sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Morrer sem oxigênio em uma maca de Manaus

 


“É difícil você ter que escolher quais pacientes devem receber oxigênio suplementar. Os que têm mais chances.” O relato é de um médico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), em Manaus, onde centros médicos amanheceram sem oxigênio ou com estoques muito reduzidos, levando equipes médicas e pacientes ao desespero em meio ao recorde de internações por covid-19. A cidade registrou ao menos duas mortes pela falta de O2. A situação é crítica e não têm solução imediata, admitem agora as autoridades do Estado e do Governo federal, depois de meses de negligência com o avanço da pandemia. De Manaus, Steffanie Schimidt conta a corrida desesperada para transportar cilindros de oxigênio na própria cidade, muitas vezes até pelos próprios familiares, e o desafio de importar até via fluvial de outras partes do país o insumo. O Governo do Estado, por sua vez, tenta transferir pacientes estáveis para outras partes do país. A cidade registrou nos primeiros 14 dias de janeiro 1.654 sepultamentos. É mais do que todos os enterros realizados desde o auge da pandemia, em abril, até dezembro (1.285), num indicativo da severidade da segunda onda.

Também nesta edição, reportagem de Beatriz Jucá analisa outra faceta da crise em Manaus com repercussão futura em todo o país: a nova cepa de coronavírus identificada no Amazonas que levou o Governo britânico a vetar a entrada de voos vindos do Brasil para contê-la. O caso do Estado exemplifica uma espécie de apagão de dados genômicos do vírus no país. Sem verba e com pesquisadores sobrecarregados, o país testa 100 vezes menos do que o Reino Unido e pode ficar para trás em mais essa batalha da pandemia. “O Brasil já testa pouco, e sequencia menos ainda. Tudo isso é reflexo de uma histórica falta de financiamento”, critica o pesquisador Felipe Naveca.

Em São Paulo, outro lado atroz da pandemia: o anúncio de uma doação de kits de alimentos pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, atraiu milhares de pessoas ao local nesta quinta-feira, causando aglomeração. Muitos chegaram de madrugada para tentar conseguir uma das 3.000 senhas disponíveis para receber uma cesta de verduras, legumes e frutas. A ação aconteceu em meio a um protesto dos permissionários do entreposto contra o governador João Doria (PSDB) em virtude do aumento do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) para a cadeia produtiva dos hortifrutigranjeiros, que acabou sendo revogado. “A minha pressa é por comida, a vacina eu vou esperar, tenho medo dessa que estão anunciando, vou esperar para ser algo mais garantido”, explicou Ivone dos Reis Oliveira, de 48 anos, na fila desde cinco horas da manhã. A iniciativa foi promovida por bolsonarista que dirige centro de distribuição.

E, para apreciar com calma, Antárdida à primeira vista. No início do século 20, dois pioneiros da fotografia polar, Ponting e Herbert, tornaram visível ao público a realidade de um território até então inexplorado. Agora, uma exposição da Atlas Gallery apresenta seu trabalho em 34 fotografias que se conectam com a ideia sublime do romantismo, onde a natureza manifesta sua majestade, beleza, força e mistério. “Deixando de lado as histórias extraordinárias que as acompanham, essas imagens são comparáveis ao trabalho dos grandes fotógrafos de paisagens do século 20”, destaca Ben Burnett, diretor da galeria.


Morrer sem oxigênio em uma maca
Morrer sem oxigênio em uma maca
Após minimizar crise, Planalto e Governo do Amazonas correm contra o relógio para transferir pacientes a outros Estados e conseguir importar insumo. “É difícil ter que escolher quais pacientes têm mais chances”, afirma médico

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