*”Bolsa cai 2,5% com receio de investidor sobre pacote de Biden e lockdown na China”*

TEC - *”WhatsApp adia mudança na política de privacidade após protestos”*: O WhatsApp vai adiar uma controvertida atualização de suas regras de privacidade depois da reação negativa de alguns usuários ao volume de dados que o app compartilharia com o Facebook, que controla o popular serviço de mensagens. A companhia, que tem cerca de dois bilhões de usuários, disse que estes teriam prazo até 15 de maio para revisar e aceitar as novas regras. Os usuários que não o fizerem até então perderão o acesso ao app, disse um porta-voz. Antes, o prazo para aceitar as novas regras se esgotava em 8 de fevereiro, mas o WhatsApp anunciou que “esperaria que as pessoas revisassem gradualmente as novas regras, no ritmo que preferirem”. “Muita gente se manifestou e se declarou confusa com relação à nossa mais recente atualização”, disse um porta-voz do WhatsApp. “Houve muita desinformação que causou preocupação, e queremos ajudar todo mundo a compreender nossos princípios e os fatos”. O WhatsApp afirmou que as novas regras não têm por objetivo expandir sua capacidade de compartilhar dados com o Facebook, e que em lugar disso pretendiam permitir que empresas que interagem com clientes via WhatsApp armazenem essas interações em servidores do Facebook. As mudanças foram uma mudança crucial no plano do Facebook para gerar receita com o app, depois de muitos anos de dificuldade para fazê-lo. As empresas também poderão armazenar atividades de compras dos usuários nos servidores.
As mensagens do WhatsApp continuarão a ser protegidas por criptografia nas duas pontas, e nem o WhatsApp e nem o Facebook podem ler as mensagens privadas, manter registros sobre os interlocutores dos usuários, ou receber informações de localização que eles compartilhem; os dados de contatos tampouco serão compartilhados com o Facebook, anunciou o WhatsApp. Certos dados já são compartilhados entre as duas empresas há algum tempo. O Facebook tem acesso aos números de telefone que estejam sendo usados no WhatsApp, e a informações sobre a frequência de uso do app e sobre a operadora de telefonia empregada pelos usuários. Certos usuários expressaram confusão e ceticismo na mídia social, uma semana atrás, quanto às novas regras, e questionaram se as novas regras permitiriam que o Facebook acesse mensagens ou outras informações que eles anteriormente acreditavam ser privativas. Embora o WhatsApp tenha tentado esclarecer as regras esta semana, explicando que sua promessa essencial de mensagens criptografadas nas duas pontas da comunicação continuaria inalterada, muitos usuários começaram a procurar alternativas. Os downloads mundiais do app caíram em 17% na semana posterior ao anúncio das novas regras, ante a semana anterior, nas lojas de apps do Google e da Apple, de acordo com a Sensor Tower, que analisa o mercado de apps. Enquanto isso, os downloads do Signal, um app de mensagens concorrente, subiram em 6.000% no período, e os do Telegram, mais um serviço semelhante, dobraram, de acordo com a Sensor Tower.

*”Índia nega envio imediato de vacinas; governo admite fracasso na operação e requisita Coronavac”* - O governo da Índia negou a entrega imediata de um lote de imunizantes contra a Covid-19 da Oxford/AstraZeneca ao Brasil, o que frustrou uma operação montada para buscar o material no país asiático ainda neste fim de semana e deve resultar numa derrota política para o Palácio do Planalto. Com o veto da Índia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) corre o risco de assistir o início da vacinação no Brasil com a Coronavac, que tem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Na noite desta quinta-feira (14), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligou para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e fez um último apelo pela liberação de 2 milhões de vacinas produzidas pelo Serum Institute. O lote seria um adiantamento do imunizante que posteriormente será produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e que é a grande aposta do governo Bolsonaro na "guerra da vacina" travada com Doria. No entanto, Araújo ouviu de seu homólogo que a situação só seria resolvida "nos próximos dias", o que foi entendido no Itamaraty como uma sinalização de que não haverá liberação no prazo desejado pelo Brasil. Não houve compromisso com uma data específica. O argumento do país asiático é que não é possível autorizar a transação enquanto não começar a campanha de vacinação na sua própria população. A comunicação com o indiano frustrou os planos de Bolsonaro de enviar um avião à Índia buscar a carga. A aeronave da companhia aérea Azul está no Recife pronta para decolar, mas permanecerá em solo enquanto não houver luz verde de Nova Déli.
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira (15), a Azul informou "que está pronta para buscar o lote de dois milhões de doses da vacina desenvolvida pela Astrazeneca/Oxford em Mumbai, na Índia, e que aguarda a definição diplomática entre o Brasil e o governo indiano". O telefonema de Araújo foi o segundo contato de alto nível que o Brasil fez com a Índia para tentar liberar a venda do lote. No último dia 8, Bolsonaro enviou uma carta ao premiê indiano, Narendra Modi​, pedindo urgência e ajuda para que a entrega fosse liberada. O governo prometia a partida da aeronave para a noite desta sexta (15), com retorno previsto para o domingo (17). Em entrevista à rede Bandeirantes, Bolsonaro admitiu que a operação Índia seria atrasada. "Foi tudo acertado para disponibilizar 2 milhões de doses [da vacina Oxford/AstraZeneca]. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia, um país de 1,3 bilhão de habitantes. Então resolveu-se aí, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá, porque lá também tem pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui dois, três dias no máximo nosso avião vai partir e vai trazer essas 2 milhões de vacinas para cá"​, afirmou o presidente.
Apesar da fala do mandatário, interlocutores ouvidos pela Folha destacaram que não há como saber quando a Índia permitirá o envio das vacinas. No mesmo dia da comunicação com a Índia, o Ministério da Saúde enviou ofício ao Instituto Butantan pedindo a entrega imediata de seis milhões de doses da Coronavac. "Solicitamos os bons préstimos para disponibilizar a entrega imediata das seis milhões de doses importadas e que foram objeto do pedido de autorização de uso emergencial perante a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Ressaltamos a urgência na imediata entrega do quantitativo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este Ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a COVID-19, tão logo seja concedido a autorização pela agência reguladora, cuja decisão está prevista para domingo", diz a nota enviada ao instituto.​​
Alvo de críticas por falta de organização e atraso, a vacinação no Brasil deve ter dois pilares: a Coronavac e a Oxford/AstraZeneca, que será fabricada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Ambas estão com seus pedidos de uso emergencial em análise pela Anvisa. A Coronavac está no centro de uma disputa entre Bolsonaro e Doria que ficou conhecida como "guerra da vacina". No ano passado, o presidente garantiu a apoiadores que não compraria a "vacina chinesa de João Doria" e disse que ela não passava segurança por sua "origem". No entanto, após reação de governadores, o Ministério da Saúde incluiu a Coronavac no plano nacional de vacinação e anunciou a compra de 100 milhões de doses. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, diz que o país tem garantidas 212 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca. A diferença é que ainda não há estoque da vacina da Fiocruz no Brasil, enquanto o Butantan conta com doses em quantidade significativa para ao menos iniciar a campanha de imunização.
O posicionamento das autoridades da Índia gerou decepção entre aliados de Bolsonaro, que preparavam uma estratégia para tentar mostrar liderança do governo federal no tema. Estava sendo organizado um evento no Palácio do Planalto na próxima terça (19) em alusão ao começo da vacinação. Seria uma oportunidade para Bolsonaro rebater as críticas de que o governo federal cometeu erros no planejamento da vacinação contra a Covid-19. Sem o lote de 2 milhões da Índia, a cerimônia foi desmarcada. No domingo, o Ministério da Saúde avaliava promover uma coletiva de imprensa na Fiocruz para celebrar a chegada das vacinas da Índia. O planejamento também foi abandonado. Caso a Anvisa dê o aval para as duas vacinas, a expectativa do governo é desencadear a vacinação dos grupos prioritários em 20 de janeiro, mas a data foi colocada por assessores presidenciais antes do impasse com a Índia. Publicamente, autoridades do governo federal têm dito que a vacina usada no início será a que primeiro tiver a certificação da Anvisa. Em nota, o Ministério da Saúde disse que aguarda aprovação, "por parte da Anvisa, de uma ou mais vacinas para poder anunciar a data oficial de início da vacinação no Brasil. Estima-se que a imunização começará até 5 dias após este aval".

*”Butantan diz que só entrega vacinas à Saúde quando souber plano de uso”* - O Instituto Butantan respondeu ao ultimato do Ministério da Saúde sobre a Coronavac afirmando que não teria como entregar os 6 milhões de doses do imunizante ao governo federal porque não há um plano para distribuí-las entre os estados. A escalada sugere uma judicialização da questão, restando saber qual lado sacará a arma primeiro. A pasta de Eduardo Pazuello havia enviado na tarde desta sexta (15) um ofício ao Butantan dizendo que as vacinas teriam de ser entregues imediatamente, uma vez que foram adquiridas para o Plano Nacional de Imunização. Ao mesmo tempo, contudo, ocorreu uma reunião entre secretários estaduais de Saúde com o ministério. A expectativa era a de que fossem especificadas as cotas iniciais de vacina para cada estado, mas apenas generalidades do plano nacional foram colocadas. Entre secretários, houve incômodo. Quando foi divulgado o ofício da Saúde requisitando a entrega imediata das vacinas, o comentário no grupo foi o de que estava em curso uma tentativa de confisco político. O Butantan quer saber quantas doses da vacina ficarão em São Paulo, uma vez que não faria sentido, em sua argumentação, enviar todo o lote para depois retornar parte para o estado. O ministério passou o segundo semestre ignorando a oferta de incorporação da Coronavac ao calendário nacional. O imunizante, feito pela chinesa Sinovac em cooperação com o Butantan, é aposta do governador João Doria (PSDB), rival direto do presidente Jair Bolsonaro.
Depois de idas e vindas, a pasta aceitou o imunizante no programa nacional. Antes previa várias outras vacinas ainda não existentes no país, inclusive a da AstraZeneca/Oxford, que havia encomendado. Na semana passada, o Butantan e o Ministério de Saúde enfim assinaram um contrato prevendo a compra de 46 milhões de doses da Coroanvac para o governo federal, com opção para mais 54 milhões até o fim do ano. Há no estado 6 milhões de vacinas prontas para uso emergencial e outras 4,5 milhões sendo processadas. A rigor, elas são da Saúde, mas há detalhes a considerar. Primeiro, o contrato prevê um plano, e ele não existe. Segundo, o governo federal ainda não pagou por esse primeiro lote de 6 mihões de vacinas. No ano passado, contrato entre o estado de São Paulo e a Sinovac custou US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões) aos cofres paulistas, prevendo 46 milhões de doses e transferência tecnológica. Assim, a área jurídica do governo estadual já se prepara para cenários em que possa ser acionada no Supremo Tribunal Federal, que até aqui tem se posicionado contra Bolsonaro no manejo da pandemia. É uma corrida política contra o tempo, além de sanitária. Com o atraso da vinda de 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca da Índia, Doria toma a dianteira para o início da vacinação.

*”Em meio à crise, Brasil envia maior avião de carga para treino militar nos EUA”* - Em meio ao agravamento da pandemia, com a falta de oxigênio em Manaus, e às vésperas da campanha de vacinação contra a Covid-19, o Brasil perdeu uma das suas parcas estrelas do combate logístico à crise sanitária. Trata-se de um avião de transporte Embraer KC-390 Millennium da FAB (Força Aérea Brasileira), um dos quatro em operação no país. É a aeronave com maior capacidade de carga em serviço, podendo levar até 26 toneladas. O avião chegou na terça (12) a Alexandria, Louisiana (EUA), e ficará até 5 de fevereiro participando de um treinamento militar conjunto com os americanos, chamado Culminating (culminando, em inglês). O modelo, cuja primeira unidade entrou em serviço em setembro de 2019 e a mais recente, em dezembro passado, está sendo usado intensamente em missões de apoio ao longo do ano. Na quarta (13), um deles levou 8 toneladas de equipamentos justamente para Manaus. Em nota à Folha, a Força afirmou que o "deslocamento não afeta o transporte logístico já realizado pela FAB, além de possibilitar o desenvolvimento doutrinário para a utilização segura da aeronave". Segundo a nota, a FAB trabalha 24 horas por dia no apoio logístico da crise. A Força tem nominalmente 20 modelos antigos Lockheed-Martin C-130 Hércules, que levam até 19 toneladas de carga, e 11 C-105 Amazonas, que leva 7 toneladas. A Força elencou ações. Hércules estão sendo usados para levar cilindros de oxigênio para Manaus —só na quinta (14), foram 18 toneladas em dois voos. Eles têm alcance algo maior do que os KC-390 plenamente carregados, mas o avião brasileiro é bem mais rápido (870 km/h ante 600 km/h do modelo americano).
Também na quinta, circulou por meio de um deputado amazonense a informação de que o Brasil poderia pedir ajuda dos EUA, que enviariam mais oxigênio num avião de transporte C-5 Galaxy, um velho gigante que leva até 127 toneladas. A Folha ouviu a mesma argumentação de um coronel, sob reserva. Ela fica menos defensável quando se lembra que o governo federal quer começar a vacinar pessoas pelo Brasil a partir do dia 20, caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprove os dois imunizantes que analisa no domingo (17). Para isso, admite o mesmo coronel, seria ideal ter toda a frota com o melhor equipamento disponível. Cada avião pode contar, isso sem mencionar a questão simbólica das prioridades. A FAB descreveu cada passo da ida do avião aos EUA em seu canal no YouTube. A decisão também ocorreu num momento em que já há questionamentos nas Forças Armadas acerca da presença do general da ativa Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde. Em dezembro, o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, afirmou que não deveria haver militares na política. O exercício militar em si é de enorme valor operacional para a FAB, e faz parte de uma aproximação entre Brasil e Estados Unidos iniciada em 2017, no governo de Michel Temer (MDB). A presença brasileira estava programada desde o ano passado. Diversas coisas saíram desse movimento, como a polêmica presença de oficiais brasileiros no Comando Sul dos EUA.
O Culminating é, como o nome diz, um dos pontos culminantes da associação. O exercício de ataque aerotransportado começou em janeiro, com a presença de 203 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército. Eles estão treinando com alguns dos melhores especialistas na área do mundo. O KC-390 se integrou ao grupo agora para seu primeiro exercício militar conjunto no exterior, não só com a Força Aérea americana, mas também com canadenses e italianos. Segundo a FAB, tais simulações são vitais para a capacitação para a operação segura da aeronave. Questionada, descartou repatriar o avião. O ponto alto será um treinamento em que o KC-390 voará com 9 gigantes Boeing C-17 Globemaster e 6 C-130J, a versão mais moderna do Hércules. Numa noite, o grupo terá de lançar 4.000 paraquedistas em pontos do "território inimigo" simulado em Louisiana. Do ponto de vista de emprego, será um marco para o avião, que entrou em operação pouco antes da pandemia e, nas palavras de um brigadeiro, não parou de cruzar os céus nem um minuto. Até aqui, ao menos. Isso não significa uso exclusivo. O KC-390 seguiu com sua campanha de testes de certificação final, lançando seus primeiros paraquedistas após ser incorporado à FAB em 9 de dezembro passado. Mas isso em território brasileiro.
A Embraer começou a desenvolver o cargueiro multimissão a pedido da FAB em 2008, com investimento de R$ 5 bilhões retornáveis em forma de royalties de exportação ao longo dos anos. O Brasil encomendou 28 unidades por R$ 7,2 bilhões, em 2009. Dois outros países já fizeram pedidos, ambos da Otan (aliança militar ocidental): Portugal (5) e Hungria (2). Se a visita aos EUA visa capacitar os operadores e testar o avião em simulações de combate real, há um componente comercial: ele poderá chamar a atenção dos americanos, donos do maior mercado aeronáutico militar do mundo e que têm no horizonte a substituição de seus Hércules. No mercado internacional, o avião é vendido como C-390, e a versão KC indica que ele tem capacidade de reabastecimento aéreo (C é o código militar para transporte e K, de avião-tanque).

*”Vídeo mostra chegada de oxigênio e desespero de parentes de pacientes de Covid em Manaus”*
*”Com baixo estoque de oxigênio, Manaus tem nova madrugada com mortes em hospitais”*
*”Com crise em Manaus, governo recua e volta a isentar imposto sobre cilindro de oxigênio”*
*”Sem UTI aérea, Ministério da Saúde só vai transferir de Manaus pacientes de Covid em estado menos grave”*

OSCAR VILHENA VIEIRA - *”Vandalismo constitucional”*
*”Amazonas desativou, entre julho e outubro, 85% dos leitos de UTI criados para Covid-19”*
*”Ministério da Saúde confirma caso de reinfecção pela nova variante do coronavírus no AM”*
*”Manaus foi a segunda capital que menos recebeu recurso federal por habitante em 2020”*

*”Com caos em Manaus e sem vacinação no país, Bolsonaro diz que ninguém faria melhor que o seu governo”*
*”Maia diz que vai pedir convocação de comissão do Congresso para discutir colapso do AM”*
*”Doria pede reação do Congresso contra Bolsonaro e fala em genocídio diante das mortes por Covid-19”*
*”Oxigênio hospitalar requer produção delicada”*

*”Oferta de oxigênio venezuelano para Manaus gera crítica de opositores de Maduro”*
AGÊNCIA LUPA - *”Em live no pior dia de Manaus, Bolsonaro mente sobre Covid no Brasil”*
*”Falta de oxigênio matou pacientes também no litoral norte de SP, dizem funcionários de hospital”*
*”Avanço de casos faz governo de SP colocar Marília na fase vermelha e outras sete regiões na laranja”*

*”Governo Bolsonaro alterou notas erradas do Enem 2019 mesmo após abrir Sisu”*
*”Enem será reaplicado no Amazonas em fevereiro, decide Justiça”*
COZINHA BRUTA - *”Manaus e o pirarucu que morre afogado”*

MÔNICA BERGAMO - *”Negativa da Índia de envio de vacinas Oxford deixou Brasil sem prazo para receber o imunizante”*
MÔNICA BERGAMO - *”Hospital Oswaldo Cruz também se aproxima de lotação de leitos, com 91% ocupados”*
MÔNICA BERGAMO - *”Defensoria Pública de SP pede que presidiários e carcereiros tenham prioridade na vacinação contra Covid-19”*
MÔNICA BERGAMO - *”Visitantes do Museu do Futebol se disseram muito seguros com medidas contra a Covid-19”*

MÔNICA BERGAMO - *”Série documental sobre a Transamazônica estreia na TV em fevereiro”*
MÔNICA BERGAMO - *”Turismo deve alcançar marca de 26 mil certificados a prestadores do setor por protocolos de prevenção da Covid-19”*
MÔNICA BERGAMO - *”Entidade lança agenda legislativa para o combate à violência contra a mulher”*

CAPA – Manchete principal: *”Falta de oxigênio coloca em risco a vida de 61 bebês”*

*”Costuras regionais – Baleia e Lira recorrem a governadores em busca de votos na disputa pela Câmara”*
*”PSD de Kassab convida Cláudio Castro para o partido”*

*”Relator do Orçamento privilegia sua própria base”* - O relator do Orçamento de 2020, Domingos Neto (PSD-CE), indicou um valor muito acima da média em "emendas de relator" à cidade de Tauá (CE). O município — cuja prefeita é Patrícia Aguiar, mãe de Domingos Neto, que assumiu o cargo este ano — recebeu R$ 146 milhões no final do ano passado. É a cidade que mais recebeu dinheiro com esse tipo de emenda em 2020. Com 58 mil habitantes, Tauá recebeu R$ 2,5 mil per capita. A média nacional foi de R$ 107 por habitante. Proporcionalmente, foi a sétima cidade mais beneficiada do país. Os dados, do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), foram obtidos com exclusividade pelo GLOBO. Por ter relatado o Orçamento, Domingos Neto teve direito a cerca de R$ 20 bilhões em emendas de relator. Elas foram distribuídas ao longo do ano em diversos acordos políticos entre congressistas, ou liberadas para estados e municípios a pedido dos próprios ministérios. Procurado, o relator disse que a região de Tauá é carente e precisa de recursos.
— Acho que uma missão do político é que seu prestígio deva servir ao seu povo. É missão do representante defender aqueles que você representa. Não vejo nada de ilegítimo nisso. Eu poderia citar vários exemplos de cada um dos deputados federais, seja do Ceará, dos senadores, que com seu prestígio têm fortalecido a sua base — disse ao GLOBO.
Além de Tauá, receberam a verba as cidades de Parintins (AM), que recebeu R$ 125 milhões, Santana (AP), com R$ 123 milhões, Rio de Janeiro (RJ), com R$ 106 milhões, Petrolina (PE), com R$ 86 milhões, e João Pessoa (PB), com R$ 75 milhões. Ao todo, 3,9 mil municípios receberam a verba no primeiro ano em que o relator teve esse poder de indicações aprovado pelo Congresso Nacional. Documentos obtidos pela reportagem mostram que as liberações para Tauá ocorreram nos últimos dias de dezembro, ou seja, só serão usufruídas pelo município agora, durante o mandato da mãe de Domingos Neto. A data das liberações irritou aliados de Arthur Lira (PP-AL), candidato à presidência da Câmara. Lira havia acertado junto a Domingos Neto o pagamento de alguns valores a deputados que se comprometeram a votar nele para presidente da Câmara neste ano. Os pagamentos não foram feitos na íntegra dos valores prometidos, expondo Lira a críticas entre seus apoiadores. Seus aliados mais próximos culpam Domingos Neto e o governo federal pela dificuldade nas liberações e dizem que ele priorizou sua própria base. Nos bastidores, o relator, o governo e os aliados de Arthur Lira tentam se eximir da culpa pelo acordo não cumprido. Domingos Neto diz que o ano foi atípico devido à pandemia e que, por isso, muitas liberações foram concentradas no final do ano. O dinheiro direcionado a Tauá deve ser usado em diversos investimentos, segundo ele. São verbas do Ministério de Desenvolvimento Regional, Saúde, Cidadania e Agricultura.
— Nossa região é a mais pobre do Ceará, que tem demandas nas mais diversas áreas. Da educação, saúde. Nós temos um município com mais de 4 mil quilômetros de área, com escola a 80 km da sede do município. Tem sonhos de 20 anos que estão sendo realizados agora, como a pavimentação de estradas de uma série de distritos.

*”No TCU, Oliveira se declara impedido de relatar processo”*
*”Bolsonaro é alvo de panelaço nas cinco regiões do país”*
*”Impeachment é tema ‘inevitável’ no futuro, diz Maia”*
*”Sem ar, Manaus agoniza”*

*”Falta de oxigênio pode se alastrar pelo país”* - A falta de oxigênio nos hospitais em Manaus com a escalada de casos de coronavírus é um alerta para o restante do país, na avaliação de especialistas. Para eles, há risco de novas falhas no abastecimento, em especial na Região Norte. O drama registrado na capital do Amazonas reflete a combinação da falta de uma ação planejada com a indústria — que agora se desdobra para elevar rapidamente a produção — e uma complexa estrutura de escoamento, que pode levar dias para entregar um produto que precisa ser reposto em caráter imediato. Industriais da região afirmam que as doações se avolumam, mas o oxigênio não chega a tempo. Na primeira onda de Covid-19, no ano passado, o consumo de oxigênio era de 30 mil metros cúbicos em Manaus, patamar muito acima do registrado antes da pandemia. Agora, segundo a White Martins, empresa que tem a maior fatia do mercado, a demanda já chegou a 70 mil metros cúbicos diários, quase três vezes a capacidade de produção da empresa na cidade. A White Martins produz 25 mil metros cúbicos diários e está ampliando esse patamar para 28 mil metros cúbicos, além de deslocar oxigênio de outras sete fábricas do país. A empresa recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para reduzir temporariamente o percentual de pureza do oxigênio de 99% para 95%, o que facilitaria o aumento da produção.
Transporte e tanques
Há uma multiplicação de gargalos para fazer chegar o oxigênio de outros estados. Ele pode ser transportado nas formas líquida ou gasosa, por barco ou avião. O transporte, a pouca oferta de tanques de armazenamento para o produto na forma líquida e o impacto da crise econômica, que reduziu a produção em cerca de 30% no ano passado, segundo a consultoria R S Santos, são alguns dos entraves. O oxigênio pode ser usado tanto para a indústria quanto na medicina. Segundo o consultor Ronaldo S Santos, diante da redução no ano passado, não haveria um problema de capacidade para elevar a produção de oxigênio para os hospitais. Mas pondera que a falta de planejamento público explica o quadro atual:
— Deveria ter sido pedido um plano de ação das empresas para fornecimento ao longo do ano passado.
Para o professor de Gestão de Cadeia de Suprimentos do Insper Vinícius Picanço, o que está acontecendo em Manaus, com a nova cepa, pode se repetir em outras localidades com limitações na infraestrutura de transportes, em parte do Nordeste e no interior, o que evidencia a importância do planejamento.
— Não dá para dizer que era imprevisível a escassez. Por mais que a demanda tenha um comportamento exponencial, existem modelos matemáticos para isso. A questão envolve logística e previsão de estoque — disse. — Houve teve tempo na pandemia de posicionar os estoques adequadamente, de armazenar insumos em regiões estratégicas.
Segundo Jorge Nascimento, presidente da Eletros, associação de produtos eletroeletrônicos, desde a semana passada, as grandes indústrias do estado doaram seus estoques de oxigênio para ser convertido em oxigênio medicinal, usado na rede pública de saúde, mas não foi suficiente. Ao menos 20 grandes fabricantes com operações na Zona Franca de Manaus, se dispuseram a ajudar, segundo ele. Mas, para isso, é preciso que os cilindros voltem para a usina de oxigênio. O produto usado na área hospitalar requer percentual maior de pureza. A partir daí, foi necessário buscar fora do estado. Segundo Nascimento, o grupo de Convergência Empresarial da Amazônia, que reúne empresários do estado, tem reunido doações:
— Demora para chegar. Uma encomenda que saiu de uma fábrica de aço do Maranhão vai demorar no mínimo cinco dias para chegar porque tem de fazer parte do trajeto de barco. A Força Aérea Brasileira (FAB) tem operado voos a partir de Guarulhos, mas há limitação de quantidade do produto para transporte por via aérea porque é carga perigosa, nem toda aeronave está adaptada — afirmou.
Santos destaca outros problemas que vão além da demora no transporte, a falta de tanques para transportar o produto no estado líquido:
— Não temos grande produção, as empresas importam da Índia e da China. E a maior parte dos hospitais recebe esse oxigênio líquido em tanques, já que os cilindros têm volume menor. Muitas empresas têm realocado os tanques da indústria, mas não é rápido.
Para os especialistas, pode haver falha na oferta de oxigênio em outras partes do país a depender do aumento de casos, mas o tempo de reação seria menor do que em Manaus. Segundo Jorge Mathuiy, diretor comercial da MAT, maior produtora de cilindros do Brasil, a maior preocupação é com outros estados da Região Norte, onde não há produção local de oxigênio. Ele já se prepara para demanda maior:
— Estamos aumentando a produção de 22 mil cilindros por mês para 25 mil com um novo turno. Estamos preparados para o aumento da demanda.
A White Martins tenta importar oxigênio da Venezuela. Em nota, explica que colocou à disposição o envio de 32 tanques criogênicos que estão em São Paulo aguardando para serem transportados para Manaus. Além disso, seguem rumo ao estado 23 carretas criogênicas (caminhões com megatanques na forma líquida). A Fiam, federação das indústrias do estado, diz que o cenário é de caos e que o governo do estado fala em licitar 11 minifábricas de oxigênio para hospitais, segundo Antônio Silva, presidente da entidade. Grandes empresas do setor financeiro, consumo e aéreo estão doando equipamentos e cilindros, a maior dificuldade, porém, é fazer a ajuda chegar.

*”Mundo chega a dois milhões de mortos pelo coronavírus”*
*”Atraso indiano faz governo pedir entrega emergencial da Coronavac”*
*”O alto risco se espalha – Covid-19 se agrava em mais dez regiões da capital”*

*”Do escritório para sua casa – Pandemia movimenta leilões e sites de usados”* - A pandemia aqueceu a venda de móveis de segunda mão. Isso é resultado de, por um lado, empresas migrando para o home office ou fechando devido à crise causada pela pandemia, do outro, pessoas buscando um ambiente mais adequado para trabalhar em casa. Esse movimento é comprovado pelo salto, de 2019 para 2020, de leilões e anúncios em sites de vendas de itens usados. Na Sold Leilões, por exemplo, a quantidade de empresas que fecharam ou reduziram e botaram os móveis à venda dobrou no período. Ana Matheus, gerente comercial, explica que este crescimento engloba todo tipo de negócio, mas ressalta que só a busca por produtos de escritórios cresceu em torno de 300%.
— Sempre tivemos procura de escritórios querendo aumentar ou renovar a mobília. Agora, é para diminuir. O crescimento veio principalmente das empresas que adotaram 100% o home office. As peças mais ofertadas e procuradas em 2020 foram cadeiras, mesas, telefones, computadores e gaveteiros. Os valores variam muito, mas podem chegar a até 50% menos que um novo — conta Ana.
Segundo o leiloeiro Franklin Levy, há 20 anos no ramo, aumentaram os acessos ao site, e a margem de lucro cresceu em média 20% em relação a antes da pandemia:
— Também recebi diversos donos de restaurantes que fecharam seus negócios e decidiram leiloar os itens.
Notebook e sofá
Já na OLX, site especializado no comércio de itens usados, o número de usuários ativos cresceu 18% de 2019 para 2020, quase o dobro dos usuais 10% por ano. A procura por itens aumentou 11% no período. Segundo Lucas Vargas, diretor-geral da OLX, não há como precisar a origem das ofertas. Mas, segundo ele, em 2020 houve uma grande procura por produtos típicos de trabalho. Os itens de escritório mais anunciados, procurados e vendidos no site no ano passado foram notebooks, computadores e monitores, impressoras, teclados, mouse e roteadores, entre outros.
— Em toda a plataforma, o item mais buscado foi o notebook, quase 50% a mais em comparação com 2019. O segundo item, curiosamente, foi o sofá, que teve aumento de busca em 40% — diz Vargas.
O consultor de TI Fábio Martins, de 45 anos, renovou seu home office com móveis vindos de dois escritórios contábeis, na Zona Oeste do Rio, comprados na OLX. Ele já estava mobiliando a casa com itens seminovos, como sofá, geladeira e máquina de lavar, desde fevereiro. Quando veio a pandemia e viu que o home office seria longo, decidiu investir em mesas e cadeira ergonômica:
— Comprei por R$ 300 uma cadeira que custaria mais de R$ 1 mil, além de duas mesas, por R$ 100 cada, que custariam pelo menos R$ 500 cada. Se eu comprasse todas as peças novas para montar o home office, gastaria pelo menos uns R$ 3 mil — conta Martins, que calcula ter economizado cerca de 70% com a compra de itens seminovos.
Preços mais em conta para itens de boa qualidade são o principal atrativo de leilões e sites de usados. Em leilões, as empresas costumam vender várias peças ao mesmo tempo, que são catalogadas em lotes. Ana explica que os compradores, geralmente, são pessoas físicas, mas hoje há quem aproveite as ofertas para montar escritórios pequenos. Nesse processo, o comprador é que fica encarregado de buscar o produto. Isso pesou quando a empresa de tecnologia green4T desativou um escritório no Brooklin, na capital paulista, onde trabalhavam 160 funcionários, e vendeu um lote com mais de 200 itens pela Sold.
— Disponibilizamos computadores e cadeiras para os funcionários e vendemos mesas, gaveteiros, projetores, sofás, pufes, entre outros. O leilão acaba agilizando esse processo de venda porque não tem a preocupação com o processo logístico — diz Roberta Cipoloni, diretora de Marketing e Sustentabilidade da green4T.
Móveis com história
Mas a procura não se restringe a itens de escritório. Há quem busque achados ou móveis que guardam histórias. É o caso de Laura Machado, de 65 anos. Ela arrematou um móvel do leilão de peças do restaurante O Navegador, tradicional no Centro do Rio, que fechou as portas na pandemia. O cocho de madeira usado pela chef Teresa Corção para acomodar frutas e legumes da agricultura familiar agora está no sítio de Laura no Vale das Videiras, em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Ela explica que o interesse pela peça veio da formação como psicóloga especialista em gerontologia e da valorização dos produtores rurais:
— Quando soube que o Navegador ia acabar me deu uma tristeza enorme. Meu tataravô fundou o Clube Naval, e o espaço fez parte do meu imaginário a vida inteira. Ter essa relíquia é uma forma de eternizar a história do Navegador e também os saberes dos produtores rurais. Agora vou construir um espaço no sítio para que a peça ganhe uma visibilidade à altura.
O negócio foi bom também para a chef e dona do Navegador. Teresa conseguiu arrecadar R$ 150 mil no leilão, o que permitiu quitar um quarto das dívidas do restaurante:
— Se para alguns foi um momento em que não havia luz no fim do túnel, ao mesmo tempo houve empresários e chefs mais jovens que estavam abrindo novos restaurantes. Fiquei feliz em saber que essas peças foram para outras pessoas. É muito legal saber que esses móveis viraram uma coisa viva para outras pessoas.

*”INSS: antecipação do 13º vira dívida se aposentado morrer”*
*”Alertado sobre risco de processo, Bolsonaro mantém Brandão no BB”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Sem vacina da Índia, Planalto acelera busca por Coronavac”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Displicência mortal”*: Não foram poucas as vozes que no fim do ano passado alertaram para a iminência de uma explosão de contaminação e mortes por covid19 no País nas primeiras semanas de 2021. É exatamente o que se vê agora. Não foi presságio e tampouco mau agouro dos especialistas em saúde pública. Foi apenas a antevisão de uma consequência lógica da irresponsabilidade com que muitos governantes e cidadãos se portaram diante da ameaça de contágio pelo novo coronavírus durante os festejos e férias de fim de ano. Agora, a incúria, o egoísmo e o desmazelo de tantos que puseram a fruição individual acima do interesse coletivo apresentam uma pesada conta. Na quinta-feira passada, o País registrou recorde na média móvel de casos diários de covid-19. De acordo com a apuração do consórcio de veículos de imprensa, foram 56.453 casos em 24 horas. A Nação pranteou a morte de cerca de 1,2 mil brasileiros por dia. Alguns hospitais particulares da capital paulista já não têm vagas em UTI para atender pacientes acometidos pela covid19. Na capital fluminense também não há mais leitos de terapia intensiva exclusivos para o tratamento da doença.
Em nenhum município, no entanto, a situação é tão dramática como em Manaus. Chegou-se ao ponto em que médicos e enfermeiros não têm outra coisa a fazer a não ser administrar morfina em pacientes graves que agonizam nos leitos pela falta de oxigênio. A sensação de impotência levou ao desespero muitos desses profissionais. Por meio das redes sociais, eles publicaram pungentes pedidos de ajuda enquanto viam seus pacientes, um após o outro, morrerem afogados no seco. Só ontem começaram a chegar cilindros de oxigênio a Manaus vindos do Rio e de São Paulo em aviões da FAB. O colapso do sistema de saúde em Manaus é o retrato cruel de como a negligência e o negacionismo do poder público, aliados à irresponsabilidade dos cidadãos que fazem pouco-caso das medidas protetivas contra o vírus, são mortais quando se está diante de uma crise sanitária da magnitude da pandemia de covid-19. Não se chega a um estágio desses sem uma longa esteira de erros e omissões. Fiel à sua índole, o presidente Jair Bolsonaro foi rápido ao fazer circular a informação de que o governo federal repassou R$ 8,91 bilhões ao Estado do Amazonas e R$ 2,36 bilhões à cidade de Manaus, sugerindo que nada tem a ver com o desastre havido na capital amazonense. “Fizemos a nossa parte”, disse o presidente ao grupo de apoiadores que batem ponto na entrada do Palácio da Alvorada.
Em primeiro lugar, repasses da União aos Estados e municípios decorrem das leis e da Constituição, não da boa vontade do presidente da República. Bolsonaro não fez nada além de sua obrigação ao repassar os recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), além dos recursos extraordinários aprovados pelo Congresso para dar conta do enfrentamento da pandemia. Segundo, em nenhum momento desta emergência sanitária o resultado trágico em Manaus ou em qualquer outro município decorreu da falta de dinheiro. Faltou ao governo federal compromisso com os fatos, com a ciência, com a vida. Faltou a coordenação, no âmbito federal, dos esforços nacionais para debelar a peste. Sobre o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), também recai uma boa parcela da responsabilidade pelo colapso da saúde pública em Manaus por ter cedido à pressão de empresários e autorizado a flexibilização das atividades comerciais no Estado, contrariando as recomendações das autoridades sanitárias. “Eu preciso ouvir a voz das ruas”, justificou o governador. Por esta sua “insurgência” contra a “ditadura do lockdown”, Lima foi bastante festejado por apoiadores do presidente Bolsonaro. Manaus foi uma das cidades que sucumbiram ao falso dilema entre a “liberdade” individual e o “arbítrio” das medidas de contenção ao novo coronavírus. Como a natureza é implacável, o resultado não haveria de ser outro: o aumento do número de mortes por um dos meios mais cruéis, a asfixia. As três esferas de governo agora se mobilizam para socorrer os manauaras. Para muitos, entretanto, a ajuda chega tarde demais. Até onde irá o desgoverno?

*”Placar indica potencial de infidelidade na Câmara”*
*”Bloco de Lira tem mais confirmação de apoio partidário”*

*”Bolsonaristas farão ato pró-Lira”* - Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizam caravanas em direção a Brasília em apoio à candidatura de Arthur Lira (Progressistas-al) para a presidência da Câmara. Na visão dos organizadores, o líder do Centrão é o único nome na disputa que pode levar adiante a adoção do voto impresso para a eleição presidencial de 2022. O modelo de votação é bandeira de Bolsonaro, que, sem apresentar evidências, tem colocado em xeque a lisura do sistema eleitoral brasileiro. “O dia mais importante para o Brasil”, “Vamos exigir Arthur Lira presidente da Câmara” e “Voto impresso já” são alguns dos dizeres dos cartazes usados para divulgar as excursões para o dia da manifestação, marcada para 1.º de fevereiro. O movimento Deus Pátria Família é um dos organizadores do ato. “Nosso intuito é super-democrático. É para termos mais seriedade no nosso sistema de eleição”, afirmou o empresário Marlan Gustavo, um dos coordenadores. Os manifestantes acreditam que Lira poderá dar encaminhamento a uma proposta da deputada Bia Kicis (PSL-DF) sobre o tema que tramita na Casa. O parlamentar já sinalizou que, uma vez eleito, pautará o texto.
Segundo Gustavo, entre 25 e 30 caravanas, com até 56 pessoas cada uma, já estão confirmadas, com saídas agendadas de diversas cidades do País para a manifestação que dever ocorrer na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso. Ele pretende levar carros de som e cartazes sobre o voto impresso para exibir no ato. “A gente entende que, se um candidato não estiver aliançado com esse pensamento, ele não será pautado. E, se não for em 2021, em 2022 não tem validade”, disse Gustavo, se referindo à regra da anualidade – qualquer mudança no sistema eleitoral só é válida se aprovada até um ano antes da votação. Lira, candidato de Bolsonaro, defendeu, no fim do ano passado, a possibilidade de “testar” o voto impresso nas eleições. O deputado afirmou que o modelo poderia servir para acabar com “versões” que questionam a segurança das urnas eletrônicas. “Eu não acredito em fraude no processo eleitoral, mas quem não tem fraude não se nega a provar que o processo é lícito”, disse Lira à rádio CBN. “Eu não devo nada a ninguém com relação ao processo eleitoral. Confio no processo eleitoral e, por ser um processo confiável, não vejo por que não acabar com o que tem de pior na política, que são as versões.” Deputados da base de apoio de Bolsonaro devem participar da manifestação, mas apontam outros motivos além da defesa do voto impresso. “Essa manifestação é meio que contra o Rodrigo Maia (atual presidente da Câmara), é um ‘tchau, querido’”, afirmou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela disse que vai participar do ato “com certeza”.

*”Maia vê como ‘inevitável’ debate sobre impeachment”* - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem que o afastamento do presidente Jair Bolsonaro do cargo, “de forma inevitável, será debatido (pelo Congresso) no futuro”. A declaração de Maia foi dada ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do seu candidato à sucessão da Casa, Baleia Rossi (MDB-SP), no Palácio dos Bandeirantes. Doria também subiu o tom contra o presidente no momento em que Bolsonaro sofre críticas pela condução da pandemia do novo coronavírus, em especial, sobre a situação em Manaus, onde se esgotou o oxigênio usado para o tratamento de pacientes graves da covid-19. Ao comentar o drama no Amazonas, e sem falar a palavra “impeachment”, o governador paulista cobrou uma “reação” do Congresso ao governo Bolsonaro – a quem chamou de “facínora”. Pela primeira vez, Doria defendeu uma ação para retirar o presidente e chegou a convocar a população para fazer panelaços contra ele. “Se não fizermos isso, em dois anos o Brasil estará destruído pela incompetência (de Bolsonaro).” As afirmações geraram reação contundente do presidente. Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band, Bolsonaro atacou o governador de São Paulo, chamando-o de “moleque”, e disse que o tucano se aliou a Maia para tirá-lo do cargo. “Eles querem essa cadeira (de presidente) para roubar, para fazer o que sempre fizeram. Estamos dois anos sem corrupção, isso incomoda Maia e Doria (mais informações nesta página).”
Almoço. Doria, Maia e Baleia Rossi concederam uma entrevista coletiva após um almoço em apoio à candidatura do deputado emedebista para a presidência da Câmara. O encontro na sede do governo paulista contou com a participação de 20 deputados, de partidos como PSDB, MDB, DEM, Cidadania, PV, Podemos, Novo e PSL. Baleia tem apoio declarado de 11 partidos do Legislativo. Ele foi mais comedido na fala. Afirmou que a avaliação de pedidos de impeachment é atribuição da Câmara e que os pedidos já existentes e que venham a ser apresentados serão apreciados “de acordo com a Constituição”. Baleia voltou a defender que sua candidatura à presidência da Câmara não é uma candidatura de “oposição ao governo, mas de independência da Câmara”. “Uma candidatura não pode ter como bandeira o impedimento do presidente”, disse o emedebista. Doria, porém, falou em reação. “Será que o Brasil que já se mobilizou nas ruas pela mudança, pelas Diretas-já, por movimentos cívicos importantes, de ordem popular, vai ficar quieto e não vai reagir?” Ao ser questionado se a “reação” significaria aceitar um processo de impedimento contra o presidente, Doria respondeu que o movimento deveria ser de todos. “Reaja, Brasil, reaja o Congresso Nacional. Cumpram o seu papel, sim, a Câmara e o Senado. Aquele que lhe cabe. E cada parlamentar sabe seu papel, a força que lhe cabe e a sua representatividade. Reajam governadores, prefeitos, dirigentes sindicais e formadores de opinião. Ampliem a reação da imprensa, um dos poucos segmentos do País que têm se mantido na firmeza de contrapor-se a um facínora que comanda o País. Reajam os que podem reagir”, declarou. Embora tenha considerado inevitável a análise de um eventual afastamento do presidente, Maia disse que o assunto mais urgente é discutir a situação do País no combate à pandemia do novo coronavírus.

*”Doria mantém benefícios fiscais a alimentos, insumos e remédios”*
*”Twitter marca ‘enganoso’ em post de Bolsonaro”*

*”MP vai propor regras para fiscalizar polícias”* - O Conselho Nacional do Ministério Público deve propor até maio novas regras para fiscalizar e exercer o controle externo da atividade policial no Brasil. Um grupo de trabalho composto por membros de promotorias das cinco regiões do País, além de promotores públicos militares e federais, irá estabelecer novas regras para o cumprimento do trecho da Constituição que atribui às promotorias a função de acompanhamento das polícias Civil e Militar.
Um dos pontos se refere à investigação de casos de letalidade policial e dos casos em que policiais são assassinados em confrontos. As discussões ocorrem em meio a movimentos no Congresso para aumentar a independência das polícias militares, o que reduz o poder dos governos estaduais, e elevar os status das corporações ante as Forças Armadas. O promotor público encarregado de coordenar o grupo de trabalho, Antonio Suxberger, do Distrito Federal, disse que mudanças como as que foram reveladas pelo Estadão nesta semana não podem ser feitas de forma simples por uma lei ordinária, uma vez que são regras definidas pela Constituição e por legislações estaduais. Ele lembra que o controle externo das polícias é atividade do MP prevista na Constituição. “Instituição autônoma e armada é algo inviável dentro de um projeto democrático do mundo ocidental.” O grupo de trabalho encarregado de redigir as novas regras foi constituído no fim do ano passado, após a edição do pacote anticrime do governo Bolsonaro.
Padrão. Uma das ideias é padronizar procedimentos das visitas e produzir informações que possam dar mais visibilidade aos temas da área, em especial a letalidade e a vitimização policial. “Estamos falando de dificuldade jurídica em se definir de quem é a competência para apuração.”

*”Mortes por covid chegam a 2 milhões e OMS atribui aceleração a relaxamento”*
*”Trump vetou dados sobre covid à equipe de Biden”*
*”Biden quer 100 mil novos trabalhadores para vacinação”*

*”Alemanha já tem índice de mortes maior que os EUA”* - Antes exemplo de resposta à pandemia da covid-19, a Alemanha agora enfrenta um aumento inédito da taxa de mortalidade pela doença e o governo já planeja aumentar as medidas de restrição em todo o país, que incluiria até a obrigatoriedade do uso de máscaras profissionais por toda a população e a interrupção do transporte público. Desde o início da pandemia, a taxa de mortes per capita na Alemanha era menor do que a dos Estados Unidos. No entanto, a partir de meados de dezembro, isso começou a mudar. Nesse período, diariamente, cerca de 15 a cada 1 milhão de alemães morreram por causa do novo coronavírus. Nos EUA, essa proporção é de 13 a cada 1 milhão.
A chanceler alemã, Angela Merkel, quer implementar uma “megaquarentena”, segundo o jornal Bild, fechando todo o território. Autoridades de saúde temem que o país tenha uma explosão de casos e mortes até a Páscoa por causa das duas novas cepas da covid-19, detectadas no Reino Unido e na África do Sul – ambas 70% mais transmissíveis. Segundo o jornal, entre as novas medidas avaliadas por Merkel estão a interrupção do serviço de transporte público para curta e longa distâncias, a reintrodução dos controles fronteiriços, a imposição generalizada do uso de máscaras FPP2, as mesmas utilizadas por profissionais de saúde, e a imposição do trabalho remoto. O bloqueio atual no país, sob o qual escolas e lojas e serviços não essenciais foram fechados, deveria durar até o dia 31. No entanto, a chanceler vem dizendo que o país precisaria de mais oito a dez semanas para conter a pandemia. Nas últimas 24 horas foram registrados 25.164 novos casos e 1.244 mortes no país. No total, são mais de 45 mil óbitos e pouco mais de 2 milhões de infecções. O governo ainda considera que haja subnotificação por causa de mortes ainda não reportadas oficialmente que ocorreram durante os feriados do fim do ano. Em novembro, com o avanço da segunda onda da pandemia, a Alemanha implementou uma quarentena parcial, permitindo que lojas e escolas ficassem abertas. Tudo foi fechado no mês seguinte. Em janeiro, o governo estendeu a quarentena até o fim deste mês.
Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, a agência do governo responsável pelo controle e prevenção de doenças, disse que a segunda série de restrições não foi implementada de forma tão sólida como durante a primeira onda de contaminações. O instituto tem defendido a ampliação do confinamento em todo o país, alegando que as medidas atuais têm “muitas exceções”. Hospitais em 10 dos 16 Estados alemães estão com 85% dos leitos ocupados por pacientes com covid-19, informou Wieler. O país tem registrado uma média de 540 novas internações de pacientes com covid-19 ao dia – 31% deles tem morrido, de acordo com dados oficiais. Com as mortes, aumentou muito a demanda nos crematórios. Em Meissen, cidade do leste do país, há uma fila pelo serviço. “Atualmente, recebemos 400 (caixões) em uma semana para cremação”, o dobro do número usual, disse Jörg Schaldac, diretor do crematório local. Desde de 26 de dezembro, quando começou a vacinação, quase 900 mil pessoas foram imunizadas – o país tem por volta de 82 milhões de habitantes. Haverá uma reunião entre os líderes regionais no dia 25 para discutir novas restrições.

*”Partido de Angela Merkel escolherá novo líder hoje”*
*”Após perder maioria, premiê tenta evitar renúncia na Itália”*

*”Amazônia sabia desde novembro que oxigênio de hospitais era insuficiente”* - Pelo menos desde o dia 23 de novembro, a Secretaria de Saúde do Amazonas sabia que a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda provocada pela pandemia de covid-19. A informação consta de projeto básico, que foi elaborado pela própria pasta, para a última compra extra do insumo, realizada no fim do ano passado. Nesta semana, o estoque de oxigênio chegou a acabar nos hospitais de Manaus e pacientes morreram asfixiados, segundo o relato de médicos. O contrato original para aquisição de gases medicinais do sistema de saúde é de 2016 e foi assinado com a White Martins, a principal fornecedora no Amazonas, com valor mensal informado de R$ 1,3 milhão. Inicialmente, o acordo previa o atendimento de até dois mil pacientes respiratórios.
Em 2018, ainda antes da pandemia, a secretaria chegou a assinar dois aditivos que, juntos, representavam acréscimo de 3,1% do valor. Como o teto permitido é de até 25% (acumulado) em cada contrato, o Estado ainda tinha uma margem de 21,9% para adquirir insumos em 2020, sem a necessidade de abrir um novo processo de contratação. Toda essa cota, no entanto, foi usada na última compra extra em novembro. Na ocasião, a pasta ainda informa a inclusão “com urgência” do Hospital Geraldo da Rocha, em Manaus, na lista de unidades atendidas. O projeto para o aditivo é de 23 de novembro. No documento, a secretaria também admite que os casos do novo coronavírus já estavam em alta na época e que o volume de oxigênio contratado não seria suficiente para dar conta da demanda. “No Estado do Amazonas os casos de covid-19, no mês de setembro, vêm apresentando alta crescente de casos confirmados”, diz o documento. “O percentual de 21,9152% disponível para aumento não atende as necessidades desta Secretaria, a alta crescente nos números de casos confirmados da covid-19 e o pronunciamento até a presente data da Diretora da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) quanto a uma possível 2ª onda da pandemia.”
Segundo o Portal da Transparência do Amazonas, os itens do aditivo incluíam um total de 307 mil m³ de oxigênio líquido e 6,1 mil m³ , na forma de gás, que são usados para pacientes internados por coronavírus. Também foram comprados outros gases hospitalares para procedimentos médicos diversos. Ao Estadão anteontem, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse que o consumo de oxigênio no Amazonas saltou de 14 mil para 30 mil m³ por dia durante o 1º pico da doença, ainda em 2020. Se o índice for considerado como referência, o volume extra contratado daria para abastecer o Estado por menos de duas semanas. Nesta semana, o consumo estaria ainda maior: 76,5 mil m³ por dia e “com indicação de demanda crescente”. Nesse cenário, o insumo contratado só duraria quatro dias. No projeto, a secretaria ainda registrou que o Departamento de Logística foi favorável a fazer uma compra maior e extrapolar o aditivo para 46,9% – e não mais de 25%. O pedido, entretanto, foi negado em despacho da Secretaria de Gestão Administrativa do Amazonas, segundo o documento.
Desabastecimento. O Estadão submeteu o documento à Secretaria de Saúde do Amazonas e questionou quais as medidas tomadas para evitar o desabastecimento e se houve tentativa de novas compras emergenciais ou buscas por novos fornecedores no período. Na nota, a pasta não responde às perguntas e diz que “sempre contratou todo o insumo que a White Martins foi capaz de produzir”. A secretaria afirma, ainda, que “sempre trabalhou” com previsão de maior demanda por oxigênio nesse período por causa da pandemia e da sazonalidade de outras síndromes gripais. Também diz que, até o último dia 7, “desconhecia” que “a capacidade máxima produtiva na planta de Manaus da White Martins era de certa de 25 mil m³ por dia” e que a empresa “teria dificuldade em seguir atendendo à demanda crescente”. O governo ainda diz que, desde que foi comunicado pela empresa sobre dificuldades com a demanda, iniciou mobilização, com o apoio das Forças Armadas, no transporte de oxigênio de plantas dawhite Martins em outros Estados para Manaus, além de requisitar toda a produção “de outras duas empresas que produzem na capital, mas que são de menor porte”. Ainda conforme a nota, em ofício enviado ao Comitê de Crise do governo, no último dia 9, a White Martins diz que sua planta operava no limite e classificou o momento como “sem precedentes”. Procurada ontem pelo Estadão, a empresa não respondeu até as 21h20. O governo também disse ter iniciado “prospecção para contratação de mini usinas para os hospitais de Manaus, medida que foi assumida pelo Ministério da Saúde”. A reportagem não conseguiu contato por telefone com o secretário da Saúde para perguntar sobre o contrato de compra de oxigênio.

*”Falta do material pode afetar todo o país, diz secretario”* - O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, afirmou que a entrega de oxigênio a Manaus pode se normalizar hoje, após a articulação de uma operação de guerra para conseguir obter os cilindros. Ainda assim, disse ele, a capital amazonense terá dias duros até o fim deste mês, com “muita pressão” sobre a rede de saúde. Campêlo afirmou ter alertado outros Estados sobre o risco de uma crise nacional de falta do gás, essencial para o tratamento de casos mais graves de covid-19. "Acredito que com esse impacto agora haja um pouco mais de colaboração da população. Mas acho que ainda ficaremos pelo menos até o fim do mês, lá pelo dia 25 de janeiro, com muita pressão na rede em função desse novo pico", disse o secretário ao Estadão. Segundo Campêlo, a nova variante do coronavírus que circula em Manaus causou um "aumento súbito de internações" pela doença. "Pacientes chegam precisando muito de oxigênio. Pode haver crise em outras regiões do País, em regiões também isoladas. Se agravar no País todo junto, pode haver uma crise nacional. Os governantes precisam incentivar cuidados sanitários", acrescentou.

*”Governo recua sobre imposto maior de cilindro”*
*”Após mortes, começam transferências”*
*”Nova variante do vírus tem maior potencial de transmissão”*

*”É preciso admitir que ‘perdeu o controle’, diz OMS”* - O colapso do sistema de saúde de Manaus e a morte de pessoas por asfixia pela falta de oxigênio foram mencionados ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um chamado para que países não descuidem da prevenção à covid-19. “O que está acontecendo em Manaus é um alerta a muitos países. Não deixem que uma falsa sensação de segurança baixe a guarda de vocês. Se vocês construíram uma infraestrutura, com leitos de UTI, oxigênio, não desativem, a pandemia não acabou ainda”, afirmou a diretora-geral assistente da OMS, Mariangela Simão. O diretor executivo da entidade, Mike Ryan, disse que a situação na cidade se deteriorou significativamente e que todo o sistema parece estar implodindo. Ele ressaltou que essa não é uma condição somente de Manaus, mas também de outros Estados, como Amapá e Rondônia. E apontou que a maior parcela de responsabilidade ainda é do relaxamento da população. Nós precisamos ser capazes de aceitar, como indivíduos, como comunidades e governos, nossa parte da responsabilidade para o vírus sair do controle”, enfatizou.

*”Rede de ajuda une anônimos e personalidades”*
*”Sem vacina da Índia, Brasil mira Coronavac”*

*”Bolsonaro não deve mais barrar a Huawei no leilão 5G do Brasil”* - Sob pressão, o governo Jair Bolsonaro não deve barrar a Huawei do leilão do 5G do Brasil. Segundo fontes do Palácio do Planalto e do setor de telecomunicações, o banimento da empresa chinesa provocaria um custo bilionário com a troca dos equipamentos, e ficou ainda mais improvável com a saída do aliado Donald Trump da Casa Branca neste mês. Um auxiliar do presidente disse que o discurso ideológico contra a empresa chinesa deve ser frustrado na prática. Assim como foi no caso da vacina Coronavac, feita pela chinesa Sinovac, com o Butantã, ligado ao governo de São Paulo, chefiado por João Doria, principal adversário político do presidente. Depois de idas e vindas, o Ministério da Saúde incluiu o imunizante no programa nacional.
A tecnologia 5G é a quinta geração das redes de comunicação móveis. Ela promete velocidades até 20 vezes superiores ao 4G e permite consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. O leilão está previsto para o fim do 1.º semestre, e o edital deve ser aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em fevereiro. Apenas empresas de telecomunicações poderão adquirir as frequências – como se fossem rodovias no ar em que o sinal será transmitido. A infraestrutura, no entanto, é fornecida primordialmente pela Huawei, pela sueca Ericsson e pela finlandesa Nokia. Só um decreto presidencial poderia banir qualquer empresa. A Huawei tem sido o principal alvo da diplomacia americana, que defende o banimento mundial da companhia sob a alegação de que atua como um braço de espionagem do Partido Comunista chinês. Essa visão encontra respaldo da ala ideológica do governo. A Huawei, no entanto, nega as acusações, diz que atua há mais de 20 anos no Brasil e reafirma que nunca registrou nenhum problema de violação de dados nos países em que atua.
Regras. Todas as empresas que comprovarem requisitos de respeito à soberania e privacidade dos dados poderão oferecer equipamentos para a tecnologia 5G no Brasil, disse o vice-presidente Hamilton Mourão em entrevista exclusiva ao Estadão. Ele disse já ter sido mal interpretado pelo próprio presidente ao falar sobre o 5G – no mês passado, chegou a ser desautorizado por Bolsonaro e pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. “Vamos lembrar que uma coisa é o leilão de frequências, outra coisa é a infraestrutura. Ela tem de ter três vetores claros. Um, é o respeito à nossa soberania. Ou seja, os dados que transitam por ali têm de permanecer ali. Vamos parodiar aquela velha frase de quem vai a Las Vegas: ‘What happens in Vegas, stays in Vegas’ (O que se faz em Las Vegas fica em Las Vegas). Número dois, a privacidade dos nossos dados. E o número três é a economicidade. Então, esses três vetores, se a empresa X ou a empresa Y quer participar da infraestrutura, ela tem se comprovar com transparência, com accountability (prestação de contas), que está aderindo a esses três vetores.”
Questionado diretamente se todas as empresas terão direito a participar da tecnologia nas mesmas condições, ele respondeu: “Desde que comprove efetivamente que vai preservar nossa soberania e privacidade de dados dos usuários”. Procurado para comentar as declarações de Mourão, o ministro-conselheiro Qu Yuhui, da Embaixada da China no Brasil, disse que as empresas chinesas já comprovaram confiabilidade, segurança e competitividade. “Não existe nenhum problema para as empresas chinesas cumprirem os critérios”, disse ele, ao Estadão/broadcast. Em nota, a Huawei reafirmou o compromisso com o cumprimento das leis brasileiras e o respeito à soberania do País. “Estamos confiantes de que a decisão brasileira será tomada com base em critérios técnicos e não discriminatórios, beneficiando o mercado livre e contribuindo para uma rápida transformação digital do Brasil, acessível a todos os brasileiros.”, disse ao Estadão/broadcast o diretor global de cibersegurança da empresa, Marcelo Motta.

*”Venda no varejo recua 0,1% em novembro”*
*”Guedes age para manter Brandão à frente do BB”*

Nenhum comentário:

Postar um comentário