sábado, 23 de janeiro de 2021

Análise de Mídia - 23/01/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: A Folha de S. Paulo emplaca na sua capa a queda de popularidade de Jair Bolsonaro como um acontecimento. No entanto, os números ainda não mostram um presidente tão fragilizado. A vitória de Arthur Lira para a presidência da Câmara pode significar uma forte blindagem e ainda o andamento de uma pauta extremamente conservadora no Congresso Nacional. A própria Folha mostra que a maioria da população ainda rejeita o processo de impeachment. A manchete diz que a crise “derrubou” a popularidade de Bolsonaro. Diante dos número a expressão parece um tanto exagerada. De qualquer forma, a pesquisa é publicada por O Globo e Estadão, mas com menos destaque e importância. O Estadão informa que o governo federal está preparando uma investida para conter qualquer possibilidade de que um impeachment possa prosperar. O Planalto prepara uma campanha de comunicação que defende o Brasil imunizado – contrariando toda a retórica bolsonarista. Além disso, o jornal apresenta opiniões de juristas que já enxergam motivos para um processo de impeachment.

 

CAPA – Manchete principal: *”Crise derrubar popularidade de Bolsonaro, diz Datafolha”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Vermelho com listras”*: O governo paulista reagiu mais uma vez ao aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 e enrijeceu medidas de distanciamento social. A evolução recente de infecções e mortes de fato causa alarme. Nas três primeiras semanas do ano, comparadas com igual período em dezembro, observaram-se incrementos de 42% e 39%, respectivamente, nesses indicadores trágicos. Desta feita, a administração de João Doria (PSDB) criou uma fase vermelha intermitente. Ou, melhor dizendo, uma intermitência diferente da que já adotara nas festividades de fim de ano, quando se aplicou o nível mais elevado de restrições apenas nos feriados, com quatro dias de intervalo. A partir de terça (26), parte dos municípios paulistas terá de fechar todos os estabelecimentos de serviços não essenciais, mas só em período noturno e fins de semana. A lógica desse esquema temporal, segundo o Centro de Contingência, está em diminuir aglomerações promovidas em bares. O critério deixa margem a algum questionamento. Cabe perguntar, de início, que evidências sustentam essa singularização da vida noturna como foco principal de transmissão do coronavírus.
Causam repulsa, decerto, os ajuntamentos de frequentadores irresponsáveis. Porém não resta evidente por que manter abertos centros de compras durante a maior parte do dia, por exemplo, ainda que com uso obrigatório de máscaras. Entende-se que o trancamento generalizado do comércio seja algo traumático, do ponto de vista social e econômico (para não dizer tributário), e que o governador hesite em adotar medidas mais duras. Mas seja por fadiga diante do prolongamento da epidemia, seja por imperativos de sobrevivência, o distanciamento social permanece na casa de insuficientes 40%. O arranjo adotado entre Natal e Ano Novo decerto não foi capaz de evitar a explosão da Covid-19 nas primeiras semanas do ano, e há que aprender algo com o fracasso. Os governos estadual e da capital, afinal, já flertaram com a imprudência sanitária ao adiar sem motivo claro o endurecimento de restrições para depois do segundo turno da eleição municipal. Doria angariou prestígio com atuação tempestiva e decidida, em contraste com a leniência mortal do governo Jair Bolsonaro, para possibilitar que o Instituto Butantan desse ao Brasil os primeiros lotes de vacina contra a Covid. Não basta, porém, repetir que não se curva a pressões e se ampara na melhor ciência —o governador deve se esforçar para comprová-lo a cada passo que der.

ALVARO COSTA E SILVA - *”Teu presente te condena, general”*: Olhando feio para os jornalistas, Eduardo Pazuello soltou a frase com a habitual arrogância e maus bofes, como se estivesse num exercício de ordem unida com seus recrutas: "Ontem é passado, é para historiador. A partir de agora, só discuto o futuro". Ninguém esperava que, além de especialista em logística, o general que comanda o Ministério da Saúde fosse também historiador. Afinal, a História é uma ciência —e, como tal, deve ser negada. Se não existiu ditadura militar no Brasil, o que dizer das Guerras Médicas, no século 5º a.C., relatadas por Heródoto, o pai da História?
Pazuello não precisaria voltar tão longe no tempo. Bastaria ler o livro "A Bailarina da Morte", de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling. Nele, está descrita a disseminação da gripe espanhola no país, em 1918, e como a calamidade dizimou, no mínimo, 50 mil brasileiros. Na época, a população era de menos de 30 milhões de habitantes, dois terços dos quais se infectaram. Depois de 100 anos, meu general, o senhor deveria ter aprendido alguma coisa. As dificuldades e os equívocos do passado —negação da ciência, curas milagrosas, aprofundamento das desigualdades sociais, descaso com os doentes— repetiram-se todos no presente, com maior gravidade. Pode-se dizer que os "erros" fizeram parte do próprio plano de governo no enfrentamento à Covid-19. Para alguns, a realidade paralela, a historinha para gado dormir. Para a maioria, a História com H maiúsculo, cheia de medo, angústia e sofrimento, desenrolada diante de nossos olhos e narrada no calor da hora pela imprensa. É o material sobre o qual os historiadores irão se debruçar, contextualizando os atos criminosos que contribuíram para irradiar a pandemia. O general Pazuello diz que, agora, só lhe interessa discutir o futuro. Não há o que discutir. As provas de sua condenação estão sendo produzidas no presente.

SHEILA DE CARVALHO - *”Impeachment para os genocidas”*: O ano de 2021 começou com cenas que pareciam tiradas de um filme de ficção. Apoiadores de Donald Trump, portando bandeiras de grupos supremacistas e neonazistas, invadiram o Congresso para impedir a ratificação da vitória do presidente democraticamente eleito, Joe Biden. Porém não se tratava de um filme, e sim de uma trágica realidade protagonizada pela extrema direita. Trump não aceitou o resultado das urnas e instou seus apoiadores a questionar a eleição. Com isso, foi acusado de "incitar a violência contra o Estado", razão que sustenta o segundo processo de impeachment em seu mandato, aprovado na Câmara dos EUA há uma semana. Para nós brasileiros, o episódio é um alerta de como pode ser o nosso futuro se continuarmos não responsabilizando aquele que tem zero apreço pelo regime democrático e pelo pacto civilizatório firmado em 1988 ao redor da Constituição. Para além dos ataques à democracia, Trump e Bolsonaro têm em comum uma política de genocídio. Brasil e EUA são os países que mais tiveram mortes em decorrência da pandemia. Somados, os dois países são responsáveis por mais de 30% de todas as mortes por coronavírus no mundo. Não é azar ou coincidência, é ato deliberado contra a humanidade.
Desde o início da pandemia, Trump e Bolsonaro minimizaram o impacto do vírus, instaram a população a desrespeitar os protocolos, negaram a ciência, propuseram "tratamentos precoces" sem eficácia comprovada, desacreditaram a vacina e banalizaram o dever de garantir o direito à vida. Quando o Brasil bateu 100 mil mortes, ativistas e aliados da Coalizão Negra por Direitos protocolaram um dos 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, finge não ver. Hoje são mais de 200 mil mortos, a maioria pretos e pobres. O impeachment não serve apenas à guerra política, como aconteceu na história recente. Impeachment é ferramenta contra crimes de responsabilidade --e Bolsonaro vem cometendo incontáveis deles em seu mandato, seja pela negligência criminosa com que rifou direitos sociais, seja por seus ataques às instituições democráticas, seja pelos inúmeros atos de improbidade administrativa. Hoje, setores da esquerda e da direita vão às ruas juntos em carreata pelo impeachment. Não se trata apenas de destituir o mandatário: o que está em jogo é a sobrevivência do nosso povo e da nossa democracia. Por quanto tempo mais o Congresso será cúmplice de um genocida? Nos EUA, o impeachment chegou tarde, precisou que o Congresso fosse invadido por fascistas. Deixaremos isso acontecer aqui? É hora de dar um adeus definitivo aos genocidas.

SÉRGIO AMADEU DA SILVEIRA - *”Empresas de tecnologia têm o direito de excluir usuários de suas redes sociais? NÃO”*: Uma das grandes fragilidades das democracias no atual ordenamento neoliberal envolve as chamadas redes sociais online, estruturas privadas que se apresentam como espaços públicos. O modo como atuam e as operações internas que realizam são intencionalmente ofuscadas. As plataformas criam públicos calculados para receber conteúdos que servem aos interesses de quem os impulsionou. Usuários dessas plataformas são alocados continuamente em amostras com acesso vendido aos operadores do marketing comercial e político. Daí vêm os recursos dessas gigantescas empresas. Por isso, apelam para a espetacularização da vida e para a coleta massiva de dados de seus usuários com o objetivo de formar perfis de consumo para aumentar a eficácia do marketing e da modulação de comportamentos. Em 2019, o faturamento do grupo Alphabet, controlador do Google, alcançou US$ 161,8 bilhões —que, somado às vendas do Facebook, de US$ 70,7 bilhões, perfizeram US$ 232,5 bilhões. Somente essas duas corporações faturaram, no mesmo período, o equivalente a 52,2% do PIB da Argentina, 82,3% do PIB do Chile, 97,3% do PIB de Portugal e quatro vezes o PIB do Uruguai.
Gerenciadas por sistemas algoritmos, em geral, de aprendizado de máquina, as plataformas controlam a visualização das mensagens de modo completamente opaco. O que é publicado somente é divulgado e disposto nas páginas iniciais dos usuários conforme as decisões de seus sistemas algorítmicos. Não sabemos se um conteúdo do movimento social teve sua visualização, reduzida ou até mesmo bloqueada, exceto se a rede social assumir o feito. Donald Trump e Jair Bolsonaro, um ex e outro chefe de Poder Executivo, atacaram abertamente a ciência, criaram ondas de desinformação que acarretaram gravíssimos problemas à saúde pública e incentivaram a violência aberta contra a democracia: enfim, praticaram crimes. Diante disso, as instituições fundamentais da Justiça não atuaram para fazer valer a lei e a Constituição. As redes sociais, então, agiram, bloqueando discurso desses líderes da extrema direita. Não deveríamos aplaudir essa troca de papéis.
São inúmeros os casos de censura aos movimentos feministas no Facebook. O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira teve uma postagem que continha a imagem de um acervo artístico censurada pela rede social de Mark Zuckerberg. O episódio do podcast Tecnopolítica, de minha autoria, que tratava do racismo algorítmico, teve restrição de impulsionamento por ser considerado “conteúdo bizarro” pelo YouTube. Alguns dias depois, porém, foi liberado sem nenhuma explicação do que teria sido considerado ofensivo ou fora das regras da plataforma de compartilhamento de vídeos. As sociedades democráticas precisam supervisionar as plataformas, em vez de ser controladas por elas. Facebook, Google, Twitter, entre outras, não podem estar acima da Constituição, não podem praticar o despotismo digital —mesmo que “esclarecido”, como no caso do bloqueio às mensagens golpistas de Trump. As políticas de privacidade e de comunidade das corporações mudam o tempo todo. Elas seguem a lógica do lucro. O efeito colateral de delegarmos às empresas de tecnologia o papel que caberia à Justiça e aos conselhos eleitos pela sociedade é a corrosão da democracia e o estabelecimento de uma “algocracia”, o poder arbitrário dos sistemas algorítmicos, a serviço das plataformas.
*Sérgio Amadeu da Silveira - Doutor em ciência política pela USP e professor associado da UFABC, é membro do Conselho Científico Deliberativo da ABCiber (Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura) e ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação

DANIEL TRIELLI - *”Empresas de tecnologia têm o direito de excluir usuários de suas redes sociais? SIM”*: Temos a tendência de imaginar redes sociais como praças públicas, quando na verdade são mais como praças de alimentação de shopping. As redes sociais são plataformas comerciais e privadas, onde o público é convidado a entrar e se socializar. A contrapartida do usuário (além de dar atenção a vitrines e anúncios) é seguir não só as leis, mas também regras básicas de convívio e respeito. As redes precisam ter responsabilidade legal e social sobre o que acontece em seus espaços. É essencial que estabeleçam regras internas contra discurso de ódio, abuso sexual e incitação a violência. E, consequentemente, que possam barrar qualquer conta responsável por repetida ou severamente ameaçar a segurança ou a saúde de uma comunidade digital ou da sociedade em geral. São regras necessárias, mas passíveis de debate. Acadêmicos e ativistas há anos cobram as plataformas sobre transparência e equidade desses processos. Aliás, segundo estudos, as maiores vítimas de moderação excessiva de conteúdo são mulheres, minorias raciais e usuários LGBTQI+. Mas essas pessoas também são as mais atacadas por discursos de ódio, assédio e ameaças de morte nas redes sociais. E, agora, cientistas, jornalistas, ONGs e até instituições democráticas também são alvo de movimentos violentos organizados nas plataformas digitais.
Um desses movimentos resultou na invasão ao Capitólio dos EUA, no dia 6. O ataque foi motivado por mentiras espalhadas nas redes, impulsionadas por políticos derrotados nas últimas eleições. Um desses, o ex-presidente Donald Trump, usou seu megafone algorítmico para chamar de “patriotas” os militantes cercando o Congresso. Para o Facebook e o Twitter, as postagens glorificavam violência, e Trump foi bloqueado —como sempre fizeram com qualquer usuário que rompe as regras de forma repetida e grave. Em resposta ao bloqueio, apoiadores de Trump acusam as plataformas de viés ideológico e propõem até intervenção governamental em empresas privadas. A crítica não tem mérito. Milhares de políticos e ativistas de direita (e de esquerda) postam e viralizam todos os dias nas redes. No Facebook, os conteúdos com mais engajamento diário nos EUA são de comentaristas de direita. O próprio Trump deve seu sucesso ao Twitter, onde sempre foi livre para anunciar suas posições, mobilizar sua base, xingar concorrentes e espalhar mentiras sobre vários temas —desde o local de nascimento do ex-presidente Barack Obama até fraudes nas eleições presidenciais. Trump só foi barrado quando apoiou os militantes invasores do Capitólio. A não ser que seus seguidores queiram sugerir que a glorificação da violência é parte de sua plataforma política, o republicano não foi banido por ideologia.
Trump ainda é livre para se expressar. Até dias atrás tinha o púlpito da Casa Branca. Hoje mesmo pode ligar para milhares de jornalistas ansiosos em publicar suas declarações. Ao ser punido pelas redes sociais, não foi censurado. Apenas expulso da praça de alimentação. Ainda há muito a discutir sobre o impacto das plataformas digitais na democracia. Tal como a substituição de espaços públicos por shoppings em São Paulo, a troca da promessa de uma internet pública e livre por uma balcanização em redes privadas é um tema merecedor de atenção. E precisamos continuar cobrando plataformas sobre transparência, privacidade, governança e responsabilidade social. Mas, nesse contexto, a atuação de forma rápida, efetiva e transparente contra o ódio e a glorificação da violência não é problema. É necessidade.
*Daniel Trielli - Jornalista e pesquisador em mídia, tecnologia e sociedade, é doutorando na Universidade Northwestern (EUA), onde integra o 'Computational Journalism Lab'

PAINEL - *”Oposição se anima por impeachment, e governistas dizem que esperavam queda maior de Bolsonaro”*: A queda de popularidade de Jair Bolsonaro captada pelo Datafolha nesta sexta (22) foi uma lufada de ânimo para partidos e movimentos de oposição que têm se mobilizado pelo impeachment. O acúmulo da crise em Manaus, o imbróglio na vacinação e o fim do auxílio jogaram Bolsonaro nas cordas, avaliam, e agora é o momento de ampliar alianças e intensificar ações para derrubá-lo. Do outro lado, auxiliares do presidente tentam emplacar o discurso de que a pesquisa não foi ruim. “Essa ação criminosa de Bolsonaro vai cobrar o preço do Congresso na abertura do impeachment”, diz Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT. “Agora é só ladeira abaixo”, diz Alessandro Molon (RJ), líder do PSB na Câmara. A pesquisa, no entanto, mostra que 53% dos entrevistados disseram que a Câmara não deveria abrir processo de impeachment. A oposição comemora porque vê na queda de popularidade o primeiro passo para aumentar tal vontade na população.
Governistas tentam sustentar o discurso de que a pesquisa foi boa porque o aumento de rejeição não foi tão grande, diante do fato de, segundo eles, estarem no pior momento do governo. Eles falam em “apenas” 6%.

PAINEL - *”MST quer se juntar a Huck e Ayres Britto contra Bolsonaro”*: Dirigentes do MST apontam diferença da situação de agora com 2020, quando movimentos pela democracia surgiram. Ali, os grupos não apoiavam a destituição. Hoje mudou, creem, indicando as posições de Luciano Huck e Carlos Ayres Britto como sintomáticas de possível frente ampla.

PAINEL - *”Araújo parabeniza embaixador do Brasil na Índia por liberação de vacinas Oxford/AstraZeneca”*

PAINEL - *”Ignorantes políticos não vão comprometer relações, diz federação de trabalhadores chineses sobre bolsonaristas”*: Em reunião com o fórum das centrais sindicais brasileiras nesta quinta-feira (21), a Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU) se comprometeu a colaborar na liberação de insumos para a produção de vacinas no Brasil. O ACFTU é o sindicato oficial da China, ao qual todas as organizações de trabalhadores do país são afiliadas, e por isso é considerada a maior entidade sindical do mundo. Embora tenha começado a campanha de imunização com a Coronavac​, o Brasil corre o risco de ficar sem matéria-prima para a produção das doses necessárias para os próximos meses. Os insumos são produzidos na China e as dificuldades encontradas também ameaçam a Oxford/AstraZeneca, vacina que no Brasil deve ser fabricada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
As relações entre Brasil e China desgastaram-se ao longo do mandato de Jair Bolsonaro, especialmente pela ação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores). "As palavras de alguns ignorantes políticos não vão comprometer as relações amistosas entre a China e Brasil”, disse An Jianhua, membro da direção executiva da ACFTU e chefe das relações internacionais da organização. "Vamos usar todos os nossos canais e esforços para levar a mensagem de vocês [centrais] ao governo central e ao Partido [Comunista Chinês] sobre as necessidades imediatas do povo brasileiro ante a pandemia", completou. Participaram da reunião Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Vagner Freitas, vice-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Miguel Torres, presidente da Força Sindical, Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), José Reginaldo Inácio, vice-presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, e Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).​

PAINEL - *”Lira vai à Bahia buscar votos e tem reunião marcada com ACM Neto”*
PAINEL - *”Erundina pede a Maia a realização de debate 'democrático' entre os candidatos à Presidência da Câmara”*
PAINEL - *”Temer diz a amigos que Bolsonaro e Doria deveriam se encontrar”*

PAINEL - *”Abin adquire peça de decoração em pedra no formato do mapa do Brasil por R$ 34 mil”*: A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contratou por R$ 34 mil a aquisição de uma peça de decoração em pedra ágata azul no formato de mapa do Brasil e embalagem em caixa rígida. A compra do objeto decorativo foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (22).

*”Crise derruba popularidade de Bolsonaro, aponta Datafolha”* - Em meio ao agravamento da crise de gestão da pandemia da Covid-19, a reprovação ao governo de Jair Bolsonaro inverteu a curva e voltou a superar sua aprovação. Segundo o Datafolha, o presidente é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, ante 32% que assim o consideravam na rodada anterior da pesquisa, no começo de dezembro. Já quem acha o presidente ótimo ou bom passou de 37% para 31% no novo levantamento, feito nos dias 20 e 21 de janeiro. É a maior queda nominal de aprovação de Bolsonaro desde o começo de seu governo. Avaliam Bolsonaro regular 26%, contra 29% anteriormente —oscilação dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto ouviu, por telefone devido às restrições sanitárias da pandemia, 2.030 pessoas em todo o Brasil. Se no levantamento de 8 e 10 de dezembro Bolsonaro mantinha o melhor nível de avaliação até aqui de seu mandato, de 37%, agora ele se aproxima do seu pior retrato de popularidade, registrado em junho de 2020, quando 44% o rejeitavam, ante 32% que o aprovavam. A melhoria do segundo semestre —cortesia da acomodação após a turbulência institucional, do auxílio emergencial aos mais carentes na crise e de políticas para o Nordeste— foi abalada de dezembro para cá.
Concorrem para isso o recrudescimento da pandemia, que viu subir números de casos e mortes no país todo, a aguda crise da falta de oxigênio em Manaus , as sucessivas trapalhadas para tentar começar a vacinação no país e o fim do auxílio em 31 de dezembro. Com efeito, as pessoas que têm medo de pegar o novo coronavírus estão entre as que mais rejeitam o presidente. Entre aqueles que têm muito medo de pegar o Sars-CoV-2, a rejeição de Bolsonaro subiu de 41% em dezembro para 51% agora. A aprovação caiu de 27% para 20%. Entre quem tem um pouco de medo de infectar-se, a rejeição subiu de 30% para 37%, enquanto a aprovação oscilou de 36% para 33%. No grupo dos que dizem não ter medo, próximos da retórica bolsonarista sobre a pandemia, os dados são estáveis e previsíveis: 21% o rejeitam (eram 18%) e 55% o aprovam (eram 53%). Bolsonaro segue assim sendo o presidente com pior avaliação para o estágio atual de seu governo, considerando aqui apenas os eleitos para um primeiro mandato depois de 1989. Em situação pior que ele só Fernando Collor (PRN), que no seu segundo ano de governo em 1992 tinha rejeição de 48%, ante aprovação de 15%. Só que o então presidente já estava acossado pelas denúncias que levaram ao seu processo de impeachment e renúncia no fim daquele ano. Neste ponto do mandato, se saem melhor Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 47% de aprovação e 12% de reprovação), Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 45% e 13%) e Dilma Rousseff (PT, 62% e 7%). A gestão de Bolsonaro na crise atrai diversas críticas. Metade dos brasileiros considera que ele não tem capacidade para governar —o número oscilou de 52% para 50% de dezembro para cá. Já quem o vê capaz também ficou estável, 45% para 46%.
Bolsonaro segue sendo um presidente inconfiável para metade dos brasileiros, segundo o Datafolha. Nunca confiam em sua palavra 41% (eram 37% antes) dos entrevistados, enquanto 38% o fazem às vezes (eram 39%) e 19%, sempre (eram 21%). Nos cortes geográficos da pesquisa, o impacto potencial do fim do auxílio emergencial e da crise em Manaus se fazem evidentes. Entre moradores do Nordeste, região com histórico de dependência do assistencialismo federal e antiga fortaleza do petismo, a rejeição ao presidente voltou a subir, passando de 34% para 43%. O maior nível até aqui havia sido registrado em junho de 2020, com 52% de ruim/péssimo. Nordestinos respondem por 28% da amostra do Datafolha. Já o maior tombo de aprovação do presidente ocorreu no Norte, onde fica Manaus, e no Centro-Oeste, até então um reduto bolsonarista. Seu índice de ótimo e bom caiu de 47% em dezembro para 36% agora. As duas regiões somam 16% da população nesta pesquisa. No populoso (42% da amostra) Sudeste, Bolsonaro amarga 44% de rejeição, dez pontos a mais do que no Sul (14% da amostra), usualmente uma região mais favorável ao presidente. Ele tem pior avaliação entre pretos (48%) e moradores de regiões metropolitanas (45%).
Bolsonaro é mais rejeitado entre os que ganham mais de 10 salários mínimos (52%), com curso superior (50%), mulheres e jovens de 16 a 24 anos (46%). Os mais ricos e instruídos são os que menos confiam no presidente, e a eles se unem os jovens na pior avaliação de sua capacidade de governar. O presidente segue com melhor aprovação (37%) entre homens e pessoas de 45 a 59 anos, que também são os que mais confiam no que ele diz. Os mais ricos podem ser os que mais rejeitam o mandatário máximo, mas também são o aprovam mais do que a média: 36%. No grupo dos evangélicos (27% da população pesquisada), próximo de Bolsonaro, o presidente tem 40% de ótimo ou bom. Já os católicos (52% da amostra) são menos entusiastas, com 28% de aprovação. Por fim, empresários seguem sendo o grupo profissional mais fiel ao presidente. Entre quem se classifica assim, Bolsonaro tem 51% de aprovação, 35% de "sempre confia" e 58% de crença em sua capacidade. Já funcionários públicos, um grupo que Bolsonaro tenta agradar na retórica sempre que possível, são os que mais o rejeitam (55%), menos confiam em sua palavra (56% não acreditam nele) e mais o consideram incapaz (65%).
+++ A manchete da capa e da reportagem são bastante exageradas para o que demonstram os números. Bolsonaro já teve avaliação pior do que a atual. Apesar da leitura peculiar que a Folha faz dos números, a intenção do jornal parece ser a de gerar uma polêmica e fazer com que o próprio presidente entre no debate energicamente. Afinal, Bolsonaro revoltado é sinônimo de declarações estapafúrdias e comprometedoras. No entanto, a leitura dos número “força a barra”. Seria muito mais importante produzir curtas retrospectivas que demonstrassem como o presidente trabalhou em conjunto com o coronavírus para levares milhares à morte e a economia para o buraco com o prolongamento da pandemia através do descontrole total.

*”Impeachment de Bolsonaro é rejeitado por 53% e defendido por 42%, mostra Datafolha”* - Apesar da piora na avaliação de Jair Bolsonaro em meio ao recrudescimento da pandemia da Covid-19, o brasileiro não quer, em sua maioria, que o presidente sofra um processo de impeachment ou renuncie. É o que revela pesquisa do Datafolha feita nos dias 20 e 21 de janeiro com 2.030 pessoas, ouvidas por telefone para respeitar regras sanitárias. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Para 53% dos entrevistados, a Câmara dos Deputados não deveria abrir um processo por crime de responsabilidade contra o presidente. O número indica uma estabilidade ante o levantamento anterior, de 8 e 10 de dezembro, quando 50% descartavam a medida. Já aqueles que defendem o impeachment oscilaram negativamente, de 46% para 42%, enquanto quem não sabia responder passou de 6% para 4%. O impedimento do presidente voltou às conversas políticas devido ao acúmulo de problemas de gestão da pandemia, como a crise em Manaus e a confusão sobre a vacinação, e seus efeitos econômicos com o fim do auxílio emergencial.
Como listou a Folha, há ao menos 23 situações que podem embasar juridicamente uma acusação de crime de responsabilidade do presidente. Inicialmente, o movimento pedindo o impeachment começou em partidos de esquerda e na sociedade civil, e agora espraiou-se entre grupos à direita que pediram nas ruas o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. A discussão chegou até a aliados de Bolsonaro no centrão, como a Folha mostrou. Na defensiva, o procurador-geral da República, Augusto Aras, provocou polêmica com uma nota na qual deixava para o Parlamento qualquer apuração sobre responsabilidades de Bolsonaro. A discussão ampliou o racha entre procuradores da República, com a crescente percepção de que o chefe do Ministério Público Federal trabalha em sintonia com o presidente. O impeachment tem mais apoio entre aqueles que têm de 16 a 24 anos (51%) e as mulheres (49%). Rejeitam mais a ideia homens (62%) e pessoas de 35 a 44 anos (59%). No corte geográfico, os usuais bastiões bolsonaristas do Norte/Centro-Oeste, com 60% de rejeição à proposta, e Sul, com 58%, lideram a resistência ao impeachment. No Nordeste, que voltou a se afastar de Bolsonaro após o fim do auxílio emergencial, a rejeição é a menor do país (50%), igual à da região mais populosa, o Sudeste (52%).
A manutenção da rejeição ao instrumento, ainda que não esmagadora, deverá servir de argumento para aqueles que, mesmo incomodados com Bolsonaro, consideram que o impeachment seria uma solução drástica para um país que passou pelo processo há pouco mais de quatro anos com Dilma Rousseff. Segundo o Datafolha, permanece estável o percentual de pessoas que rejeitam a ideia de que Bolsonaro deva renunciar. São 51%, ante 50% em dezembro. Já defendem a medida 45%, oscilação negativa dos 48% apontados na rodada anterior. São mais contrários à sugestão de renúncia moradores das duas regiões associadas ao bolsonarismo: Norte/Centro-Oeste (57%) e Sul (52%). Elas são as menores em termos populacionais na amostra do Datafolha, contudo, somando respectivamente 16% e 14% dos ouvidos. O apoio a Bolsonaro segue firme no segmento evangélico (27% da amostra), com 62% sendo contrários à renúncia e 64%, ao impeachment. Os números caem entre católicos (52% dos ouvidos) para 49% e 51%, respectivamente.

ANÁLISE - *”Fim do auxílio e caos na saúde rompem inércia da opinião pública com Bolsonaro, diz Datafolha”*: O fim do auxílio emergencial pago pelo governo ao longo de 2020, combinado ao descontrole da pandemia do novo coronavírus no início deste ano, despertou a opinião pública brasileira do estado de inércia em que se apresentava até o último dezembro. Há pouco mais de um mês, a estabilidade nas taxas de aprovação do governo Jair Bolsonaro em suas melhores marcas era provocada pela tensão entre duas forças que se anulavam —uma espécie de cabo de guerra entre a injeção de recursos na economia, especialmente pelo pagamento do benefício federal, e a curva de contaminação e mortes da Covid-19, que na ocasião já indicava tendência crescente. Agora, com a interrupção do benefício e o recrudescimento da pandemia, a reprovação ao presidente aumenta oito pontos percentuais, enquanto a avaliação positiva cai seis. Dos presidentes eleitos pelo voto direto e em primeiro mandato, Bolsonaro continua com desempenho superior apenas ao de Fernando Collor, meses antes de seu impeachment.
O peso da variável econômica na piora da popularidade presidencial fica evidente quando se observa o cruzamento dos dados. Em pouco mais de 40 dias, com o fim do auxílio, a reprovação a Bolsonaro cresceu 10 pontos percentuais entre os que recebiam o benefício. No grupo dos que não solicitaram o dinheiro, também houve piora nos índices de avaliação do governo, mas em menor proporção. A diferença entre os dois estratos na avaliação negativa de Bolsonaro cai pela metade e praticamente deixa de existir na aprovação. O fenômeno fica ainda mais claro ao se verificar resultados por renda e sexo. Entre os que recebem até dois salários mínimos, a popularidade de Bolsonaro, que chegou a ascender 15 pontos percentuais durante o pagamento do auxílio, cai agora oito pontos em pouco mais de um mês. A reprovação ao presidente, que nesse estrato chegou a cair 17 pontos percentuais no segundo semestre de 2020, subiu agora 13 pontos. Entre as mulheres, segmento que mais pediu e recebeu o benefício, Bolsonaro tinha conseguido diminuir sua histórica rejeição em 12 pontos percentuais de junho a dezembro. Agora, ela volta a crescer 10 pontos. Combinando-se as duas variáveis, o estrato feminino de menor renda é onde se nota a maior queda de popularidade do presidente no último mês.
O segmento masculino volta a ser, com larga vantagem, o fiador majoritário do governo. Entre os que consideram Bolsonaro ótimo ou bom, 57% são homens. Entre os que o classificam como ruim ou péssimo, a proporção se inverte —59% são do sexo feminino. A mesma tendência se verifica no Nordeste, região onde o auxílio fez a reprovação a Bolsonaro cair de 52% para 34% no segundo semestre do ano passado. Agora, ela volta a subir para 43%. Com recursos reduzidos na economia, a força da segunda onda da pandemia não encontra resistência na outra ponta da corda desse cabo de guerra. Apesar de a maior parte dos brasileiros não considerar o presidente como principal responsável pelas mortes provocadas pela doença, há também alta correlação da crescente impopularidade do seu governo com o combate à Covid-19. Nesse quesito, seu desempenho piorou para patamares próximos aos de momentos críticos da pandemia entre junho e agosto do ano passado, quando o número de mortes diárias batia recordes. A repercussão do colapso do sistema de saúde em Manaus se reflete no aumento das taxas de ruim ou péssimo que Bolsonaro apresenta na gestão da crise entre os que vivem nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Quanto à atuação do Ministério da Saúde, esse crescimento também é significativo na população local, diferente da estabilidade verificada no total da amostra. A percepção de descontrole junto à população, reforçada pelo imbróglio na aquisição de vacinas, deixou o presidente isolado, em posição delicada frente ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que soube capitalizar politicamente o episódio. Mas, com tantos resultados negativos, o apoio ao impeachment ou renúncia de Bolsonaro só não alcança a maioria por conta dos que o julgam um presidente regular. Forçados a tomar partido em escalas dicotômicas (a favor ou contra), a maior parte do estrato se posiciona contrária ao impedimento ou renúncia. É um segmento com perfil sociodemográfico próximo à média da população, não tão fiel ao presidente, mas onde metade ainda acredita em sua capacidade de governar o país. O sucesso ou fracasso da campanha de imunização pode ser determinante tanto para reforçar essa tendência como para invertê-la —esse estrato, mais do que os polarizados, apostam na vacina como vetor para a retomada econômica, estratégia que o governo minou ao promover o cabo de guerra entre as duas esferas.

DEMÉTRIO MAGNOLI - *”Na nossa fila de privilégios e direitos, as crianças ocupam o último lugar”*
*”Ex-assessora de Baleia Rossi é investigada por suspeita de caixa dois no interior de SP”*
OPINIÃO - *”STF tem de pedir o VAR na acusação de catimba”*
*”Em eleição marcada por traições, deputados infiéis fazem ligações sigilosas e reuniões até de madrugada”*

*”Policial é preso por morte de integrante do MST 11 anos depois no Rio Grande do Sul”* - Onze anos depois do homicídio do sem-terra Elton Brum, o autor do disparo, o policial militar Alexandre Curto, foi preso na última segunda-feira (19) em Pelotas (RS). O integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) morreu aos 44 anos, em agosto de 2009, após ser atingido nas costas por um tiro. O crime ocorreu na fazenda Southall, em São Gabriel, a 298 km de Porto Alegre, durante uma reintegração de posse. “Grande parte dos assassinatos cometidos no campo permanece impune. O fim da impunidade importa ainda mais em um contexto de acirramento de violência no campo. O padrão geral é a falta de responsabilização dos agentes do estado que cometem esse tipo de delito”, disse à Folha o advogado do MST, Emiliano Maldonado. Além da morte, os agricultores relataram tortura física e psicológica. Crianças sem-terra também teriam sido amedrontadas com uso de cachorros e cavalaria. O caso marcou o governo gaúcho da época, então comandado por Yeda Crusius (PSDB).
"O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste estado", afirmou o MST na ocasião. Em 2017, o policial foi condenado por júri popular a 12 anos de prisão e perda do cargo. Apesar disso, ele permaneceu na corporação recebendo o salário. Em dezembro de 2020, seu salário foi de R$ 11.245,00. Procurada, a Brigada Militar respondeu que ele “poderá perder o cargo público após o trânsito em julgado da ação disciplinar ou da ação penal”. Os familiares do trabalhador rural até hoje não receberam a indenização que deveria ser paga. O policial recorreu ao TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) solicitando a anulação do júri popular que o condenou. Mas, em 2018, a turma de desembargadores que analisou o caso rejeitou o recurso por unanimidade. No ano passado, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu no mesmo sentido.
O advogado do policial, Christian Penido Tombini, entende que a ordem de prisão foi expedida após a decisão do STJ. A defesa do policial, porém, entrou também com um recurso do STF (Supremo Tribunal Federal), que ainda não foi julgado. “Ou seja, enquanto for cabível recurso administrativo ou judicial o militar é mantido no cargo, pois não terá findado o processo”, disse em nota a Brigada Militar. Segundo a defesa, o júri deve ser anulado por completo porque a tese de que Curto não teve intenção de matar Brum e de que manuseou uma arma sem saber de seu conteúdo não foi apreciada adequadamente. Por permanecer ligado à Brigada Militar, ele não foi levado a um presídio comum e está cumprindo a pena em um quartel da corporação. O processo da perda de cargo foi encaminhado pela corregedoria da instituição em 22 de dezembro. “Nós somos um país pobre, miseravelmente pobre e profundamente injusto. Convivemos impunemente com a miséria e a opulência. Os indicadores sociais são cruéis e apontam para um crescimento da pobreza e da miséria nos últimos dois anos. Isso significa que vai aumentar a conflituosidade social, pois numa sociedade tão injusta e desigual, não é de se esperar que não haja conflitos sociais. Quero dizer que essa conflituosidade é inerente em sociedades como a nossa e o modo como lidar com ela deve estar de acordo com o direito”, escreveu o desembargador Mauro Borba, relator do recurso do policial.
Além de manter a condenação do policial, Borba incluiu no acórdão de 2018 ordem para que o relatório de violações de direitos humanos cometidos pela Brigada Militar na reintegração de posse da fazenda fosse enviado ao Ministério Público. “As práticas evidenciadas no relatório e nos depoimentos aludidos, se verdadeiras, não podem ser admitidas em hipótese alguma, pois importam em graves violações dos cânones do direito nacional e internacional em matéria de direitos humanos, sendo absolutamente inconcebíveis num Estado democrático de Direito”, escreveu o relator. O desembargador determinou o envio do relatório e depoimentos ao Ministério Público gaúcho “para as providências que as evidências lá constantes exigem”. Questionado sobre quais providências foram tomadas, a Promotoria respondeu que “o gabinete do procurador-geral de Justiça não foi oficiado do conteúdo do acórdão” e que “o Ministério Público aguarda a notificação para dar os encaminhamentos necessários”. Procurada pela Folha, a secretaria da 1ª Câmara Criminal do TJ-RS informou que o ofício foi encaminhado ao Ministério Público em 5 de outubro de 2018, com as cópias determinadas no julgamento para providências que se fizessem necessárias.

*”Líderes do Senado acertam adiamento, e impeachment de Trump será analisado a partir do dia 8”*
*”Organizadores de ato que terminou com invasão do Capitólio trabalharam para campanha de Trump”*
*”Biden turbina auxílio emergencial para enfrentar crise de fome agravada pela Covid-19”*
JAIME SPITZCOVSK - *”A dedicatória e novo capítulo na relação EUA-Israel”*

*”Biden aceita acordo de armas nucleares com a Rússia, mas sinaliza pressão”* - Pressionado por desafios que vão do coronavírus à Guerra Fria 2.0 com a China, Joe Biden optou por uma solução convencional para ganhar sua primeira manchete de política internacional como presidente dos EUA. Na noite de quinta (21), o novo presidente americano anunciou que quer estender por cinco anos o acordo Novo Start, o último instrumento de controle de armas nucleares em vigência no mundo.​ Ao mesmo tempo, para não parecer que cedeu ao desejo do Kremlin de Vladimir Putin, investigações serão feitas pelo governo americano sobre três temas sensíveis, passíveis da formulação de novas sanções comerciais contra os russos.
Entre eles estão o envenenamento e agora prisão do líder opositor russo Alexei Navalni, o recente ataque de hackers a diversos sistemas governamentais americanos e uma acusação mais antiga, a de que a Rússia pagou mercenários afegãos para atacar alvos dos EUA no país asiático. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que tais medidas visam coibir as "atitudes imprudentes e adversativas" da Rússia, enquanto a extensão do Novo Start seria "uma âncora de estabilidade" na relação entre os países. Nesta sexta, a Rússia disse que a proposta nuclear era bem-vinda, mas não comentou o restante do pacote. Anteriormente, o caso Navalni foi classificado como assunto judicial interno russo, e as outras duas acusações, negadas. O jogo de Biden, que recebera sinais de impaciência por parte da Rússia, é claro. A lista de lavanderia de problemas mundiais e domésticos em sua mesa, deixada pela gestão tormentosa de Donald Trump, é muito grande. Aceitar os termos russos no Novo Start é uma forma de ganhar tempo e ainda aparecer bem na foto, dado que é a sobrevivência da raça humana que se encontra em jogo quando se discute o arsenal das duas potência nucleares. Ao mesmo tempo que assopra, morde em questões que na prática tendem a não dar em nada, mas mantém uma pressão retórica contra Moscou e lembra Putin que o tempo de leniência de Trump acabou. O Novo Start (sigla inglesa para Tratado de Redução de Armas Estratégicas, enquanto o "novo" diz respeito a versões anteriores dele) foi assinado em 2010 e iria expirar no dia 5 de fevereiro.
Por mais de dois anos, negociadores de Trump tentaram mudar seu conteúdo. Primeiro, insistiram que a China fosse incluída, algo negado por Pequim e Moscou. Depois, numa reviravolta, deixaram isso de lado e exigiram que mais armas fossem incluídas numa moratória nuclear. Tudo isso garantiria, para Washington, apenas um adiamento de um ano. Putin disse não, e Biden agora aceita suas condições integralmente, temperando o fato com palavras duras e ameaças legais para não parecer derrotado. Seja como for, do ponto de vista da paz mundial, é uma boa notícia. O Novo Start é o único tratado em vigor para tentar coibir a corrida armamentista entre russos e americanos. Ele prevê um limite de 1.550 ogivas nucleares operacionais e de 800 meios de lançamento (silos e lançadores de mísseis terrestres, submarinos e bombardeiros, 700 deles de prontidão). Também estabelece monitoramento por satélite e 18 inspeções mútuas anuais. Especialistas argumentam que é pouco, dada a evolução das armas. Mas é ao menos algo, argumentam negociadores do campo. Trump optou pelo confronto nesse setor, levando ao que Putin chama de perigoso aumento de risco de uma guerra nuclear acidental. O americano deixou dois outros tratados que visavam evitar o embate, um sobre mísseis de alcance intermediário na Europa e outro sobre voos de reconhecimento militar mútuos.
Além disso, revisou a postura nuclear americana para permitir o uso de armas atômicas ditas táticas, contra alvos militares pontuais, e colocou um desses modelos de bombas em operação no ano passado em seus submarinos. Tudo isso fez o Kremlin reagir e dizer que estava pronto para retaliar com toda a força de seu arsenal se um mísero míssil tático, armado com ogiva nuclear ou não, fosse lançado contra si ou aliados —um problema, dado que no papel o Irã, alvo presumido de ataques do gênero, é próximo de Moscou. Para críticos, a extensão é mera forma de Putin ganhar mais tempo enquanto enfrenta seus problemas internos e externos —só em 2020, teve de intervir em três crises nas suas periferias (Belarus, Armênia e Quirguistão) e viu o surgimento de uma quarta em potencial (Moldova). De fato, o russo testa novos modelos de mísseis de menor alcance, mas os EUA fazem o mesmo desde que deixaram o tratado de instalação na Europa. É incerto também quando e se as novas tecnologias de entrega de ogivas nucleares a seus alvos, como os mísseis hipersônicos tão propalados por Putin, entrarão em algum momento num tratado. Herança da Guerra Fria, o arsenal nuclear mundial está concentrado nas mãos dos antigos adversários. Cerca de 92% das 13.400 armas atômicas do mundo são americanas ou russas, segundo a Federação dos Cientistas Americanos. O maior inventário é de Moscou: 6.370 ogivas, 2.060 das quais desativadas e 4.310 em estoque. Sob os limites do Novo Start, 1.572 estão operacionais em mísseis de solo, de submarinos ou em aviões.
Já Washington conta 5.800 armas, 2.000 delas aposentadas, 3.800 em estoque e 1.750 ativas —150 delas não cobertas pelo Novo Start por serem de uso tático, e não estratégico, aquelas usadas para ganhar guerras. Moscou também tem um número incerto dessas armas, é claro, e a falta de transparência no geral preocupa especialistas. A China, terceira maior potência nuclear, tem 320 ogivas estocadas, o suficiente para lhe garantir um poder de dissuasão. Sob uma ótica pessimista, os limites do Novo Start não impedem que o mundo seja obliterado muitas vezes no caso de uma guerra. Mas são limites, e servem para manter as cabeças frias. Ironicamente, entrou em vigor nesta sexta um tratado utópico das Nações Unidas, que visa a proibição completa das armas nucleares no mundo, com a assinatura de 86 países, incluindo o Brasil, e a ratificação de 51 nações. Naturalmente, nenhuma das nove potências atômicas o subscreveu.

*”Com demissão de gerente horas antes, Biden deu de cara com porta fechada na Casa Branca”*
*”União Europeia sofre atraso na entrega da vacina Oxford/AstraZeneca”*
*”Adesão à vacina contra Covid dispara na Europa, indica levantamento”*
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*”Em protesto, setor de restaurantes prevê nova onda de fechamentos e demissões”* - Proprietários de bares, restaurantes e lojas de São Paulo reagiram com indignação à determinação do governador João Doria para que o estado retorne à fase vermelha para combater o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus. Na prática, a partir de segunda-feira (25) e até 7 de fevereiro todas as cidades paulistas terão restrição de serviços presenciais, como bares, restaurantes, comércios não essenciais e centros culturais. Durante a semana, esses estabelecimentos funcionarão até as 20h. Nos fins de semana e feriados, a medida valerá durante o dia e a noite. Para o presidente da Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites), que representa 110 associados, com 6 mil pontos de vendas em shoppings centers, a decisão irá “assassinar” os negócios de pequenos varejistas. A Alshop, que representa os shoppings, disse que haverá fechamento de empresas e demissões. O Sindilojas-SP (sindicato dos lojistas) afirmou que, com o fim do auxílio emergencial, o cenário para o setor será ainda mais devastador. Cinemas dizem que irão acatar a decisão, enquanto Chefs e funcionários de restaurantes e bares se reuniram nesta sexta (22) na praça Vinicius de Moraes, nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste da capital) para protestar contra medidas que podem causar o “massacre do setor”, com nova de onda de fechamentos e demissões.
Os manifestantes se reuniram por volta das 10h, batendo panelas e carregando cartazes com mensagens como “nossa mesa não tem Covid. Fiscalize os clandestinos”. Mais tarde, participaram de duas reuniões com os secretários de Turismo, Vinicius Lummertz, da Saúde, Jean Gorinchteyn, e de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen. Segundo o governo paulista, um novo encontro vai ocorrer na próxima semana para que sejam recebidas demandas do setor, como novas linhas de crédito e parcelamento de impostos atrasados. O protesto começou a ser articulado na noite da quinta (21) por grupos de WhatsApp, quando circularam rumores do retorno à fase vermelha da quarentena. Pelas novas regras da quarentena no estado de São Paulo, no período noturno, das 20h às 6h, e aos fins de semana e feriados serviços não essenciais deixam de funcionar, incluindo bares e restaurantes, que podem operar apenas por delivery. Com as restrições, bares e restaurantes têm de interromper o funcionamento nos momentos em que os clientes gastam mais, de acordo com empresários. “É justamente quando geramos faturamento para pagar as contas. Sem trabalhar no final de semana, nosso negócio fica inviável”, afirma Edrey Momo, do Grupo da Esquina (dono do restaurante Tasca da Esquina) e das pizzarias 1900.
Outra reclamação é que as mudanças repentinas de dias e horários de funcionamento determinadas pelo governo vêm agravando a crise financeira pela qual o setor passa desde o ano passado. Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), ao menos 30% dos bares e restaurantes de São Paulo fecharam depois da Covid-19. “A inconstância e esse abre e fecha geram o pior cenário para nós. Não consigo organizar meu estoque. Não sei se o funcionário deve ficar em casa. Não sei até que horas posso abrir, não sei se o cliente vem. Mas tenho que pagar aluguel”, diz Momo. O ato teve apoio da Abrasel, que afirma que os estabelecimentos ficaram em uma situação ainda mais delicada porque aumentaram seus estoques de produtos perecíveis e refizeram contratações na expectativa de uma retomada com o fim de ano e da chegada da vacina. “Precisamos de mais atenção, mais diálogo e planos de ajuda específicos. O que está acontecendo agora é a tempestade perfeita: inflação alta, bancos começando a cobrar empréstimos, fim do auxílio emergencial. Estamos preocupadíssimos com a Covid, mas estão fazendo um sacrifício com o setor. E esse extermínio está sendo inútil”, diz Percival Maricato, presidente da Abrasel em São Paulo. Segundo cálculos da entidade, com as novas medidas o Estado de São Paulo pode perder cerca de 20 mil empregos no setor de bares e restaurantes. As restrições previstas na fase vermelha vão diminuir o faturamento e inviabilizar o pagamento de empréstimos e impostos atrasados, afirma a chef Janaína Rueda, do Bar da Dona Onça e d’ A Casa do Porco, ambos no centro de São Paulo.
“Acumulamos dívidas gigantescas, que nunca sonhamos em ter. E continuamos pegando dinheiro em banco. Como vamos honrar esse parcelamento sem faturamento se estamos fechados sábado e domingo? É um massacre do setor”, diz Rueda, uma das participantes do protesto. A ANR (Associação Nacional de Restaurantes) também se manifestou contra as novas restrições. Em comunicado, afirma que “não há relação entre a abertura controlada de bares e restaurantes com a expansão da Covid-19” e que “o crescimento de casos é causado pela aglomeração nas praias, festas e fins de semana de verão, além de baladas clandestinas não fiscalizadas”. O empresário Tito Bessa Júnior, presidente da Ablos, também credita o aumento de casos de Covid-19 a aglomerações em praias e festas. “As mortes que estão ocorrendo são reflexos do fim do ano. O governo adotou essa mesma medida no fim do ano e não resolveu nada”, disse. “É um assassinato [de empresas] o que eles estão fazendo. A Ablos é totalmente contrária à fase vermelha. Se realmente a propagação fosse nos locais em que eles estão punindo, se fôssemos os propagadores do vírus, eu concordaria. Mas não. Eles não mostram estudos sobre isso. Estão batendo em quem tem segurança, protocolos, aferição de temperatura, controle de aglomeração”, afirma. O empresário diz que o restabelecimento da fase vermelha será ainda pior porque pequenos varejistas tiveram um Natal fraco e o mês de janeiro está com baixo fluxo de clientes e que as as restrições podem atingir até 60% do faturamento das lojas. “A gente já estava lutando para pagar o 13º salário, aluguel. Agora as pessoas começaram a ficar com medo de ir as lojas”.
Em nota, o Sindilojas-SP disse que compreende que as medidas são para evitar o aumento de casos de Covid-19, mas defende que os lojistas não podem ser penalizados. Segundo a entidade, empresas em shoppings centers seguem protocolos de segurança, ao contrário, afirma, do comércio informal. O empresário Hugo Delgado, dono da Taquería La Sabrosa Cocina de México, perto da avenida Paulista, afirma que faltam dados que também liguem o aumento de casos ao funcionamento de bares e restaurantes. “Estamos preocupados com a saúde dos clientes e dos funcionários. Mas é um fato que os restaurantes podem ser vistos como espaços de uma convivência responsável e mais seguros do que fazer uma festa para 30 pessoas em casa”, diz. Com redução de horário de funcionamento, o empresário Paulo Yoller, dono da hamburgueria Meats, em Pinheiros, afirma que as contas do negócio podem ficar no vermelho e que isso pode causar novas demissões –no início da pandemia, a casa tinha 36 funcionários; hoje tem 15. “Não queremos reabrir de uma maneira inconsequente, mas as pessoas fizeram festas de fim de ano e nós viramos os vilões. Agora, o problema não é fechar. É ter condições de fazer isso sem falir”, diz ele, na manifestação.
Medidas são contra colapso na saúde, defende governo
A secretária de Desenvolvimento Econômico do governo do estado, Patricia Ellen, afirma que as novas medidas de restrição adotadas em São Paulo são emergenciais. Segundo ela, o governo reconheceu no novo plano empresas que respeitam protocolos e por isso adotou a fase laranja em 10 regiões do estado e a fase vermelha em sete. “Na fase laranja, houve uma expansão de locais em funcionamento, que atende quem respeita protocolos. O que estamos discutindo na fase vermelha é um risco de colapso na saúde”, afirma. A secretária diz que o estado tem apoiado economicamente com linhas de crédito, por meio do Banco do Povo, os setores mais atingidos economicamente. De acordo com Patrícia Ellen, o segmento de bares e restaurantes está no topo da lista de prioridades.
Cinemas dizem que irão acatar a determinação
O presidente do Seecesp (sindicato das exibidoras cinematográficas de SP), Paulo Celso Lui, afirmou que cabe aos empresários do setor acatar a decisão do governo, embora possa haver demissões ou encerramento de atividades. “Sabíamos de antemão em quais fases teríamos que permanecer fechados e em quais fases poderíamos abrir, e as regras que regem cada uma delas”, disse. As redes Kinoplex, Cinemark e Itaú Cultural informaram que seguem rigorosamente as orientações —portanto, seus cinemas estarão fechados nos períodos determinados. “Pensando em saúde mental, a arte e cultura sempre foi uma ponte para que as pessoas pudessem ser acolhidas. Nesse sentido, a perspectiva do pós-pandemia é que retomemos as atividades de forma intensa”, informou o Itaú Cultural, que disse que as expectativas com a vacina, e a futura imunização da população, “são as melhores”.

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*”Após lobby, caminhoneiros e motoristas viram prioridade e serão vacinados antes”* - Apesar de minimizar as chances de greve dos caminhoneiros no início de fevereiro, o governo federal cedeu a uma série de itens da pauta de reivindicações dos profissionais de transporte. Uma das promessas é, por exemplo, a inclusão da categoria no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. Excluídos do primeiro plano de vacinação do Ministério da Saúde apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal), trabalhadores do transporte coletivo e transportadores rodoviários de carga foram incluídos na segunda versão, apresentada em 16 de dezembro. Nesta semana, um novo informe técnico especificou que fazem parte do transporte coletivo rodoviário motoristas e cobradores, incluídos os profissionais que percorrem um longo trajeto.
Além disso, a pasta acrescentou trabalhadores portuários —até mesmo da área administrativa—, funcionários de companhias aéreas nacionais, funcionários de empresas metroferroviárias de passageiros e de cargas e funcionários de empresas brasileiras de navegação. A Folha apurou que têm ocorrido intensas negociações do setor com o Ministério da Saúde desde dezembro. O Ministério da Infraestrutura também tem colaborado com as tratativas. Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte), a intenção é vacinar 2 milhões de pessoas do setor na fase quatro do grupo prioritário. Entretanto, a categoria aguarda confirmação e o cronograma de vacinação. Ao serem incluídos no grupo prioritário, eles serão vacinados antes de pelo menos 100 milhões de brasileiros, que não constam de qualquer grupo prioritário. Para o presidente da CNT, Vander Costa, as reivindicações do setor foram atendidas porque, em março de 2020, uma norma do governo considerou o serviço de transporte como essencial para o país. "Esse é um reconhecimento da importância do trabalho que vem sendo desempenhado pelo setor, essencial para a manutenção das atividades de todo o país." No Brasil, foram disponibilizadas até o momento 6 milhões de doses. Estão sendo contemplados idosos acima de 60 anos institucionalizados, pessoas com deficiência com mais de 18 anos institucionalizadas e indígenas aldeados em terras homologadas.
Os profissionais de saúde também entraram nessa primeira fase, mas, até o momento, houve a disponibilidade de vacina para apenas 34% do grupo. Pela falta de vacinas e ausência de diretriz no plano de vacinação de quais seriam vacinados primeiro, estados e municípios têm adotado critérios próprios e aberto espaço para que várias categorias profissionais, de professores de educação física a tatuadores, peçam prioridade na fila da vacinação. Em São Paulo, médicos de hospitais públicos e privados da cidade tem criticado a falta de vacina em razão de informações de que até mesmo profissionais que não são da linha de frente no atendimento à Covid-19 estão sendo vacinados no Hospital das Clínicas de São Paulo, que estaria sendo privilegiado no calendário de imunizações. Apesar de idosos com 75 anos ou mais e povos e comunidades tradicionais ribeirinhas estarem incluídos na primeira fase, eles não receberam parte das doses distribuídas. Na segunda fase constam pessoas de 60 a 74 anos. A terceira fase prevê a imunização de pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença (como portadores de doenças renais crônicas, cardiovasculares, entre outras).
Já a quarta deve abranger professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade, pessoas com deficiência severa, professores, pessoas em situação de rua e trabalhadores do transporte. O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o plano de vacinação é dinâmico e por isso podem ocorrer ajustes necessários nas fases de distribuição das vacinas e nas indicações de público-alvo, de acordo os cenários já planejados, considerando a indicação de uso apresentada pelo fabricante, o quantitativo de doses entregues e os públicos prioritários já definidos. "Atualmente, o PNI [Programa Nacional de Imunizações] segue as orientações dos laboratórios produtores quanto à aplicação das doses das vacinas. O objetivo principal do Ministério da Saúde é otimizar o uso do imunizante, vacinando o maior número de pessoas", disse em nota. Questionada sobre os trabalhadores de transporte, a pasta disse apenas que a programação para o início da imunização de cada fase depende do quantitativo de doses entregues pelos laboratórios fornecedores de vacinas aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).​ Além da área da saúde, caminhoneiros também conseguiram benefícios em negociação com o Ministério da Infraestrutura.
No ano passado, a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), principal representante da categoria, apresentou ao governo uma pauta com 18 itens. A entidade, assim como o governo, minimiza a influência dos que pretendiam fazer uma paralisação nacional em fevereiro. No entanto, a ameaça de greve é vista por representantes como um catalisador do atendimento das demandas represadas.​ Na noite desta quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez sua live acompanhado do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Ambos anunciaram promessas aos caminhoneiros. Foram relatadas medidas com isenção de tarifa de importação para pneus, revisão da norma de pesagem para que onere menos o caminhoneiro, eliminação de atravessadores, facilitação do recebimento do vale-pedágio e substituição de vários documentos por um único, eletrônico, que permitirá transações por Pix. "É uma transformação para este setor do transporte. A gente vai ter o caminhoneiro digitalizado, recebendo Pix, com acesso ao capital de giro", disse Tarcísio. "O ministro citou os demais itens que compõem a pauta de demandas. Reforça a insanidade de se querer, por alguns poucos, se fazer uma paralisação agora. Não faz sentido", disse Marlon Maues, assessor-executivo da CNTA.

*”No ano da pandemia, vale-alimentação perde espaço para plano de saúde e seguro de vida”*
RODRIGO ZEIDAN - *”Cumprindo ordens”*
ANÁLISE - *”Criticar governos será rotina no novo gigante dos automóveis”*
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*”3M anuncia fechamento de fábrica em São José do Rio Preto”* - A multinacional 3M anunciou que irá fechar sua fábrica em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, até o meio do ano. Com isso, 120 funcionários serão demitidos. A produção local, voltada ao segmento odontológico, será transferida para Sumaré, também no interior do estado, com exceção de braquetes e tubos de metal, peças dos aparelhos dentários, que serão descontinuados no Brasil. Segundo a empresa, a mudança ocorre devido a uma reestruturação da companhia. A empresa assegura que seguirá com a produção dos demais artefatos odontológicos que são feitos no país. "A 3M avalia constantemente seus negócios para garantir que está alocando recursos para as melhores oportunidades possíveis, visando agregar valor aos seus clientes, impulsionar a eficiência operacional e aumentar sua competitividade", disse a empresa em nota. Ainda segundo a 3M, os funcionários demitidos receberão um pacote de indenização e treinamento para recolocação no mercado. A 3M tem sede nos Estados Unidos e durante a pandemia exportou máscaras em grande quantidade para países em desenvolvimento, o que levou inclusive a uma disputa com o governo norte-americano. Nos EUA, a empresa fez ainda uma parceria com a Ford, que encerrou suas atividades no Brasil, para a produção de respiradores e máscaras.

*”Doria adia início das aulas para 8 de fevereiro após piora da pandemia em SP”*
*”País já perdeu mais de 0,1% de sua população para a Covid-19”*
*”Avião chega ao Rio com 2 milhões de doses de vacina para a Covid”*
*”Sistema de registro de doses de vacina contra Covid tem instabilidade, dizem cidades”*

*”Mais de 400 mil foram vacinados contra a Covid no Brasil, segundo dados de 12 estados”*
LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO - *”Quando tudo funciona”*
*”Anvisa dá aval a uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses de vacina do Butantan”*
*”Entenda os entraves para a aprovação de uso emergencial da vacina Sputnik V no Brasil”*

*”Ministério Público questiona por que HC da USP está vacinando quem não está na linha de frente da Covid”*
*”'Fomos atropelados', diz diretora do HC de SP sobre prioridades de vacinação interna”*
*”Reino Unido diz que variante encontrada na Inglaterra pode ser mais letal”*
*”Apelidos como Nelly e Erick são dados a mutações do coronavírus para não ligá-las a países”*

*”Alemanha registra primeiro caso de variante encontrada no Brasil”*
*”Saiba como é o programa de vacinação em países europeus”*
*”Artigo na Lancet escancara ataques à ciência do governo Bolsonaro na pandemia de Covid-19”*
*”Cerca de 4 milhões abandonaram estudos na pandemia, diz pesquisa”*
*”Menor capacidade industrial e riscos de manejo de gás são entraves para oxigênio hospitalar em Manaus”*

MÔNICA BERGAMO - *”Governo Doria teme que novas medidas restritivas da fase vermelha em SP não sejam obedecidas”*
MÔNICA BERGAMO - *”Prefeitura de SP comemora que nenhum profissional de saúde tenha se negado a tomar a vacina contra a Covid-19”*

MÔNICA BERGAMO - *”Lewandowski determina que PF dê à defesa de Lula acesso integral às conversas da Lava Jato”*: O ministro Ricardo Lewandowski determinou à Polícia Federal que dê à defesa de Lula acesso integral às conversas da Operação Lava Jato apreendidas em investigação contra os hackers que invadiram celulares de autoridades como Sergio Moro e Jair Bolsonaro. A invasão dos hackers resultou no escândalo da Vaza Jato, quando o site The Intercept Brasil publicou as conversas de procuradores da operação liderados por Deltan Dallagnol. Num primeiro momento, juízes de primeira instância resistiram a cumprir à determinação de Lewandowski. Agora, foi a PF que entregou aos advogados de Lula apenas pequena parte do material. O magistrado deu novo despacho dizendo que sua determinação anterior, “clara, direta e objetiva”, não tinha sido “satisfatoriamente cumprida” pela PF “quiçá por não tê-la compreendido de forma adequada”.

MÔNICA BERGAMO - *”Ministro de Ciências e Tecnologia convida dirigentes de unidades vinculadas para encontro presencial”*
MÔNICA BERGAMO - *”Mario Frias compartilha post sobre vacinação contra a Covid-19 de perfil fake do ministro da Saúde”*
MÔNICA BERGAMO - *”Diferentemente da mãe, Regina Duarte, atriz Gabriela Duarte comemorou a vacina contra Covid-19”*

CAPA – Manchete principal: *”Reprovação a Bolsonaro cresce após fim do auxílio”*

*”Popularidade em baixa na pandemia – Rejeição a Bolsonaro cresce, mas maioria é contra impeachment”*
*”Vacina e crise na saúde entram na eleição do Congresso”*
ENTREVISTA: BALEIA ROSSI, candidato à presidência da Câmara - *”O governo está coagindo e perseguindo deputados”*
*”Rachado na eleição da Câmara, PSOL lava roupa suja nas redes”*

*”Cresce uso de lei da ditadura para abrir investigações”*
*”Mais 6,8 milhões de vacinas – Cidades como SP contrariam Anvisa e aplicam todas as doses antes de receber segundo lote”*
*”Só vacinação em massa poderá conter mutações”*
*”Contágio se agrava – Boletim mostra que transmissão da doença tem alto risco em todo o Rio”*

*”Busca de estímulo – Com pressão por extensão do auxílio, equipe econômica avalia liberar FGTS”*
*”Empresas apostam em ‘diplomacia privada’ com EUA”*

 

CAPA – Manchete principal: *”São Paulo revoga presença obrigatória de alunos nas aulas”*

EDITORIAL DO ESTADÃO – *”O custo de ser pária”*: O constrangedor isolamento do Brasil entre as nações civilizadas, resultado de uma política externa amalucada e irresponsável, deveria ser motivo mais que suficiente para que o chanceler Ernesto Araújo fosse demitido sem mais delongas. A pressão para que isso ocorra, aliás, nunca esteve tão forte. Parece estar se constituindo um consenso, inclusive em alguns setores do próprio governo, que a manutenção do sr. Araújo à frente do Itamaraty representa enorme risco para a imagem do Brasil, já tão desgastada, e justamente no momento em que o País, mergulhado numa pandemia mortal e numa crise econômica desafiadora, mais precisa da cooperação internacional. A questão é que a demissão do sr. Araújo não resolveria nada, pois o problema não é o chanceler, mas o chefe dele. É a permanência do sr. Jair Bolsonaro na Presidência que inviabiliza a recuperação da imagem do País e a retomada dos contatos produtivos e pacíficos com todas as nações, que sempre foi a marca da diplomacia do Brasil. É claro que o sr. Araújo é o responsável direto pela formulação da estapafúrdia doutrina externa bolsonarista e deve ter seu nome marcado na história, em letras maiúsculas, como o chanceler que se empenhou em destruir o legado do Barão do Rio Branco. Deve ser lembrado para sempre como aquele que conduziu a diplomacia nacional sob inspiração de um obscuro ex-astrólogo que vive nos Estados Unidos, espécie de guru de Bolsonaro et caterva.
Mas Ernesto Araújo não age por conta própria. É apenas o sabujo encarregado de colocar em palavras a mixórdia reacionária que resume a “visão de mundo” de Bolsonaro, o que, convenhamos, não é para qualquer um. Enquanto o Barão do Rio Branco, ciente das fragilidades brasileiras, fez do Brasil um país naturalmente voltado para o entendimento no concerto das nações, Bolsonaro escolheu comprar brigas gratuitas com algumas das maiores potências do planeta, para enfatizar a independência do País sob seu comando. Ao mesmo tempo, derretia-se de amores por Donald Trump quando este ocupava a presidência dos Estados Unidos, enquanto o resto do mundo civilizado, ciente do caráter daninho de Trump, tratava de se afastar dele. Em vez de independência, a doutrina bolsonarista isolou completamente o Brasil. Mas o sr. Araújo não se fez de rogado: anunciou que, se este era o preço a pagar por defender a “liberdade”, ou seja, “se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”. Perfeitamente alinhado a seu chefe, o ainda chanceler teve o descaramento de chamar de “cidadãos de bem” os terroristas que invadiram o Congresso dos Estados Unidos para interromper a confirmação da eleição de Joe Biden como presidente. Adicionando o insulto à injúria, Ernesto Araújo aproveitou para corroborar a tese golpista promovida pelo trumpismo de que houve fraude nas eleições, mentira que o presidente Bolsonaro repetiu vezes sem conta.
Se o chanceler for demitido, portanto, não será por ter descumprido ordens ou por ter sido desleal, mas sim, ao contrário, porque foi absolutamente fiel a Bolsonaro – e, por isso, criou grandes e gravíssimos problemas para o Brasil, hoje visto com reticências pelas duas grandes potências globais, Estados Unidos e China, além de enfrentar má vontade na União Europeia e na Índia. É uma façanha. O afastamento de Araújo pode ser o gesto que o mundo espera de Bolsonaro para mudar um pouco a percepção negativa sobre o Brasil. Mas seria ingênuo acreditar que seu eventual substituto terá atuação muito diferente. Pode haver algum pragmatismo nos próximos tempos, especialmente depois que Donald Trump, ídolo de Bolsonaro e Araújo, deixou a Casa Branca. Um sinal disso é a carta que o presidente brasileiro endereçou a Joe Biden, novo presidente norte-americano, pregando uma boa relação. Mas todos sabem que a tal carta não vale o papel em que foi escrita: Bolsonaro menospreza profundamente tudo o que Biden representa – democracia, diálogo e serenidade – e nada o fará mudar de ideia. O chanceler, portanto, pode ser qualquer um – é Bolsonaro quem deliberadamente faz do Brasil um “orgulhoso pária”.

*”Planalto faz investida contra pressão por impeachment”* - O Palácio do Planalto montou uma ofensiva de comunicação para reagir à pressão pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Após pesquisas indicarem queda de popularidade do presidente associada à forma como ele tem enfrentado a pandemia do coronavírus, o governo colocou na praça uma campanha publicitária dizendo que, com a união de todas as forças, “as vacinas aprovadas pela Anvisa” já estão sendo distribuídas em todo o Brasil. Embora auxiliares de Bolsonaro sustentem que não há apoio popular nem político para a abertura de um processo de impeachment, aliados do governo avaliam que o presidente paga o preço de suas idas e vindas sobre a vacinação e que é preciso mostrar todas as medidas tomadas para o combate à pandemia. Bolsonaro tenta se desvencilhar do colapso da saúde no Amazonas e voltou a dar entrevistas. Ainda ontem, escalou três ministros para ir pessoalmente a São Paulo receber a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório Astrazeneca e fabricada na Índia. Além do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do chanceler Ernesto Araújo, lá estava também o titular das Comunicações, Fabio Faria.
A nova campanha publicitária do governo para TV, rádio, meios digitais e impressos destoa da versão anterior, em que a vacina era sugerida para quem quisesse “exercer o direito” de vacinar se tivesse “indicação”. Sob o mote “Brasil Imunizado – Somos uma só Nação”, o comercial exibe pessoas com máscaras de proteção e não fala em vacina facultativa, algo que Bolsonaro insiste em repetir. Diz apenas que a vacinação é uma questão “humana e econômica”. Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou a queda na aprovação de Bolsonaro, já registrada nas redes sociais. O presidente foi avaliado como ruim ou péssimo por 40% dos entrevistados. Em dezembro, esse grupo representava 32%. O índice de ótimo ou bom caiu de 37% para 31%. “Sem povo na rua e sem apoio parlamentar não se faz impeachment”, disse Marco Feliciano (Republicanos-sp), vice-líder do governo e integrante da bancada evangélica. “Para derrubar Dilma tivemos que botar um milhão de pessoas na Avenida Paulista. Não vi ainda 5 mil pessoas em um protesto contra o governo. E o resultado disso é o baixo apoio parlamentar a essa aventura.”
Atos. Após organizarem panelaços, movimentos de esquerda e de direita, além de representantes da sociedade civil, convocaram para hoje e amanhã atos em ao menos 19 capitais, e no Distrito Federal, para pedir o impeachment de Bolsonaro. Os protestos ganharam a adesão de organizações que estiveram em lados opostos durante o afastamento da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. Apesar da pauta conjunta, as manifestações com o mote “Fora Bolsonaro” estão previstas para dias diferentes. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que apoiaram a petista, estão convocando carreatas anti-bolsonaro para hoje, enquanto o MBL e o Vem Pra Rua, que defenderam a queda de Dilma em 2016, convocaram atos para amanhã. Os pedidos de impeachment contra o presidente se multiplicaram desde o início da pandemia. Na próxima terça-feira, partidos de oposição, como PT, PDT, PSB, Rede e PCDOB também vão protocolar uma ação que pede a saída de Bolsonaro, sob o argumento de que ele não agiu para conter a tragédia no Amazonas e no Pará, onde pacientes morreram em hospitais por falta de oxigênio. Desde o início do mandato de Bolsonaro, 61 pedidos de afastamento foram protocolados na Câmara. Cabe ao presidente da Casa dar andamento ou arquivar as solicitações. Esse é um dos motivos pelos quais o Planalto está empenhado em eleger o novo presidente da Câmara, já que o atual, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixa o cargo em 1.º de fevereiro.
O governo associa o crescente apoio à tese do impeachment à antecipação da disputa presidencial de 2022 e também à briga pelo comando da Câmara e do Senado. Nos bastidores, ministros dizem que Maia trabalha para desestabilizar o governo, em sintonia com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que derrotou o presidente ao sair na frente na guerra das vacinas, com a aquisição de doses da Coronavac. Doria é adversário de Bolsonaro e quer ser candidato ao Planalto, no ano que vem. O presidente pretende concorrer à reeleição e aposta na chegada das vacinas da Índia ao Brasil para reverter o clima desfavorável. Na outra ponta, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, há a certeza de que os imunizantes acabarão em pouco tempo, a partir de abril. Adversários do Planalto dizem que, com o fim do auxílio emergencial e sem vacinas, Bolsonaro despencará. Prestes a deixar o cargo, Maia apoia o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a sua sucessão e construiu uma frente de centro-esquerda, incluindo o PSDB e até o PT, que pode ser o embrião de uma chapa para a disputa de 2022 contra Bolsonaro. O chefe do Executivo, por sua vez, avaliza a campanha de Arthur Lira, líder do Centrão. Está convencido de que Lira ganhará a presidência da Câmara e engavetará todos os pedidos de impeachment.

*”Juristas veem motivo para processo de impedimento”* - O agravamento da pandemia, os entraves à vacinação e a insistência em tratamentos sem comprovação científica são apontados por juristas como fatores que podem levar ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Advogados e professores ouvidos pelo Estadão citam diversos trechos da lei federal que trata de crimes de responsabilidade, entre eles a violação ao direito e à garantia à saúde, como motivos para o Congresso remover o presidente do cargo. Professor da FGV Direito SP, Carlos Ari Sundfeld afirmou que as omissões e ações diretas de Bolsonaro, bem como de seu governo, para sabotar medidas de prevenção e tratamento têm sido sistemáticas. “É um comportamento continuado, que atenta contra o direito social à saúde, garantido pelo art. 196 da Constituição. É possível ao Congresso Nacional enquadrá-lo como crime de responsabilidade, por atentado contra o direito social à saúde. A punição é o impeachment”, declarou. O professor de Direito Ivar Hartmann, do Insper, disse ao Estadão que o impeachment de Bolsonaro é “questão de urgência” em função do número de mortes no País. “Embora as práticas e os ilícitos que ele está cometendo não tenham começado só agora, pois esse crime está sendo cometido há diversos meses, apenas agora os efeitos estão mais fortes”, afirmou. De acordo com o professor Rafael Mafei, da Faculdade de Direito da USP, Bolsonaro quebra o decoro ao propagar desinformação sobre o tratamento contra covid-19 e fazer propaganda de remédios sem eficácia comprovada. “Ele mente e tem consciência disso.” Para advogada constitucionalista Vera Chemim, os crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro vão além da pandemia. “Não se pode olvidar as tentativas de nomeação e nomeações de pessoas para determinados cargos, que foram flagrantemente inconstitucionais”, disse ela.

*”Placar mostra Pacheco à frente na disputa pelo Senado”*
*”Candidatura de Erundina causa embate no PSOL”*
*”Doria vê ‘afronta’ de Bolsonaro com SP”*
*”Para 40% dos brasileiros, governo é ruim ou péssimo, diz pesquisa”*

*”Em esforço para combater a pobreza, Biden amplia ajuda federal a famílias”*
*”Senado confirma primeiro negro como chefe do Pentágono”*
*”Impeachment de Trump será votado somente após dia 8”*
*”China começa a testar 2 milhões em Pequim”*

*”SP suspende retorno obrigatório às escolas e adia volta na rede estadual”*
*”Estado terá fase vermelha toda noite após as 20h”*

*”Incertezas políticas e fiscais mantém estrangeiros cautelosos com o Brasil”* - O ano passado entrou para a história como um dos períodos em que os estrangeiros se mostraram mais cautelosos em colocar dinheiro no País seja para o setor produtivo, seja para a Bolsa ou o financiamento do governo. A projeção do Banco Central é que o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo (IDP) deva somar US$ 36 bilhões em 2020 (US$ 33 bilhões já entraram até novembro), praticamente a metade do volume que ingressou no mesmo período de 2019 e muito inferior ao registrado nos últimos anos. O IDP engloba investimentos mais duradouros no País, como em uma nova fábrica ou compra de participação em empresas já instaladas. Já nas posições em portfólio – ações na Bolsa, participações em fundos de investimentos e títulos da dívida federal –, foram retirados US$ 14,8 bilhões, maior volume desde 2016. A participação de investidores externos nos papéis do Tesouro Nacional, que chegou a 20,8% do total em maio de 2015, caiu para apenas 9,47% em novembro do ano passado – justamente quando a União mais precisava captar recursos para financiar o rombo recorde nas contas públicas por causa das ações no combate à pandemia. Após meses de fuga do capital externo do País, os últimos meses de 2020 mostraram o começo do retorno dos investidores de portfólio, mas o ritmo ainda é insuficiente para reverter a forte saída de dólares do Brasil causada pelas incertezas sobre os rumos da economia. Embora haja um excesso de liquidez nos mercados globais, com dinheiro mais que disponível para voltar ao País, as incertezas fiscais, políticas e sanitárias brasileiras, incluindo os entraves para a vacinação em massa no País, mantêm os agentes estrangeiros com um pé atrás na hora de investir.
Fora do radar. “A existência de recursos no mundo é importante, mas não é tudo”, diz o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. “Uma empresa, quando decide investir, examina uma série de fontes”, afirma, elencando entre os fatores considerados a política ambiental, a área social e a governança. “Países que não se preocupam com essas três coisas saem do radar. E o Brasil está mostrando para o mundo um governo que menospreza o meio ambiente, é negacionista e não tem articulação política”, diz Maílson. “Quando olho a maneira como o governo é gerido, é de desanimar qualquer um.”
Além da Ford, que anunciou recentemente que vai sair de três plantas – Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE) – depois de um século no País, a japonesa Sony anunciou o fim da produção da fábrica em Manaus (AM) até março deste ano. Outra japonesa, a Mitutoyo, fechou a planta de instrumentos de medição em Suzano (SP) em outubro do ano passado. Já o grupo farmacêutico suíço Roche anunciou que deixará de fabricar medicamentos no País até 2024. Risco fiscal elevado, dificuldade para implementar reformas, burocracia em excesso, caos tributário, insegurança jurídica, deficiência em infraestrutura são apenas alguns dos fatores que fazem o investidor estrangeiro pensar duas vezes antes de investir no Brasil. “Houve uma piora de imagem e de perspectiva. A contribuição do governo Bolsonaro para isso é a exacerbação da polarização política, que só causa danos ao País”, afirma o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados. “Vamos precisar de um tempo para voltar a sermos vistos como um país com perspectivas estáveis.” Para o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada, mesmo diante dos desafios que a atual crise impõe, a retomada mais forte da economia chinesa pode beneficiar o Brasil, com a volta de uma demanda mais aquecida por commodities que o País produz, mas o contexto político segue ainda “muito nebuloso”. “Não dá para contar com grandes reformas e grandes medidas capazes nos próximos meses”, diz.

*”Lei de falências espera por alta em recuperações”*
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